Uma das carreiras profissionais mais instáveis é a dos artistas. Assim como a dos esportistas, ela pode ter uma vida útil curta. No esporte, um profissional precisa dar tudo de si em sua fase de ouro, para colher os frutos depois – isso porque aos 40 anos de idade, um esportista já é considerado velho e está buscando sua aposentadoria. Com muitos artistas acontece o mesmo. Por isso se deve colher os frutos quando ainda se tem muitos produtores batendo à sua porta. Raros são os casos de artistas que se mantém no topo por décadas, ou em alguns casos, por toda a sua carreira.
Mesmo os que se tornam lendários precisam reconhecer que em determinada fase, os tipos de papeis oferecidos já não são mais os mesmos, você se torna quase sempre coadjuvante e só será protagonista em filmes menores e menos significativos. Isso quando não cai diretamente no ostracismo. Ser grande em determinada época não significa que será mantido para sempre no mesmo patamar. É a lei natural não apenas do negócio, como também da vida.
Pensando nisso, resolvemos dar uma olhada em algumas atrizes bem famosas dos anos 80, que estavam em tudo quanto é lugar na época, mas que infelizmente não conseguiram dar continuidade a tal fama nas décadas seguintes. Confira abaixo.
Shelley Long
A loirinha Shelley Long ficou famosa graças à sitcom ‘Cheers’, um marco da TV norte-americana, no qual interpretou Diane Chambers em 122 episódios (de 1982 a 1993). No cinema, seu filme mais marcante foi a produção de Steven Spielberg, ‘Um Dia a Casa Cai’ (1986), no qual atuou ao lado de Tom Hanks. A atriz ainda estrelou ‘Corretores do Amor’ (1982), ‘Diferenças Irreconciliáveis’ (1984), ‘Que Sorte Danada!’ (1987), ‘Está Sobrando uma Mulher’ (1987) e ‘Bandeirantes de Beverly Hills’ (1989) na década.
Helen Slater
Para os que cresceram nos anos 1980, a graciosa Helen Slater será sempre a ‘Supergirl’ daquela década. Ou será que será sempre a Billie Jean? Isso porque seus dois primeiros filmes foram justamente os cult ‘Supergirl – O Filme’ (1984 – sua estreia no cinema) e ‘A Lenda de Billie Jean’ (1985). Mas seus maiores sucessos seriam duas comédias: ‘Por Favor, Matem Minha Mulher’ (1986), com Danny DeVito e Bette Midler, dos mesmos criadores de ‘Corra que a Polícia Vem Aí’; e ‘O Segredo do Meu Sucesso’ (1987), com Michael J. Fox. A atriz fecharia a década com ‘Namorados por Acaso’ (1989), comédia romântica com Patrick Dempsey.
Não deixe de assistir:
Julie Hagerty
Por falar em ‘Corra que a Polícia Vem Aí’, o primeiro filme de Julie Hagerty foi justamente ‘Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu’, em 1980, dos mesmos realizadores: Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker. A atriz também voltaria para a sequência do filme, em 1982. Ela também foi dirigida por Woody Allen em ‘Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão’ (1982), Albert Brooks em ‘Relax’ (1985) e Robert Altman em ‘Além da Terapia’ (1987) e ‘Ária’ (1987). Hagerty também atuou ao lado de Steve Guttenberg em ‘Esses Médicos Muito Loucos’ (1985) e Madonna em ‘Doce Inocência’ (1989).
Rae Dawn Chong
Rae Dawn Chong foi uma das atrizes de grande representatividade nos anos 1980. Ela é uma destas atrizes que víamos em todo lugar, mas a maioria nunca descobriu seu nome. É claro que na década, seu filme mais marcante foi o thriller de ação ‘Comando para Matar’ (1985), ao lado de Arnold Schwarzenegger, que passou sem parar em muitas reprises. No mesmo ano, no entanto, ela era dirigida por Steven Spielberg no indicado ao Oscar ‘A Cor Púrpura’, no papel de Squeak. Depois vieram comédias como ‘Uma Escola Muito Louca’ (1986) e ‘Os Trapaceiros da Loto’ (1987), com Michael Keaton. A atriz também esteve em suspenses dramáticos como ‘Cidade do Medo’ (1984) e ‘Um Diretor Contra Todos’ (1987).
Lori Singer
Lori Singer foi outra loira que marcou a década de 1980 e poderia ser facilmente confundida com Daryl Hannah. É claro que quando falamos em Lori Singer, o filme que vem imediatamente à cabeça foi sua estreia no cinema com ‘Footloose – Ritmo Louco’ (1984), um dos longas mais dançantes da sétima arte, com Kevin Bacon. No ano seguinte, ela apareceria ao lado de Sean Penn e Timothy Hutton no thriller ‘A Traição do Falcão’ (1985), na comédia ‘O Homem do Sapato Vermelho’ (1985), com Tom Hanks, e em ‘Vidas em Conflito’ (1985), com o saudoso Kris Kristofferson (falecido em 28 de setembro deste ano). Singer fecharia a década com o terror ‘Warlock – O Demônio’ (1989).
