No dia 18 de novembro de 1998 foi lançado o primeiro episódio de As Meninas Superpoderosas. Vinte anos depois, o desenho continua fresco na memória de muitos e isso não é à toa. São muitos os elementos que o tornam marcante e fazem com que seja totalmente justificável seu sucesso, visto que as aventuras de Florzinha, Lindinha e Docinho não se limitaram a serem transmitidas apenas na televisão, como também já tiveram versão em anime, filme sendo exibido nos cinemas, games e tudo o que você possa imaginar, além de um reboot em 2016.
Mas como ninguém pôde enjoar?
Simples. São muitos os fatores que despertaram a atenção de quem assistiu, tais como:
– Histórias de super-heroínas muito antes do gênero explodir para o público geral
As Meninas Superpoderosas tiveram sua estreia em uma época que produções de super-heróis ainda não eram uma febre completa. Nos cinemas, pouquíssimos exemplos contemporâneos à época, sendo possível citar o péssimo Batman & Robin, de Joel Schumacher. Os bons Homem-Aranha e X-Men só viriam alguns anos depois.
Nos desenhos, uma perspectiva melhor. A série animada do X-Men, do Homem Aranha e do Batman eram muito queridas, mas ainda assim são poucos exemplos. A história das Meninas foi algo novo, visto que não foi inspirada em nenhuma HQ, além do fato de ser protagonizado por mulheres, algo difícil de ver até hoje. Toda a sua estrutura era baseada nas histórias clássicas de heróis, como sua memorável introdução citando o acidente do Professor que causou o surgimento das três heroínas. É impossível não lembrar de “açúcar, tempero e tudo o que há de bom”.
Era uma história de super-herói lançada do zero. Uma mistura de inovação com homenagem ao gênero que já existia.
– Ótimos vilões
Não são apenas o Batman e o Homem-Aranha que podem se dar ao luxo de dizer que têm ótimos vilões. As Meninas Superpoderosas têm um quadro muito marcante de antagonistas: Macaco Louco, Gangue Gangrena, Fuzzy Confusão, Meninos Desordeiros, Trio Ameba, Seduza e ELE.
Deste modo, era possível explorar os mais diferentes vilões e evitar assim que os episódios ficassem repetitivos, visto que eles se diferem muito uns dos outros e seu nível de ameaça e modo de lidar com as heroínas também variava, com alguns representando pouca preocupação e incentivando a criatividade das meninas para os combater, enquanto para outros era necessário a força bruta.
O vilão mais icônico é o Macaco Louco, porém, muitos outros conquistaram o carinho do público. Aliás, não só o carinho.
– Dublagem incrível
Em um caso, um vilão assustava algumas crianças. ELE, com seu estilo extravagante e modo de falar, perfeitamente dublado por Guilherme Briggs, arrepiava a todos. Aliás, não só ele teve a voz muito bem trabalhada como todos os demais personagens do desenho. No trio principal, as vozes representavam muito bem a personalidade de cada uma, tendo assim uma combinação perfeita e de fácil assimilação.
Isso sem falar da boa narração no início e no fim. A cada episódio, já estava na ponta da língua o “A cidade de Townsville….” no começo e “Mais uma vez o dia foi salvo graças às Meninas Superpoderosas”.
Por sinal, em alguns momentos, quem era referenciado como salvador do episódio não eram as meninas e sim outros personagens que de algum modo influenciaram na conclusão da história, seja de modo direto ou indireto, de propósito ou não. Uma brincadeira divertida com a própria estrutura do desenho.
– Feminismo
Como já foi dito, não era nem um pouco comum ver meninas protagonizando histórias de ação, envolvendo brigas e poderes. As Meninas Superpoderosas foi muito icônico nesse quesito. Um ponto interessante é que não havia nenhum tipo de estereotipação. Elas podem ser frágeis e delicadas como a Lindinha, decididas e irritadas como a Docinho e com aspecto de liderança e equilibradas como a Florzinha. Em comum, o fato de que, independentemente das suas personalidades, são capazes de lidar com as ameaças da cidade.
No desenho, o fato de serem três garotinhas aparentemente indefesas era muito explorado e fazia com que alguns vilões a subestimassem. Além disso, mesmo extremamente poderosas, eram crianças comuns no que tange a relação com outras, como por exemplo, na escola.
Por ser protagonizado por mulheres, alguns diziam que era um “desenho de menina”. Uma mentira. As Meninas Superpoderosas sempre foi um desenho para todos os públicos. Do mesmo modo que as histórias protagonizadas por homens, super-heróis, também podem ser apreciada por todos, sejam homens ou mulheres. O importante é o quanto aquilo apresentado é bom e não o gênero do personagem principal. O desenho mostrou o óbvio, que sim, é possível fazer três meninas serem fortes e salvarem o dia inúmeras vezes.
– Bons personagens de apoio
Além das três protagonistas, os episódios contavam com bons personagens secundários como por exemplo o Prefeito, o tão querido Professor, a professora da escola, além da Senhorita Belo, a qual havia um mistério sobre como era seu rosto. Os criadores do desenho eventualmente faziam alguns divertidos jogos de ângulo da cena para que a aparência dela não fosse mostrada. Inclusive até hoje há pessoas que nunca viram o rosto dela. Se você faz parte deste grupo, o mistério termina aqui:
– Abertura
É impressionante que seja tão fácil de lembrar da abertura de As Meninas Superpoderosas mesmo tendo um som apenas instrumental. Nada de vozes. Após a introdução de como elas foram criadas, apenas a alteração do tom da música de acordo com a menina apresentada em tela, vindo logo em seguida os vilões e as heroínas os derrotando. Algo simples e totalmente bem feito.
Por esses motivos, As Meninas Superpoderosas é um desenho que merece palmas. Muito se foca apenas na questão do feminismo, que de fato é muito importante, mas vai além disso. Toda a estrutura e produção é bem feita, nos mais diferentes contextos. Por essas e outras, até hoje ele é exibido e passa por algumas leves alterações para que se mantenha vivo na cabeça daqueles que assistem.