Já com uma ampla filmografia, entre curtas e longas-metragens, o cineasta carioca Allan Ribeiro vem conquistando o público com seu novo projeto, o documentário Mais um Dia, Zona Norte, que ainda em circuito de festivais, já venceu importantes prêmios como o de Melhor Filme no Festival de Brasília do ano passado. Morador da zona norte do Rio de Janeiro até os 26 anos de idade, o diretor aborda nessa obra a rotina de alguns personagens que vivem as esperanças de sonhos em choques com as próprias realidades do cotidiano.
Durante o Festival Internacional de Cinema de Paraty, onde o filme também ganhou uma exibição, o Cinepop conversou com o cineasta que, entre alguns assuntos, revelou seu próximo projeto, um documentário sobre a expectativa do show da Madonna em Copacabana:
1) Qual a importância de mais um festival de cinema, no caso o Festival Internacional de Cinema de Paraty, chegando para o circuito de festivais brasileiros?
Allan Ribeiro: “Os festivais de cinema são muito importantes pra gente conseguir exibir os filmes brasileiros em formato cinema, em coletivo, com pessoas tendo impressões ali curtindo o filme em conjunto. Hoje em dia é muito mais prático as pessoas assistirem pelos streamings, e esse nosso filme, Mais um Dia, Zona Norte, foi feito para a TV, através de um edital que já sai com uma exibição programada para essa janela, no caso o Cine Brasil Tv que é co-produtora do filme. Mas lógico que a gente, com o olhar cinematográfico, quer que a obra seja assistida por mais pessoas e nesse formato cinema que a gente tanto gosta. Nós pretendemos entrar em cartaz mas é muito difícil público para os filmes, o cinema vem passando por um momento de transição, complicado para filme brasileiro documentário.”
2) Como surgiu a ideia para o documentário ‘Mais um Dia, Zona Norte’? Onde você encontrou aqueles ótimos protagonistas?
Allan Ribeiro: “O filme Mais um Dia, Zona Norte, é inspirado em um curta que fiz, que foi meu projeto de formatura na faculdade, que chama-se: O Brilho dos Meus Olhos. Nesse curta, conta a rotina de um trabalhador e tem um momento onde ele canta no videokê, e esse é o grande momento dele do dia. Em Mais um Dia, Zona Norte, a gente escolheu os personagens pesquisando. Alguns eu já conhecia, outros eu fui em busca. Eu só consigo trabalhar com personagens que me aproximo, então, nesse filme teve até a pesquisa e alguns que eu já conhecia, mas em geral nos meus filmes trabalho com pessoas que já tão próximas, e de tão próximo que estou, consigo observar algumas coisas que podem virar filmes.”
3) Você consegue ter tempo para assistir as produções brasileiras? O que tem achado delas?
Allan Ribeiro: “Sim, eu faço questão de acompanhar a filmografia brasileira contemporânea. Eu tenho frequentado alguns festivais, os principais lançamentos tem sido no Festival do Rio, no Festival de Brasília… em Tiradentes assisti um monte de filmes. Longas-metragens estrangeiros eu fico muito a desejar porque eles são tantos que eu perco. Mas os brasileiros faço questão de assistir, e acho que o cinema brasileiro está num momento maravilhoso. A minha geração já se estabeleceu, parece que a gente piscou o olho e estamos aí fazendo longas. Tem uma geração nova chegando cheia de representativa e alguns veteranos também estão fazendo filmes. Eu acompanho de tudo, é um momento muito bom.”
4) Já tem algum próximo trabalho em vista? O que pode contar pra gente?
Allan Ribeiro: “Eu já filmei meu próximo projeto, que vai ser meu quinto longa-metragem. É um documentário sobre a expectativa do show da Madonna em Copacabana. Como que a cidade do Rio de Janeiro se preparou, personagens que estavam numa expectativa muito grande com a chegada dela, personagens que foram de certa forma inspirados pelos temas de luta que ela levantou durante a carreira toda de 40 anos. É um filme que já está rodado, a gente tá montando aos poucos, pois, estou fazendo trabalhos para outros filmes. Em breve deve ficar pronto, o título provisório é ‘Copacabana 4 de maio’.