domingo , 22 dezembro , 2024

Falcão e o Soldado Invernal | Ação e drama marcam um MCU mais maduro

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[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu ao primeiro episódio de Falcão e o Soldado Invernal, não leia esta matéria para não receber spoilers.



Inicialmente programada para ser a primeira série original da Marvel no Disney+, Falcão e o Soldado Invernal acabou sofrendo com a pandemia do novo coronavírus e precisou ser adiada, fazendo com que WandaVision estreasse antes. A princípio, pouca coisa mudou, já que a história da Wanda (Elizabeth Olsen) se passa antes da produção atual. Pois bem, ambientada seis meses após o “blip”, a série mostra o mundo lidando com o retorno de bilhões de pessoas de uma hora para outra e os efeitos que isso causa na sociedade. Claramente influenciado por Capitão América: Soldado Invernal (2014), o primeiro episódio consegue resgatar bem aquela pegada mais “pé no chão” que vimos nos primórdios do MCU, mesmo sendo estrelado por dois super-heróis. Além disso, ele traz algumas referências bem sutis que indicam que o futuro dessa série é bem mais maduro e profundo do que apenas cenas de ação espetaculares e brincadeiras entre amigos.

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A começar por Bucky (Sebastian Stan), que está tentando se adaptar aos tempos modernos enquanto é assombrado pelas memórias de suas ações sob controle da H.I.D.R.A. como Soldado Invernal. Vemos ele assassinando um inocente em uma de suas missões e depois acompanhamos ele convivendo com o pai da vítima, como forma de tentar conseguir perdão. É realmente complicado porque esse estresse pós-traumático é parte da vida desse personagem, que passou grande parte da vida sem ter direito sobre o próprio corpo. Em dado momento, Bucky acorda de um desses pesadelos/ memórias e é mostrado ele dormindo no chão, uma referência ao diálogo de Steve Rogers (Chris Evans) e Sam Wilson (Anthony Mackie) logo no comecinho de “Capitão 2”, quando Steve diz que a maior dificuldade do pós-guerra é deitar numa cama macia, como se eles não fossem dignos daquilo. Mostra o Bucky dormindo no chão é quase como se ele ainda vivesse essa guerra, esse dilema pessoal. É um personagem que busca redenção e deve encontrar seu destino nessa série.

Outro personagem que está tentando encontrar seu rumo depois de ser “blipado” de volta é Sam Wilson, o Falcão (Anthony Mackie). No filme de 2014, sabemos que ele abandonou a Força Aérea dos EUA após a morte de seu parceiro em uma das missões. Agora, ele voltou a trabalhar com a Aeronáutica, muito provavelmente por conta do Tratado de Sokovia. Agora de uniforme novo e com o Asa Vermelha ainda mais tecnológico, ele desempenha missões táticas muito parecidas com as que Steve fazia para a S.H.I.E.L.D. antes de desmontar a organização. Ah, é bom lembrar que o Asa Vermelha é um um falcão de verdade nos quadrinhos, enquanto a versão cinematográfica do ajudante é um drone cheio de artifícios. Condiz mais com esse universo.

A estreia do Asa Vermelha aconteceu em Capitão América: Guerra Civil (2016). Agora ele retornou com uma tecnologia ainda mais avançada.

Mas o grande destaque de Sam é justamente sua parte pessoal. É muito legal ver isso porque a Marvel marcou seu nome de vez no mercado dos quadrinhos quando passou a criar personagens e fazer histórias nas quais as pessoas por baixo das máscaras importavam muito mais do que o herói que ela representava. Ver esse lado humano de Sam, um homem que passou por muitas perdas e agora tem a difícil missão de substituir o Capitão América em um país entranhado pelo racismo é um fardo aparentemente pesado demais para ele. Ao abrir mão do escudo para deixá-lo em exposição no museu, o Falcão assume que não está pronto para isso e que tem outros problemas a serem resolvidos no momento. Um deles é a questão financeira da família Wilson. Vindo de uma família de pescadores, Sam viu sua irmã e seus sobrinhos – que eram apenas bebês antes dele ser “apagado” por Thanos (Josh Brolin) – ter que lidar com as finanças sozinha, entrando numa grave crise monetária, chegando ao ponto de ter que vender o barco dos pais deles. O mercado financeiro mudou com a miséria causada pelo desaparecimento das pessoas e parece ter mudado de novo com a volta das mesmas. Empréstimos não são mais tão fáceis de conseguir sem ter garantias muito altas, o que complica ainda mais a situação dos Wilson. Há quanto tempo não víamos um herói nas telas com problemas reais como pagar as contas e botar comida na mesa? Isso era coisa do Homem-Aranha, mas com a bolsa financeira de Tony Stark (Robert Downey Jr.), nem o Peter Parker (Tom Holland) do MCU passava dificuldade.

