quinta-feira , 21 novembro , 2024

‘Encaixotando Helena’ | 30 Anos de um dos Filmes Mais Polêmicos de Hollywood – Você Lembrava?

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Encaixotando Helena’ recai naquela categoria de filmes que deram o que falar em sua época de lançamento, muito devido à sua trama extremamente controversa, e também por seus bastidores problemáticos, mas que com o tempo vão desaparecendo até caírem no ostracismo, sem que ninguém mais fale deles. Há exatos 30 anos, era impensável algum fã de cinema que não tivesse ouvido falar do longa. Hoje, grande parte do público, em especial os mais novos, talvez não lembre ou conheça esse título por si só bizarro.

A essa altura, é claro que Hollywood já havia tido sua cota de produções polêmicas em suas propostas – datando lá de trás quando Stanley Kubrick “chocou o mundo” com ‘Lolita’ em 1962, quando falamos de perversões sexuais. A década de 1960 foi revolucionária em diversos sentidos, mas as audiências da época ainda ficaram inquietas ao ver a história do homem de meia idade obcecado sexualmente por uma adolescente. Pulando para os anos 1990, a sociedade mundial já estava mais “calejada” quando o assunto era sexo no cinema, com atrizes realizando cenas de nudez em filmes americanos de grandes estúdios – algo impensado três décadas antes.



Encaixotando Helena’ ainda choca 30 anos depois do lançamento – muito mais por sua trama sádica, do que por sua sexualidade.

Foi na década de 1990 que o subgênero dos thrillers eróticos foi cimentado. E no ano anterior a ‘Encaixotando Helena’, por exemplo, tivemos exemplares como ‘Instinto Selvagem’ e ‘Corpo em Evidência’, filmes que extrapolavam na nudez, sexo e nas perversões eróticas, jogando na cara do espectador o que antes era apenas insinuado ou mostrado em filmes pornográficos. Essas eram grandes produções, realizadas por alguns dos maiores estúdios de Hollywood e contendo nomes famosos na frente das câmeras, como Michael Douglas, Sharon Stone e Madonna.

Assim, com estas produções esticando ainda mais a linha da censura, ‘Encaixotando Helena’ tinha todo o respaldo que precisava para deixar sua marca também – e colocar mais um nível acima de até onde a censura norte-americana permitia ir. A história aqui é sobre obsessão e loucura, sobre perversão e sadismo. E conta sobre um brilhante cirurgião chamado Dr. Nick Cavanaugh, rico e famoso, ele tem todas as peças de sua vida no lugar, e vive num estilo que muitos sonham e almejam. Mas esse doutor precisa urgentemente de terapia. Isso porque o sujeito é obcecado pela ex-namorada, Helena, e se recusa a aceitar que a relação terminou. Helena é uma mulher sedutora e dona de uma liberdade que causa inveja a pessoas como Nick.

Paixão, obsessão e loucura na relação entre o Dr. Nick (Julian Sands) e Helena (Sherilyn Fenn).

A relação causa ao sujeito doente o típico caso clínico de o quanto menos o companheiro oferece ao dependente emocional, mais ele se agarra com unhas e dentes ao nada. Helena é livre, e seguiu com sua vida, percebendo que o sujeito não era o tipo de pessoa que deseja. Mas eis que surge uma oportunidade de ouro para o médico psicopata, quando a mulher se envolve em um acidente e ele tem que operá-la. Ele realiza a cirurgia e a leva para casa em sua mansão para que ela se recupere sob seus cuidados. Já de cara, mesmo sem que percebesse muito, ela já havia se tornado prisioneira dele.

O que sucede na narrativa foi o suficiente para repelir muitos em relação ao filme, o considerando de mau gosto. Devido ao acidente, o sádico cirurgião se sentiu à vontade para exagerar de forma gritante na operação e terminou por amputar as duas pernas da mulher na altura do joelho. Helena, por outro lado, mesmo desolada pela crueldade do sujeito, não alivia seu temperamento explosivo, e o reduz a um tamanho microscópico, usando apenas a tortura psicológica. O famoso “esculacho” na linguagem popular. A mulher não se acomoda e continua extremamente combativa, inclusive fisicamente. O que leva ao vilão agora amputar seus dois braços, na altura dos cotovelos, a transformando assim numa estátua de Vênus de Milo viva.

A referência mais óbvia do filme é que Helena se torna a Vênus de Milo viva.