Alexandra Paul
O caminho normal para grande parte dos atores e atrizes é começar a carreira na TV, para depois escalar até o cinema. Muitos fizeram essa trajetória. Mas com Alexandra Paul foi diferente. Isso porque o segundo trabalho da atriz no cinema já foi ao lado de John Carpenter em ‘Christine – O Carro Assassino’ (1983), baseado no livro de Stephen King. Seria só em 1992 que ela estrelaria seu papel mais famoso, como a salva-vidas Stephanie Holden na série sensação ‘Baywatch – S.O.S. Malibu’, na qual ela ficaria por 92 episódios até 1997. Antes, Paul marcaria em filmes como o drama de esporte ‘Competição de Destinos’ (1985), com Kevin Costner e Rae Dawn Chong, no thriller ‘Morrer Mil Vezes’ (1986), com Jeff Bridges e Rosanna Arquette, e na comédia ‘Dragnet – Desafiando o Perigo’ (1987), com Dan Aykroyd e Tom Hanks.
Catherine Mary Stewart
Com seu jeito de menina, traços fortes e olhos de diamantes, Catherine Mary Stewart foi uma das jovens atrizes mais populares dos anos 1980. Sua estreia no cinema seria em ‘A Maçã’, musical futurista que iniciaria a era da Cannon Films em 1980. Mas o ano divisor de águas na carreira da moça foi mesmo 1984, quando ela estrelou dois cult ainda muito queridos dos fãs: o “clone” de Star Wars, ‘O Último Guerreiro das Estrelas’ e o pós-apocalíptico ‘A Noite do Cometa’. Depois veio a comédia cult ‘A Primeira Transa de Jonathan’ (1985). A atriz fecharia a década com outra comédia cult, a nonsense ‘Um Morto Muito Louco’ (1989).
Kim Greist
Atrizes famosas em determinada década podem sumir dos radares pelos mais variados motivos. Segundo reza a lenda, o “desaparecimento” da loira Kim Greist foi por motivo de ser “difícil” durante as filmagens, que se tratando dos anos 80 pode significar muitas coisas. Seja como for, após a estreia no terror cult ‘C.H.U.D. – A Cidade das Sombras’ (1984), Kim Greist já adentrava o primeiro time de Hollywood como parte vital do elenco de um dos longas mais elogiados da época: ‘Brazil – O Filme’ (1985), de Terry Gilliam. No ano seguinte, foi dirigida por Michael Mann em ‘Caçador de Assassinos’ (1986). O maior sucesso de Greist seria a comédia de Danny DeVito, ‘Jogue a Mamãe do Trem’ (1987). A atriz ainda apareceria em ‘Palco de Ilusões’ (1988), ao lado de Tom Hanks e Sally Field.
Deborah Foreman
As covinhas de Deborah Foreman merecem todos os louros possíveis, isso porque sobreviveram a filmes com Nicolas Cage e Val Kilmer. Brincadeiras à parte, o primeiro papel de destaque da moça foi mesmo em ‘Sonhos Rebeldes’ (1983) comédia romântica adolescente que ressurgiu com uma forte aura cult – graças em parte ao remake de 2020. É claro que no original, Foreman estrelou ao lado de Nick Cage. Com Val Kilmer atuaria dois anos depois, na comédia ‘Academia de Gênios’. Em 1986, estrelou a comédia ‘Meu Chofer’ e o terror dos mesmos realizadores de ‘Sexta-Feira 13’, ‘A Noite das Brincadeiras Mortais’ (1986), fazendo o papel de irmãs gêmeas. A atriz terminou a década com a comédia de John Travolta ‘Os Espertinhos’ (1989).
Kelly Jo Minter
Finalizando, temos mais uma atriz incrivelmente representativa, mas que não recebe muito crédito. Os anos 80 são considerados uma época politicamente incorreta. Sendo assim, por mais que tivesse espaço para certa representatividade, Hollywood ainda era dominada por estereotípicos europeus, ou seja, o destaque absoluto era para os brancos – ainda mais no caso de atrizes loiras. Por isso, existe grande valor nas carreiras de Rae Dawn Chong e também de Kelly Jo Minter, heroínas que não tiveram o mesmo reconhecimento de gente como Whoopi Goldberg, por exemplo. Minter, estreou no cinema ao lado de Cher em ‘Marcas do Destino’ (1985). Dois anos depois, participaria de sucessos como ‘Curso de Verão’ (1987), ‘Um Diretor Contra Todos’ (1987) e em um papel menor em ‘Os Garotos Perdidos’ (1987). A atriz terminaria a década enfrentando o maníaco Freddy Krueger em ‘A Hora do Pesadelo 5’ (1989) – e para a nossa alegria não se tornaria uma das vítimas do assassino.