Em 2020, ainda no início do período de reclusão, a Netflix lançou um filme de ação francês que acabou fazendo muito sucesso entre seus assinantes, sob o título ‘Bala Perdida’. De lá para cá, tivemos que enfrentar mais tempo ainda dentro de nossas casas, e muitas produções tiveram que ser seguradas até que pudessem ser realizadas. Como consequência infeliz, filmes que inesperadamente fizeram sucesso – como o supracitado – tiveram que aguardar um tempo precioso até estrelar sua continuação, e essa espera podia significar um esfriamento do interesse do público. Então, dois anos e uma pandemia depois, ‘Bala Perdida 2’ finalmente chegou à Netflix, e, contrariando as previsões, pulou direto ao Top 10 da plataforma.
Depois de limpar seu nome após a morte de Charras (Ramzy Bedia), o mecânico Lino (Alban Lenoir) tentou seguir adiante com sua vida trabalhando com a tenente Julia (Stéfi Celma), mas há seis meses planta guarda diariamente na janela de Stella (Anne Serra), certo de que eventualmente Marco (Sébastien Lalanne) irá aparecer. Lino quer acertar as contas com o assassino desde o dia em que acordou no hospital e soube que Marco havia escapado das algemas, porém, ao chegar na fronteira com a Espanha descobre que Marco está sendo procurado internacionalmente. Aos poucos, as histórias que lhe foram sendo contadas sobre o paradeiro do assassino começam a ficar cada vez mais tortuosas, e todos ao seu redor passam a agir de maneira suspeita.
Em quase uma hora e quarenta de duração ‘Bala Perdida 2’ em pouco lembra o filme original. Fora o título e o protagonista, que manteve so mesmo ator, a história em si vai para caminhos bem diferentes do longa primevo. Aparentando trazer menos orçamento e, com isso, ter menos carrões modificados desfilando na produção, na prática isso significa que enquanto o primeiro longa chamou a atenção por se assemelhar à franquia ‘Velozes e Furiosos’, a continuação parece ter deixado essa característica de lado, apresentando apenas um único carro modificado, e que nem é tão maneiro assim.
Escrito e dirigido novamente por Guillaume Pierret, o roteiro de ‘Bala Perdida 2’ foca mais numa história que constrói um ambiente de espionagem, traição e teoria da conspiração do que no tiro, porrada e bomba típico dos filmes de ação – e que, aliás, fez bastante parte do longa anterior. Dessa forma, temos um filme focado mais no drama pessoal dos personagens e seus objetivos particulares do que no entretenimento do espectador com cenas mirabolantes – que é o que queremos ver nesse tipo de filme. Mesmo mantendo algumas cenas de perseguição de carro (em via expressa em plano aberto, no interior do país), elas em nada lembram as cenas com dezenas de carros correndo pelas ruas da França que vimos no filme anterior. O mesmo pode-se dizer das cenas de briga e de ação; elas estão lá, mas igualmente são poucas, se comparadas ao anterior.
‘Bala Perdida 2’ definitivamente tira o pé do acelerador e se comporta mais, desapontando os espectadores. Com menos – porém eficientes – cenas de ação, o filme entretém, mesmo tendo perdido seu vigor original. Uma vez que tudo indica uma nova continuação, é torcer para que o novo projeto retome a proposta inicial da franquia francesa.