domingo , 24 novembro , 2024

Entrevista com o Vampiro | O que esperar da Nova Adaptação

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Romance vai ganhar série pela AMC

Com o recente anúncio de que o canal a cabo AMC encomendou uma primeira temporada baseada no livro Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, imediatamente uma penca de nomes de personagens inesquecíveis vem de assalto à mente, bem como teorias de como eles irão se encaixar na trama. Afinal, será uma produção de época e totalmente fiel ao material original ou as adaptações, inevitáveis independente da produção, falarão mais alto e o produto final será algo bastante diferente?



Ainda que maiores detalhes não tenham sido dados pelo produtor Rolin Jones, ou seu supervisor Mark Johnson (que também participou da produção de Breaking Bad), é esperado que certos elementos se mantenham. A começar pela ambientação da Louisiana no século XIX; isso é importante porque o livro aborda um período de transição do Estado de uma economia agrícola e escravista para a nova configuração abolicionista pós-Guerra Civil.

Em diversos momentos da primeira parte do livro são descritas as fazendas e o estilo de vida da aristocracia rural que convivia localmente com seus escravos. Ainda que não haja um aprofundamento dessa temática são justamente os subjugados da fazenda do protagonista Louis quem primeiro percebem que tanto seu senhor quanto o novo hóspede, no caso Lestat, são vampiros.

Aliás, o que não deve sofrer alterações é justamente o protagonista; enquanto que no filme de 1994 muito do núcleo familiar de Louis foi alterado (originalmente ele vive com a mãe, irmã e irmão), estabelecendo-o como um senhor de terras solitário e cuja esposa e filha morreram de uma praga. A possibilidade de uma narrativa mais longa, que é natural para seriados, concede a chance do arco familiar de Louis ser fielmente transmitido. Dessa maneira, ao final dele, diversos pontos ficaram evidentes, em especial sua necessidade de companhia.

O núcleo familiar de Louis tem a chance de ganhar mais atenção

É justamente essa característica que eventualmente aproxima Louis do vampiro Lestat; como um predador ele percebe a fragilidade evidente do fazendeiro e então investe contra ele. A ele é dada apenas uma escolha: se juntar a Lestat na escuridão ou morrer. Não sobram muitas dúvidas de que Lestat é o candidato perfeito para vilão da primeira temporada; é justamente no primeiro livro que ele está em sua forma mais sádica e, como o enredo é narrado pelo próprio Louis que já não nutre boas opiniões do vampiro, é o momento em que o roteiristas podem lançar mão de situações verdadeiramente diabólicas.

Ainda assim, Lestat também possui seus momentos de abertura pessoal, ainda que raros. Sua história só é aprofundada no livro seguinte, porém já no começo é apresentado que o vampiro não é um solitário mas alguém que sustenta um pai idoso e cego. É na relação entre Lestat e o pai que Louis tem momentos de compreensão para com aquele que o transformou, no entanto a relação de pai e filho é tempestuosa e brigas costumam ocorrer. 

Esse arco narrativo não foi aproveitado na adaptação para cinema mas é uma outra possibilidade que se encaixa no formato televisivo e impede que um personagem como Lestat caia na armadilha de ser um monstro a todo momento. Ao final, a dupla principal é ligada por esse laço de carência que não foi propriamente retratada em 1994, mas não só é um paralelo entre a dupla como eventualmente leva a um terceiro elemento.

Lestat age como o mal encarnado mas até ele demonstra seus momentos de fraqueza

A pequena Claudia é, provavelmente, o personagem mais complexo da trama e adapta-la vai ser um desafio. A ideia toda ao redor da jovem é que ela é uma criança órfã que Lestat transforma em vampiro para que Louis não o abandone. O protagonista, apesar de não concordar com a ação, permanece em silêncio ao constatar que ele poderia ser um pai para a menina e que ele não mais estaria sozinho pela eternidade.

O problema é que Claudia pode não envelhecer fisicamente mas mentalmente ela vai se tornando uma adulta conforme as décadas vão passando, caminhando para um clímax em que ela vai confrontar seus dois pais para entender o que ela é. Ainda que ela tenha sido brilhantemente interpretada por Kirsten Dunst, o roteiro não tinha tempo hábil de desenvolver o que é a personagem. 

Claudia é tanto vítima quanto assassina impiedosa

Ao mesmo tempo que ela é uma vítima de Lestat para que o mesmo não fosse abandonado por Louis, ela também abraça o ensinamento assassino do vampiro. Logo, quando ela percebe que sua existência é unicamente um capricho de um sádico e que ela, mentalmente, é uma adulta presa para sempre em um corpo de criança as coisas ficam bastante complicadas para todos. Anne Rice consegue transmitir nas páginas a tempestade que ocorre dentro da jovem, o que torna suas ações compreensíveis, ainda que terríveis.

Essa é a trinca principal que forma o primeiro romance e a quem a história orbita primariamente. A possibilidade do futuro seriado entregar um drama de época acima da média é grande, uma vez que o material fonte é de qualidade; o que pesa serão as decisões na hora de transmitir elementos do livro para a tela. Existe muito potencial nesse projeto ainda em fase inicial.