Ainda falando sobre o Falcão, um novo personagem do universo do herói é introduzido na série. Trata-se de Joaquín Torres (Danny Ramirez), um jovem que estreia nos quadrinhos justamente nessa fase em que o Falcão assume o manto do Capitão América. Nas HQs, ele é um jovem de origem mexicana que acaba sendo capturado pela Sociedade da Serpente para ser envolvido em um experimento que mistura o DNA dele com o do Asa Vermelha, transformando-o em um menino-pássaro. Ele acaba criando uma relação de amizade muito legal com o herói e herda o nome do Falcão quando ele passa a usar o nome de Capitão América. Na série, ele é um militar que presta suporte terrestre para as missões de Sam e demonstra ter muita admiração pelo herói. Pode ser que terminemos a série com ele sendo o novo Falcão.

Em certo momento, Joaquín brinca sobre Steve estar sendo escondido em uma base do governo na lua. Se a série tivesse sido a primeira do Disney+, provavelmente isso aqui passaria batido, mas como já vimos em WandaVision, a E.S.P.A.D.A. tem uma sede espacial que já pode estar sendo comentada pelos órgãos do governo como um tipo de lenda ou brincadeira. No entanto, como vimos em Homem-Aranha: Longe de Casa (2019), essa base espacial existe e Nick Fury (Samuel L. Jackson) está nela.

 

Antes da série estrear os fãs especulavam que Madripoor seria introduzida nesta produção. Muito popular nos quadrinhos do Wolverine, Madripoor é uma cidade fictícia de Cingapura, onde o crime e o tráfico tecnológico internacional imperam. Pois bem, o que era boato virou realidade por conta de um frame nos créditos finais. Em uma das mensagens exibidas, conseguimos ler o recorte: “forces from neighboring Madripoor”. Isso quer dizer que o Wolverine vai aparecer? Provavelmente não, mas é uma das primeiras referências ao universo mutante que efetivamente acontecem no MCU.

Por fim, chegamos à introdução de John Walker (Wyatt Russell), que é o Agente Americano nos quadrinhos. Ele começa como um vilão e acaba se tornando um herói mais pra frente. No entanto, na série, ele não parece ser mau. O personagem foi descrito como um militar muito bem intencionado que é escolhido para ser o novo Capitão América. No entanto, essa “substituição” é anunciada pelo mesmo governador que afirmou para Sam que entregar o escudo para o museu era o melhor a ser feito. E mesmo conhecendo e interagindo com o Falcão, ele sequer cogitou chamá-lo para assumir o manto do herói bandeiroso, algo que era um desejo do próprio Steve Rogers. É bem provável que o “novo Capitão” passe a interagir com Sam e Bucky nos próximos episódios, conforme ele for ganhando mais desenvolvimento. É um personagem interessante que, segundo os diretores, vai forçar Wyatt a ser mais do que um “loirinho bonitão”. Ou seja, vem coisa boa aí. Será que ele terá envolvimento com os Apátridas? Ou com Zemo (Daniel Brühl)? Só assistindo para saber.

O primeiro dos seis episódios estabeleceu bem esse retorno às origens do MCU, trazendo problemas do mundo real para as telas. Misturando bem ação e desenvolvimento dos personagens, podemos esperar uma produção muito promissora e importante para a Fase Quatro. Enquanto alguns diretores acham que “filmes adultos” se resumem a filtros escuros e violência gratuita, Falcão e o Soldado Invernal busca a maturidade retratando situações e dificuldades humanas mantendo um bom humor de quem segue com a mais humana das características: a esperança em meio a um cenário ruim. Que venham os próximos episódios!

