domingo , 22 dezembro , 2024

EXCLUSIVO! ‘Uma Noite de 12 Anos: Chino Darín fala sobre o Oscar e as lições que aprendeu com o filme

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Seguindo a série de entrevistas com o diretor e o elenco do aclamado drama baseado em fatos reais, ‘Uma Noite de 12 Anos‘, a jornalista Rafa Gomes traz novos detalhes da produção, o processo criativo do ator Chino Darín e as expectativas em relação ao Oscar.

Darín ainda falou sobre o crescimento do cinema Argentino e Uruguaio e a possibilidade de entrar na pré-lista da Academia, após o grande sucesso no Festival de Cinema de Veneza.



Confira:

Mauricio Rosencof é um dos autores do livro de memórias no qual o filme é baseado. Como você se preparou para interpretá-lo? Você teve a oportunidade de passar um tempo com ele?

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Foi uma tarefa bem complexa, porque quando eu li o roteiro, eu notei que seria um filme bem difícil de se fazer, devido ao contexto, a história, as características dos personagens, a estrutura física de cada um…nós tivemos que fazer uma dieta para perder peso e ficarmos mais parecidos com os protagonistas. E eu acho que interpretar Mauricio Rosencof envolve uma pesquisa muito profunda a respeito da história do Uruguai, do Tupamaros, algo que vai além do assunto que tem a ver com o ser humano. É algo que tem a ver com a sobrevivência humana, algo que torna todos nós semelhantes, não importa se você é de direita ou esquerda, democrata ou socialista. Não importa se você é de classe social diferente. O filme nos fez imergir nesse submundo onde todos tinham que sobreviver na pior das circunstâncias, então foi um desafio bem árduo para nossos corpos, nossas mentes – de maneira psicológica. Tudo ficou muito estranho antes de começarmos as filmagens, porque estávamos bem fracos, tivemos que iniciar as gravações em nossa pior forma. Tudo foi bem difícil, mas também tive a oportunidade de conhecer Mauricio antes do início da produção e para mim foi um presente, porque essa foi a primeira vez que tive que interpretar um personagem que está vivo, que pude conhecer e conversar com ele por horas e isso foi muito importante para caracterizá-lo depois. Eu também pude aprender muito sobre ele, sobre mim mesmo, sobre seres humanos, sobrevivência e coisas como ansiedade e necessidades básicas insatisfeitas. Foi uma viagem para nós, poder entrar nesse submundo da vida humana.

Qual foi a coisa mais difícil em relação ao seu personagem?

Quando comecei a me preparar para o papel, eu percebi que – inicialmente – a coisa mais difícil era a dieta. Mas à medida que nos aprofundamos na história, nos personagens, na dieta, nas filmagens e em tudo mais, eu comecei a observar que na verdade as implicações da nossa mente, da nossa psique – quando você está tão aquém de seu peso e tem que trabalhar tanto para trazer um filme à vida – são mais difíceis do que eu imaginava. Na verdade, quando eu terminei o filme, eu achei que fossemos voltar ao normal rapidamente, até porque eu não sou daquele tipo de ator que vai para casa com o trabalho fechado em uma caixa. Mas essa produção, em particular, foi mais difícil do que esperava, eu tive complicações psicológicas, sofri muito com a ansiedade, não conseguia dormir à noite, tive uma sensação permanente de que algo estava indo embora. Isso foi a coisa mais árdua. O tempo foi passando e nós estávamos finalizando o filme e já tinha três ou quatro meses que havíamos encerrado as gravações, eu estava em casa e pensava: ‘agora eu me sinto bem’. E então passaram seis, sete e oito meses e aí me dei conta de que então estava começando a me sentir melhor. Mas, ao final das contas, demorou um ano para eu de fato me sentir completamente bem. E o tempo tem passado, mas há sempre algo que me recordo que me remete ao filme, seja meu corpo ou minha mente. Durante um período eu notei que me senti preso ao personagem.

Como foi trabalhar com Álvaro Brechner e trazer à vida sua visão sobre o filme?