 

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Com o recente anúncio de que o canal a cabo AMC encomendou uma primeira temporada baseada no livro Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice, imediatamente uma penca de nomes de personagens inesquecíveis vem de assalto à mente, bem como teorias de como eles irão se encaixar na trama. Afinal, será uma produção de época e totalmente fiel ao material original ou as adaptações, inevitáveis independente da produção, falarão mais alto e o produto final será algo bastante diferente?

Ainda que maiores detalhes não tenham sido dados pelo produtor Rolin Jones, ou seu supervisor Mark Johnson (que também participou da produção de Breaking Bad), é esperado que certos elementos se mantenham. A começar pela ambientação da Louisiana no século XIX; isso é importante porque o livro aborda um período de transição do Estado de uma economia agrícola e escravista para a nova configuração abolicionista pós-Guerra Civil.

Em diversos momentos da primeira parte do livro são descritas as fazendas e o estilo de vida da aristocracia rural que convivia localmente com seus escravos. Ainda que não haja um aprofundamento dessa temática são justamente os subjugados da fazenda do protagonista Louis quem primeiro percebem que tanto seu senhor quanto o novo hóspede, no caso Lestat, são vampiros.

Aliás, o que não deve sofrer alterações é justamente o protagonista; enquanto que no filme de 1994 muito do núcleo familiar de Louis foi alterado (originalmente ele vive com a mãe, irmã e irmão), estabelecendo-o como um senhor de terras solitário e cuja esposa e filha morreram de uma praga. A possibilidade de uma narrativa mais longa, que é natural para seriados, concede a chance do arco familiar de Louis ser fielmente transmitido. Dessa maneira, ao final dele, diversos pontos ficaram evidentes, em especial sua necessidade de companhia.

O núcleo familiar de Louis tem a chance de ganhar mais atenção

É justamente essa característica que eventualmente aproxima Louis do vampiro Lestat; como um predador ele percebe a fragilidade evidente do fazendeiro e então investe contra ele. A ele é dada apenas uma escolha: se juntar a Lestat na escuridão ou morrer. Não sobram muitas dúvidas de que Lestat é o candidato perfeito para vilão da primeira temporada; é justamente no primeiro livro que ele está em sua forma mais sádica e, como o enredo é narrado pelo próprio Louis que já não nutre boas opiniões do vampiro, é o momento em que o roteiristas podem lançar mão de situações verdadeiramente diabólicas.

Ainda assim, Lestat também possui seus momentos de abertura pessoal, ainda que raros. Sua história só é aprofundada no livro seguinte, porém já no começo é apresentado que o vampiro não é um solitário mas alguém que sustenta um pai idoso e cego. É na relação entre Lestat e o pai que Louis tem momentos de compreensão para com aquele que o transformou, no entanto a relação de pai e filho é tempestuosa e brigas costumam ocorrer. 

Esse arco narrativo não foi aproveitado na adaptação para cinema mas é uma outra possibilidade que se encaixa no formato televisivo e impede que um personagem como Lestat caia na armadilha de ser um monstro a todo momento. Ao final, a dupla principal é ligada por esse laço de carência que não foi propriamente retratada em 1994, mas não só é um paralelo entre a dupla como eventualmente leva a um terceiro elemento.

Lestat age como o mal encarnado mas até ele demonstra seus momentos de fraqueza

A pequena Claudia é, provavelmente, o personagem mais complexo da trama e adapta-la vai ser um desafio. A ideia toda ao redor da jovem é que ela é uma criança órfã que Lestat transforma em vampiro para que Louis não o abandone. O protagonista, apesar de não concordar com a ação, permanece em silêncio ao constatar que ele poderia ser um pai para a menina e que ele não mais estaria sozinho pela eternidade.

O problema é que Claudia pode não envelhecer fisicamente mas mentalmente ela vai se tornando uma adulta conforme as décadas vão passando, caminhando para um clímax em que ela vai confrontar seus dois pais para entender o que ela é. Ainda que ela tenha sido brilhantemente interpretada por Kirsten Dunst, o roteiro não tinha tempo hábil de desenvolver o que é a personagem. 

Claudia é tanto vítima quanto assassina impiedosa

Ao mesmo tempo que ela é uma vítima de Lestat para que o mesmo não fosse abandonado por Louis, ela também abraça o ensinamento assassino do vampiro. Logo, quando ela percebe que sua existência é unicamente um capricho de um sádico e que ela, mentalmente, é uma adulta presa para sempre em um corpo de criança as coisas ficam bastante complicadas para todos. Anne Rice consegue transmitir nas páginas a tempestade que ocorre dentro da jovem, o que torna suas ações compreensíveis, ainda que terríveis.

Essa é a trinca principal que forma o primeiro romance e a quem a história orbita primariamente. A possibilidade do futuro seriado entregar um drama de época acima da média é grande, uma vez que o material fonte é de qualidade; o que pesa serão as decisões na hora de transmitir elementos do livro para a tela. Existe muito potencial nesse projeto ainda em fase inicial.

 

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