SPOILERS!

O tormento físico e psicológico é o núcleo do filme. A relação abusiva de mão dupla é agonizante para o espectador, mas pode ser também um estudo do comportamento humano e seus distúrbios. A obsessão se torna doença, e se torna violência, se torna crime. O protagonista sequestra e mutila sua vítima, fruto de seu desejo. Ela jamais será dele, e retribui a tortura atingindo o psicológico já abalado do sujeito. E quando achamos que não resta nada a não ser o caos, o filme dá uma guinada de 180 graus e traz uma reviravolta surpreendente. Tudo o que vimos durante a projeção não passava de um delírio do cirurgião momentos antes da operação. Na realidade, sua loucura continuou interna em sua cabeça e ele consegue realizar o procedimento de maneira adequada. Ela acorda na cama do hospital com todos os seus membros intactos. Melhor assim. Porém, o espectador que não sabia de nada, precisou passar pelo sofrimento agonizante do pesadelo junto aos personagens durante toda a projeção. O que resume o filme ao convite: “você quer viver meu pior pesadelo comigo?”. Tenho certeza que a maioria responderia, “não, obrigado”. Mas com filmes assim, não existe a hipótese de recusa, obrigando o espectador a embarcar junto na viagem infernal.

Fim do SPOILER!

Desagradável, sádico, de mau gosto, perverso e misógino são alguns dos adjetivos que podem definir o longa.

A ideia para lá de bizarra e sádica partiu da mente do produtor Philipe Caland, mas o sujeito queria que uma mulher desenvolvesse essa história em um roteiro. A proposta era justamente dar uma visão única feminina e para a personagem principal. Por isso, Helena fica bem longe de ser a heroína sofredora e indefesa, mesmo sem possuir qualquer mobilidade. Helena é dura e voraz, e mesmo sem ter a liberdade que é sua força motriz momentaneamente, jamais desiste de recuperá-la, ferindo igualmente seu atormentador.

Entra em cena a diretora Jennifer Lynch, filha do icônico David Lynch. O diretor, um dos mais cult a ter passado por esse planeta, coleciona obras únicas e diferentes, como ‘Veludo Azul’ (1986), ‘Coração Selvagem’ (1990) e o seriado ‘Twin Peaks’, que por si só são grandes estudos comportamentais das bizarrices humanas. Jennifer chamou atenção de Caland em uma leitura de poesia. Assim, o produtor fez a oferta para a jovem, que a princípio a rejeitou, a considerando “horrível”. Mas com a insistência do produtor, Jennifer acabou cedendo e escreveu o roteiro rapidamente, aos 19 anos de idade.

Jennifer Lynch, filha de David Lynch, foi quem escreveu e dirigiu uma das histórias mais macabras do cinema sobre um relacionamento “amoroso”.

Com o texto pronto, Jennifer Lynch estreou também na direção, mas essa não seria uma jornada fácil. Isso porque nenhum estúdio queria uma jovem loira de 19 anos no comando de uma obra polêmica como essa, e a cineasta precisou derrubar mais essa barreira de preconceito.

Para o papel principal de Helena, a estrela da música pop Madonna esteve vinculada por algum tempo. Madonna nesta época não era estranha a polêmicas, e havia acabado de protagonizar ‘Corpo em Evidência’. No entanto, perto do início das filmagens, a matéria girl desistiu e pulou fora do projeto. Lynch então correu para se encontrar com outra musa da época, a modelo transformada em atriz Kim Basinger. A loira havia acabado de sair do mega sucesso ‘Batman’ (1989), e nessa época era conhecida também pelo erótico ‘9 ½ Semanas de Amor’ (1986).

Kim Basinger chegou muito perto de ser a protagonista Helena, mas ao desistir se envolveu num famoso caso nos tribunais.

Kim Basinger concordou em protagonizar o filme, mas ao chegar perto da nova data de início das filmagens começou a dar para trás, exigindo mudanças significativas no roteiro. Tais mudanças exigidas por Basinger eram em relação a suavizar um pouco a protagonista, reduzindo sua agressividade e a transformando mais em vítima indefesa – justamente o que os realizadores não queriam que Helena fosse. Helena é hostil e humilha seu captor. Basinger também estava desconfortável com as cenas de nudez da personagem, apesar de naquela altura já ter realizado muitas nas telonas, como no citado romance erótico com Mickey Rourke.

