Nem sempre um filme que faz sucesso nos cinemas necessariamente faz sucesso nas plataformas de streaming – e vice-versa. Entretanto, desde que as plataformas de streaming se tornaram populares no Brasil (muito por conta do confinamento dos últimos anos) os assinantes têm se deparado com mais frequência com longas relativamente antigos figurando entre os mais assistidos do streaming, como é o caso de ‘O Atirador Fantasma’, filme de ação de 2016 e que ultrapassou todas as opções, cravando o primeiríssimo lugar no Top 10 da Netflix desde sua estreia.
Brandon Beckett (Chad Michael Collins) é um atirador de elite da marinha dos Estados Unidos em missão com um grupo que acaba de retornar da Síria e da guerra que se desenrola por lá. De folga na Turquia, Brandon tenta superar o fato de que em sua última missão ele travou na hora H, impossibilitado de atirar no alvo porque uma criança aparecera no lugar no último minuto – e isso fez com que toda a ação desandasse e uma carnificina se instalasse. Então, o grupo liderado por Miller (Billy Zane) recebe um novo trabalho do comandante (Dennis Haysbert): acompanhar um figurão do ramo de petróleo que fará uma importante transação que envolve o gasoduto transgeorgiano, que atravessa a Geórgia. Porém, no meio da ação Beckett percebe que os inimigos possuem informações privilegiadas da localização deles, e ele passa a desconfiar de que em seu grupo há um espião transferindo informações.
Para resumir ‘O Atirador Fantasma’ em uma frase, podemos dizer que este longa de ação nada mais é do que “americanos fazendo americanices”. O filme de Don Michael Paul é um resumão do que o tal orgulho estadunidense imprime na cabeça das pessoas, que passam a se achar os únicos salvadores de qualquer situação. E isso é dito nas palavras dos próprios personagens, que sacaneiam Beckett quando chega num determinado local, chamando-o de branco salvador da pátria. E é isso que importa para o enredo: tornar esse protagonista O salvador, mesmo que para tal a história tenha que buscar justificativas implausíveis para seu argumento.
Assim, o roteiro de Chris Hauty para os personagens criados por Michael Frost Beckner e Crash Leyland vai de um lado para o outro sem fazer nenhum sentido: o argumento começa com ex-combatentes dos conflitos do Oriente Médio, vai para a Turquia, aí de repente o lance tem a ver com a Geórgia-Ucrânia-Rússia – tudo assim, pulando explicações, como se o espectador fosse profundo conhecedor de guerras; o protagonista, que claaaaramente quase cai numa cilada logo no início, resolve não falar isso para ninguém, mesmo quando a pessoa entra para o time; o tal “espião” que Beckett tanto acusa e procura, no final vira outra parada, jogando no lixo toda a jornada do personagem. Mas quem se importa com coerência, né?
O que vale em ‘O Atirador Fantasma’ são as cenas de ação: tiroteios com explosões, mísseis, atiradores de elite bem estilo Counter-Strike, dando a sensação de que estamos fazendo parte da coisa. Para quem curte esse tipo de imersão, é um filme tal-qual, e fica a dica: o longa teve continuação, em 2017, de nome ‘O Atirador: O Extermínio Final’, também disponível na Netflix…