quinta-feira , 26 dezembro , 2024

Em Home Vídeo | A Última Fronteira – Charlize Theron paga mico com direção de Sean Penn

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Às vezes acertamos com gosto, mas outras também erramos de forma gloriosa. Acertando ou errando, é sempre melhor mergulhar de cabeça e ir até o fim, tanto para um lado quanto para o outro. Essa pequena introdução filosófica resume bem a carreira… bem, da maioria dos artistas. Mas aqui, especificamente, falamos do astro Sean Penn.

Nem vale a pena voltar ao passado distante, ou à vida pessoal do ator, o casamento desastroso com Madonna ou os problemas com paparazzi; mas sim lembrar que há dez anos, Penn era laureado ao entregar sua obra-prima (e quarto filme como diretor) Na Natureza Selvagem. Na produção minimalista e extremamente emotiva – sem ser apelativa -, o cineasta dava um importante passo, demonstrando amadurecimento narrativo e estar em completa sintonia com os mais sinceros sentimentos humanos, criando uma verdadeira poesia em forma de filme.



Com Na Natureza Selvagem (2007) – que caso não conheçam, precisam correr atrás -, Sean Penn atingia seu auge como realizador. Corta para quase dez anos depois, tempo este que Penn escolheu usar como hiato na cadeira de diretor. Como ator, levou o segundo Oscar, por Milk – A Voz da Igualdade (2008), e depois disso não entregou nada de muito relevante.

Entre um affair com Scarlett Johansson aqui, outro com Charlize Theron ali, após o término de seu casamento com Robin Wright, nascia A Última Fronteira, seu filme mais ambicioso e pretensioso, que chega ao Brasil direto no mercado de home vídeo, já podendo ser conferido na programação da rede Telecine. A ideia aqui é por uma olhada nos bastidores do mundo altruísta dos médicos sem fronteira, e neste cenário ver aflorar uma grande história de amor.

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Passado na África, Javier Bardem protagoniza como o Dr. Miguel Leon, destes mochileiros aventureiros, cuja principal missão em vida é ajudar o próximo. Em suas andanças, conhece a diretora de uma agência humanitária, papel da loiríssima Charlize Theron. Os dois se apaixonam em meio ao caos de guerrilheiros, doenças e ferimentos. A narrativa fica entre idas e vindas, do momento em que se conhecem e iniciam o tórrido caso de paixão, passando por brigas e a eventual separação já alguns anos no futuro.

Como dito, o grande problema de A Última Fronteira é a sua pretensão. Nada de errado em realizar um filme que valorize sentimentos altruístas e querer recheá-lo com poesia, o diretor inclusive havia realizado exatamente isto no citado Na Natureza Selvagem. O erro se encontra em ter tais aspirações e preenchê-las com aquela típica filosofia de boteco, cenas pra lá de esdrúxulas e um romantismo canalha de dar vergonha ao mais clichê dos dramalhões mexicanos.

Não somos convencidos em momento algum, principalmente do relacionamento principal, que deveria ser o pilar desta estrutura. É como se quisessem a todo custo nos dizer o quanto este amor é importante, mas nunca sentimos sua força. Fora isso, os diálogos são confeccionados num nível que se tornam dignos de risadas, de tão ruins. No meio disto tudo, perdida, se encontra a francesa Adèle Exarchopoulos (destaque em 2013 com Azul é a Cor Mais Quente), que apesar de ser o terceiro nome nos créditos, só aparece em duas cenas, igualmente sem qualquer propósito. Num de seus trechos vergonhosos, profere que gostaria de passar Aids ao personagem de Bardem, pois seria romântico! WTF!!!

O que nos leva ao maior agravante de A Última Fronteira, o roteiro escrito por Erin Dignam, a roteirista responsável pelo recente Submersão (2017), de Wim Wenders, com James McAvoy e Alicia Vikander. Além de ser raso como um pires em seu aprofundamento de personagens e situações, o texto vai além, criando diálogos sofríveis (como o citado acima) e momentos para lá de nonsense. Em uma cena, por exemplo, após um debate procurando sentido na letra da música “The Other Side”, dos Red Hot Chilli Peppers (que, aliás, permeia o filme), Bardem, por diversão, prende a cabeça de Theron no vidro da janela do carro e arrasta como forma de brincadeira, enquanto crianças e o próprio dão risadas.

