segunda-feira, dezembro 22, 2025
InícioMatérias‘E.T. – O Extraterrestre’ Completa 40 Anos – Saiba como Seria a...

‘E.T. – O Extraterrestre’ Completa 40 Anos – Saiba como Seria a Continuação ASSUSTADORA do Filme

Clássico absoluto dos anos 1980 e um dos maiores sucessos da história da sétima arte, E.T. – O Extraterrestre completa 40 anos de lançamento em 2022. O filme criado e dirigido pelo Midas Steven Spielberg ajudou a criar o cinema entretenimento como o conhecemos hoje: os chamados blockbusters. Antes de E.T. apenas outros quatro filmes haviam entrado para a história como fenômenos culturais: Tubarão (1975), Star Wars (1977), O Império Contra-Ataca (1980) e Indiana Jones (1981) – todos com as mãos de Spielberg, George Lucas ou de ambos. E.T. chegaria para ser o quinto a ingressar nesta seleta lista (de mais de US$200 milhões arrecadados em bilheteria somente nos EUA). Mas não apenas isso, E.T. viria a superar todos eles, e por um período (até 1993, com Jurassic Park – outro filme de Spielberg), onze anos para ser mais exato, seria a maior produção de todos os tempos.

E.T. é indiscutivelmente uma das obras cinematográficas mais queridas da história, que segue extremamente popular até hoje. Recentemente, a TV Globo – em uma proposta muita bem vinda de revitalizar sucessos dos anos 80 e 90 -, o exibiu numa sessão de sábado. Ter um clássico como E.T. apresentado a toda uma nova geração na TV aberta é muito significativo. Assim como um esforço bem nostálgico, apreciado pelos saudosistas que revisitem o longa. A trama simples, mas emotiva e de fácil identificação, fala sobre uma criatura alienígena bondosa esquecida na Terra por seus colegas de outro planeta, criando fortes laços de afeto com uma família, em especial o menino Elliott, cujos pais acabaram de se separar.

Uma das maiores virtudes de E.T. é seu teor afetuoso, recomendado para toda a família – capaz de cativar a imaginação dos mais novos até os mais velhos. Mas você sabia que por um tempo o próprio Spielberg cogitou criar uma sequência para este que é um de seus maiores sucessos? Não apenas isso, mas o diretor chegou a entrar em fase de pré-produção – ou ao menos escrever um esboço de roteiro com a mesma criadora do original (Melissa Mathison) – com o projeto da ideia, até pensar melhor e resolver desistir da continuação.  O mais curioso nisso tudo é que a história de “E.T. 2” seria bem mais sombria e assustadora.

A ideia para E.T. – O Extraterrestre surgiu da mente de Steven Spielberg enquanto o diretor filmava Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), o primeiro filme do cineasta envolvendo a visita de seres de outros planetas na Terra. O tema “estamos sozinhos no universo?”, “existe vida fora da Terra” sempre foi muito intrigante para o sonhador visionário Spielberg. Assim, ele pôde finalmente concretizá-lo com sua segunda grande produção. Contatos Imediatos até apresenta alienígenas bonzinhos, mas tais figuras são reveladas apenas no desfecho do longa, cuja proposta é muito mais de suspense e tensão sobre, primeiro, o que de fato está acontecendo ao redor, e segundo, as reais intenções dos visitantes. O desconhecido é assustador até se revelar mágico e encantador no filme de 1977.

O momento em que os extraterrestres de Contatos Imediatos são revelados no desfecho é que teria inspirado Spielberg para montar seu próximo filme sobre o tema. Segundo o diretor, lhe ocorreu como seria se um daqueles seres visitantes ficasse para trás, deixado na Terra. Proposta esta que o diretor narrava para a roteirista Melissa Mathison – que colocava tudo no papel – nos bastidores de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981), filme que o cineasta gravava na época. Outra inspiração para E.T. veio de um roteiro escrito por John Sayles, que trabalhava com Spielberg para uma continuação de Contatos Imediatos – outro projeto que nunca chegou a sair do papel. Nesta espécie de sequência, que teria como título ‘Night Skies’ (ou ‘Céus Noturnos’), uma nova visita alienígena na Terra seria apresentada – desta vez, uma mais intensa e assustadora. Extraterrestres hostis cercariam uma família em sua fazenda, que assustados se defenderiam trancados dentro do local.

Spielberg eventualmente desistiria de Night Skies por achar um projeto muito sombrio e pesado – para sua vibe família da época. Muitos acreditam inclusive que essa ideia se tornou o filme Sinais (2002), de M. Night Shyamalan – produzido pelos usuais colaboradores de Spielberg (Kathleen Kennedy e Frank Marshall – esse segundo, produtor de E.T.). O que interessou Spielberg em Night Skies foi mesmo uma subtrama envolvendo um dos alienígenas (o mais bonzinho deles) e um menino autista – que desenvolvem uma amizade. O cineasta pegaria essa linha narrativa e a desenvolveria para virar E.T. (1982).

