Hollywood está enfrentando a greve dos roteiristas desde o início de maio, e o sindicato dos atores se juntou à paralisação no meio de julho, causando um temor entre produtores e executivos de diversos estúdios e plataformas de streaming.
E, durante uma entrevista para a CBS (via Brazil Journal), Barry Diller, ex-CEO da Paramount e atual diretor do conglomerado IAC Search & Media, disse que a greve pode acabar levando ao colapso de Hollywood se os acordos não forem estabelecidos em breve.
Descrito na indústria do entretenimento como um visionário, Diller comandou a Paramount Pictures entre os anos 70 e 80, e agora está por trás de grandes portais de entretenimento e investimento online, como a Allrecipes.com, Daily Beast, Investopedia e o site da revista People.
Em sua declaração, o empresário sugeriu que uma redução de 25% no pagamento dos atores e dos roteiristas mais bem pagos poderia ser uma solução para o problema, já que seria possível remunerar melhor os profissionais na base da pirâmide salarial e reduzir a diferença de classe que os separa das celebridades.
Caso as paralisações se prolonguem além de 2023, Diller acredita que:
“Não haverá muitos programas para as pessoas assistirem. AS pessoas vão cancelas suas assinaturas nas plataformas de streaming porque não haverá novas demandas, os cinemas não poder exibir reprises sem pagar os devidos royalties aos atores. Haverá uma queda na receita de todas os estúdios de cinema, das redes de TV. E, quando a greve chegar ao fim, não haverá dinheiro disponível para retomar as produções. Haverá efeitos devastadores se isso não for superado em breve.”
Diller lembra que a produção de filmes e séries é um negócio gigantesco ao redor do mundo, mas os EUA produz grande parte do que é exportado, e se outros países seguirem o exemplo dos sindicatos norte-americanos, pode significar uma das maiores revoluções artísticas da história.
Se nenhum lado ceder, as perdas serão devastadoras tanto para os atores e roteiristas quanto para os estúdios e produtores.
Para ele, a falta de confiança entre as classes é a principal causa da greve.
“O sindicato dos atores diz: ‘Como podem essas 10 pessoas que comandam as companhias ganharem todo esse dinheiro e não nos pagar mais?’ Aí você olha do outro lado e vê que os 10 atores mais bem pagos recebem ainda mais que os executivos do top 10. Provavelmente, quem está no topo está ganhando mais do que deveria, por isso há quem ganha tão pouco.”
Ele continuou, sugerindo a proposta de redistribuir a renda em Hollywood.
“Como uma iniciativa de boa-fé, os atores mais bem pagos deveriam ter uma redução de 25% daquilo que recebem para diminuir a diferença entre os que são extremamente bem pagos e aqueles que não são.”
De acordo com o Los Angeles Times, o ganho anual médio dos roteiristas é de US$ 260 mil, enquanto os executivos no comando dos estúdios e das produtoras recebem uma média de US$ 28 milhões ao ano.
Vale lembrar que ainda não há previsão de um acordo entre os sindicatos de atores e roteiristas e a Alliance of Motion Picture and Television Producers, que representa os estúdios.
Em 63 anos, é a primeira vez que ambas as categorias se juntam em uma paralisação.
Os roteiristas se queixam dos vencimentos corroídos pela inflação e também pedem proteção contra a concorrência crescente da inteligência artificial.
Os atores também reivindicam a regulamentação da IA e pedem um aumento nos chamados ganhos residuais, decorrentes de suas participações em filmes antigos e séries disponíveis nas plataformas digitais.