domingo , 22 dezembro , 2024

Franquia Alien | Do Pior ao Melhor

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Na última quinta-feira, dia 11 de maio, estreou nos cinemas de todo o país a nova incursão espacial rumo ao alienígena mais temido do universo. E não, não estamos falando de Calvin, o molusco de Vida (Life), ou de qualquer ser interplanetário do criativo e alegre Guardiões da Galáxia Vol. 2. Sim, estamos falando do tenebroso Xenomorfo, aquela criatura que causa inveja por onde passa, já que é tido como o organismo perfeito (ao menos é o que todo ‘sintético’ afirma). Alien: Covenant, sexto filme da cronologia oficial do monstro acaba de estrear – nós já conferimos o filme e comentamos para você em texto e vídeo. Pensando nisso, o CinePOP resolveu colocar num ranking, do pior ao melhor, os seis filmes (sim, você leu certo, somos rápidos e Covenant já entra na roda), assim como os infames Alien VS. Predador. Sem mais delongas, vamos à lista.

8 | Aliens Vs. Predador 2 (2007)



A ideia deste crossover já havia se mostrado mal sucedida, e esta continuação chegou para colocar o último prego no caixão. Dirigido pelos irmãos Colin e Greg Strause (conhecidos técnicos de efeitos especiais, de filmes como Titanic, Avatar e Os Vingadores), fazendo seu debute em longas, o segundo AVP é um filme feio e sujo. Extremamente escuro, é difícil assistirmos ao que é mostrado na tela e as criaturas famosas são vislumbradas apenas em suas silhuetas.

Além disso, a ideia de trazer o embate para a Terra serve para percebermos que o Xenomorfo não combina com tal ambiente. Antes, só a elite era páreo para os monstros. Agora, seus antagonistas são adolescentes, o que aproxima este que deveria ser um épico a somente mais um slasher, e uma oficial insossa do exército (papel de Reiko Aylesworth, a Michelle Dessler de 24 Horas). A falta de nomes de peso no elenco dá ainda mais a sensação de produção B do cinema. O mote para a venda do filme, tenho certeza, foi o ‘Predalien’, híbrido entre as duas raças. Quando se reclamou da censura baixa no filme anterior, os envolvidos logo deram um jeito de a subirem de novo neste. O problema foi que todo o resto não acompanhou e o que temos são cenas excessivamente violentas e desagradáveis, sem a inteligência que um material tão dúbio precisaria para contrabalancear.

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7 | Alien Vs. Predador (2004)

A ideia aqui para este crossover foi um desejo antigo dos fãs, alimentado por mídias da cultura pop como quadrinhos e vídeo games. Quando o primeiro filme do Predador (1987) foi lançado nos cinemas, duas produções com o xenomorfo já haviam estreado. Justamente por isso, O Predador foi definido por críticos como uma mistura de Alien e Rambo. Quando o segundo filme atingiu os cinemas em 1990, trouxe um suculento easter egg, talvez um dos primeiros do cinema, quando dentro da nave dos caçadores intergalácticos, vislumbrávamos o crânio do alienígena babão e cabeçudo. Estava jogada a isca.

Mais de uma década mais tarde, quando ambas as franquias exibiam grandes sinais de cansaço (após a resposta fria de Alien: A Ressurreição, 1997), finalmente saía do papel AVP. Pelas mãos de Paul W. S. Anderson, o que não inspira qualquer confiança, a trama apresentava a batalha entre as criaturas passada na Terra, no inóspito cenário gelado do Ártico, dentro de uma enorme pirâmide subterrânea. Tá bom, a locação até é legal, assim como as lutas e cenas de ação, envolvendo os “bichinhos fofos”. Mas isso é muito pouco para sustentar um filme, que não agrega mais nada ao roteiro e cujos personagens possuem o carisma de uma porta – mesmo com a presença da talentosa Sanaa Lathan como a protagonista (do que seria seu grande estouro no cinema) e Lance Henriksen reprisando seu clássico papel de Aliens (1986) e Alien³ (1992). Era melhor ter ficado nos quadrinhos e games.

