domingo , 22 dezembro , 2024

Festival Varilux | Troca de Rainhas – Um pedaço curioso da história francesa em drama de época

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Não se Aceitam Devoluções

Enquanto cada vez mais o futuro trata de rejuvenescer o cidadão, eximindo-o de suas responsabilidades sociais (reflexo do mundo moderno lotado de distrações), o passado foi feito nesta contramão, exigindo amadurecimento precoce, inclusive de regentes de países inteiros. É curioso pensar atualmente em crianças comandando nações, mas nossa construção histórica é repleta destes casos. Um deles é o abordado em Troca de Rainhas, baseado na obra literária L´Echange de Princesses, de Chantal Thomas. O autor também foi responsável pelo livro ‘Les adieux à la reine’, que deu origem ao filme Adeus, Minha Rainha (2012), parte do acervo Varilux daquele ano.

Aqui, em 1721, um plano é arquitetado para pôr fim ao mal estar entre França e Espanha, cultivado pelos anos de guerra. Felipe de Orléans (Olivier Gourmet), regente da França, concretiza a ideia de, através de dois casamentos arranjados, apaziguar os ânimos e estreitar os laços dos países europeus. Assim, Luís XV (Igor van Dessel), de 11 anos, tem prometida como esposa Anna Maria Victoria (Juliane Lepoureau), a Infanta da Espanha, de 4 anos; e Luísa Isabel (Anamaria Vartolomei), filha do próprio regente, de 12 anos, se tornou noiva do herdeiro do trono da Espanha, Dom Luís (Kacey Mottet Klein).



O intercâmbio histórico, e suas consequências, é desenvolvido de forma relativamente burocrática no filme pelo cineasta Marc Dugain. O ritmo da narrativa pouco vivaz não oferece muito para tirar a estigma de que filmes de época funcionam em uma mesma estrutura, beirando a monotonia. O didatismo da aula de história promete criar interesse somente nos aficionados, deixando o público à deriva, assim como as jovens futuras rainhas.

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Visualmente, no entanto, a produção de Dugain é bem orquestrada, com o diretor criando bons momentos de contrapontos – como no primeiro encontro das noivas prometidas da realeza, no qual cada uma chega com sua própria corte para se reverenciarem. Plano que volta a ser explorado no desfecho do longa, já invertendo seu significado. Estes toques criativos são o trunfo na confecção de Troca de Rainhas.

No elenco, o chamariz é a presença do veterano Lambert Wilson, figura fácil em diversas produções do país, muitas das quais costumam figurar no Festival Varilux. O ator vive Felipe V. O elenco juvenil, em especial as intérpretes das jovens trocadas, exibe bastante carisma. Enquanto a pequena Lepoureau exala graciosidade, sua subtrama não é tão favorecida pelo roteiro, adaptado pelo próprio Dugain. Brilho maior ele consegue extrair da linha narrativa que explora a geniosa Luísa e sua intérprete, Vartolomei. A menina de 19 anos, de beleza irretocável, exibe talento de sobra para se tornar uma estrela. A dinâmica de seu relacionamento com o noivo, designado a contragosto, rende alguns dos melhores momentos do longa, em trechos que se propõem a discutir o lugar irrisório da mulher na sociedade arcaica e como isso ressoa para os padrões atuais.

Troca de Rainhas é uma produção de muito estofo, pompa e significado, revestido em uma roupagem mundana e pouco ousada.

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Aqui, em 1721, um plano é arquitetado para pôr fim ao mal estar entre França e Espanha, cultivado pelos anos de guerra. Felipe de Orléans (Olivier Gourmet), regente da França, concretiza a ideia de, através de dois casamentos arranjados, apaziguar os ânimos e estreitar os laços dos países europeus. Assim, Luís XV (Igor van Dessel), de 11 anos, tem prometida como esposa Anna Maria Victoria (Juliane Lepoureau), a Infanta da Espanha, de 4 anos; e Luísa Isabel (Anamaria Vartolomei), filha do próprio regente, de 12 anos, se tornou noiva do herdeiro do trono da Espanha, Dom Luís (Kacey Mottet Klein).

O intercâmbio histórico, e suas consequências, é desenvolvido de forma relativamente burocrática no filme pelo cineasta Marc Dugain. O ritmo da narrativa pouco vivaz não oferece muito para tirar a estigma de que filmes de época funcionam em uma mesma estrutura, beirando a monotonia. O didatismo da aula de história promete criar interesse somente nos aficionados, deixando o público à deriva, assim como as jovens futuras rainhas.

Visualmente, no entanto, a produção de Dugain é bem orquestrada, com o diretor criando bons momentos de contrapontos – como no primeiro encontro das noivas prometidas da realeza, no qual cada uma chega com sua própria corte para se reverenciarem. Plano que volta a ser explorado no desfecho do longa, já invertendo seu significado. Estes toques criativos são o trunfo na confecção de Troca de Rainhas.

No elenco, o chamariz é a presença do veterano Lambert Wilson, figura fácil em diversas produções do país, muitas das quais costumam figurar no Festival Varilux. O ator vive Felipe V. O elenco juvenil, em especial as intérpretes das jovens trocadas, exibe bastante carisma. Enquanto a pequena Lepoureau exala graciosidade, sua subtrama não é tão favorecida pelo roteiro, adaptado pelo próprio Dugain. Brilho maior ele consegue extrair da linha narrativa que explora a geniosa Luísa e sua intérprete, Vartolomei. A menina de 19 anos, de beleza irretocável, exibe talento de sobra para se tornar uma estrela. A dinâmica de seu relacionamento com o noivo, designado a contragosto, rende alguns dos melhores momentos do longa, em trechos que se propõem a discutir o lugar irrisório da mulher na sociedade arcaica e como isso ressoa para os padrões atuais.

Troca de Rainhas é uma produção de muito estofo, pompa e significado, revestido em uma roupagem mundana e pouco ousada.

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