Os novos episódios de Falcão e o Soldado Invernal estreiam no Disney+ toda sexta-feira.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Inicialmente programada para ser a primeira série original da Marvel no Disney+, Falcão e o Soldado Invernal acabou sofrendo com a pandemia do novo coronavírus e precisou ser adiada, fazendo com que WandaVision estreasse antes. A princípio, pouca coisa mudou, já que a história da Wanda (Elizabeth Olsen) se passa antes da produção atual. Pois bem, ambientada seis meses após o “blip”, a série mostra o mundo lidando com o retorno de bilhões de pessoas de uma hora para outra e os efeitos que isso causa na sociedade. Claramente influenciado por Capitão América: Soldado Invernal (2014), o primeiro episódio consegue resgatar bem aquela pegada mais “pé no chão” que vimos nos primórdios do MCU, mesmo sendo estrelado por dois super-heróis. Além disso, ele traz algumas referências bem sutis que indicam que o futuro dessa série é bem mais maduro e profundo do que apenas cenas de ação espetaculares e brincadeiras entre amigos.

A começar por Bucky (Sebastian Stan), que está tentando se adaptar aos tempos modernos enquanto é assombrado pelas memórias de suas ações sob controle da H.I.D.R.A. como Soldado Invernal. Vemos ele assassinando um inocente em uma de suas missões e depois acompanhamos ele convivendo com o pai da vítima, como forma de tentar conseguir perdão. É realmente complicado porque esse estresse pós-traumático é parte da vida desse personagem, que passou grande parte da vida sem ter direito sobre o próprio corpo. Em dado momento, Bucky acorda de um desses pesadelos/ memórias e é mostrado ele dormindo no chão, uma referência ao diálogo de Steve Rogers (Chris Evans) e Sam Wilson (Anthony Mackie) logo no comecinho de “Capitão 2”, quando Steve diz que a maior dificuldade do pós-guerra é deitar numa cama macia, como se eles não fossem dignos daquilo. Mostra o Bucky dormindo no chão é quase como se ele ainda vivesse essa guerra, esse dilema pessoal. É um personagem que busca redenção e deve encontrar seu destino nessa série.

Outro personagem que está tentando encontrar seu rumo depois de ser “blipado” de volta é Sam Wilson, o Falcão (Anthony Mackie). No filme de 2014, sabemos que ele abandonou a Força Aérea dos EUA após a morte de seu parceiro em uma das missões. Agora, ele voltou a trabalhar com a Aeronáutica, muito provavelmente por conta do Tratado de Sokovia. Agora de uniforme novo e com o Asa Vermelha ainda mais tecnológico, ele desempenha missões táticas muito parecidas com as que Steve fazia para a S.H.I.E.L.D. antes de desmontar a organização. Ah, é bom lembrar que o Asa Vermelha é um um falcão de verdade nos quadrinhos, enquanto a versão cinematográfica do ajudante é um drone cheio de artifícios. Condiz mais com esse universo.

A estreia do Asa Vermelha aconteceu em Capitão América: Guerra Civil (2016). Agora ele retornou com uma tecnologia ainda mais avançada.

Mas o grande destaque de Sam é justamente sua parte pessoal. É muito legal ver isso porque a Marvel marcou seu nome de vez no mercado dos quadrinhos quando passou a criar personagens e fazer histórias nas quais as pessoas por baixo das máscaras importavam muito mais do que o herói que ela representava. Ver esse lado humano de Sam, um homem que passou por muitas perdas e agora tem a difícil missão de substituir o Capitão América em um país entranhado pelo racismo é um fardo aparentemente pesado demais para ele. Ao abrir mão do escudo para deixá-lo em exposição no museu, o Falcão assume que não está pronto para isso e que tem outros problemas a serem resolvidos no momento. Um deles é a questão financeira da família Wilson. Vindo de uma família de pescadores, Sam viu sua irmã e seus sobrinhos – que eram apenas bebês antes dele ser “apagado” por Thanos (Josh Brolin) – ter que lidar com as finanças sozinha, entrando numa grave crise monetária, chegando ao ponto de ter que vender o barco dos pais deles. O mercado financeiro mudou com a miséria causada pelo desaparecimento das pessoas e parece ter mudado de novo com a volta das mesmas. Empréstimos não são mais tão fáceis de conseguir sem ter garantias muito altas, o que complica ainda mais a situação dos Wilson. Há quanto tempo não víamos um herói nas telas com problemas reais como pagar as contas e botar comida na mesa? Isso era coisa do Homem-Aranha, mas com a bolsa financeira de Tony Stark (Robert Downey Jr.), nem o Peter Parker (Tom Holland) do MCU passava dificuldade.

