Com estreia marcada para esta quinta-feira (19), Elio, novo filme da Pixar, é uma aventura espacial sobre um garotinho excluído que é abduzido por alienígenas e se vê obrigado a mediar um conflito intergaláctico para tentar ser aceito por uma organização diplomática alienígena, que vive em uma utopia voadora em forma de planeta artificial.
Com uma estética espetacular e uma duplinha de protagonistas bastante carismática, o filme chega aos cinemas após uma série de atrasos no calendário de lançamento, que acabou rendendo uma ligação para lá de inesperada com outra grande estreia, mas no calendário esportivo internacional: a Copa do Mundo de Clubes da FIFA, popularmente chamada pelos torcedores de ‘Super Mundial’.
Para contextualizar essa coincidência, é necessário dar um pequeno ‘quase-spoiler’ sobre o filme. Conforme visto em alguns trailers, a trama se desenrola por meio das tentativas de comunicação entre seres humanos e extraterrestres ao longo da humanidade, levando ao momento em que o pequeno Elio faz contato com os alienígenas pela primeira vez na história. Pois bem, essa paixão do menino pelo espaço sideral começou quando ele era ainda mais novinho e entrou acidentalmente em uma exposição da NASA sobre o Programa Voyager, que enviou as sondas as sondas Voyager 1 e Voyager 2, em 1977, ao espaço com a missão de explorarem Júpiter e Saturno, e suas respectivas luas, mas expandiu sua jornada até Urano, Netuno e Plutão.
O Programa Voyager acabou entrando para a Cultura Pop porque mexeu com a imaginação popular ao carregar consigo os famosos Discos de Ouro da Voyager (Voyager Golden Record), que nada mais são que discos feitos de cobre e banhados a ouro. Neles, além da armazenação de sons da natureza da Terra – como trovões, cantos de pássaros, baleias e o quebrar de ondas do mar -, contém imagens da humanidade, músicas populares de artistas como Mozart, Beethoven e Chuck Berry, e saudações faladas em 55 idiomas diferentes. O objetivo? Mostrar um pouco da cultura e natureza da Terra para possíveis vidas alienígenas.

No filme, a pergunta “estamos sozinhos no universo?” toma conta da mente do Elio, que cresce fascinado com a possibilidade de existir vida lá fora, até que chega o dia em que os alienígenas enfim descobrem os Discos de Ouro da Voyager e tentam fazer contato com a humanidade, acidentalmente chegando até o garoto.
Mas o que raios isso tem a ver com o Super Mundial da FIFA?

Sediada nos Estados Unidos, a Copa do Mundo de Clubes da FIFA é uma tentativa revolucionária da entidade máxima do futebol de reunir os melhores times do mundo em um torneio que acontecerá a cada quatro anos, fazendo com que as equipes campeãs dos torneios continentais do planeta se enfrentem para decidir quem será o melhor time do mundo. Além dos campeões de torneios como a Libertadores da América e a Champions League, foram classificadas algumas equipes por meio de rankings das federações de cada continente, totalizando 32 times de 20 países diferentes.
Para simbolizar um torneio desta magnitude, a FIFA fechou uma parceria com a joalheria Tiffany & Co. para bolar um troféu que representasse o legado mundial do futebol. Banhado a ouro 24 quilates, ele traz três discos. O central é fixo e traz ícones que simbolizam preceitos básicos do esporte, como pictogramas de estádios, jogadas clássicas, equipamentos de jogo e um mapa do planeta Terra. Já os outros dois discos, móveis, trazem os nomes de todas as 211 Associações-Membros da FIFA e das seis confederações do planeta, além de mensagens em 13 idiomas diferentes e em braile.

A ideia de carregar a história do futebol e trazer mensagens para o futuro fazem deste troféu praticamente uma cápsula do tempo banhada a ouro. E essa ideia não veio do nada. A FIFA se inspirou justamente nos Discos de Ouro da Voyager para celebrar o passado, enquanto sonha com o futuro do esporte. Visando dar essa sensação de ser o torneio que está no centro do mundo, o troféu também traz símbolos que marcam a posição dos planetas no dia da fundação da FIFA, em 1904 – em Paris, e na data de abertura do Super Mundial, que aconteceu no último dia 14, em Miami, nos EUA.
No troféu, a mensagem escrita é: “Para aqueles que seguram este troféu, a história pertence a vocês! Você é testemunha de um momento no tempo que representa o auge do futebol de clubes, concedido a poucos, mas celebrado por muitos.”

Ou seja, um Disco de Ouro lançado na década de 1970 segue influenciando produções de impacto cultural no mundo, reforçando à Voyager o status de ícone pop científico que, assim como sua missão espacial, atravessa gerações.