sexta-feira, março 29, 2024

Gostou de ‘A Menina que Matou os Pais’? Conheça mais 5 Suspenses Nacionais Baseados em CRIMES REAIS

O cinema norte-americano sempre trouxe as figuras mais horripilantes da sua história criminal como personagens âncoras de algumas obras. Seja para representar as marcas deixadas na memória social do seu povo, seja para canalizar as dores dessas tragédias em uma projeto catártico. 

Conhecemos, a título de exemplos, a história de Ted Bundy, vivido por Zac Efron, em Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (2019), assim como Aileen Wuornos, vivida por Charlize Theron, em Monster: Desejo Assassino (2003), além do já clássico Monsieur Verdoux, interpretado por Charlie Chaplin em filme homônimo de 1947. 

Todavia, não são apenas os estadunidenses que fazem filmes baseados nas manchetes de jornais e crimes bárbaros. Se você é curioso para saber sobre as histórias e os detalhes dos processos judiciais dos casos que chocaram o nosso país, prepare-se para a lista a seguir selecionada pelo CinePOP

Com a estreia de A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais, listamos filmes do mesmo estilo. Confira!

Macabro (2020)

Lançado em julho deste ano nos drive-ins brasileiros, o longa de Marcos Prado (Tropa de Elite), apresenta o sargento Teo (Renato Góes) como o encarregado de realizar a prisão dos irmãos Ibraim e Henrique de Oliveira, conhecidos como Irmãos Necrófilos. Os jovens foram responsáveis por oito assassinatos, entre eles de uma criança, e de ter relações sexuais com os cadáveres após os homicídios. 

Recorrente nas páginas do jornal A Voz da Serra, entre 1991 e 1995, os irmãos aterrorizaram a região rural de Janela das Andorinhas, em Nova Friburgo, o que levou a evasão de 70% da população local e a criação de diversos mitos sobre os dois acusados. A maioria das pessoas acreditava que ambos eram possuídos pelo demônio e tinham poderes de atravessar a densa mata da região pulando de copa em copa das árvores. 

O Lobo Atrás da Porta (2014)

Com um talentoso elenco, Fernando Coimbra retomou o já esquecido caso de Neyde Maria Maia Lopes, batizada pelos jornais de 1960 de A Fera da Penha. Na produção, Leandra Leal dá vida à acusada, na pele de Rosa. Ela envolve-se num relacionamento amoroso com Bernardo (Milhem Cortaz), após se conhecerem no trem, na estação Central do Brasil. O romance torna-se trágico a partir da descoberta de Rosa sobre o casamento e a filha de Bernardo. 

Com ciúmes, Rosa aproxima-se da mulher do seu amante (Fabíula Nascimento) e da pequena Clara (Isabelle Ribas), de 4 anos. Ao ganhar a confiança da menina, Rosa a sequestra da escola e a leva para um matadouro. Com repercussão exaustiva na mídia após o corpo da menina ter sido encontrado, no dia 30 de junho de 1960, num Matadouro na Penha, a amante do pai da menina é levada para depor na polícia e depois de 24h confessa o crime. 

A amante matou a menina de 4 anos com um tiro à queima-roupa e depois queimou o cadáver. O fogo assustou os cavalos e os funcionários do local encontraram o corpo carbonizado. Com uma enorme revolta popular, a polícia não conseguiu levar Neyde para a reconstrução do crime por risco de linchamento público. O caso foi encenado no programa Linha Direta Justiça (2003) e também no filme Crime de Amor (1965), com Joana Fomm, além de render diversos livros. 

Não deixe de assistir:

Última Parada 174 (2008)

Se você tem por volta dos seus 30 anos ou mais, com certeza, lembra-se da transmissão ao vivo do sequestro do ônibus 174, no Rio de Janeiro, pelo jovem Sandro Barbosa do Nascimento (Michel Gomes). Na obra de Bruno Barreto, a narrativa acompanha Sandro desde o seu desamparo familiar, o qual o leva às ruas, até o caso da Chacina da Candelária, em 1993. Sobrevivente do atentado, responsável por matar oito garotos em situação de rua, ele passa por inúmeras instituições de auxílio a jovens delinquentes. 

Após um assalto, no dia 12 de junho de 2000, Sandro consegue um revólver 38 e entra no ônibus 174 já alterado pelo uso de entorpecentes. A partir da abordagem de um policial militar, avisado por um dos passageiro do porte de arma do rapaz, Sandro faz de refém 11 pessoas dentro do ônibus. 

O caso repercute imediatamente em todas as casas brasileiras por conta da transmissão televisiva. O terror é estabelecido por horas aos olhos de milhões de brasileiros e acaba com a morte da professora Geisa Firmo Gonçalves, grávida de dois meses, com três tiros nas costas, e do próprio Sandro, asfixiado pelos policiais militares envolvidos na lamentável operação. 