6 | Alien – A Ressurreição (1997)

Após a malfadada incursão de David Fincher na franquia com Alien³ (1992), um novo sopro de vida foi tentado com este quarto episódio. O que resultou na emenda ser pior do que o soneto. Ripley (a protagonista de Sigourney Weaver) já havia morrido e a solução engenhosa foi trazê-la de volta à vida através da clonagem. Esse é apenas um dos elementos em A Ressurreição que aproximam a obra a uma história em quadrinhos. Revisitando o filme, notei tais semelhanças gritantes com os comics e os atuais filmes de super-heróis, aqui suprido pela presença de Joss Whedon (Os Vingadores), um aficionado, no roteiro.

A maioria dos diálogos – ou todos – são expositórios ou oneliners (as famosas frases de efeito), e as cenas de ação geralmente envolvem momentos exagerados e inacreditáveis até mesmo para uma ficção científica com criaturas monstruosas. Tal exagero também corrobora o argumento de que A Ressurreição é uma história em quadrinhos filmada. Justamente por isso, este que vos fala adorou quando assistiu ao filme na adolescência, sendo um ávido consumidor deste produto. Existem elementos de apreço, principalmente o visual sempre exótico e exuberante do cineasta francês Jean-Pierre Jeunet (que depois do fracasso do filme viria a entregar seu longa mais celebrado, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, 2001). O que sentimos com o quarto Alien, é que qualquer humanidade dos filmes anteriores se esvaiu completamente, tornando este apenas um blockbuster. Ele até pode ser considerado divertido, apesar de deixar de lado um dos principais motes originais desta série, as questões existenciais e enigmáticas sobre o universo.

5 | Alien³ (1992)

Essa é outra inserção decepcionante na franquia. Após o sucesso com Aliens – O Resgate (1986), a Fox – estúdio detentor dos direitos – obviamente queria dar continuidade. A pré-produção do terceiro Alien, porém, se mostrou uma das mais difíceis e problemáticas da história do cinema. Constantes divergências ocorreram sobre que rumo a saga estelar deveria seguir, com inúmeras mudanças de roteiristas, argumentos e até mesmo diretores. Em algum momento falou-se sobre monges espaciais vivendo em um planetoide de madeira. Até que finalmente um acordo foi tomado sobre um planetoide, ou prisão espacial, com os monges dando lugar a presidiários religiosos convertidos.

Renny Harlin (Duro de Matar 2) foi um dos muitos cineastas a abandonarem o barco, dando espaço finalmente para David Fincher, um diretor então iniciante, de 30 anos de idade, vindo de um passado de clipes musicais. Fincher, como todos sabem, renega veementemente o filme, e sua experiência na produção foi tão negativa (em parte por interferência do estúdio e de membros da equipe que não o respeitavam por ser um novato inexperiente), que o talentoso diretor pensou em abandonar a carreira – ainda bem que persistiu, para se tornar um dos maiores da atualidade. O grande problema de Alien³ é o tom extremamente soturno e depressivo com os quais a obra é pintada. Imagine o pior lugar do mundo para colocar sua heroína e o piore com a presença de um ‘dragão movido a sangue’. O terceiro Alien é desprovido de qualquer qualidade de entretenimento contida nos filmes anteriores, e elimina um pouco os itens que fazem da série uma ficção científica (aqui quase não existem elementos tecnológicos ou futurísticos, parte da graça da franquia), para se tornar apenas um filme de terror muito sombrio. Se até mesmo James Cameron (diretor do segundo) e David Fincher se mostraram insatisfeitos com o filme, por que deveríamos gostar?

