domingo , 22 dezembro , 2024

Especial Planeta dos Macacos | Relembrando ‘A Origem’, o primeiro capítulo da nova saga

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Chegou aos cinemas o quarto capítulo da nova e aclamada saga sci-fi Planeta dos Macacos, que teve início há mais de uma década pelas mãos do diretor Rupert Wyatt. E apenas podemos esperar que a nova entrada dessa franquia-reboot mantenha o altíssimo nível narrativo e técnico que nos foi apresentado nos capítulos anteriores – expandindo o cosmos distópico que se tornou uma das marcas registradas da sétima arte desde a primeira incursão no final dos anos 1960.

E, enquanto o próximo longa-metragem não chega às telonas, resolvemos preparar uma série de matérias especiais para celebrar a saga em questão – começando com o elogiado Planeta dos Macacos: A Origem’. No projeto, Wyatt repopulariza uma das atrações de maior sucesso da cultura pop com uma perspectiva mais dramática, sem abandonar os trejeitos dos filmes clássicos, mas oferecendo uma repaginação modernizada e bastante convincente. Não é surpresa que, para além da aclamação crítica, a obra tenha feito um estrondo de bilheteria ao arrecadar sólidos US$481,8 milhões contra um orçamento de US$93 milhões – dando origem a duas sequências já lançadas e uma quarta iteração que tem tudo para repetir o feito das entradas predecessoras.



Considerando o título do longa, era apenas natural que não seríamos apresentados ao icônico planeta já dominado por símios. Diferente do filme de 1968, em que um astronauta cai em um mundo em que macacos evoluíram como a espécie dominante e, agora, usam humanos como escravos, aqui nós acompanhamos a história de César (Andy Serkis), um chimpanzé cuja alta inteligência é resultado da exposição indireta e genética a um vírus conhecido como ALZ-112 (que tinha o objetivo de curar o Alzheimer ao regenerar as células neurológicas). Ao ser levado para casa pelo cientista Will Rodman (James Franco), ele é estudado e se torna parte da família à medida que começa a se questionar sobre quem realmente é e porque seus semelhantes são obrigados a se submeter aos terrores promovidos pelos humanos.

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A ideia de Wyatt é clara: arquitetar um enredo que beba dos elementos nostálgicos e saudosistas do sci-fi e, através de um comprometimento considerável com a história que nos vende, reafirmar o apreço dos espectadores e da crítica pelo gênero em questão. Toda a condução, dessa forma, baseia-se nos arquétipos de uma “jornada do herói” às avessas – em que César é o protagonista e é arremessado em um arco coming-of-age que coloca em xeque os valores a que foi ensinado desde filhote. Através de pouco menos de duas horas, o nosso herói tenta navegar entre as atribulações da sociedade humana – que desejam encarcerá-lo e que o encaram como uma ameaça –, bem como uma predisposição de liderança que prenuncia o levante dos símios e uma consequente libertação.

As múltiplas temáticas se desenrolam lado em lado em uma belíssima rendição artística que, de imediato, nos chama a atenção. Will, ao lado de sua namorada Caroline Aranha (Freida Pinto) e do pai Charles Rodman (John Lithgow), entendem que a relação de superioridade entre homem e animal não deve existir e que a capacidade cognitiva de César é mais um indicativo da similaridade entre ambos os grupos (e, por essa razão, cada um começa a desenvolver um laço familiar com o chimpanzé); em contraposição, Tom Felton explode em uma das melhores atuações de sua carreira como John Landon, gerente do abrigo primata a que César é levado após uma quase tragédia, enxergando os macacos ali confinados como seres inferiores e que são bárbaros por natureza.

Cada um dos arquétipos eternizados por Wyatt e pelos roteiristas Rick Jaffa e Amanda Silver tem um propósito claro e atemporal, brincando com as caracterizações de mocinhos e vilões para apostar fichas em um anacronismo intencional, um testamento cinematográfico a diversas narrativas similares que povoam o escopo mainstream até hoje. As sequências se aglutinam em um equilíbrio apaixonante entre drama, comédia e suspense, através das quais César é forçado a abandonar o que conhece, encontra inimigos perigosos pelo caminho e angaria seguidores e confidentes que o irão ajudar a concretizar seu plano. Mais do que isso, o protagonista veleja em um conflito interno, em que o crescente desejo de vingança vê barreiras quando ele se recorda de todo o amor e o carinho que recebeu do “pai”, compreendendo que nem todos os humanos são assim e que apenas alguns merecem sofrer a represália.

Planeta dos Macacos: A Origem’ chegou aos cinemas dez anos depois da tentativa fracassada de Tim Burton reviver a franquia com um live-action confuso demais para ser levado a sério. Contrariando as nossas expectativas, Wyatt entregou um dos melhores títulos do ano e deu origem ao que se transformaria em uma das sagas de ficção científica mais elogiadas dos últimos tempos – ajudando a ramificar ainda mais um cosmos intrincado e recheado de sutilezas artísticas.