Para mim foi incrível e de certa forma uma espécie de tortura – foi ambas as coisas. Em alguns momentos foi como um entendimento, porque eu sentia que era uma experimentação permanente, como uma busca constante nas profundezas da nossa própria humanidade. E algumas vezes era como uma tortura permanente, porque estávamos realmente exaustos, não conseguíamos ir mais longe e ele queria mais e mais e estava sempre rodando a câmera para filmar. E quando nós estávamos apenas sem qualquer energia, ele queria mais. Ele estava sempre querendo mais e buscando mais profundamente. Ele é um diretor que tem algumas coisas bem claras em sua mente, mas está sempre à procura de maneiras de extrair isso de nós. Foi uma experimentação permanente no set, com as câmeras rodando o tempo todo, com ele fazendo observações e estimulando todos a se envolverem com a cena. E ele é simplesmente maravilhoso. E ao mesmo tempo que foi muito exaustivo, foi também um grande ensinamento para a história que estávamos construindo.

O filme foi elogiado no Festival de Cinema de Veneza e projetou os holofotes para o cenário do cinema argentino e uruguaio. Você acha que isso pode ajudar ambas as indústrias locais em longo prazo?

Bem, eu acho que estamos vivendo um momento muito bom no cinema argentino, o cinema uruguaio também está em desenvolvimento permanente e eu acho que esse filme será algo poderoso, sabe? Porque eles possuem uma pequena indústria, produzem menos filmes que a Argentina, mas eu creio que ambos estão se consolidando em tempo. Os festivais internacionais de cinema são os melhores lugares para filmes como esse serem valorizados e eu acho que algumas vezes o que acontece com as indústrias locais é que os filmes produzidos por elas acabam sendo mais valorizados internacionalmente, que dentro de seu próprio país de origem. Então eu acho que temos que estar atentos ao fato de que estamos fazendo um cinema excelente, que temos profissionais excepcionais em cada uma das áreas e que temos histórias incríveis para contar. Eu acho que hoje isso que temos é um presente que precisa ser capitalizado, porque esse momento não será, necessariamente, para sempre. Eu creio que isso é um ciclo e se nós não aproveitarmos essa oportunidade e extrair algo bom disso… nós não podemos relaxar. Nós temos que crescer, nos desenvolver ainda mais, nos forçar a sermos melhores cada vez mais. O mercado internacional e seus festivais são ótimas circunstâncias para compararmos o nosso cinema com o de outros países e eu acho que temos cacife para competir no mesmo patamar. Nós temos que ter orgulho disso.

Eu creio que o filme possui uma grande chance de ser selecionado para o Oscar. Você acha que Uma Noite de 12 Anos poderia ser um ótimo representante da América Latina?

Eu realmente não sei. A jornada para o Oscar é muito complexa. Mas acho que, de certa forma, se você apresentar esse filme para ser um representante do Oscar, nós poderíamos ao menos chegar à pré-seleção. Mas eu não sei. Nós temos um longa de qualidade, a Argentina também fez produções excelentes esse ano e talvez o Uruguai também tenha outros filmes muito bons, mas sei que esse foi o de grande destaque, porque esteve no Festival de Veneza, no San Sebastian’s Horizontes Latinos e é o filme que o povo uruguaio mais verá no cinema nesta semana. Mas chegar à lista final dos indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro é algo que está tão longe de nós, depende de tantas coisas que eu não sei dizer. Mas se você quer minha opinião particular sobre isso, eu acho que eles sempre selecionam filmes que são bem locais e que representam coisas que vão nas profundezas da humanidade, no direitos humanos e que sejam representativos sobre coisas que transcendem as fronteiras físicas entre países. E eu acho que esse filme tem esse tipo de componente, mas eu não sei se o longa chegará tão longe assim. Eu espero que sim, seria uma alegria enorme, mas acho que já temos que nos alegrar com a jornada que conseguimos percorrer até o momento. É claro que ter esperança é fundamental e continuarei esperançoso, mas contente com o que já alcançamos.

Qual foi a lição mais valiosa que você aprendeu com o filme?

Eu acho que o filme tem uma lição para todos nós. Eu aprendi muito sobre mim mesmo durante a produção, porque foi um desafio tão grande, uma jornada e tanto. Foi um sacrifício em várias maneiras. Hoje, eu sinto que foi um grande crescimento e percebo a diferença em relação a quando eu comecei as filmagens. Mas eu acho que esse filme tem outros aprendizados para todos nós de maneira geral. Percebi que nos preocupamos com coisas tão mesquinhas, tão triviais e você percebe isso quando contrasta e compara sua história, sua vida, necessidades diárias e preocupações àquilo que realmente é fundamental, como a sobrevivência e a essência da humanidade. Eu acho que todos podemos nos tornar mais maduros depois de ver esse filme e quando voltarmos para nossas vidas depois de assistí-lo, sei que ele nos levará a ponderar as coisas com as quais nos preocupamos com aquelas coisas que de fato importam.