4 | Alien: Covenant (2017)

Calma, calma. É aqui que muitos irão chiar em revolta. O mais novo exemplar da franquia Alien, novamente dirigido por Ridley Scott, desagradou a maioria. E eu me incluo nesta lista, apesar de ter sido muito benevolente em minha crítica sobre ele. Aí você se pergunta, como ele pode ser o número quatro da lista, acima de todos esses outros filmes? Bem, primeiro, tenho certeza que ninguém no mundo jamais defendeu os dois AVP, enquanto o novo Alien possui sim seus defensores, é só olhar sua nota no Rotten Tomatoes. Segundo, por mais que Covenant tenha decepcionado, não esperávamos tanto dele quanto esperávamos de Alien³ e Ressurreição – bem, talvez vocês não conheçam de perto o hype que tiveram esses dois filmes citados em sua época de lançamento, justamente porque conhecíamos apenas bons filmes de Alien.

Covenant é mundano, e assim como Alien³ parece mais um filme de terror sombrio e rotineiro do que algo saído do elaborado universo desconhecido criado pelos filmes originais. Seu propósito parece ter sido ligar as pontas soltas por Prometheus, quase como um pedido de desculpas do próprio Scott. Como resultado, a maioria realmente gostou mais da continuação de Prometheus do que do próprio (excluída a companhia deste que vos fala, neste consenso). No entanto, curiosamente, não notei tamanho ódio pelo filme de 2012, como temos agora da maioria dos especialistas (e entusiastas). Seja como for, Covenant cria personagens rasos, uma trama em partes enfadonha e em partes genérica. Se fosse compará-lo a outro filme da franquia, este definitivamente é o novo Alien³, e não o Oitavo passageiro como pretendia Scott.

3 | Prometheus (2012)

Podem vir! Estou preparado para ser execrado. Prometheus em terceiro lugar? Sim! Confesso, sou um fã enrustido de Prometheus. Gosto dele e assisti ao filme duas vezes no cinema. Não é um filme perfeito nem de longe e as gritantes inconsistências em sua trama não me fugiram nem na primeira investida. Mas qualé, elas existem em todos os outros abaixo de Prometheus na lista também. Muito se fala sobre a cena com o biólogo idiota que tenta fazer carinho na cobra espacial. Mas o que dizer dos exploradores que saem sem roupa de proteção em Covenant, e do infeliz que enfia a cara bem próxima ao pólen maldito.

A direção de arte de Prometheus é fantástica e uma das melhores da série, rivalizando com O Oitavo Passageiro, de onde tirou diretamente suas influências. O elenco é a nata de Hollywood e talvez também o melhor da série, com a maioria dos personagens, defendidos por eles, correspondendo. Michael Fassbender cria um dos personagens mais enigmáticos e interessantes do cinema mainstream atual, reprisado sem o mesmo brilho em Covenant. Enquanto muitos falam da Daniels de Katherine Waterston, e de quanto ela emula a Ripley de Weaver, é na Shaw de Noomi Rapace que as pessoas deveriam prestar atenção. Ela é a digna herdeira de Ripley, sendo tão durona quanto. O que foi aquela cena da auto-cesariana? Fechando o elenco principal, temos Charlize Theron como a fria Vickers. E nada mais precisa ser dito. Prometheus é o filme que mais se aproxima do tom questionador dos originais, digam os haters o que quiserem.

2| Aliens – O Resgate (1986)

Chegamos ao ponto alto da lista, e adentramos o terreno dos únicos dois filmes unânimes da franquia. Aliens, continuação orquestrada por James Cameron é considerada uma das poucas sequências que são superiores ao seu original, possuindo uma legião de fãs que o preferem em relação ao pioneiro de Scott. Eu diria que é tão bom quanto, e de tempos em tempos os dois mudam a ordem de preferência para mim. Seja como for, é inegável que com Aliens, Cameron expande o universo, acrescentando novos elementos, respondendo algumas questões e criando tantas outras.

Os personagens funcionam, são carismáticos e nos importamos com eles, pois possuem aqui espaço para serem desenvolvidos. Na trama, um grupo de fuzileiros navais parte para um planeta colonizado, após descobrirem que o local está infestado de xenomorfos. Como diz o slogam: “agora é guerra”. Armados até os dentes, a luta será equilibrada já que ao invés de apenas um, os militares irão se deparar com centenas de alienígenas ávidos por sangue humano. Este é um filme de guerra espacial, muitos anos antes de Rogue One. Fora isso, Cameron cria a complexidade dos sintéticos ao apresentar o novo androide Bishop (Henriksen), a menininha sobrevivente Newt (Carrie Henn), novos designs de produção, envolvendo naves, transportes e a famosa empilhadeira, além de finalmente nos contar de onde vêm os infames ovos. Talvez você não saiba, mas Aliens foi indicado para sete Oscar, incluindo melhor atriz para Sigourney Weaver, e ganhou os prêmios de efeitos especiais e edição de som.

