O CinePOP entrevistou a atriz Julia Ianina, da série ‘1 Contra Todos‘ – dirigida por Breno Silveira (‘2 Filhos de Francisco’) exibida pelo canal Fox.
Na trama, baseada em fatos reais, Julia é Malu, uma dona de casa tranquila que da noite para o dia se vê em um pesadelo. Seu marido, Cadu (Júlio Andrade), um advogado que não costuma andar fora da linha, é confundido com um dos maiores traficantes do Brasil e vai preso por crimes que nunca cometeu. Malu, grávida, tendo que cuidar de seu outro filho sozinha, encontra forças para convencer o marido a seguir com a farsa e assumir o papel de criminoso para sobreviver dentro da cadeia. Enquanto isso, se passa por primeira-dama do tráfico de drogas e é o alicerce de Cadu entre o mundo dentro e fora das grades.
– Julia, como rolou o convite para interpretar a Malu? Você teve que participar de uma seleção?
O Breno estava montando o elenco da série e a Cibele Santa Cruz (produtora de elenco) me ligou para participar da seleção. Eu tinha acabado de fazer o Magnífica 70, onde fui dirigida pelo Cláudio Torres e pela Carolina Jabor. Acho que o Breno e a Cibele conheceram meu trabalho assim. Mas sinto que a seleção foi muito importante. O Julinho já estava confirmado para o papel do Cadu e era preciso entender como seria esse casal, essa relação, que é essencial na história. Sinto que quando fizemos as cenas juntos pela primeira vez, já começamos a construir tudo isso. O Julinho é um ótimo parceiro de cena e a direção do Breno é muito sensível.
– Passamos por uma crise Sociopolítica-econômica, você acredita que a série retrata bem isso nas telinhas?
Acho a série muito pertinente. Quando estávamos gravando eu não imaginava que a estreia aconteceria num momento como esse que estamos agora, que faz saltar ainda mais algumas questões. Acho que o tema central, essa sensação de injustiça, de ver um homem comum e honesto ser engolido por um sistema cheio de erros, é muito forte. Porque poderia acontecer com qualquer um, como aconteceu. Esse é o pesadelo e o que faz o expectador se identificar e pensar, eu acho. O Cadu é vítima de um sistema judiciário cheio de falhas, uma cobertura jornalística irresponsável e uma pitada de falta de sorte. Isso tudo nos faz olhar para questões brasileiras de uma maneira crítica, sem dúvida.
– Você se baseou em alguém para criar a personagem? Conhece alguém que, como a Malu, viu sua vida se transformar em um pesadelo por uma injustiça?
Acho que qualquer história de injustiça nos causa muito desconforto. Todo mundo já passou por alguma injustiça, se sentiu julgado, incompreendido, enganado. Não conheço ninguém que tivesse sua vida virada do avesso, assim de repente. Mas conheço esse sentimento e foi nele que me apeguei para construir a Malu. A surpresa, o desespero, a
incompreensão, o medo. E principalmente a ideia de que o instinto de sobrevivência nasce no meio disso tudo, com muita força. A Malu é diferente de mim em muitas coisas: é mãe, mora no interior, é uma dona de casa que cuida dos filhos, da família. Eu ainda não tenho essa vivência. Então me concentrei em construir essa mulher do início para
depois joga-la no meio do furacão. Porque o mais interessante da personagem é que não existe uma única Malu. Existe a Malu do início da história e existe toda uma transformação dela, assim como acontece como Cadu.
– Qual cena da série foi a mais chocante, na sua opinião?
Difícil essa pergunta. Vários momentos da série nos chocam, principalmente por que sabemos que muitos deles são histórias reais. Mas se tenho que escolher um, e para evitar spoilers também, acho que me concentraria no primeiro episódio. Me lembro do dia que gravamos a prisão do Cadu. Da minha perspectiva, isso foi muito forte. A Malu estava chegando de carro com o pai e o filho e vê de longe uma confusão na frente da sua casa. Me colocar nesse lugar, de uma mulher grávida, que vê seu marido ser levado violentamente pela polícia, na frente de seu filho, traz em si uma sensação enorme de injustiça, desamparo e desespero. É uma violência enorme com essa família, que nos dá a certeza de que não deveríamos permitir que erros como esse aconteçam a toda hora no nosso país.
– Já existem planos e conversas para uma segunda temporada?
Sim. Vamos fazer a segunda temporada em breve!
Julia ainda mandou um recado para os leitores do CinePOP:
“Eu gostaria de dizer que estou muito feliz com a repercussão da série e que é muito especial perceber como as pessoas se envolvem com a história. Essa é maior alegria que um trabalho pode te dar. E continuem assistindo, porque ainda muita água vai rolar!”