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Darín ainda falou sobre o crescimento do cinema Argentino e Uruguaio e a possibilidade de entrar na pré-lista da Academia, após o grande sucesso no Festival de Cinema de Veneza.

Confira:

Mauricio Rosencof é um dos autores do livro de memórias no qual o filme é baseado. Como você se preparou para interpretá-lo? Você teve a oportunidade de passar um tempo com ele?

Foi uma tarefa bem complexa, porque quando eu li o roteiro, eu notei que seria um filme bem difícil de se fazer, devido ao contexto, a história, as características dos personagens, a estrutura física de cada um…nós tivemos que fazer uma dieta para perder peso e ficarmos mais parecidos com os protagonistas. E eu acho que interpretar Mauricio Rosencof envolve uma pesquisa muito profunda a respeito da história do Uruguai, do Tupamaros, algo que vai além do assunto que tem a ver com o ser humano. É algo que tem a ver com a sobrevivência humana, algo que torna todos nós semelhantes, não importa se você é de direita ou esquerda, democrata ou socialista. Não importa se você é de classe social diferente. O filme nos fez imergir nesse submundo onde todos tinham que sobreviver na pior das circunstâncias, então foi um desafio bem árduo para nossos corpos, nossas mentes – de maneira psicológica. Tudo ficou muito estranho antes de começarmos as filmagens, porque estávamos bem fracos, tivemos que iniciar as gravações em nossa pior forma. Tudo foi bem difícil, mas também tive a oportunidade de conhecer Mauricio antes do início da produção e para mim foi um presente, porque essa foi a primeira vez que tive que interpretar um personagem que está vivo, que pude conhecer e conversar com ele por horas e isso foi muito importante para caracterizá-lo depois. Eu também pude aprender muito sobre ele, sobre mim mesmo, sobre seres humanos, sobrevivência e coisas como ansiedade e necessidades básicas insatisfeitas. Foi uma viagem para nós, poder entrar nesse submundo da vida humana.

Qual foi a coisa mais difícil em relação ao seu personagem?

Quando comecei a me preparar para o papel, eu percebi que – inicialmente – a coisa mais difícil era a dieta. Mas à medida que nos aprofundamos na história, nos personagens, na dieta, nas filmagens e em tudo mais, eu comecei a observar que na verdade as implicações da nossa mente, da nossa psique – quando você está tão aquém de seu peso e tem que trabalhar tanto para trazer um filme à vida – são mais difíceis do que eu imaginava. Na verdade, quando eu terminei o filme, eu achei que fossemos voltar ao normal rapidamente, até porque eu não sou daquele tipo de ator que vai para casa com o trabalho fechado em uma caixa. Mas essa produção, em particular, foi mais difícil do que esperava, eu tive complicações psicológicas, sofri muito com a ansiedade, não conseguia dormir à noite, tive uma sensação permanente de que algo estava indo embora. Isso foi a coisa mais árdua. O tempo foi passando e nós estávamos finalizando o filme e já tinha três ou quatro meses que havíamos encerrado as gravações, eu estava em casa e pensava: ‘agora eu me sinto bem’. E então passaram seis, sete e oito meses e aí me dei conta de que então estava começando a me sentir melhor. Mas, ao final das contas, demorou um ano para eu de fato me sentir completamente bem. E o tempo tem passado, mas há sempre algo que me recordo que me remete ao filme, seja meu corpo ou minha mente. Durante um período eu notei que me senti preso ao personagem.

Como foi trabalhar com Álvaro Brechner e trazer à vida sua visão sobre o filme?

Para mim foi incrível e de certa forma uma espécie de tortura – foi ambas as coisas. Em alguns momentos foi como um entendimento, porque eu sentia que era uma experimentação permanente, como uma busca constante nas profundezas da nossa própria humanidade. E algumas vezes era como uma tortura permanente, porque estávamos realmente exaustos, não conseguíamos ir mais longe e ele queria mais e mais e estava sempre rodando a câmera para filmar. E quando nós estávamos apenas sem qualquer energia, ele queria mais. Ele estava sempre querendo mais e buscando mais profundamente. Ele é um diretor que tem algumas coisas bem claras em sua mente, mas está sempre à procura de maneiras de extrair isso de nós. Foi uma experimentação permanente no set, com as câmeras rodando o tempo todo, com ele fazendo observações e estimulando todos a se envolverem com a cena. E ele é simplesmente maravilhoso. E ao mesmo tempo que foi muito exaustivo, foi também um grande ensinamento para a história que estávamos construindo.