1 | Alien, O Oitavo Passageiro (1979)

Chegamos ao topo da lista e não podia ser diferente (ou podia?). Alien – O Oitavo Passageiro marcou uma geração e entrou para a história do cinema como um dos filmes mais influentes de todos os tempos. Dentro do gênero da ficção científica, redefiniu o termo “casa mal assombrada no espaço”, criando um filme de monstro caro, artístico e com muita qualidade. Era um filme B levado a sério. Tanto, que até hoje temos derivados de sua narrativa, como o recente Vida. Recheado de suspense e terror, como nenhum outro filme da franquia, ou qualquer outra obra do gênero para falar a verdade, Alien não consegue ser replicado nem pelos próprios envolvidos – e acredite, eles tentam.

Um verdadeiro expoente da ficção científica, vinda da época revolucionária para o gênero e para o cinema, os anos 1970, Alien parece ter vida própria. É uma daquelas produções quintessenciais, na qual cada incursão são descobertas novas possibilidades, ou nova visão do que é apresentado na tela. Não por acaso, é estudado até hoje. Essa era uma época em que o investimento maior era dado ao clima e a construção, do que a efeitos e ação. Era uma época na qual o que era mostrado na tela de fato chocava, porque prestava-se atenção. Menos era mais. Hoje, por comparação, temos Covenant, filme especialmente criado para o público hiperativo e disperso atual. Um blockbuster sem muito pensamento, apenas visual. Para finalizar, sobre a eterna disputa com Aliens, nesta lista optei pelo caminho do grande público, já que a voz do povo é a voz de Deus.

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Na última quinta-feira, dia 11 de maio, estreou nos cinemas de todo o país a nova incursão espacial rumo ao alienígena mais temido do universo. E não, não estamos falando de Calvin, o molusco de Vida (Life), ou de qualquer ser interplanetário do criativo e alegre Guardiões da Galáxia Vol. 2. Sim, estamos falando do tenebroso Xenomorfo, aquela criatura que causa inveja por onde passa, já que é tido como o organismo perfeito (ao menos é o que todo ‘sintético’ afirma). Alien: Covenant, sexto filme da cronologia oficial do monstro acaba de estrear – nós já conferimos o filme e comentamos para você em texto e vídeo. Pensando nisso, o CinePOP resolveu colocar num ranking, do pior ao melhor, os seis filmes (sim, você leu certo, somos rápidos e Covenant já entra na roda), assim como os infames Alien VS. Predador. Sem mais delongas, vamos à lista.

8 | Aliens Vs. Predador 2 (2007)

A ideia deste crossover já havia se mostrado mal sucedida, e esta continuação chegou para colocar o último prego no caixão. Dirigido pelos irmãos Colin e Greg Strause (conhecidos técnicos de efeitos especiais, de filmes como Titanic, Avatar e Os Vingadores), fazendo seu debute em longas, o segundo AVP é um filme feio e sujo. Extremamente escuro, é difícil assistirmos ao que é mostrado na tela e as criaturas famosas são vislumbradas apenas em suas silhuetas.

Além disso, a ideia de trazer o embate para a Terra serve para percebermos que o Xenomorfo não combina com tal ambiente. Antes, só a elite era páreo para os monstros. Agora, seus antagonistas são adolescentes, o que aproxima este que deveria ser um épico a somente mais um slasher, e uma oficial insossa do exército (papel de Reiko Aylesworth, a Michelle Dessler de 24 Horas). A falta de nomes de peso no elenco dá ainda mais a sensação de produção B do cinema. O mote para a venda do filme, tenho certeza, foi o ‘Predalien’, híbrido entre as duas raças. Quando se reclamou da censura baixa no filme anterior, os envolvidos logo deram um jeito de a subirem de novo neste. O problema foi que todo o resto não acompanhou e o que temos são cenas excessivamente violentas e desagradáveis, sem a inteligência que um material tão dúbio precisaria para contrabalancear.

