Dona de um talento visto ao longo de décadas no audiovisual, e às vésperas de agarrar um novo desafio, dessa vez como diretora de um longa-metragem, a atriz Dira Paes marcou presença na segunda edição do Bonito CineSur.
Super simpática e muito feliz de estar no evento, a atriz paraense que iniciou a carreira ainda na adolescência em meados da década de 80, falou com o CinePOP sobre o Bonito CineSur, as expectativas em torno de seu novo filme Pasárgada e o novo projeto do Globoplay, Pablo e Luisão:
Qual a importância para os realizadores audiovisuais e também para a nova geração de cinéfilos ter um festival como o Bonito CineSur se consolidando com essa segunda edição?
Dira Paes: “O Bonito CineSur veio pra ficar porque além da localização especial dessa cidade tão incrível pro mundo inteiro eu acho que é um festival que traz um olhar do cinema para o coração do América do sul. O Bonito CineSur tem uma personalidade única, porque a gente tem aqui um compilado de uma curadoria abrangendo todos os países da América do Sul. É uma maneira de se atualizar rapidamente sobre o perfil desse continente que habitamos e a que gente acaba se relacionando muito pouco com os países vizinhos. Então, nesse sentido, acho que o Bonito CineSur vem abraçando essas co-produções que podem existir, essas ideias em comum. O cinema é uma arte que é muito eficaz, porque em uma hora e meia você absorve muita coisa e consegue falar sobre isso de uma maneira especifica. Eu vou estar aqui alguns dias e vou ver muita coisa, fato esse que vai contribuir muito pra atriz que sou, pra pesquisadora, pra diretora, pra qualquer função que eu queira em relação ao cinema mundial, porque somos sul-americanos mas somos do mundo.”
Está chegando mês que vem sua estreia na direção, ‘Pasárgada’, queremos saber como você recebeu esse convite para um festival tão emblemático como o Festival de Gramado? Como tá o coração?
Dira Paes: “O coração tá batendo forte, num ritmo acelerado. Te confesso que passei da euforia para a sensação: estamos em gramado! Estar entre os sete longas da competitiva de ficção de gramado é um presente. A gente sabe que a curadoria trabalhou em torno de 60 longas, então eu tô assim tentando me apropriar dessa verdade porque as vezes parece que é mentira. E vou buscar fazer o melhor em gramado, estar aberta aos debates, as críticas, a um olhar diferenciado e sem a expectativa de ganhar os prêmios. Eu quero vivenciar essa experiência que é trazer à tona esse desejo de quando a gente está junto fazendo o que gosta e desejamos a tanto tempo e quando acontece eu quero tá lá vivenciando cada momento. Agora, é desconfortável, não é confortável. É você sendo colocada à prova de muita gente. É um lugar de exposição, é um lugar de responsabilidade sobre si mesma, eu tô nesse lugar mas não querendo dar peso a isso. Da mesma forma que eu tive a iniciativa de levantar essa produção, eu acho que essa coragem também que tá indo pra gramado.”
Sobre as críticas. Ao longo de todas essas décadas fazendo cinema e projetos belíssimos, você lê o que falam sobre seu trabalho? Você está um pouco apreensiva sobre o que vão falar do seu primeiro trabalho como diretora?
Dira Paes: “A gente lê todas as críticas. E hoje em dia tem uma facilidade de você receber onde você é citado. Eu absorvo. Ninguém é obrigado a gostar de você. Eu acho que você não é obrigado a ser uma unanimidade também. Eu confio na curadoria, se eles acharam que nosso filme deveria estar entre os sete selecionados de gramado é porque tem algum diferencial. A partir dali a relação com as críticas tem que ser espontânea, faz parte o não. E o ‘não’, não pode te paralisar, ele tem que te agoniar, pra você fazer alguma coisa diferente, trazer um desafio pra si mesma. É um grande desafio pra mim estar vivendo essa nova etapa. Eu poderia ficar tranquila na minha existência de atriz, mas eu precisava passar por esse lugar, onde você escolhe aonde a câmera está, que você escolhe o que você vai contar. Eu saciei um desejo, eu acho isso corajoso.”
O que podemos esperar sobre ‘Pablo e Luisão’, nova série do Globoplay com estreia em 2025?
Dira Paes: “É um projeto do Paulo Vieira que criou essa série em torno da família dele, da amizade entre o pai dele, a mãe dele e o Pablo. O Otávio Muller faz o Pablo, o Luisão é o Aílton Graça e eu sou a Conceição. E tem também o Paulo e o Neto (irmão do Paulo) crianças. É uma série que vai ter 16 episódios, e conta como essa turma fazia pra sobreviver. O projeto é baseado em fatos reais, então quase tudo aconteceu mesmo. Tem uma DNA nessa série que eu acho muito lindo, a Conceição, para arrefecer os momentos de sofrimento dessa família, que muitas vezes não tinha dinheiro para sobreviver, sempre olhou de uma maneira lúdica. Então é bonito a gente ver como a superação às vezes acontece com uma gargalhada. Eu acho que o Paulo dosou muito bem esse lugar emocionante que é você ter jogo de cintura pra sobreviver. E tem muito momentos hilários dessa turma. É um episódio melhor que o outro. São histórias inacreditavelmente hilárias e emocionantes.”