Não só de dragões vive os derivados da consagrada franquia
O ano de 2022 vai ser muito importante para o serviço HBO Max. É o período em que muitas produções originais serão lançadas com investimento suficiente para rivalizar com as ofertas das concorrentes. Dentre as peças em seu arsenal, o serviço se apoia principalmente em duas propriedades para se destacar no mercado.
Tanto a DC Comics quanto Game of Thrones são marcas consolidadas na cultura pop, com a primeira sendo uma referência na indústria dos quadrinhos e a segunda um dos seriados que mais levou o prêmio Emmy para casa e elevou o investimento referente à séries de TV, no geral, para outro patamar.
Outra similaridade entre ambas as marcas é a inconstância na aceitação do público, com os filmes da editora geralmente sendo recebidos com críticas negativas e o final da série sendo considerado como um dos mais infames da história da televisão dos EUA. É nesse cenário de incertezas que as produções originais a serem lançadas pela HBO Max vem com o objetivo de redimir tais propriedades.
Muito em breve, Game of Thrones receberá seu primeiro spin off: House of Dragon; a adaptação da guerra interna envolvendo a família real Targaryen que iniciou seu processo de queda, bem como levou à extinção dos dragões em Westeros.
Todavia, essa não é a única produção a propor uma extensão do universo criado por George R.R. Martin. Houve quatro projetos anunciados como spin-off, cada um com suas peculiaridades e indefinições. Além do já mencionado, havia a possibilidade de uma série focada na primeira longa noite (milhares de anos antes do seriado original) que até teria Naomi Watts como um dos nomes principais. A ideia acabou sendo cancelada ainda durante a pré-produção.
Depois foi ofertada a chance de uma série animada, para maiores, cuja ambientação seria o período da tomada do reino por Aegon Targaryen e suas irmãs. O terceiro título compartilha a ideia de ser uma prequel, no entanto com um período histórico bem específico.
Não deixe de assistir:
Com o título de 10.000 Ships a produção adaptaria o momento em que Nymeria, rainha dos roinares, guiou seu povo para fora do continente de Essos para fugir da sombra de Valíria (o maior império do mundo graças ao controle sobre os dragões). Inicialmente o roteiro será assinado por Amanda Segel, que participou do sucesso The Good Wife.
Na ocasião os domadores de dragões eram o maior império do ocidente e estavam em processo de constante expansão e conquista; para aqueles que caiam diante de si era aguardado um futuro de escravidão.
Nymeria então guia os referidos dez mil navios com o que restou de seu povo em direção à Westeros. Chegando no território insular, o primeiro contato dos roinares foi com os dorneses (povo que habita o extremo sul árido) e por lá se estabeleceram junto a população local, principalmente após a princesa Nymeria auxiliar na unificação de Dorne.
Na mitologia do universo criado por George R. R. Martin o território de Dorne desempenha uma função quase central, principalmente a partir de certo ponto dos livros. Após o terceiro título, Tormenta das Espadas, em que a guerra dos cinco reis chega ao fim, muito de Westeros está fraturado e a força das casas dominantes, especialmente os Lannister está deteriorada.
Tal cenário acaba fomentando a reabertura de velhas feridas, simbolizadas pela família Martell de Dorne. Vindos do mesmo extremo sul que Nymeria desembarcou, eles começam a maquinar uma vingança contra os mesmos Lannister que foram responsáveis pela morte de sua princesa quando os Targaryen foram destronados; o modo escolhido por eles é abraçando o mesmo jogo de intrigas que seus adversários.
Sob o ponto de vista exclusivo da série, é quase surpreendente que Dorne, por consequente os Martell, são um elemento essencial da trama geral. Isso porque seu aproveitamento na adaptação foi muito subutilizado, ao ponto que naquela versão eles são um pouco mais do que um rascunho do que é trabalhado nos livros.
Sob esse ponto de vista, da mídia original, um spin off focado nos roinares e na formação de Dorne faz jus a um elemento tão rico quanto os Targaryen. Em tese esse é mais um projeto que pretende ilustrar a rica mitologia presente nos livros de As Crônicas de Fogo e Gelo.
Na prática o projeto visivelmente se utilizará de um grande aporte para funcionar, tal como House of Dragon (que, provavelmente, irá girar em torno dos US$ 30 milhões; uma vez que esse seria o orçamento da outra prequel mencionada que fora cancelada) a saga da princesa Nymeria tende a ter uma amplitude gigantesca, mesmo que utilize poucas cenas fora de Westeros.