7 | Alien Vs. Predador (2004)

A ideia aqui para este crossover foi um desejo antigo dos fãs, alimentado por mídias da cultura pop como quadrinhos e vídeo games. Quando o primeiro filme do Predador (1987) foi lançado nos cinemas, duas produções com o xenomorfo já haviam estreado. Justamente por isso, O Predador foi definido por críticos como uma mistura de Alien e Rambo. Quando o segundo filme atingiu os cinemas em 1990, trouxe um suculento easter egg, talvez um dos primeiros do cinema, quando dentro da nave dos caçadores intergalácticos, vislumbrávamos o crânio do alienígena babão e cabeçudo. Estava jogada a isca.

Mais de uma década mais tarde, quando ambas as franquias exibiam grandes sinais de cansaço (após a resposta fria de Alien: A Ressurreição, 1997), finalmente saía do papel AVP. Pelas mãos de Paul W. S. Anderson, o que não inspira qualquer confiança, a trama apresentava a batalha entre as criaturas passada na Terra, no inóspito cenário gelado do Ártico, dentro de uma enorme pirâmide subterrânea. Tá bom, a locação até é legal, assim como as lutas e cenas de ação, envolvendo os “bichinhos fofos”. Mas isso é muito pouco para sustentar um filme, que não agrega mais nada ao roteiro e cujos personagens possuem o carisma de uma porta – mesmo com a presença da talentosa Sanaa Lathan como a protagonista (do que seria seu grande estouro no cinema) e Lance Henriksen reprisando seu clássico papel de Aliens (1986) e Alien³ (1992). Era melhor ter ficado nos quadrinhos e games.

6 | Alien – A Ressurreição (1997)

Após a malfadada incursão de David Fincher na franquia com Alien³ (1992), um novo sopro de vida foi tentado com este quarto episódio. O que resultou na emenda ser pior do que o soneto. Ripley (a protagonista de Sigourney Weaver) já havia morrido e a solução engenhosa foi trazê-la de volta à vida através da clonagem. Esse é apenas um dos elementos em A Ressurreição que aproximam a obra a uma história em quadrinhos. Revisitando o filme, notei tais semelhanças gritantes com os comics e os atuais filmes de super-heróis, aqui suprido pela presença de Joss Whedon (Os Vingadores), um aficionado, no roteiro.

A maioria dos diálogos – ou todos – são expositórios ou oneliners (as famosas frases de efeito), e as cenas de ação geralmente envolvem momentos exagerados e inacreditáveis até mesmo para uma ficção científica com criaturas monstruosas. Tal exagero também corrobora o argumento de que A Ressurreição é uma história em quadrinhos filmada. Justamente por isso, este que vos fala adorou quando assistiu ao filme na adolescência, sendo um ávido consumidor deste produto. Existem elementos de apreço, principalmente o visual sempre exótico e exuberante do cineasta francês Jean-Pierre Jeunet (que depois do fracasso do filme viria a entregar seu longa mais celebrado, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, 2001). O que sentimos com o quarto Alien, é que qualquer humanidade dos filmes anteriores se esvaiu completamente, tornando este apenas um blockbuster. Ele até pode ser considerado divertido, apesar de deixar de lado um dos principais motes originais desta série, as questões existenciais e enigmáticas sobre o universo.

5 | Alien³ (1992)

Essa é outra inserção decepcionante na franquia. Após o sucesso com Aliens – O Resgate (1986), a Fox – estúdio detentor dos direitos – obviamente queria dar continuidade. A pré-produção do terceiro Alien, porém, se mostrou uma das mais difíceis e problemáticas da história do cinema. Constantes divergências ocorreram sobre que rumo a saga estelar deveria seguir, com inúmeras mudanças de roteiristas, argumentos e até mesmo diretores. Em algum momento falou-se sobre monges espaciais vivendo em um planetoide de madeira. Até que finalmente um acordo foi tomado sobre um planetoide, ou prisão espacial, com os monges dando lugar a presidiários religiosos convertidos.