Lembrando que o filme está disponível no catálogo do Star+.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Chegou aos cinemas o quarto capítulo da nova e aclamada saga sci-fi Planeta dos Macacos, que teve início há mais de uma década pelas mãos do diretor Rupert Wyatt. E apenas podemos esperar que a nova entrada dessa franquia-reboot mantenha o altíssimo nível narrativo e técnico que nos foi apresentado nos capítulos anteriores – expandindo o cosmos distópico que se tornou uma das marcas registradas da sétima arte desde a primeira incursão no final dos anos 1960.

E, enquanto o próximo longa-metragem não chega às telonas, resolvemos preparar uma série de matérias especiais para celebrar a saga em questão – começando com o elogiado Planeta dos Macacos: A Origem’. No projeto, Wyatt repopulariza uma das atrações de maior sucesso da cultura pop com uma perspectiva mais dramática, sem abandonar os trejeitos dos filmes clássicos, mas oferecendo uma repaginação modernizada e bastante convincente. Não é surpresa que, para além da aclamação crítica, a obra tenha feito um estrondo de bilheteria ao arrecadar sólidos US$481,8 milhões contra um orçamento de US$93 milhões – dando origem a duas sequências já lançadas e uma quarta iteração que tem tudo para repetir o feito das entradas predecessoras.

Considerando o título do longa, era apenas natural que não seríamos apresentados ao icônico planeta já dominado por símios. Diferente do filme de 1968, em que um astronauta cai em um mundo em que macacos evoluíram como a espécie dominante e, agora, usam humanos como escravos, aqui nós acompanhamos a história de César (Andy Serkis), um chimpanzé cuja alta inteligência é resultado da exposição indireta e genética a um vírus conhecido como ALZ-112 (que tinha o objetivo de curar o Alzheimer ao regenerar as células neurológicas). Ao ser levado para casa pelo cientista Will Rodman (James Franco), ele é estudado e se torna parte da família à medida que começa a se questionar sobre quem realmente é e porque seus semelhantes são obrigados a se submeter aos terrores promovidos pelos humanos.

A ideia de Wyatt é clara: arquitetar um enredo que beba dos elementos nostálgicos e saudosistas do sci-fi e, através de um comprometimento considerável com a história que nos vende, reafirmar o apreço dos espectadores e da crítica pelo gênero em questão. Toda a condução, dessa forma, baseia-se nos arquétipos de uma “jornada do herói” às avessas – em que César é o protagonista e é arremessado em um arco coming-of-age que coloca em xeque os valores a que foi ensinado desde filhote. Através de pouco menos de duas horas, o nosso herói tenta navegar entre as atribulações da sociedade humana – que desejam encarcerá-lo e que o encaram como uma ameaça –, bem como uma predisposição de liderança que prenuncia o levante dos símios e uma consequente libertação.

As múltiplas temáticas se desenrolam lado em lado em uma belíssima rendição artística que, de imediato, nos chama a atenção. Will, ao lado de sua namorada Caroline Aranha (Freida Pinto) e do pai Charles Rodman (John Lithgow), entendem que a relação de superioridade entre homem e animal não deve existir e que a capacidade cognitiva de César é mais um indicativo da similaridade entre ambos os grupos (e, por essa razão, cada um começa a desenvolver um laço familiar com o chimpanzé); em contraposição, Tom Felton explode em uma das melhores atuações de sua carreira como John Landon, gerente do abrigo primata a que César é levado após uma quase tragédia, enxergando os macacos ali confinados como seres inferiores e que são bárbaros por natureza.

Cada um dos arquétipos eternizados por Wyatt e pelos roteiristas Rick Jaffa e Amanda Silver tem um propósito claro e atemporal, brincando com as caracterizações de mocinhos e vilões para apostar fichas em um anacronismo intencional, um testamento cinematográfico a diversas narrativas similares que povoam o escopo mainstream até hoje. As sequências se aglutinam em um equilíbrio apaixonante entre drama, comédia e suspense, através das quais César é forçado a abandonar o que conhece, encontra inimigos perigosos pelo caminho e angaria seguidores e confidentes que o irão ajudar a concretizar seu plano. Mais do que isso, o protagonista veleja em um conflito interno, em que o crescente desejo de vingança vê barreiras quando ele se recorda de todo o amor e o carinho que recebeu do “pai”, compreendendo que nem todos os humanos são assim e que apenas alguns merecem sofrer a represália.

Planeta dos Macacos: A Origem’ chegou aos cinemas dez anos depois da tentativa fracassada de Tim Burton reviver a franquia com um live-action confuso demais para ser levado a sério. Contrariando as nossas expectativas, Wyatt entregou um dos melhores títulos do ano e deu origem ao que se transformaria em uma das sagas de ficção científica mais elogiadas dos últimos tempos – ajudando a ramificar ainda mais um cosmos intrincado e recheado de sutilezas artísticas.

Lembrando que o filme está disponível no catálogo do Star+.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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