A direção de Penn é boa, assim como, tenho certeza, sua intenção e a dos envolvidos. O desenrolar do material que tem em mãos, no entanto, é menos do que satisfatório. Em sua estreia no Festival de Cannes, A Última Fronteira foi vaiado duramente, animosidade esta que, infelizmente, não está tão díspar com o resultado do longa.

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Nem vale a pena voltar ao passado distante, ou à vida pessoal do ator, o casamento desastroso com Madonna ou os problemas com paparazzi; mas sim lembrar que há dez anos, Penn era laureado ao entregar sua obra-prima (e quarto filme como diretor) Na Natureza Selvagem. Na produção minimalista e extremamente emotiva – sem ser apelativa -, o cineasta dava um importante passo, demonstrando amadurecimento narrativo e estar em completa sintonia com os mais sinceros sentimentos humanos, criando uma verdadeira poesia em forma de filme.

Com Na Natureza Selvagem (2007) – que caso não conheçam, precisam correr atrás -, Sean Penn atingia seu auge como realizador. Corta para quase dez anos depois, tempo este que Penn escolheu usar como hiato na cadeira de diretor. Como ator, levou o segundo Oscar, por Milk – A Voz da Igualdade (2008), e depois disso não entregou nada de muito relevante.

Entre um affair com Scarlett Johansson aqui, outro com Charlize Theron ali, após o término de seu casamento com Robin Wright, nascia A Última Fronteira, seu filme mais ambicioso e pretensioso, que chega ao Brasil direto no mercado de home vídeo, já podendo ser conferido na programação da rede Telecine. A ideia aqui é por uma olhada nos bastidores do mundo altruísta dos médicos sem fronteira, e neste cenário ver aflorar uma grande história de amor.

Passado na África, Javier Bardem protagoniza como o Dr. Miguel Leon, destes mochileiros aventureiros, cuja principal missão em vida é ajudar o próximo. Em suas andanças, conhece a diretora de uma agência humanitária, papel da loiríssima Charlize Theron. Os dois se apaixonam em meio ao caos de guerrilheiros, doenças e ferimentos. A narrativa fica entre idas e vindas, do momento em que se conhecem e iniciam o tórrido caso de paixão, passando por brigas e a eventual separação já alguns anos no futuro.

Como dito, o grande problema de A Última Fronteira é a sua pretensão. Nada de errado em realizar um filme que valorize sentimentos altruístas e querer recheá-lo com poesia, o diretor inclusive havia realizado exatamente isto no citado Na Natureza Selvagem. O erro se encontra em ter tais aspirações e preenchê-las com aquela típica filosofia de boteco, cenas pra lá de esdrúxulas e um romantismo canalha de dar vergonha ao mais clichê dos dramalhões mexicanos.

Não somos convencidos em momento algum, principalmente do relacionamento principal, que deveria ser o pilar desta estrutura. É como se quisessem a todo custo nos dizer o quanto este amor é importante, mas nunca sentimos sua força. Fora isso, os diálogos são confeccionados num nível que se tornam dignos de risadas, de tão ruins. No meio disto tudo, perdida, se encontra a francesa Adèle Exarchopoulos (destaque em 2013 com Azul é a Cor Mais Quente), que apesar de ser o terceiro nome nos créditos, só aparece em duas cenas, igualmente sem qualquer propósito. Num de seus trechos vergonhosos, profere que gostaria de passar Aids ao personagem de Bardem, pois seria romântico! WTF!!!

O que nos leva ao maior agravante de A Última Fronteira, o roteiro escrito por Erin Dignam, a roteirista responsável pelo recente Submersão (2017), de Wim Wenders, com James McAvoy e Alicia Vikander. Além de ser raso como um pires em seu aprofundamento de personagens e situações, o texto vai além, criando diálogos sofríveis (como o citado acima) e momentos para lá de nonsense. Em uma cena, por exemplo, após um debate procurando sentido na letra da música “The Other Side”, dos Red Hot Chilli Peppers (que, aliás, permeia o filme), Bardem, por diversão, prende a cabeça de Theron no vidro da janela do carro e arrasta como forma de brincadeira, enquanto crianças e o próprio dão risadas.

A direção de Penn é boa, assim como, tenho certeza, sua intenção e a dos envolvidos. O desenrolar do material que tem em mãos, no entanto, é menos do que satisfatório. Em sua estreia no Festival de Cannes, A Última Fronteira foi vaiado duramente, animosidade esta que, infelizmente, não está tão díspar com o resultado do longa.

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