Renny Harlin (Duro de Matar 2) foi um dos muitos cineastas a abandonarem o barco, dando espaço finalmente para David Fincher, um diretor então iniciante, de 30 anos de idade, vindo de um passado de clipes musicais. Fincher, como todos sabem, renega veementemente o filme, e sua experiência na produção foi tão negativa (em parte por interferência do estúdio e de membros da equipe que não o respeitavam por ser um novato inexperiente), que o talentoso diretor pensou em abandonar a carreira – ainda bem que persistiu, para se tornar um dos maiores da atualidade. O grande problema de Alien³ é o tom extremamente soturno e depressivo com os quais a obra é pintada. Imagine o pior lugar do mundo para colocar sua heroína e o piore com a presença de um ‘dragão movido a sangue’. O terceiro Alien é desprovido de qualquer qualidade de entretenimento contida nos filmes anteriores, e elimina um pouco os itens que fazem da série uma ficção científica (aqui quase não existem elementos tecnológicos ou futurísticos, parte da graça da franquia), para se tornar apenas um filme de terror muito sombrio. Se até mesmo James Cameron (diretor do segundo) e David Fincher se mostraram insatisfeitos com o filme, por que deveríamos gostar?

4 | Alien: Covenant (2017)

Calma, calma. É aqui que muitos irão chiar em revolta. O mais novo exemplar da franquia Alien, novamente dirigido por Ridley Scott, desagradou a maioria. E eu me incluo nesta lista, apesar de ter sido muito benevolente em minha crítica sobre ele. Aí você se pergunta, como ele pode ser o número quatro da lista, acima de todos esses outros filmes? Bem, primeiro, tenho certeza que ninguém no mundo jamais defendeu os dois AVP, enquanto o novo Alien possui sim seus defensores, é só olhar sua nota no Rotten Tomatoes. Segundo, por mais que Covenant tenha decepcionado, não esperávamos tanto dele quanto esperávamos de Alien³ e Ressurreição – bem, talvez vocês não conheçam de perto o hype que tiveram esses dois filmes citados em sua época de lançamento, justamente porque conhecíamos apenas bons filmes de Alien.

Covenant é mundano, e assim como Alien³ parece mais um filme de terror sombrio e rotineiro do que algo saído do elaborado universo desconhecido criado pelos filmes originais. Seu propósito parece ter sido ligar as pontas soltas por Prometheus, quase como um pedido de desculpas do próprio Scott. Como resultado, a maioria realmente gostou mais da continuação de Prometheus do que do próprio (excluída a companhia deste que vos fala, neste consenso). No entanto, curiosamente, não notei tamanho ódio pelo filme de 2012, como temos agora da maioria dos especialistas (e entusiastas). Seja como for, Covenant cria personagens rasos, uma trama em partes enfadonha e em partes genérica. Se fosse compará-lo a outro filme da franquia, este definitivamente é o novo Alien³, e não o Oitavo passageiro como pretendia Scott.

3 | Prometheus (2012)

Podem vir! Estou preparado para ser execrado. Prometheus em terceiro lugar? Sim! Confesso, sou um fã enrustido de Prometheus. Gosto dele e assisti ao filme duas vezes no cinema. Não é um filme perfeito nem de longe e as gritantes inconsistências em sua trama não me fugiram nem na primeira investida. Mas qualé, elas existem em todos os outros abaixo de Prometheus na lista também. Muito se fala sobre a cena com o biólogo idiota que tenta fazer carinho na cobra espacial. Mas o que dizer dos exploradores que saem sem roupa de proteção em Covenant, e do infeliz que enfia a cara bem próxima ao pólen maldito.