Carandiru (2003)

Baseada no livro Estação Carandiru, do médico Drauzio Varella, o obra de Hector Babenco retrata personagens e cotidianos dentro do presídio Carandiru até o dia 2 de outubro de 1992, quando ocorreu a chacina comandada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo. O evento causou a morte de morte de 111 detentos. A intervenção da Polícia Militar, liderada pelo coronel Ubiratan Guimarães, tinha como justificativa acalmar uma rebelião no local.

Considerada como desastrosa, a justiça julgou o comandante Ubiratan e 23 policiais pelo homicídio de 102 detentos dos 111 mortos naquele dia, o coronel nunca respondeu pelo crime e foi ainda eleito deputado estadual de São Paulo em 2002. Em 2006, Ubiratan foi assassinado com um tiro no abdômen. No muro do seu prédio foi escrita a frase “aqui se faz, aqui se paga”, em referência ao massacre do Carandiru.

Para representar todas as histórias dentro desta tragédia, o elenco contou com Rodrigo Santoro (Lady Di), Lázaro Ramos (Ezequiel), Wagner Moura (Zico), Milhem Cortaz (Peixeira), o rapper Sabotage (Fuinha) e Luiz Carlos Vasconcelos, como Dr. Drauzio Varella. 

O Bandido da Luz Vermelha (1968)

Considerado clássico do cinema nacional, a obra do então jovem de 22 anos Rogério Sganzerla é baseada livremente no verdadeiro criminoso João Acácio Pereira da Costa, apelidado pela imprensa de “bandido da luz vermelha’. A nomenclatura é advinda do recorrente porte de uma peculiar lanterna de bocal vermelho, semelhante ao notório criminoso estadunidense Caryl Chessman, o qual tinha o mesmo apelido. 

Narrado de forma jocosa por radialistas, o filme apresenta a infância de abuso do protagonista vivido por Paulo Villaça e seus maneirismos, além de incluir o detetive Cabeção (Luiz Linhares) e a prostituta Janete Jane (Helena Ignez) em seu percurso. Ele sempre assaltava casas luxuosas, entre 2 e 4 da manhã, cortava a energia da propriedade e usava um lenço para cobrir o rosto, além da simbólica lanterna. 

Constantemente manchete do jornal Notícias Populares, o bandido da luz vermelha infernizou a cidade de São Paulo durante cinco anos. Diferente do destino do filme, no qual comete suicídio, o verdadeiro meliante foi preso em 1967 em Curitiba, sob a identidade falsa de Roberto da Silva. 

João Acácio confessou quatro assassinatos e foi julgado por outras sete tentativas de homicídio e 77 assaltos. Passou 30 anos na cadeia e retornou em liberdade à sua cidade natal em Joinville, onde foi morto a tiro numa briga de bar em 1998. O criminoso tornou-se célebre por vestir-se de maneira extravagante, com perucas e cores fortes, e usar todo o dinheiro dos roubos com prostitutas e boates. 

Bônus:

O Caso dos Irmãos Naves (1967)

Aqui o crime é cometido pela justiça e polícia brasileira, sob o regime autoritário de Getúlio Vargas em 1937. Apesar de esquecido na nossa memória social, o filme de Luís Sérgio Person denuncia a tortura e as barbaridades cometidas pelos militares com os irmãos Joaquim (Raul Cortez) e Sebastião Naves (Juca de Oliveira) para confessar um crime, o qual eles não cometeram. 

Os irmãos eram comerciantes de cereais na cidade de Araquari, no interior de Minas Gerais. Após o sumiço do primo e sócio Benedito com o pagamento de 90 contos de réis, algo em torno de 270 mil reais, eles foram dar queixa na delegacia. O delegado local, no entanto, foi substituído pelo tenente militar Chico Vieira, o qual acusou os irmãos de inventar a história, matar o primo para ficar com a parte dele e ocultar o cadáver. 

Por meses, o tenente e seus soldados submeteram os irmãos a diversas torturas para que confessassem o crime e o esconderijo do dinheiro. Um dos métodos era amarrar os corpos dos irmãos em árvores e untá-los com mel para serem atacados por abelhas e formigas. Outra estratégia do militar foi prender a mãe, as esposas e os filhos de ambos, os quais também foram torturados psicologicamente e sexualmente. 

Após 15 anos, cumprida a pena de oito anos e a morte de Joaquim, Sebastião reencontra Benedito vivo e busca provar sua inocência perante a sociedade, com a ajuda do advogado João Alamy Filho, o qual escreveu o livro homônimo (1960) sobre os acontecimentos dos seus clientes. O caso foi apresentado no programa Linha Direta Justiça (2003) e na série de reportagens Os Olhos Que Condenam no Brasil (2019), da TV Cultura.

Quando foi anunciado o início da produção do filme ‘A Menina que Matou os Pais‘, muitos leitores ficaram indignados que a horrível história de terror real brasileira seria contada nos cinemas.

Em entrevista EXCLUSIVA ao CinePOP, Carla Diaz e Leonardo Bittencourt revelaram que Suzane Von Richthofen não ganhará um centavo pelo filme.

Assista:

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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