sexta-feira , 15 novembro , 2024

Festival do Rio 2013: Minha Doce Pepper Land

MATAR OU MORRER

Exibido em Cannes esse ano, Minha Doce Pepper Land chega ao Festival do Rio 2013. Essa é uma co-produção entre França, Alemanha e Iraque. O verdadeiro chamariz aqui, no entanto, é a presença da jovem atriz iraniana Golshifteh Farahani, de 30 anos. Uma das atrizes mais belas da atualidade, Farahani já filmou em Hollywood, ao lado de Leonardo DiCaprio em Rede de Mentiras (2008), de Ridley Scott. E esteve em cartaz recentemente no Brasil com Simplesmente uma Mulher, do diretor francês Rachid Bouchareb (London River – Destinos Cruzados).

No filme, Farahani interpreta Govend, uma jovem mulher que vai contra as tradições de sua terra, se recusando a casar com o homem que é prometido para ela. Mal vista pela sociedade, ela prefere se dedicar a profissão como professora de uma escola para crianças. Sua família a pressiona para que assuma seu lugar no costume social local. Mas o verdadeiro protagonista da obra é Baran, papel de Korkmaz Arslan, um herói de guerra, que igualmente para fugir dos fortes esforços de sua mãe em lhe arranjar uma companheira, decide aceitar um cargo como xerife local de uma cidadezinha.

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O local fica situado bem na fronteira entre Irã, Turquia e Iraque, e é considerado uma verdadeira cidade sem lei. Lá, quem manda é o tráfico de drogas, medicamentos e bebidas, e a corrupção, tudo comandado pela figura de um poderoso chefão do crime local. O protagonista Baran chega em tais condições para exercer a lei com mão de ferro e coragem absoluta, indo contra tudo e todos. O justo protagonista não se deixa abalar pela precariedade do lugarejo, e a fraqueza da maioria de seus cidadãos. Ele vai aos poucos combatendo, e infligindo.

Ao ser levado para assumir seu cargo, Baran conhece no caminho Govend, que caminhava a pé, sentindo a liberdade que almeja para sua vida. A cavalo, o herói oferece carona para a mocinha, na primeira referência explícita da homenagem de gênero que o cineasta iraquiano Hiner Saleem deseja impor a seu filme. Nessa cena repare numa curiosidade: Ao cavalgarem juntos, a cela mal colocada vai tombando para o lado, e ao saltar do animal, a atriz quase leva junto seu companheiro, que precisa ser empurrado de volta ao cavalo por ela. Um momento errático que foi mantido no filme pelo diretor, por pura descontração e talvez economia.

22

Esse é pura e simplesmente um faroeste moderno, por se passar numa época atual, mas sem grande modernidade. Afinal, aqui o meio de transporte mais utilizado ainda são os cavalos. Essa é a velha fórmula do justo homem da lei, que chega a um local comandado pelo crime e corrupção disposto a mudar tudo, mesmo que precise ir contra todos. Aqui, a fórmula é apenas transportada para o Iraque pós Saddam Hussein, fato que chega a ser mencionado durante a exibição. Os atores estão bem, e o diretor consegue imprimir diversos momentos de descontração e humor, dentro de uma obra densa.

21

O relacionamento entre os personagens de Farahani e Arslan é sincero e desenvolve-se no tempo certo para se tornar crível. Já a trama possui boa intenção, o problema é seu desenvolvimento. A estrutura simplista desse faroeste funcionava bem na época de auge do gênero, os anos 1930 a 1950. Hoje, o público sofisticado espera mais do que apenas um conceito. Precisa existir um desenvolvimento satisfatório de personagens, motivações, e uma história interessante. O maior pecado de Minha Doce Pepper Land é que tudo é simples demais, em especial seu desfecho. A obra não consegue criar verdadeiros conflitos e nenhuma surpresa. Só faltou mesmo a última tomada sendo do casal cavalgando em direção ao pôr do sol.

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No filme, Farahani interpreta Govend, uma jovem mulher que vai contra as tradições de sua terra, se recusando a casar com o homem que é prometido para ela. Mal vista pela sociedade, ela prefere se dedicar a profissão como professora de uma escola para crianças. Sua família a pressiona para que assuma seu lugar no costume social local. Mas o verdadeiro protagonista da obra é Baran, papel de Korkmaz Arslan, um herói de guerra, que igualmente para fugir dos fortes esforços de sua mãe em lhe arranjar uma companheira, decide aceitar um cargo como xerife local de uma cidadezinha.

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O local fica situado bem na fronteira entre Irã, Turquia e Iraque, e é considerado uma verdadeira cidade sem lei. Lá, quem manda é o tráfico de drogas, medicamentos e bebidas, e a corrupção, tudo comandado pela figura de um poderoso chefão do crime local. O protagonista Baran chega em tais condições para exercer a lei com mão de ferro e coragem absoluta, indo contra tudo e todos. O justo protagonista não se deixa abalar pela precariedade do lugarejo, e a fraqueza da maioria de seus cidadãos. Ele vai aos poucos combatendo, e infligindo.

Ao ser levado para assumir seu cargo, Baran conhece no caminho Govend, que caminhava a pé, sentindo a liberdade que almeja para sua vida. A cavalo, o herói oferece carona para a mocinha, na primeira referência explícita da homenagem de gênero que o cineasta iraquiano Hiner Saleem deseja impor a seu filme. Nessa cena repare numa curiosidade: Ao cavalgarem juntos, a cela mal colocada vai tombando para o lado, e ao saltar do animal, a atriz quase leva junto seu companheiro, que precisa ser empurrado de volta ao cavalo por ela. Um momento errático que foi mantido no filme pelo diretor, por pura descontração e talvez economia.

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Esse é pura e simplesmente um faroeste moderno, por se passar numa época atual, mas sem grande modernidade. Afinal, aqui o meio de transporte mais utilizado ainda são os cavalos. Essa é a velha fórmula do justo homem da lei, que chega a um local comandado pelo crime e corrupção disposto a mudar tudo, mesmo que precise ir contra todos. Aqui, a fórmula é apenas transportada para o Iraque pós Saddam Hussein, fato que chega a ser mencionado durante a exibição. Os atores estão bem, e o diretor consegue imprimir diversos momentos de descontração e humor, dentro de uma obra densa.

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O relacionamento entre os personagens de Farahani e Arslan é sincero e desenvolve-se no tempo certo para se tornar crível. Já a trama possui boa intenção, o problema é seu desenvolvimento. A estrutura simplista desse faroeste funcionava bem na época de auge do gênero, os anos 1930 a 1950. Hoje, o público sofisticado espera mais do que apenas um conceito. Precisa existir um desenvolvimento satisfatório de personagens, motivações, e uma história interessante. O maior pecado de Minha Doce Pepper Land é que tudo é simples demais, em especial seu desfecho. A obra não consegue criar verdadeiros conflitos e nenhuma surpresa. Só faltou mesmo a última tomada sendo do casal cavalgando em direção ao pôr do sol.

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