A direção de arte de Prometheus é fantástica e uma das melhores da série, rivalizando com O Oitavo Passageiro, de onde tirou diretamente suas influências. O elenco é a nata de Hollywood e talvez também o melhor da série, com a maioria dos personagens, defendidos por eles, correspondendo. Michael Fassbender cria um dos personagens mais enigmáticos e interessantes do cinema mainstream atual, reprisado sem o mesmo brilho em Covenant. Enquanto muitos falam da Daniels de Katherine Waterston, e de quanto ela emula a Ripley de Weaver, é na Shaw de Noomi Rapace que as pessoas deveriam prestar atenção. Ela é a digna herdeira de Ripley, sendo tão durona quanto. O que foi aquela cena da auto-cesariana? Fechando o elenco principal, temos Charlize Theron como a fria Vickers. E nada mais precisa ser dito. Prometheus é o filme que mais se aproxima do tom questionador dos originais, digam os haters o que quiserem.

2| Aliens – O Resgate (1986)

Chegamos ao ponto alto da lista, e adentramos o terreno dos únicos dois filmes unânimes da franquia. Aliens, continuação orquestrada por James Cameron é considerada uma das poucas sequências que são superiores ao seu original, possuindo uma legião de fãs que o preferem em relação ao pioneiro de Scott. Eu diria que é tão bom quanto, e de tempos em tempos os dois mudam a ordem de preferência para mim. Seja como for, é inegável que com Aliens, Cameron expande o universo, acrescentando novos elementos, respondendo algumas questões e criando tantas outras.

Os personagens funcionam, são carismáticos e nos importamos com eles, pois possuem aqui espaço para serem desenvolvidos. Na trama, um grupo de fuzileiros navais parte para um planeta colonizado, após descobrirem que o local está infestado de xenomorfos. Como diz o slogam: “agora é guerra”. Armados até os dentes, a luta será equilibrada já que ao invés de apenas um, os militares irão se deparar com centenas de alienígenas ávidos por sangue humano. Este é um filme de guerra espacial, muitos anos antes de Rogue One. Fora isso, Cameron cria a complexidade dos sintéticos ao apresentar o novo androide Bishop (Henriksen), a menininha sobrevivente Newt (Carrie Henn), novos designs de produção, envolvendo naves, transportes e a famosa empilhadeira, além de finalmente nos contar de onde vêm os infames ovos. Talvez você não saiba, mas Aliens foi indicado para sete Oscar, incluindo melhor atriz para Sigourney Weaver, e ganhou os prêmios de efeitos especiais e edição de som.

1 | Alien, O Oitavo Passageiro (1979)

Chegamos ao topo da lista e não podia ser diferente (ou podia?). Alien – O Oitavo Passageiro marcou uma geração e entrou para a história do cinema como um dos filmes mais influentes de todos os tempos. Dentro do gênero da ficção científica, redefiniu o termo “casa mal assombrada no espaço”, criando um filme de monstro caro, artístico e com muita qualidade. Era um filme B levado a sério. Tanto, que até hoje temos derivados de sua narrativa, como o recente Vida. Recheado de suspense e terror, como nenhum outro filme da franquia, ou qualquer outra obra do gênero para falar a verdade, Alien não consegue ser replicado nem pelos próprios envolvidos – e acredite, eles tentam.

Um verdadeiro expoente da ficção científica, vinda da época revolucionária para o gênero e para o cinema, os anos 1970, Alien parece ter vida própria. É uma daquelas produções quintessenciais, na qual cada incursão são descobertas novas possibilidades, ou nova visão do que é apresentado na tela. Não por acaso, é estudado até hoje. Essa era uma época em que o investimento maior era dado ao clima e a construção, do que a efeitos e ação. Era uma época na qual o que era mostrado na tela de fato chocava, porque prestava-se atenção. Menos era mais. Hoje, por comparação, temos Covenant, filme especialmente criado para o público hiperativo e disperso atual. Um blockbuster sem muito pensamento, apenas visual. Para finalizar, sobre a eterna disputa com Aliens, nesta lista optei pelo caminho do grande público, já que a voz do povo é a voz de Deus.

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