O CinePOP entrevistou o fofo ator Vincent Lacoste, protagonista da comédia ‘Lolo: O Filho da Minha Namorada‘ (Lolo).
O filme foi um dos mais vistos na programação do Festival Varilux de Cinema Francês deste ano e foi também destaque no Festival de Toronto do ano passado.
Confira:
Quando você soube que Julie Delpy queria escalá-lo para um dos papéis principais?
Ela me disse logo depois que O VERÃO DO SKYLAB foi lançado. Antes mesmo de saber do que se tratava, eu topei. Eu adoro os filmes dela, o universo dela, a forma como ela aborda as coisas, ao mesmo tempo muito pessoal e hilária. Dois anos depois, enquanto lia o roteiro, fiquei ainda mais empolgado com LOLO – O FILHO DA MINHA NAMORADA.
Não deixe de assistir:
Aos 22 anos, você já trabalhou duas vezes com alguns dos diretores com quem você estreou. Isso não é comum.
É exatamente isso o que eu procuro – trabalhar com pessoas com quem me diverti antes e que tenham uma visão com a qual me identifico. Como Julie ou Riad Sattouf…
Ao interpretar o personagem Benjamin em HIPÓCRATES, de Thomas Lilti, você fez um jovem adulto pela primeira vez. Você não teve a sensação de que estava andando para trás com Lolo?
Lolo é tão estranho que isso não foi um problema. Para mim, ele faz o tipo geração canguru, e da pior espécie, inclusive. Ele tem uma relação muito peculiar com a mãe. É uma relação totalmente simbiótica. Lolo é esquisito, mas muito divertido.
Como você construiu o personagem?
Eu achei engraçado fazer do Lolo não só um personagem doente como também um cara insuportável – eu queria que ele fosse meio que um impostor. Quando ele fala com alguém, ele se torna detestável. Até a linguagem corporal dele é pretensiosa – eu queria dar a ele a impressão que ele fica assistindo a si mesmo fazer as coisas. E eu queria que ele fosse engraçado, claro. O papel foi escrito assim e eu senti vontade de caprichar ainda mais.
Você imaginou a linguagem corporal dele?
Os gestos vieram quando vesti os figurinos do Lolo – Julie presta muita atenção aos figurinos e ela adora filmes dos anos 60, particularmente os de Blake Edwards. No estágio do roteiro, ela queria que eu vestisse os cuecões. Os filmes dela têm uma característica muito física. Eu tentei encontrar minha inspiração no físico e pensei muito em Peter Sellers. LOLO – O FILHO DA MINHA NAMORADA lembra muito os filmes de Blake Edwards nesse sentido.
Você não tinha frequentado nenhuma aula de teatro na época de LES BEAUX GOSSES. Você frequentou desde então?
Não. Eu não tenho absolutamente técnica nenhuma. Eu estou na escola quando estou no set. Eu assisto, aprendo, falo e assisto a muitos filmes. Eu já assistia a muitos filmes quando era criança. Aos 12 anos, já tinha assistido a todos os filmes do Truffaut; aos 15, a todos do Bergman. Meu pai, que era um verdadeiro cinéfilo, me abastecia com filmes. Como nunca frequentei aulas de teatro, trabalho muito em cima das minhas falas. Eu as integro muito cedo durante o processo. O fato é que eu trabalho muito a liberação de estresse antes de começar a filmar.
Você é um ator ansioso?
Ansioso, neurótico… Na vida também. Não é natural para alguém interpretar cenas fingindo que está tudo bem. Mas quando eu contraceno com a Julie, todas as preocupações vão embora. Eu costumo pensar que ainda tenho um longo caminho a trilhar até chegar no nível de ansiedade dela. Ela pode ser muito engraçada quando está nervosa porque ela se diverte com isso.
Ela pediu que você assistisse a algum filme antes das filmagens?
Ela quis que eu assistisse a À MEIA LUZ, de George Cukor. É um drama, mas o personagem de Charles Boyer tem muito em comum com o meu – ele é um pervertido que fica menosprezando a mulher.
O que mais ela pediu para você?
Para dizer a verdade, ela não fala muito sobre o personagem antes de entrar no set. Depois ela tende a pedir que você faça certos gestos e movimentos durante a cena. Ela ficava dizendo: “Aja como um bastardo duas-caras”!
Você não teve muitas cenas com ela em O VERÃO DO SKYLAB.
A questão é que eu não me vi contracenando com a diretora. A relação de Julie com a atuação é muito simples e, por mais estranho que pareça, nada estressada. Nós nos conhecemos muito bem e a atmosfera é relaxada. No set, ela é muito calma – você tem a impressão de que tem tempo e de que alguém está lá para guiá-lo. E ela é muito protetora comigo. Ela se sente preocupada e fica perguntando “Você está bem, querido? Está se sentindo bem? Está feliz?”
Do que você mais gostou em LOLO – O FILHO DA MINHA NAMORADA?
Da cena em que eu e Dany brigamos com guarda-chuvas na sala de estar. Nós batemos com força e isso tinha que aparecer na cena. Tanto que, no fim de cada tomada, apesar da espuma mais ou menos cercando os guarda-chuvas, eu quebrei o gesso dele. “Não bata com tanta força”, o Dany me falava. Nós gritávamos. Foi uma boa forma de liberar tensão e acabou sendo minha primeira cena de ação.