Ainda falando sobre o Falcão, um novo personagem do universo do herói é introduzido na série. Trata-se de Joaquín Torres (Danny Ramirez), um jovem que estreia nos quadrinhos justamente nessa fase em que o Falcão assume o manto do Capitão América. Nas HQs, ele é um jovem de origem mexicana que acaba sendo capturado pela Sociedade da Serpente para ser envolvido em um experimento que mistura o DNA dele com o do Asa Vermelha, transformando-o em um menino-pássaro. Ele acaba criando uma relação de amizade muito legal com o herói e herda o nome do Falcão quando ele passa a usar o nome de Capitão América. Na série, ele é um militar que presta suporte terrestre para as missões de Sam e demonstra ter muita admiração pelo herói. Pode ser que terminemos a série com ele sendo o novo Falcão.

Em certo momento, Joaquín brinca sobre Steve estar sendo escondido em uma base do governo na lua. Se a série tivesse sido a primeira do Disney+, provavelmente isso aqui passaria batido, mas como já vimos em WandaVision, a E.S.P.A.D.A. tem uma sede espacial que já pode estar sendo comentada pelos órgãos do governo como um tipo de lenda ou brincadeira. No entanto, como vimos em Homem-Aranha: Longe de Casa (2019), essa base espacial existe e Nick Fury (Samuel L. Jackson) está nela.

 

Antes da série estrear os fãs especulavam que Madripoor seria introduzida nesta produção. Muito popular nos quadrinhos do Wolverine, Madripoor é uma cidade fictícia de Cingapura, onde o crime e o tráfico tecnológico internacional imperam. Pois bem, o que era boato virou realidade por conta de um frame nos créditos finais. Em uma das mensagens exibidas, conseguimos ler o recorte: “forces from neighboring Madripoor”. Isso quer dizer que o Wolverine vai aparecer? Provavelmente não, mas é uma das primeiras referências ao universo mutante que efetivamente acontecem no MCU.

Por fim, chegamos à introdução de John Walker (Wyatt Russell), que é o Agente Americano nos quadrinhos. Ele começa como um vilão e acaba se tornando um herói mais pra frente. No entanto, na série, ele não parece ser mau. O personagem foi descrito como um militar muito bem intencionado que é escolhido para ser o novo Capitão América. No entanto, essa “substituição” é anunciada pelo mesmo governador que afirmou para Sam que entregar o escudo para o museu era o melhor a ser feito. E mesmo conhecendo e interagindo com o Falcão, ele sequer cogitou chamá-lo para assumir o manto do herói bandeiroso, algo que era um desejo do próprio Steve Rogers. É bem provável que o “novo Capitão” passe a interagir com Sam e Bucky nos próximos episódios, conforme ele for ganhando mais desenvolvimento. É um personagem interessante que, segundo os diretores, vai forçar Wyatt a ser mais do que um “loirinho bonitão”. Ou seja, vem coisa boa aí. Será que ele terá envolvimento com os Apátridas? Ou com Zemo (Daniel Brühl)? Só assistindo para saber.

O primeiro dos seis episódios estabeleceu bem esse retorno às origens do MCU, trazendo problemas do mundo real para as telas. Misturando bem ação e desenvolvimento dos personagens, podemos esperar uma produção muito promissora e importante para a Fase Quatro. Enquanto alguns diretores acham que “filmes adultos” se resumem a filtros escuros e violência gratuita, Falcão e o Soldado Invernal busca a maturidade retratando situações e dificuldades humanas mantendo um bom humor de quem segue com a mais humana das características: a esperança em meio a um cenário ruim. Que venham os próximos episódios!

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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