segunda-feira , 30 dezembro , 2024

Especial Alien | Relembrando ‘Alien Covenant’, o SEXTO capítulo da lendária franquia sci-fi

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Cinco anos depois da revitalização da franquia ‘Alien’ com a pré-sequência ‘Prometheus’, Ridley Scott investiu ainda mais esforços em expandir a icônica mitologia sci-fi que começou a eternizar ainda em 1979. Em 2017, os fãs inveterados da saga foram agraciados com mais um capítulo da prequela, Alien: Covenant, que voltou a explorar temas complexos e filosóficos à medida que se engolfava em uma atmosfera regada ao melhor do suspense e do terror psicológico. Mesmo com vários deslizes de escala reduzida, o resultado bastante positivo reavivou nosso interesse pela franquia e, de certa maneira, preparou terreno para o lançamento do recente ‘Alien: Romulus’ (que superou todas as nossas expectativas ao sagrar-se uma das melhores entradas da série).

A trama é centrada em uma nave de colonização chamada Covenant, que conta com milhares de colonos, uma tripulação considerável e inúmeros embriões, todos viajando em direção ao planeta Origae-6 – cujas características muito semelhantes às da Terra permitirão que a humanidade continue a prosperar. Todavia, enquanto estão em animação suspensa em virtude do longo tempo de viagem, a nave é atingida por uma tempestade eletromagnética de neutrinos, ocasionando múltiplas falhas nos sistemas principais e várias mortes – incluindo a do Capitão Jacob Branson (James Franco). Forçados a sair das cápsulas de criogênio, os membros sobreviventes da tripulação avaliam as avarias e, durante o processo, descobrem que existe outro planeta, muito mais perto que Origae-6, que pode se tornar a nova colônia humana.



Ao chegarem lá, entretanto, o grupo se depara com uma forma de vida não-identificada que se apodera de seus corpos e dá origem ao conhecido e mortal xenomorfo. A partir daí, o que deveria se mostrar como o encontro do paraíso transforma-se em uma luta pela sobrevivência e em um pesadelo inescapável que é movido por sangue e por caos. E, na configuração geral, os interessantes e ambiciosos elementos da produção conseguem se encaixar com naturalidade e fluidez invejáveis, mesmo encontrando certos obstáculos no meio do caminho – e, como se não bastasse, somos agraciados com o trabalho aplaudível de um elenco fabuloso que inclui Michael Fassbender em um papel duplo, Katherine Waterston recém-saída de seu trabalho em ‘Animais Fantásticos’, Billy Crudup, Danny McBride, Carmen Ejogo, Demián Bichir, Callie Hernandez e vários outros.

A princípio, devemos dar crédito a Scott por se manter fiel não apenas aos filmes da quadrilogia original, principalmente no tocante à atmosfera, mas às incursões diferenciadas que foram exploradas em ‘Prometheus’. No capítulo anterior dessa mini-saga pré-sequência, tivemos um aparato epopeico que explorou as origens do ser humano através de uma espécie de tragédia grega que misturou mitologia e religião em um mesmo lugar; em ‘Covenant’, tal temática ganha mais uma camada ao trazer o androide David 8 (Fassbender) de volta, posando como o único sobrevivente do massacre e como o perigoso antagonista da narrativa – que continua em seu desejo egoístico de se provar superiores aos humanos ao nutrir a raça de xenomorfos a seu bel-prazer, pincelado com uma personalidade odiosa e arrogante que o coloca em conflito com Walter One (também vivido por Fassbender), androide a bordo da Covenant.

Um outro elemento é o roteiro assinado por John Logan e Dante Harper, que assumiram a história escrita por Jack Paglen e Michael Green, repaginando-a e polindo-a até o resultado que vimos nas telas. Temos uma construção um tanto quanto prática, mas sem esbarrar em investidas simplórias, que ergue uma arquitetura sólida, mesmo tropeçando aqui e ali. É notável o comprometimento dos roteiristas com a narrativa que se desenrola e, por mais que alguns diálogos soem formulaicos, a entrega dos atores consegue travesti-los com originalidade e drama consideráveis – principalmente quando falamos de Fassbender, Waterston (Daniels) e Crudup (Oram). O trio navega entre a razão e a fé em uma corda bamba que exala questões primordiais da existência e da ambição humanas.

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Porém, alguns deslizes são fortes demais para não considerá-los na acepção final do longa-metragem: enquanto os dois primeiros atos navegam em perfeição quase intocável por um ritmo bem modelado entre suspense, melodrama e ficção científica. Todavia, o ato de encerramento parece se perder em meio a inúmeros arcos que precisam ser finalizados e que não permitem que nos conectemos como deveríamos com os personagens – protagonistas ou coadjuvantes. Ainda que Daniels e David/Michael mergulhem em um enredo redondo e completo, sentimos uma falta de preocupação com o restante das personas.