O impasse entre Kim Basinger e os realizadores não chegou a um acordo, assim a estrela desistiu do projeto. Mas não sairia ilesa, já que em um dos casos mais notórios de produtores processando uma estrela por quebra de contrato, Kim Basinger foi a julgamento e ficou estipulado que precisaria pagar algo em torno de US$8.1 milhões para os realizadores – fato que a colocou na falência. Em 1994, apelando a um novo veredito, Kim Basinger fechou acordo de US$3.8 milhões para a produção. O mais irônico disso tudo é que a bilheteria de ‘Encaixotando Helena’ foi de menos de US$2 milhões, fazendo o maior lucro em relação ao filme vir do processo perdido de sua ex-estrela.

Com a saída de Basinger, Helena assumia as formas da corajosa e menos conhecida Sherilyn Fenn, de ‘Twin Peaks’.

No lugar de Kim Basinger era finalmente escalada a morena Sherilyn Fenn, famosa na época pelo papel de Audrey Horn, justamente do seriado ‘Twin Peaks’, de David Lynch – que era febre no início dos anos 90, com exibições nos domingos da Globo após o Fantástico aqui no Brasil. No papel do antagonista, também existiram mudanças de última hora. O ator pensado inicialmente era Ed Harris, saído do cult ‘O Segredo do Abismo’, que cansou de esperar o início das filmagens, dizendo que precisava tocar sua vida, e seguiu para fazer ‘A Firma’ e ‘Trocas Macabras’. Em seu lugar entrava Julian Sands, conhecido por seus papeis em ‘Warlock: O Demônio’ (1989) e ‘Aracnofobia’ (1990).

Encaixotando Helena’ estreou no Festival de Sundance em janeiro de 1993, onde causou frisson e foi recebido de forma favorável. No entanto, bastou sua estreia oficial em grande circuito nos EUA em 3 de setembro de 1993, para a sorte do longa mudar e a obra ter poucos defensores, como o crítico Gene Siskel, do Chicago Tribune. No Brasil, o filme veria a estreia no dia 8 de abril de 1994. O orçamento total do longa não é muito divulgado, mas sua bilheteria chegou a US$1.796 milhão nos EUA. Sua maior vitória, no entanto, foi mesmo nos tribunais, na forma de um atestado contra as estrelas de Hollywood.

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Encaixotando Helena’ recai naquela categoria de filmes que deram o que falar em sua época de lançamento, muito devido à sua trama extremamente controversa, e também por seus bastidores problemáticos, mas que com o tempo vão desaparecendo até caírem no ostracismo, sem que ninguém mais fale deles. Há exatos 30 anos, era impensável algum fã de cinema que não tivesse ouvido falar do longa. Hoje, grande parte do público, em especial os mais novos, talvez não lembre ou conheça esse título por si só bizarro.

A essa altura, é claro que Hollywood já havia tido sua cota de produções polêmicas em suas propostas – datando lá de trás quando Stanley Kubrick “chocou o mundo” com ‘Lolita’ em 1962, quando falamos de perversões sexuais. A década de 1960 foi revolucionária em diversos sentidos, mas as audiências da época ainda ficaram inquietas ao ver a história do homem de meia idade obcecado sexualmente por uma adolescente. Pulando para os anos 1990, a sociedade mundial já estava mais “calejada” quando o assunto era sexo no cinema, com atrizes realizando cenas de nudez em filmes americanos de grandes estúdios – algo impensado três décadas antes.

Encaixotando Helena’ ainda choca 30 anos depois do lançamento – muito mais por sua trama sádica, do que por sua sexualidade.

Foi na década de 1990 que o subgênero dos thrillers eróticos foi cimentado. E no ano anterior a ‘Encaixotando Helena’, por exemplo, tivemos exemplares como ‘Instinto Selvagem’ e ‘Corpo em Evidência’, filmes que extrapolavam na nudez, sexo e nas perversões eróticas, jogando na cara do espectador o que antes era apenas insinuado ou mostrado em filmes pornográficos. Essas eram grandes produções, realizadas por alguns dos maiores estúdios de Hollywood e contendo nomes famosos na frente das câmeras, como Michael Douglas, Sharon Stone e Madonna.