O filme foi elogiado no Festival de Cinema de Veneza e projetou os holofotes para o cenário do cinema argentino e uruguaio. Você acha que isso pode ajudar ambas as indústrias locais em longo prazo?

Bem, eu acho que estamos vivendo um momento muito bom no cinema argentino, o cinema uruguaio também está em desenvolvimento permanente e eu acho que esse filme será algo poderoso, sabe? Porque eles possuem uma pequena indústria, produzem menos filmes que a Argentina, mas eu creio que ambos estão se consolidando em tempo. Os festivais internacionais de cinema são os melhores lugares para filmes como esse serem valorizados e eu acho que algumas vezes o que acontece com as indústrias locais é que os filmes produzidos por elas acabam sendo mais valorizados internacionalmente, que dentro de seu próprio país de origem. Então eu acho que temos que estar atentos ao fato de que estamos fazendo um cinema excelente, que temos profissionais excepcionais em cada uma das áreas e que temos histórias incríveis para contar. Eu acho que hoje isso que temos é um presente que precisa ser capitalizado, porque esse momento não será, necessariamente, para sempre. Eu creio que isso é um ciclo e se nós não aproveitarmos essa oportunidade e extrair algo bom disso… nós não podemos relaxar. Nós temos que crescer, nos desenvolver ainda mais, nos forçar a sermos melhores cada vez mais. O mercado internacional e seus festivais são ótimas circunstâncias para compararmos o nosso cinema com o de outros países e eu acho que temos cacife para competir no mesmo patamar. Nós temos que ter orgulho disso.

Eu creio que o filme possui uma grande chance de ser selecionado para o Oscar. Você acha que Uma Noite de 12 Anos poderia ser um ótimo representante da América Latina?

Eu realmente não sei. A jornada para o Oscar é muito complexa. Mas acho que, de certa forma, se você apresentar esse filme para ser um representante do Oscar, nós poderíamos ao menos chegar à pré-seleção. Mas eu não sei. Nós temos um longa de qualidade, a Argentina também fez produções excelentes esse ano e talvez o Uruguai também tenha outros filmes muito bons, mas sei que esse foi o de grande destaque, porque esteve no Festival de Veneza, no San Sebastian’s Horizontes Latinos e é o filme que o povo uruguaio mais verá no cinema nesta semana. Mas chegar à lista final dos indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro é algo que está tão longe de nós, depende de tantas coisas que eu não sei dizer. Mas se você quer minha opinião particular sobre isso, eu acho que eles sempre selecionam filmes que são bem locais e que representam coisas que vão nas profundezas da humanidade, no direitos humanos e que sejam representativos sobre coisas que transcendem as fronteiras físicas entre países. E eu acho que esse filme tem esse tipo de componente, mas eu não sei se o longa chegará tão longe assim. Eu espero que sim, seria uma alegria enorme, mas acho que já temos que nos alegrar com a jornada que conseguimos percorrer até o momento. É claro que ter esperança é fundamental e continuarei esperançoso, mas contente com o que já alcançamos.

Qual foi a lição mais valiosa que você aprendeu com o filme?

Eu acho que o filme tem uma lição para todos nós. Eu aprendi muito sobre mim mesmo durante a produção, porque foi um desafio tão grande, uma jornada e tanto. Foi um sacrifício em várias maneiras. Hoje, eu sinto que foi um grande crescimento e percebo a diferença em relação a quando eu comecei as filmagens. Mas eu acho que esse filme tem outros aprendizados para todos nós de maneira geral. Percebi que nos preocupamos com coisas tão mesquinhas, tão triviais e você percebe isso quando contrasta e compara sua história, sua vida, necessidades diárias e preocupações àquilo que realmente é fundamental, como a sobrevivência e a essência da humanidade. Eu acho que todos podemos nos tornar mais maduros depois de ver esse filme e quando voltarmos para nossas vidas depois de assistí-lo, sei que ele nos levará a ponderar as coisas com as quais nos preocupamos com aquelas coisas que de fato importam.

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