Alien: Covenant é uma boa entrada à essa franquia memorável, mesmo com os óbvios equívocos. Contando com uma direção sólida de Scott e um comprometimento claro de cada membro da equipe criativa e técnica, percebemos que esse título precisa de um pouco mais de reconhecimento que tem – e que merece ser redescoberto pelos inveterados seguidores desse angustiante e enervante cosmos.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Cinco anos depois da revitalização da franquia ‘Alien’ com a pré-sequência ‘Prometheus’, Ridley Scott investiu ainda mais esforços em expandir a icônica mitologia sci-fi que começou a eternizar ainda em 1979. Em 2017, os fãs inveterados da saga foram agraciados com mais um capítulo da prequela, Alien: Covenant, que voltou a explorar temas complexos e filosóficos à medida que se engolfava em uma atmosfera regada ao melhor do suspense e do terror psicológico. Mesmo com vários deslizes de escala reduzida, o resultado bastante positivo reavivou nosso interesse pela franquia e, de certa maneira, preparou terreno para o lançamento do recente ‘Alien: Romulus’ (que superou todas as nossas expectativas ao sagrar-se uma das melhores entradas da série).

A trama é centrada em uma nave de colonização chamada Covenant, que conta com milhares de colonos, uma tripulação considerável e inúmeros embriões, todos viajando em direção ao planeta Origae-6 – cujas características muito semelhantes às da Terra permitirão que a humanidade continue a prosperar. Todavia, enquanto estão em animação suspensa em virtude do longo tempo de viagem, a nave é atingida por uma tempestade eletromagnética de neutrinos, ocasionando múltiplas falhas nos sistemas principais e várias mortes – incluindo a do Capitão Jacob Branson (James Franco). Forçados a sair das cápsulas de criogênio, os membros sobreviventes da tripulação avaliam as avarias e, durante o processo, descobrem que existe outro planeta, muito mais perto que Origae-6, que pode se tornar a nova colônia humana.

Ao chegarem lá, entretanto, o grupo se depara com uma forma de vida não-identificada que se apodera de seus corpos e dá origem ao conhecido e mortal xenomorfo. A partir daí, o que deveria se mostrar como o encontro do paraíso transforma-se em uma luta pela sobrevivência e em um pesadelo inescapável que é movido por sangue e por caos. E, na configuração geral, os interessantes e ambiciosos elementos da produção conseguem se encaixar com naturalidade e fluidez invejáveis, mesmo encontrando certos obstáculos no meio do caminho – e, como se não bastasse, somos agraciados com o trabalho aplaudível de um elenco fabuloso que inclui Michael Fassbender em um papel duplo, Katherine Waterston recém-saída de seu trabalho em ‘Animais Fantásticos’, Billy Crudup, Danny McBride, Carmen Ejogo, Demián Bichir, Callie Hernandez e vários outros.

A princípio, devemos dar crédito a Scott por se manter fiel não apenas aos filmes da quadrilogia original, principalmente no tocante à atmosfera, mas às incursões diferenciadas que foram exploradas em ‘Prometheus’. No capítulo anterior dessa mini-saga pré-sequência, tivemos um aparato epopeico que explorou as origens do ser humano através de uma espécie de tragédia grega que misturou mitologia e religião em um mesmo lugar; em ‘Covenant’, tal temática ganha mais uma camada ao trazer o androide David 8 (Fassbender) de volta, posando como o único sobrevivente do massacre e como o perigoso antagonista da narrativa – que continua em seu desejo egoístico de se provar superiores aos humanos ao nutrir a raça de xenomorfos a seu bel-prazer, pincelado com uma personalidade odiosa e arrogante que o coloca em conflito com Walter One (também vivido por Fassbender), androide a bordo da Covenant.

Um outro elemento é o roteiro assinado por John Logan e Dante Harper, que assumiram a história escrita por Jack Paglen e Michael Green, repaginando-a e polindo-a até o resultado que vimos nas telas. Temos uma construção um tanto quanto prática, mas sem esbarrar em investidas simplórias, que ergue uma arquitetura sólida, mesmo tropeçando aqui e ali. É notável o comprometimento dos roteiristas com a narrativa que se desenrola e, por mais que alguns diálogos soem formulaicos, a entrega dos atores consegue travesti-los com originalidade e drama consideráveis – principalmente quando falamos de Fassbender, Waterston (Daniels) e Crudup (Oram). O trio navega entre a razão e a fé em uma corda bamba que exala questões primordiais da existência e da ambição humanas.

Porém, alguns deslizes são fortes demais para não considerá-los na acepção final do longa-metragem: enquanto os dois primeiros atos navegam em perfeição quase intocável por um ritmo bem modelado entre suspense, melodrama e ficção científica. Todavia, o ato de encerramento parece se perder em meio a inúmeros arcos que precisam ser finalizados e que não permitem que nos conectemos como deveríamos com os personagens – protagonistas ou coadjuvantes. Ainda que Daniels e David/Michael mergulhem em um enredo redondo e completo, sentimos uma falta de preocupação com o restante das personas.

Alien: Covenant é uma boa entrada à essa franquia memorável, mesmo com os óbvios equívocos. Contando com uma direção sólida de Scott e um comprometimento claro de cada membro da equipe criativa e técnica, percebemos que esse título precisa de um pouco mais de reconhecimento que tem – e que merece ser redescoberto pelos inveterados seguidores desse angustiante e enervante cosmos.

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