Em Aprendiz de Espiã, que estreia na próxima quinta-feira, 12 de março, Dave Bautista interpreta JJ, um agente durão da CIA designado a vigiar uma família. Quando a pequena Sophie (Chloe Coleman) descobre a operação de vigilância em seu apartamento, usa seu poder de persuasão para convencer JJ a ensiná-la a ser uma espiã, em troca de não entregar seu disfarce. Relutante a princípio, ele descobre que não é páreo para o charme e a inteligência da menina.
E em uma entrevista EXCLUSIVA ao CinePOP, o astro deu detalhes a respeito do longa, comentou sobre sua mudança de carreira e ainda compartilhou como é trabalhar com Chloe, bem como e com o Universo da Marvel.
CinePOP: Este filme é sobre alguém que sai de um ambiente muito masculino e vai para outro que requer, talvez, um pouco mais de sutileza. Isso tem alguma semelhança com a sua passagem do mundo da luta livre para o cinema? Seria uma transição parecida?
Bautista: Foi uma transição no que diz respeito ao ambiente. Não foi uma transição tão pessoal para mim, mas há paralelos, sim. O ambiente das lutas é muito competitivo, cruel e movido a testosterona. É hostil, às vezes. É realmente difícil. Eu não compreendi o alívio que senti até realmente ter parado com as competições. É fácil você se tornar a pior versão de si mesmo naquele ambiente, quando parece que você está constantemente na defensiva, e você se defende tanto que começa a ser tornar ofensivo. E para mim, chegou um ponto na minha carreira, cerca de um ano antes de eu sair, em que eu literalmente me isolava de todos, porque eu só não queria mais estar ali, naquele ambiente em que você luta basicamente para sobreviver. Então, eu saí para tentar a carreira de ator, mas eu realmente queria sair, não é um ambiente dos mais fáceis para se trabalhar ou se prosperar.
CinePOP: Você descarta, então, qualquer possibilidade de voltar para as arenas?
Bautista: Sim, essa fase acabou. O negócio é o seguinte, era uma relação de amor e ódio, eu amo o fato de que eles me deram uma chance de me profissionalizar e ver o mundo, mas era um ambiente muito difícil no qual você vale o quanto pesa, e pesa muito. Então, eu saí na hora certa, e voltei, porque eu queria encerrar minha carreira da maneira certa. Mas tudo se repetiu, eu bati cabeça com eles novamente pelas mesmas razões. Então, eu saí de novo. Mas nunca me senti contente com a forma como terminei minha carreira, então voltei no ano passado e terminei do jeito certo, do jeito que eu queria, mas voltei nas minhas condições. Voltei e finalizei minha carreira nas lutas definitivamente. Estou aposentado, e agora eu vou estar no Hall da Fama no próximo ano.
CinePOP: Quão gratificante será isso, estar no Hall da Fama?
Bautista: Sabe, é estranho, e eu quase me sinto mal dizendo isso, mas bem, na verdade não é. Minha última luta significou mais para mim do que entrar para o Hall da Fama, porque eu nunca almejei, eu não preciso de louros, sabe? Não sou esse tipo de pessoa. Não preciso desse selo de aprovação do Hall da Fama. Sinto-me realizado com minha carreira, contente com a forma que eu a encerrei naquela noite. Saber que ofereci um bom entretenimento para pessoas em todo o mundo significa mais para mim do que ter o ‘Hall da Fama’ associado ao meu nome. Eu, sinceramente, não preciso desses louros, mas estou honrado por chegar lá, ainda que essa conquista não signifique tanto para mim como meu último combate. Esse, sim, significou tudo para mim.
CinePOP: Então, ao vê-lo neste filme, eu ficava pensando em atores como Schwarzenegger, John Cena, Dwayne Johnson, e em como essa transição leva sempre a um jogo entre risos e músculos.
Bautista: Acho que minha transição foi feita bem antes deste filme. Eu não acho – eu não diria que minha transição dependia deste filme. Acho que minha transição como produtor é definitivamente mais palpável neste filme, mas eu não penso como um entertainer. É algo que eu nunca me propus a ser. Nunca me propus a ser Dwayne Johnson. Eu certamente nunca me propus a ser John Cena. Não, eu só queria ser ator. Eu queria ser ator. Foi por isso que me apaixonei, foi para isso que eu trabalhei. Mas para conseguir o que eu queria, para obter esse tipo de respeito, eu tive que seguir por um caminho diferente do típico cara de ação, estereotipado.
CinePOP: Mas como produtor, parece que, com a sua experiência, é como se as escolhas para atuar acabam nos filmes de ação e comédia, do contrário você estaria num drama independente.
Bautista: Exatamente, por isso mesmo eu tive que desistir de vários papéis para conseguir os papéis que eu queria, que eu acreditava que me levariam a crescer como ator, a dividir a cena com atores respeitados, a ser dirigido por diretores respeitados. Tive que deixar passar muitos desses papéis mais típicos, o que significava que eu tinha que passar fome. Sabe, por três anos, eu mal trabalhei.
CinePOP: E, obviamente, você atuou em Guardiões. Você foi bastante franco em seu apoio em relação às denúncias contra o diretor James Gunn. Você sente que é algo que poucos fariam?