Na década de 1980, as continuações estavam a toda e eram a palavra de ordem. Muitos estúdios começavam a estabelecer suas franquias na década – e certas séries cinematográficas geravam um filme por ano – como são os casos com Sexta-Feira 13 e Loucademia de Polícia. O sucesso de E.T. fez despertar em Spielberg o desejo por uma continuação, embora o cineasta nunca tivesse feito uma e fosse então contra a ideia. E.T. foi o primeiro caso de uma obra que faria o diretor cogitar dar continuidade a um de seus filmes. Assim, o roteiro já começava a ser escrito logo após o lançamento de E.T. no cinema, quando este ainda estava no início de sua trajetória nas telonas. Um dos tratamentos do roteiro centrava a trama no planeta do alienígena engraçadinho. Até mesmo imagens ditas serem da pré-produção deste filme eram publicados em tabloides da época.

Um dos tratamentos que foi mais longe, escrito por Spielberg e Melissa Mathison, se chamava Nocturnal Fears (ou ‘Medos Noturnos’) – e daí já podemos sentir o clima planejado. Neste enredo, Elliott e sua turminha acreditam que o E.T. voltou para visitar ao repararem uma nave descendo novamente nos arredores. Os pequenos correm para saudá-lo, somente para descobrir se tratar de uma nova espécie de alienígenas, similar fisicamente em certas partes, porém, donos de olhos vermelhos e dentes afiados. Ao contrário da espécie de E.T., esses seriam hostis. As criaturas chegam à Terra após o sinal enviado por E.T. no primeiro filme – cujo nome seria revelado como Zreck na continuação. Já pensou chamar E.T. de Zreck? Assim, essa espécie malvada de alienígena sequestraria as crianças – que precisariam da ajuda de seu velho amigo para resgatá-las. É dito também que as duas espécies de aliens (os bonzinhos e os malvados) estariam em guerra.

Eventualmente, Spielberg desistiu da continuação por completo. Segundo o próprio: “uma continuação roubaria o original de sua virgindade”. Assim, E.T. – O Extraterrestre, 40 anos após seu lançamento, segue como um dos poucos exemplares de filme blockbuster de sucesso que nunca ganhou uma continuação – unicamente pelo desejo de seu criador de mantê-lo como filme único.

E.T., no entanto, se manteria na cultura popular por todo esse tempo. Em 1999, o colega George Lucas incluiu a espécie do alienígena em Star Wars: A Ameaça Fantasma – com direito a sua própria bancada no senado intergaláctico. Três anos depois, E.T. voltaria aos cinemas numa edição especial planejada por Spielberg, com novos efeitos e algumas modificações (armas substituídas por walkie-talkies). Mas o que pode de fato ser considerado o mais próximo de uma continuação de E.T. é um comercial de TV lançado em 2019, 37 anos após a estreia do filme. Exibido durante feriado de Ação de Graças nos EUA, o comercial da Xfinity – uma provedora de TV a cabo e internet – traz de volta o alienígena baixinho mais querido do cinema para uma nova visita na Terra. Mas não apenas isso, o menino Elliott, agora um adulto ainda nas formas de Henry Thomas, também retorna para o curta de um pouco mais de 4 minutos. No comercial, o E.T. retorna no fim do ano, desta vez, e para um clima mais frio, de neve. Ele reencontra Elliott agora crescido e com sua própria família – esposa e dois filhos pequenos, um menino e uma menina. Muitas das experiências do original são repetidas no comercial, com a grande diferença sendo o avanço da tecnologia e da internet.

Spielberg, obviamente foi consultado para o projeto, que foi dirigido pelo fotógrafo Lance Acord. O cineasta criador do personagem ficou muito feliz e surpreso com o resultado, em como conseguiram capturar de forma certeira o espírito do filme original. A receptividade foi tamanha por parte de Spielberg, que o diretor declarou o comercial como “a continuação oficial do filme”. Outro que foi só elogios para a proposta foi o protagonista Henry Thomas – que afirmou que esta é a maneira ideal de “continuar a história” sem o risco de estraga-la. Para completar a viagem nostálgica só faltaram mesmo as participações de Drew Barrymore, Dee Wallace e do resto do elenco humano. Quem sabe em algum outro comercial em breve.

author avatar
Pablo R. Bazarello
Crítico, cinéfilo dos anos 80, membro da ACCRJ, natural do Rio de Janeiro. Apaixonado por cinema e tudo relacionado aos anos 80 e 90. Cinema é a maior diversão. A arte é o que faz a vida valer a pena. 15 anos na estrada do CinePOP e contando...
MATÉRIAS
CRÍTICAS

NOTÍCIAS