“Nós não estamos aqui para dar respostas, mas para fazer as perguntas certas.”Com esta declaração, Stephen Graham, ator e criador de Adolescência, definiu o tom da minissérie durante a coletiva de imprensa virtual. O drama, dividido em quatro episódios filmados sem cortes e em tempo real de uma hora, estreia nesta quinta-feira, dia 13 de março, na Netflix. A produção propõe uma reflexão sobre a complexidade da Geração Alpha (nascidos a partir de 2010) em um mundo moldado pelas redes sociais.
O CinePOP teve a oportunidade de participar do bate-papo com os atores Stephen Graham, Owen Cooper, Ashley Walters e Erin Doherty, que compartilharam suas experiências sobre o processo de filmagem comandados por Philip Barantini (O Chef, 2021) e a densidade da história escrita por Jack Thorne (Enola Holmes) e Stephen Graham.

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Um Novo Olhar Sobre o Crime Juvenil
Diferente dos dramas policiais convencionais, Adolescência opta por uma abordagem introspectiva, evitando explicações simplistas como histórico de abuso ou violência doméstica. Segundo Graham, o objetivo era compreender os motivos que levam um jovem a cometer atos extremos: “Queríamos entender o que leva um jovem a tomar determinadas decisões, sem cair nos estereótipos habituais”.
A minissérie se destaca pela forma como explora a influência psicológica das redes sociais na construção da identidade dos jovens. A narrativa não busca vilões ou heróis, mas sim levantar questionamentos sobre responsabilidade, influência digital e a pressão social exercida sobre adolescentes.

Um Processo de Filmagem Desafiador
Uma das grandes inovações de Adolescência é seu formato: cada episódio é gravado em plano-sequência e tempo real, trazendo uma sensação de imediatismo e realismo. Stephen Graham descreveu a abordagem como um híbrido entre teatro e cinema: “Passamos uma semana inteira analisando o roteiro e nos aprofundando nos personagens. Depois, ensaiamos cada cena com a câmera antes de gravar de fato, criando uma experiência incrivelmente orgânica e espontânea”.
Intérprete do Detetive Luke Bascombe, Ashley Walters destacou o desafio de ter apenas , dez tomadas para acertar cada cena. “Foi uma pressão absurda no início, mas ao mesmo tempo, uma das experiências mais enriquecedoras da minha carreira.”, revelou. Erin Doherty, que vive a psicóloga Briony Ariston, reforçou esse sentimento: “Nada pode preparar você para o que essa experiência será até que você esteja lá, vivendo cada cena. É um processo que exige estar presente e aberto a cada interação“.

Para Owen Cooper, estreante diante das câmeras, a jornada foi especialmente intensa. Ele revelou que a cena mais desafiadora foi o confronto direto com Erin Doherty, na qual precisou sair de sua zona de conforto para expressar diferentes (e intensas) emoções em apenas uma longa tomada. “No início, estava muito nervoso, mas com a ajuda do diretor Phil e da equipe, fui acolhido e pude crescer dentro do papel”, disso o jovem ator.

O Talento Promissor de Owen Cooper
A performance de Cooper é um dos grandes destaques da minissérie. Stephen Graham afirmou que o jovem ator possui uma presença rara e instintiva em tela. “Ele é um talento único, uma daquelas joias que surgem apenas uma vez por geração“, elogia o colega de cena.

Não à toa, Owen Cooper, de apenas 15 anos, já foi escalado para viver o jovem Heathcliff na nova adaptação para telonas do clássico da literatura O Morro dos Ventos Uivantes, dirigida por Emerald Fennell (Saltburn). Seu desempenho em Adolescência serve como um promissor ponto de partida para uma exitosa carreira.
Impacto Fora das Telas
Com uma abordagem autêntica, performances viscerais e um roteiro provocativo, Adolescência promete ser uma das produções mais impactantes da Netflix este ano. Além de entreter, a série propõe uma discussão necessária sobre os desafios da juventude contemporânea e o impacto da tecnologia na formação da identidade.

Stephen Graham destacou a importância desse debate ao afirmar: “Jack [Thorne] realmente se aprofundou e olhou para o lado negro das coisas nas mídias sociais. E, você sabe, é daí que todo o tipo de construção “incel” [celibato involuntário] e tudo isso veio. Então, esse era o aspecto que estávamos olhando quando queríamos criar algo ligeiramente diferente”.
Mais do que uma simples história de crime, a minissérie se apresenta como um espelho da sociedade moderna, convidando o público a refletir sobre as escolhas e influências que moldam os jovens de hoje. Adolescência não apenas deve marcar presença nas premiações de 2025, mas também vai se estabelecer como uma narrativa para tentar compreender a próxima geração.
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