Com um elenco de ponta compartilhado pelo talento de Natasha Lyonne, Elizabeth Olsen e Carrie Coon, As Três Filhas possui uma ponta de brasilidade na sua trilha sonora e é uma das apostas da Netflix para a temporada de prêmios deste ano. Na coletiva de imprensa realizada no último dia 24 de agosto, o diretor e as atrizes compartilharam algumas das curiosidades desse melodrama lançado na plataforma dia 20 de setembro, após estreia nos cinemas dos EUA em 6 de setembro.
Sétimo filme do cineasta nova-iorquino Azazel Jacobs, As Três Filhas foi lançado no ano passado no Toronto International Film Festival – TIFF e adquirido pela Netflix por sete milhões de dólares, de acordo com dados do IMDb. Pouco conhecido do circuito mainstream, Azazel Jacobs é considerado um cineasta autoral e alternativo, suas histórias são carregadas de humor, reflexão e, claro, uma parte de si, como em The Lovers (2015) e French Exit (2021). As Três Filhas não é uma exceção.
“Cresci muito, muito próximo dos meus pais e inspirado e encorajado por eles. Sempre tive medo de perdê-los, e então, de repente, aquela coisa que parecia muito distante estava muito, muito perto.”, revela Azazel Jacobs, o diretor, roteirista e também produtor e editor deste projeto. Como a perda dos pais é algo inevitável nesta vida, o cineasta de 46 anos criou esta história para “confrontar alguns medos e esperanças” antes de passar por essa experiência. Seus pais Flo e Ken Jacobs, respectivamente de 81 e 93 anos, ainda estão presentes neste universo.
Relacionamento entre as atrizes
Grande parte do filme passa-se no apartamento fechado em Nova York, portanto, as filmagens levaram apenas três semanas, e quatro dias para os ensaios. Durante a entrevista, Natasha Lyonne, mais conhecida recentemente pela minissérie da Netflix Boneca Russa (2019-2022), confessou não conhecer anteriormente as outras duas colegas de cena Elizabeth Olsen e Carrie Coon, embora as admirasse.
Já Elizabeth e Carrie cruzaram caminhos na franquia de super-herois da Marvel Vingadores: Guerra Infinita (2018), enquanto a primeira vivia a heroína Feiticeira Escarlate/ Natasha Romanoff, a segunda deu vida a vilã Proxima Midnight — e portanto estava quase irreconhecível — pertencente da Ordem Negra de Thanos. Apesar do antagonismo e não-relacionamento anteriores, as três intérpretes conseguem encontrar o tom certeiro entre os sentimentos e conflitos fraternos.
Entre elogios rasgados e afirmação de troca de telefonemas e mensagens pessoais, Lyonne diz que Carrie Coon que liderou o tom das irmãs em cena. Vale ressaltar que todas as três já foram nomeadas ao Emmy, Natasha Lyonne, cinco vezes, Carrie Coon, duas vezes, e a mais nova das três, Elizabeth Olsen, uma vez por WandaVision (2021).
Vulnerabilidade é a palavra-chave
Na visão do diretor Azazel Jacobs, o mais importante para este projeto era que os artistas se conectarem de forma intensa, mas também que transmitisse a mensagem de seus filmes, isto é, a busca pelo outro, mesmo quando eles não estão na mesma sintonia. Na trama, por exemplo, a irmã do meio mora ainda com o pai em estado terminal e recebe as duas outras filhas em seu habitat, as quais julgam o seu modo de vida.
Além do sentimento de luto em geral, As três Irmãs é uma obra contínua de conflitos e de angústias. “Este foi um convite para experimentar que jamais experienciei na vida real”, conta Carrie Coon; no entanto, diferente da ficção científica, todosvamos passar por isso e, portanto, o sentimento de vulnerabilidade foi imediato para as intérpretes.
Como completa Lyone de forma jocosa, porém integrada ao tema: “sempre agradeço a oportunidade de investigar algo como a mortalidade de meus pais. (…) Você se sente convidado a fazer isso, de verdade. E porque, também, o roteiro é tão específico, os relacionamentos são tão específicos, que existe muita autenticidade nele”, elogia a atriz referindo-se ao texto de Azazel Jacobs.
Rodrigo Amarante: do Los Hermanos ao Oscar?
Com o roteiro escrito e os objetivos de elenco e produção traçados, Azazel Jacobs precisava de alguém para dar alma rítmica ao seu projeto. Apreciador do trabalho do músico carioca de 48 anos, o cineasta convidou Rodrigo Amarante para criar a trilha sonora do filme inteiro. Eles se conheceram através de um amigo em comum em Los Angeles e, desde então, o norte-americano não parou de escutá-lo.
“Quando eu estava escrevendo As Três Filhas, estava pensando no Rodrigo. Eu mandei o roteiro para ele na esperança de que isso o inspirasse a escrever músicas.” Conduto o músico não somente absorveu a ideia como tornou-se o norte narrativo do cineasta de acordo com suas próprias palavras: “Rodrigo capturou a essência do que eu queria para o filme. Especialmente, por isso terminamos com a música dele. Sua música me deu um destino. Rodrigo é tudo para mim”.
A canção In Time, de Rodrigo Amarante, encerra o filme de maneira certeira ao encontro dos sentimentos em cena. Responsável por toda a composição musical do longa, o músico brasileiro tem grandes chances de ascender à temporada de prêmios como Globo de Ouro e o Oscar, não somente na categoria Canção Original, mas também Trilha Sonora Original.