Bautista: Não posso falar pelos outros, mas talvez eu ache óbvio que seria uma atitude esperada. Eu não pensei muito nisso, eu simplesmente comecei a defender meu amigo. Eu segui o meu instinto, fui fiel a mim mesmo e ao meu amigo. É por causa de James que eu estou trabalhando e fui capaz de seguir em frente como ator, então eu devia a ele pelo menos isso. Mas é algo que naturalmente eu faria, porque eu sou aquele cara que defende seus amigos.
CinePOP: O que você aprendeu com a Chloe, em Aprendiz de Espiã?
Bautista: Ela é sempre gentil com todo mundo. Acho que ela não aprendeu isso comigo. Ela só tem um coração gentil. Mas eu acho que o que mais me impressionou nela desde o primeiro dia das filmagens foi o quão profissional ela era, toda organizada, como ela estava bem preparada. Porque eu nunca sou assim, e eu gosto de pensar que aprendi um pouco disso. Mas eu ainda luto com isso, porque não é da minha natureza. Eu tenho o espírito um pouco mais livre, me preparo menos, sou mais impulsivo, é o meu estilo de atuar. É difícil para mim ficar no roteiro, eu tenho que me encontrar dentro dele, encontrar o meu swing. Normalmente não estou tão preparado, mas encontrei uma maneira de fazer isso funcionar para mim.
CinePOP: Foi difícil ficar sério durante algumas cenas do filme?
Bautista: Sim. Para mim, foi. Nós tivemos bem mais do que alguns momentos em que foi muito difícil ficar sério. Com Ken Jeong era muito difícil ficar sério, mas também com Kristen Schaal, porque ela é tão engraçada, faz umas expressões, umas caretas. Foi muito, muito difícil.
CinePOP: E a dança, Dave. Quão fácil foi para você dançar?
Bautista: Ah, foi horrível. Sabe, é engraçado, porque eu gosto de dançar, eu sou aquele grande pateta que vai passar a noite dançando, sem parar. Eu realmente não tenho esse medo de passar vergonha. Eu percebi que não sou bom, mas eu também gosto de me divertir, e trabalhei em boates por 13 anos, então é como se fosse natural para mim. Mas foi divertido, embora um pouco embaraçoso ter que fazer todas aquelas danças em frente de todas aquelas pessoas. Até porque não seria o tipo de dança que eu normalmente faria. Foi um pouco estranho, mas eu não me importo de me divertir, e foi divertido.
CinePOP: Você e Chloe viveram várias situações bem legais como espiões no filme. Se por acaso tiver uma sequência, que tipo de ação de espião que seria assim, tipo, ‘cara, eu não vejo a hora de fazer isso’?
Bautista: Tem uma, que estava originalmente no roteiro, uma cena no carro, em que eu deveria estar Chloe a dirigir. Nós íamos ter bastante ação, dirigir como espiões, e JJ., claro, ia ficar enjoado com a maneira que ela dirige. Podemos fazer coisas muitos legais ainda com isso, mas já fizemos muitas no filme.
CinePOP: Você fez suas próprias cenas de ação nesse filme?
Bautista: Não, de jeito nenhum. Eu gosto de fazer muitas das minhas próprias cenas de lutas, mas acrobacias e coisas assim, eu não tenho vontade de fazer, nem sou qualificado para isso. Eu não me considero um dublê. Paguei minhas dívidas com luta livre profissional, fui muito mais do que espancado, e não tenho nada para provar a ninguém. Então, eu realmente tenho um dublê muito competente, desde o primeiro filme dos Guardiões da Galáxia, pra ser sincero. Se é algo que é meio perigoso, estou mais do que feliz em dizer: ‘Ei, Rob, você se importa?’ E ele está mais do que feliz em dizer: ‘Não, deixe-me fazer isso’.
CinePOP: É muito bacana estar no filme de maior bilheteria de todos os tempos.
Bautista: Sim, mas você sabe, eu não tenho qualquer responsabilidade por isso, eu mal estou nele, mas sim, ainda assim é legal estar envolvido. Na verdade – eu sinto que fiz parte de Guerra Infinita, porque eu acredito que contribuí mais para esse filme, nem tanto para Ultimato. Mas eu estava lá. Tipo, eu assisti como um fã, e é assim que eu me relaciono com o filme, como um fã.
CinePOP: Você chorou?
Bautista: Claro que chorei.
CinePOP: O que você tem pela frente, quais são seus próximos projetos?
Bautista: Bem, é algo que eu não posso falar ainda. É um programa de televisão, que eu provavelmente vou fazer no próximo ano. E, obviamente, continuar meu relacionamento com a Marvel. Mas eu tenho alguns projetos previstos para serem lançados no próximo ano. Acabei de sair das filmagens de Army of the Dead, com Zach Snyder, para a Netflix. Tem também Duna. E claro, Aprendiz de Espiã.
Confira o trailer legendado:
No filme, após uma missão dar muito errado, o agente da CIA JJ (Bautista) é rebaixado para a função de vigilância. Em serviço, ele acaba sendo descoberto pela menina Sophie (Chloe Coleman). Chantageado pela garota, ele se vê forçado a ensiná-la todas as técnicas para ser uma espiã.
A direção é de Peter Segal (‘Agente 86’) e o roteiro é assinado por Jon e Erich Hoeber, ambos de ‘RED: Aposentados e Perigosos’.