Nessa mês da Mulher, estreou nos cinemas brasileiros a comédia romântica ‘Apaixonada’. Estrelada por Giovanna Antonelli, conta a história de Bia, uma mulher que, ao se deparar com a separação iminente em seu casamento, redescobre o amor-próprio e se empodera de sua própria vida. Sobre este e outros temas, nós do Cinepop conversamos com a diretora Natalia Warth, que se mostrou felicíssima com a proximidade da estreia à data mundialmente celebrada do Dia Internacional das Mulheres.
“Foi um desafio, mas também foi uma escolha muito consciente, com o apoio da Giovanna”, diz a diretora, sobre conseguir montar um set majoritariamente feminino, com mulheres em boa parte dos cargos de direção. “Por exemplo, a nossa fotógrafa, Luz Guerra, é a primeira vez dela também. Ela é uma fotógrafa que já está no mercado há muito tempo, foi foquista anos, até de filmes internacionais, e que vinha fazendo algo que acontece muito com nós, mulheres, que é fazer alguns trabalhos aqui e ali. A oportunidade dela de assinar veio de uma mulher chamando”, complementa Natalia, demonstrando que é dessas profissionais que quer puxar outras mulheres com ela para o topo. “Eu procurei [uma mulher] para o cargo dela, que é um cargo muito masculino, o de direção de fotografia. Eu procurei essas mulheres e fico feliz de ser mais uma estreante junto comigo”.
E não para por aí! O set conta ainda com a direção de arte de Priga Costa e tem mulheres assinando as áreas de figurino, roteiro e produção. “Tudo isso foi muito bom no próprio processo criativo. O meu processo é muito colaborativo. Então, ter ao meu lado mulheres para contar uma história feminina, isso foi muito bom. Tinha momentos que uma dizia ‘ah isso já aconteceu comigo’.
Em ‘Apaixonada’, dentre outras coisas, a protagonista Bia se repermite viver experiências antes não possíveis por conta do casamento. Ao contrário de outras comédias românticas, em ‘Apaixonada’ Bia não está tentando viver um tempo perdido, mas sim se reencontrar enquanto mulher e enquanto ser vivo, pisando leve no mundo enquanto as oportunidades vão ao seu encontro. “Ela vivia no automático, e agora ela está atenta aos sinais. Eu acho que a vida às vezes está tão óbvia, que às vezes os sinais estão aí e se a gente não está atenta a eles passam. Então talvez ela, enquanto estava nesse automático, ela deixou de perceber isso. Quando ela leva esse susto da vida ela começa a perceber a filha que está na frente dela, um outro cara que pode ser mais interessante que talvez ela não tivesse dado bola em outro momento. E o quanto ela é uma mulher interessante”.
Baseado no livro “Apaixonada aos 40”, os roteiristas Ana Abreu, Sabrina Garcia e Rodrigo Goulart trouxeram para a adaptação cinematográfica elementos que são mais atuais para o público de hoje. “Desde que eu li pela primeira vez e conheci a autora, o maior desafio de transformar o livro em filme era realmente fazer as que as mulheres se identificassem. Quando eu conheci a Cris Souza (autora do livro) ela falou pra mim ‘tem tanta mulher se afogando em poça d’água, sabe?’. A minha tentativa com o filme é que se ao menos uma mulher sair da sala de cinema transformada, acho que o filme já cumpriu o seu caminho, sabe. Porque o livro transformou muitas mulheres. É uma história até simples, não é mirabolante. Acontecem com a Bia coisas que acontecem todos os dias, eu tentei trazer tudo de uma forma leve. E existe também uma vontade de fazer as pessoas rirem, se divertirem, e depois chegarem e pensarem ‘caramba, tem alguma coisa ali, a mais né’. Não acho que ele queira ser um filme mega cabeça, mas ele tem essa vontade de tocar os corações das mulheres. Eu espero que seja assim.”
Também no filme os amigos têm papel fundamental no enredo, em enxergar na protagonista possibilidades que ela mesma não enxergava. “A amizade é uma nova família, ela é a nossa família que a gente escolhe. Às vezes uma pessoa que você se relacionou e não rolou, vira amigo. Acho legal o Pablo (Rodrigo Simas) entrar para o grupo, como uma outra pessoa. Acho que é um filme de amigos, de amizades, de amores, e muito feminino. Acho que nossa equipe conseguiu colocar isso no filme”.
Parte do longa é filmado em Buenos Aires, onde o plano e as perspectivas de Bia abrem. Sobre esse desafio, Natalia comenta o quão fundamental foi gravar na capital da Argentina: “Acho muito importante essa mudança de foco (da personagem) porque quando a gente muda de lugar a gente muda a forma de como olhar as coisas sobre nós, e ao visitar a filha ela tem a oportunidade de ter novos ares. Buenos Aires é uma cidade tão perto, mas tão diferente de nós, acho que ela dá um charme e abre a visão da Bia sobre o entorno. Não é à toa que é lá que ela percebe que ela estava no automático. E é lá, numa festa, que ela percebe que ela tem que ser feliz para poder fazer a filha dela feliz. Acho que a cidade entra como um personagem novo no filme. É importante às vezes a gente se permitir pegar as malas e ir conhecer outro lugar, com uma amiga, sozinha…”
Finalizando a terceira temporada da série de sucesso ‘Rensga Hits’, Natalia comenta que tem vontade de contar mais da saga de Bia ou de outras mulheres que se empoderam. “Espero também poder falar sobre a escolha ou não da maternidade. Acho que é um tema que está em pauta e que podemos falar de uma forma leve e colocar em discussão isso”.
Nós esperamos que esse projeto role! Por mais mulheres como Natalia Warth nos sets de cinema! ‘Apaixonada’ já está em cartaz nas melhores salas de exibição do país.