Assim, com estas produções esticando ainda mais a linha da censura, ‘Encaixotando Helena’ tinha todo o respaldo que precisava para deixar sua marca também – e colocar mais um nível acima de até onde a censura norte-americana permitia ir. A história aqui é sobre obsessão e loucura, sobre perversão e sadismo. E conta sobre um brilhante cirurgião chamado Dr. Nick Cavanaugh, rico e famoso, ele tem todas as peças de sua vida no lugar, e vive num estilo que muitos sonham e almejam. Mas esse doutor precisa urgentemente de terapia. Isso porque o sujeito é obcecado pela ex-namorada, Helena, e se recusa a aceitar que a relação terminou. Helena é uma mulher sedutora e dona de uma liberdade que causa inveja a pessoas como Nick.

Paixão, obsessão e loucura na relação entre o Dr. Nick (Julian Sands) e Helena (Sherilyn Fenn).

A relação causa ao sujeito doente o típico caso clínico de o quanto menos o companheiro oferece ao dependente emocional, mais ele se agarra com unhas e dentes ao nada. Helena é livre, e seguiu com sua vida, percebendo que o sujeito não era o tipo de pessoa que deseja. Mas eis que surge uma oportunidade de ouro para o médico psicopata, quando a mulher se envolve em um acidente e ele tem que operá-la. Ele realiza a cirurgia e a leva para casa em sua mansão para que ela se recupere sob seus cuidados. Já de cara, mesmo sem que percebesse muito, ela já havia se tornado prisioneira dele.

O que sucede na narrativa foi o suficiente para repelir muitos em relação ao filme, o considerando de mau gosto. Devido ao acidente, o sádico cirurgião se sentiu à vontade para exagerar de forma gritante na operação e terminou por amputar as duas pernas da mulher na altura do joelho. Helena, por outro lado, mesmo desolada pela crueldade do sujeito, não alivia seu temperamento explosivo, e o reduz a um tamanho microscópico, usando apenas a tortura psicológica. O famoso “esculacho” na linguagem popular. A mulher não se acomoda e continua extremamente combativa, inclusive fisicamente. O que leva ao vilão agora amputar seus dois braços, na altura dos cotovelos, a transformando assim numa estátua de Vênus de Milo viva.

A referência mais óbvia do filme é que Helena se torna a Vênus de Milo viva.

SPOILERS!

O tormento físico e psicológico é o núcleo do filme. A relação abusiva de mão dupla é agonizante para o espectador, mas pode ser também um estudo do comportamento humano e seus distúrbios. A obsessão se torna doença, e se torna violência, se torna crime. O protagonista sequestra e mutila sua vítima, fruto de seu desejo. Ela jamais será dele, e retribui a tortura atingindo o psicológico já abalado do sujeito. E quando achamos que não resta nada a não ser o caos, o filme dá uma guinada de 180 graus e traz uma reviravolta surpreendente. Tudo o que vimos durante a projeção não passava de um delírio do cirurgião momentos antes da operação. Na realidade, sua loucura continuou interna em sua cabeça e ele consegue realizar o procedimento de maneira adequada. Ela acorda na cama do hospital com todos os seus membros intactos. Melhor assim. Porém, o espectador que não sabia de nada, precisou passar pelo sofrimento agonizante do pesadelo junto aos personagens durante toda a projeção. O que resume o filme ao convite: “você quer viver meu pior pesadelo comigo?”. Tenho certeza que a maioria responderia, “não, obrigado”. Mas com filmes assim, não existe a hipótese de recusa, obrigando o espectador a embarcar junto na viagem infernal.

Fim do SPOILER!

Desagradável, sádico, de mau gosto, perverso e misógino são alguns dos adjetivos que podem definir o longa.

A ideia para lá de bizarra e sádica partiu da mente do produtor Philipe Caland, mas o sujeito queria que uma mulher desenvolvesse essa história em um roteiro. A proposta era justamente dar uma visão única feminina e para a personagem principal. Por isso, Helena fica bem longe de ser a heroína sofredora e indefesa, mesmo sem possuir qualquer mobilidade. Helena é dura e voraz, e mesmo sem ter a liberdade que é sua força motriz momentaneamente, jamais desiste de recuperá-la, ferindo igualmente seu atormentador.

Entra em cena a diretora Jennifer Lynch, filha do icônico David Lynch. O diretor, um dos mais cult a ter passado por esse planeta, coleciona obras únicas e diferentes, como ‘Veludo Azul’ (1986), ‘Coração Selvagem’ (1990) e o seriado ‘Twin Peaks’, que por si só são grandes estudos comportamentais das bizarrices humanas. Jennifer chamou atenção de Caland em uma leitura de poesia. Assim, o produtor fez a oferta para a jovem, que a princípio a rejeitou, a considerando “horrível”. Mas com a insistência do produtor, Jennifer acabou cedendo e escreveu o roteiro rapidamente, aos 19 anos de idade.

