Com filmes muito interessantes no currículo, a atriz Valentina Herszage vem trilhando uma carreira de sucesso nos cinemas. Se jogando em papéis complexos e já tendo ganho importantes prêmios, a carioca de 26 anos foi uma das convidadas da primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Paraty, onde foi exibido o mais recente projeto que participa, O Mensageiro, de Lucia Murat.
Valentina começou a sua carreira no cinema em 2009, no curta-metragem Direita é a mão que você escreve. Seis anos mais tarde, logo em seu primeiro longa-metragem, Mate-Me Por Favor, venceu o Troféu Redentor de Melhor Atriz no Festival do Rio e o prêmio Bisatto D’Oro do Festival de Veneza do mesmo ano, esse último oferecido pela crítica independente italiana para melhor interpretação. Seu próximo papel nos cinemas será no aguardado filme de Walter Salles, Ainda Estou Aqui, selecionado para a competição oficial do Festival de Veneza desse ano.
Durante o evento cinematográfico na belíssima cidade turística de Paraty, o Cinepop bateu um papo muito legal com a atriz:
Qual a importância de mais um festival de cinema chegando ao circuito brasileiro de festivais?
Valentina Herszage: “Tem toda importância, pra mim o festival de cinema é um momento de celebrar nossa produção audiovisual, da gente poder conhecer novas histórias. O Festival Internacional de Cinema de Paraty pra mim é uma promessa gigante, espero que a cada ano ele fique maior também porque Paraty é um lugar maravilhoso, um polo cultural muito legal.”
Como foi o laboratório para sua personagem em ‘O Mensageiro’? Esse papel foi um dos mais difíceis de sua carreira?
Valentina Herszage: “Com certeza foi um dos meus papéis mais difíceis no cinema. Até por ser uma situação muito específica, que não vivi. Pessoas da minha geração não chegaram nem de perto a conhecer essas histórias. Elaborar o que seria essa jovem militante lutando por ideais, presa numa solitária, é muito forte, ainda mais sabendo que isso vem da história da Lucia (Murat, diretora do filme). Então é uma responsabilidade. Fizemos um laboratório muito legal, ainda pelo zoom pois era época de pandemia na época. Eu me dediquei 100%, sou muito fã da Lucia, sempre amei os filmes dela. Lembro de assistir a pré-estreia de Praça Paris e pensar que um dia eu queria trabalhar com ela. Quando chegou essa oportunidade, eu agarrei com tudo.”
No Festival do Rio de Cinema do ano passado, você era a única artista com três filmes. ‘O Mensageiro’, ‘A Batalha da Rua Maria Antônia’ e ‘As Polacas’. Conta pra gente também sobre esses outros dois outros projetos.
Valentina Herszage: “O que os três filmes tem em comum é que são obras extremamente políticas e históricas, que falam de períodos da História do Brasil e que em muitas coisas tem haver com os tempos de hoje. As Polacas se passa em 1917, é a vinda, dessa personagem que interpreto, da Polônia para o Brasil atrás de uma vida melhor, ela chega aqui e de repente vira refém de uma rede de prostituição. É uma trajetória o tanto trágica mas muito bonita, muito emocionante que fala muito da união das mulheres nessa época, de um feminismo que chegou até sem elas mesmo saberem, uma questão até de sobrevivência. A Batalha da Rua Maria Antônia, é um filme que se passa em 1968, na época dos movimentos estudantis, com 17 planos sequências, muito ensaio, muitos atores maravilhosos. Eu fiz uma participação mas uma cena muito legal de fazer.”
Sei que sua vida é cheia de compromissos profissionais mas você consegue ir ao cinema e assistir filmes brasileiros? O que você tá achando do nosso cinema na atualidade?
Valentina Herszage: “Eu amo ir ao cinemas, amo assistir filmes. Eu consigo acompanhar. Acho importante prestigiar meus amigos artistas. Tem vários diretores chegando com força, se eu fosse citar uma que eu acho que chegou chutando a porta é a Carolina Markowicz, Pedágio eu amo, e Carvão o primeiro dela, foi arrebatador. Tem muita gente legal que eu tento sempre acompanhar. O Matheus Nachtergaele, o Irandhir Santos, Hermila Guedes, sempre que dá vou acompanhando esses artistas.
Você está no elenco do novo filme de Walter Salles, ‘Ainda Estou Aqui’, o que você pode contar pra gente sobre essa obra?
Valentina Herszage: “Se eu não me engano foi cerca de 10 anos que o Walter ficou sem fazer um filme de ficção, então vai ser uma grande volta. O filme tem Fernanda Torres e Fernanda Montenegro dividindo uma personagem, isso é imperdível. É um filme baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui, sobre o assassinato do ex-deputado Rubens Paiva. O filme se passa em 1971 e conta a história dessa família a partir do momento que esse pai é levado e como fica essa família pra se reestruturar, se é que é possível. O que posso dizer é que o filme tem muitas reviravoltas e fala dessa vida nova a partir dessa tragédia absurda. Ele foi levado em 1971 e eles conseguiram o atestado de óbito apenas em 1996, foram 25 anos sem poder mexer no bens da pessoa, sem saber exatamente o que aconteceu. O Walter conviveu com a família quando era adolescente, então tem uma carga muito afetiva dele nesse filme. Tenho certeza que tá muito lindo esse longa-metragem.”