Com um orçamento bem pequeno que remete aos filmes de gênero independentes, Sorria chegou aos cinemas ao redor do mundo, em 2022, de forma despretensiosa. Apresentando uma proposta mais inusitada, que brinca com jogos mentais e que firma seu terror em uma tensão mais ilusória e menos palpável, o longa da Paramount conquistou as audiências de forma ineseperada e fez seu pequeno custo de US$ 17 milhões de dólares se multiplicar em uma bilheteria mundial de pouco mais de US$ 217 milhões.
Seu sucesso logo se transformou em um anúncio de sequência, que resgata a mesma proposta de um vilão imaginário – que se revela apenas em seus instantes finais -, dessa vez com uma nova roupagem. Trazendo a essência da trama para os palcos de uma popular e problemática cantora, Sorria 2 explora o tumultuado submundo da indústria fonográfica a partir dos temores e traumas de Skye Riley, uma artista que passa a ser atormentada por essa misteriosa e sobrenatural força.
E em uma entrevista EXCLUSIVA ao CinePOP, o cineasta Parker Finn deu detalhes do seu segundo longa e revelou logo de cara que os fãs de terror podem esperar uma sequência “ainda mais assustadora e perturbadora”:
“Este filme é maior, ainda mais assustador e perturbador. Ele sai mais dos trilhos. Mas acho que também haverão algumas mudanças tonais muito divertidas que pegarão o público de forma desprevenida”.
Um dos aspectos que impressionou a audiência em 2022 e que, naturalmente, fomentou o anseio por uma sequência, foi o conceito de “Smiler”, o vilão do filme. Diretamente inspirado nas obras de Junji Ito, um mangaká japonês especialista em histórias de terror, o antagonista conta com um visual anacrônico e surrealista, conforme ponderou o diretor:
“Bem, adorei que você tenha mencionado Junji Ito! Sou um grande fã dele. Uzumaki é um dos meus favoritos absolutos e sou obcecado tanto por sua arte, bem como por sua escrita e tudo mais. E ele certamente foi uma inspiração quando eu estava fazendo o primeiro filme. Eu amo o Smiler. Adorei que no primeiro filme esperamos até os últimos momentos para ver o que realmente está por trás do sorriso”.
E agora que a audiência já conhece o genuíno vilão da trama, os desafios para Sorria 2 aumentaram, com a expectativa de que uma nova revelação surpreenda o público, tanto quanto as cenas finais do primeiro, que destacaram a descoberta de Smiler e seu golpe final. Para Parker, foi divertido trabalhar em novas formas de arrebatar a audiência.
“É muito interessante porque agora o público entra neste filme com um conhecimento prévio, pegando a continuação de uma história. Então há essa coisa muito divertida de poder usar isso contra eles e de tentar encontrar novas maneiras de assustá-los. E foi importante para mim que as ‘possessões’, como você as chamou, e o Smiler aparecessem no filme e interagissem com os nossos personagens. Isso foi um desafio realmente divertido, onde as pessoas acham que sabem como tudo já funciona e esperam o que vai acontecer. Mas eu pensei: E se eu mudar de rota, quando todos menos esperam, e os mostrar algo novo, novas formas de estressá-los, assustá-los e chocá-los?”
Essa rota adotada pelo cineasta também inclui a mudança de ares da trama. Agora, ao invés das manifestações de Smiler se iniciarem dentro de um consultório psiquiátrico, o terror é redirecionado para um ambiente muito mais inusitado, os bastidores da indústria fonográfica. De acordo com Finn, desmembrar a trama para um viés totalmente inusitado o permitiu pensar fora da zona de conforto, ao lado da atriz Naomi Scott.
Conforme revelado ao longo da entrevista, o objetivo era trazer um vigor novo para a franquia, a partir de uma protagonista inesperada. Essa abordagem ainda conta com todo um trabalho de produção musical, que envolveu a composição de canções originais, a construção de um conceito específico para a artista Skye Riley e até mesmo a adesação de coreografias.
“Eu queria ter certeza de que estava contando uma história nova e realmente fundamentada em uma personagem inesperada. E eu senti que essa megastar pop internacionalmente famosa, Skye Riley, seria ótima para isso. Estamos nos encontrando com ela em uma encruzilhada muito importante de sua vida. E há toda essa pressão e estresse sobre ela, além dessa ideia de como nos apresentamos externamente ao mundo versus o que está acontecendo internamente. E eu acho que todas essas questões ligadas à autoestima são ampliadas um milhão de vezes quando se trata de alguém mundialmente famoso. E então parecia uma base sólida e madura para começarmos”.
E o que promete tornar a experiência da audiência ainda mais nova é justamente o envolvimento direto e indireto de Naomi, conforme salientou o cineasta. Entusiasmado com a performance da atriz, ele ainda ponderou sobre como ela trouxe sua expertise no mundo da música para todas os elementos que norteiam Skye Riley:
“Eu mal posso esperar para que as pessoas vejam o que Naomi faz nesse filme! É uma performance absolutamente poderosa, diferente de tudo que já vimos ela fazer. Ela tem tantos talentos. A música, o canto, a coreografia…é tudo Naomi. Ela fez tudo. E nós conversamos muito sobre o quanto não queríamos que o fato de ela ser uma popstar fosse apenas um detalhe. Queríamos realmente criar credibilidade com essa personagem, deixando as linhas turvas, para que mesmo sendo apenas um papel fictício, a audiência pudesse olhar e achar que ela é alguém que existe no nosso mundo, que é real”, concluiu.
Kyle Gallner é o único que reprisa o papel do primeiro filme. O elenco ainda contará com Lukas Gage (‘The White Lotus’), Dylan Gelula (‘O Homem dos Sonhos’), Rosemarie DeWitt (‘La La Land: Cantando Estações’) e Peter Jacobson (‘Dr. House’).