Jennifer Lynch, filha de David Lynch, foi quem escreveu e dirigiu uma das histórias mais macabras do cinema sobre um relacionamento “amoroso”.

Com o texto pronto, Jennifer Lynch estreou também na direção, mas essa não seria uma jornada fácil. Isso porque nenhum estúdio queria uma jovem loira de 19 anos no comando de uma obra polêmica como essa, e a cineasta precisou derrubar mais essa barreira de preconceito.

Para o papel principal de Helena, a estrela da música pop Madonna esteve vinculada por algum tempo. Madonna nesta época não era estranha a polêmicas, e havia acabado de protagonizar ‘Corpo em Evidência’. No entanto, perto do início das filmagens, a matéria girl desistiu e pulou fora do projeto. Lynch então correu para se encontrar com outra musa da época, a modelo transformada em atriz Kim Basinger. A loira havia acabado de sair do mega sucesso ‘Batman’ (1989), e nessa época era conhecida também pelo erótico ‘9 ½ Semanas de Amor’ (1986).

Kim Basinger chegou muito perto de ser a protagonista Helena, mas ao desistir se envolveu num famoso caso nos tribunais.

Kim Basinger concordou em protagonizar o filme, mas ao chegar perto da nova data de início das filmagens começou a dar para trás, exigindo mudanças significativas no roteiro. Tais mudanças exigidas por Basinger eram em relação a suavizar um pouco a protagonista, reduzindo sua agressividade e a transformando mais em vítima indefesa – justamente o que os realizadores não queriam que Helena fosse. Helena é hostil e humilha seu captor. Basinger também estava desconfortável com as cenas de nudez da personagem, apesar de naquela altura já ter realizado muitas nas telonas, como no citado romance erótico com Mickey Rourke.

O impasse entre Kim Basinger e os realizadores não chegou a um acordo, assim a estrela desistiu do projeto. Mas não sairia ilesa, já que em um dos casos mais notórios de produtores processando uma estrela por quebra de contrato, Kim Basinger foi a julgamento e ficou estipulado que precisaria pagar algo em torno de US$8.1 milhões para os realizadores – fato que a colocou na falência. Em 1994, apelando a um novo veredito, Kim Basinger fechou acordo de US$3.8 milhões para a produção. O mais irônico disso tudo é que a bilheteria de ‘Encaixotando Helena’ foi de menos de US$2 milhões, fazendo o maior lucro em relação ao filme vir do processo perdido de sua ex-estrela.

Com a saída de Basinger, Helena assumia as formas da corajosa e menos conhecida Sherilyn Fenn, de ‘Twin Peaks’.

No lugar de Kim Basinger era finalmente escalada a morena Sherilyn Fenn, famosa na época pelo papel de Audrey Horn, justamente do seriado ‘Twin Peaks’, de David Lynch – que era febre no início dos anos 90, com exibições nos domingos da Globo após o Fantástico aqui no Brasil. No papel do antagonista, também existiram mudanças de última hora. O ator pensado inicialmente era Ed Harris, saído do cult ‘O Segredo do Abismo’, que cansou de esperar o início das filmagens, dizendo que precisava tocar sua vida, e seguiu para fazer ‘A Firma’ e ‘Trocas Macabras’. Em seu lugar entrava Julian Sands, conhecido por seus papeis em ‘Warlock: O Demônio’ (1989) e ‘Aracnofobia’ (1990).

Encaixotando Helena’ estreou no Festival de Sundance em janeiro de 1993, onde causou frisson e foi recebido de forma favorável. No entanto, bastou sua estreia oficial em grande circuito nos EUA em 3 de setembro de 1993, para a sorte do longa mudar e a obra ter poucos defensores, como o crítico Gene Siskel, do Chicago Tribune. No Brasil, o filme veria a estreia no dia 8 de abril de 1994. O orçamento total do longa não é muito divulgado, mas sua bilheteria chegou a US$1.796 milhão nos EUA. Sua maior vitória, no entanto, foi mesmo nos tribunais, na forma de um atestado contra as estrelas de Hollywood.

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