Surgindo em um Brasil de constantes e instáveis mudanças político-sociais, Os Paralamas do Sucesso atravessou as décadas se redescobrindo musicalmente. Flertando com estilos diversos, o trio formado por Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone transformou o POP em um vasto leque de combinações artísticas, que ora emanavam o reggae jamaicano, ora refletiam o new age norte-americano.
E após uma trajetória de incontáveis hits – como Ela Disse Adeus, Uma Brasileira, Meu Erro, e Lanterna dos Afogados -, a banda convida o público para uma epifania temporal em ‘Bios. Vidas Que Marcaram a Sua: Os Paralamas do Sucesso‘. Abrindo seu empoeirado baú de memórias, os músicos fazem do novo documentário da National Geographic e da Star+ uma oportunidade rara de testemunhar a história da música brasileira sendo constrúida.
E durante uma entrevista ao CinePOP, o trio de artistas refletiu sobre sua jornada, que teve papel crucial na formação do POP e Rock nacional. Ao ser questionado sobre os 40 anos da banda, o vocalista Hebert Vianna ponderou sobre como a história é feita daqueles que se preocupam menos em pensar em longevidade. Na ocasião, ele ainda reforçou o processo criativo da banda, que consiste em expor seus sentimentos mais contrastantes e conflitantes em canções que sejam honestas e cruas.
“O segredo da longevidade é não pensar nela e sim no próximo passo, no entusiasmo que a gente tem de, como falamos nas internas paralâmicas, virar o mapa do Brasil do avesso. Ou seja, focar em tocar em todos os pequenos povoados, onde for possível tocar e, enfim, continuar com nossos processos criativos do que eu chamo de ‘vômitos emocionais’, que são essas canções onde às vezes eu digo ‘se eu não te amasse tanto assim’, como também ‘às vezes te odeio por quase um segundo'”.
Em ‘Bios. Vidas Que Marcaram a Sua‘, Os Paralamas do Sucesso tomam a audiência pelas mãos, a fim de levá-la pelos melhores e mais difíceis momentos tanto da banda, bem como de seus membros. Em conversas honestas regadas por registros até então jamais vistos, eles relembram as agruras e conquistas vividas desde meados dos anos 80.
E para o baterista João Barone, o novo documentário é a oportunidade ideal para aqueles que não testemunharam o nascimento e a ascensão do grupo entre as décadas de 80 e 90. Reunindo entrevistas com alguns dos principais artistas do país, como Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), Carlinhos Brown, Dado Villa-Lobos (Legião Urbana) e Roberto Frejat (Barão Vermelho), o longa é um relato majoritariamente contado em primeira pessoa, mas que não se furta dos ricos depoimentos de artistas cruciais que também ajudaram a moldar o rock brasileiro.
“É legal porque o documentário reapresenta a banda pra um público muito grande. Ao mesmo tempo, pra nós, ele possui um peso muito importante, justamente porque dá um resignificado. Depois de quarenta anos, a gente vê a nossa história sendo retratada de uma maneira tão bacana como esta, com depoimento de pessoas muito valiosas falando do nosso trabalho. Isso é realmente muito legal, muito bacana, é de lavar a alma!”
O baixista Bi Ribeiro completou o raciocínio, reiterando sobre como Bios mostra a banda para um público mais jovem:
“Para quem não conhece a banda ou só ouviu falar dala, essa é realmente uma boa chance de nos conhecer um pouco mais, de entender nosso universo, nossas músicas e de saber como a banda começou e como continuamos juntos até hoje”.
Imortalizando a história dos Paralamas do Sucesso, o documentário também dá continuidade na experiência sinestésica que os artistas possuem com o público, a cada novo show feito. É assim que Hebert enxerga a nova produção, que já está disponível na plataforma da Star+.
Refletindo sobre a sinergia entre a banda e seus fãs, o músico e frontman do grupo falou:
“De uma certa maneira, é como a continuidade no que a gente lê nos olhos das pessoas que estão ali na frente pulando, cantando, gritando e que eventualmente passam no camarim e muitas vezes têm inúmeras perguntas. E como a gente quer sempre receber e ouvir a todos, muitas vezes não dá tempo de contarmos uma história maior ou responder questões como: ‘Em que situação você escreveu aquela música? Em qual circunstância aquilo foi gravado? Qual era o tipo de equipamento?’. Aqui tivemos a oportunidade de abrir nosso panorama, viajando nessa possibilidade de expandir nossas histórias para o público”, concluiu.
Confira o trailer do documentário: