De um estúdio de curtas a maior potência no terreno das animações, a Pixar (o famoso estúdio da luminária saltitante) percorreu um longo caminho. Já são vinte anos de parceria com a toda poderosa Disney, na qual a sociedade quase foi desfeita, mas terminou por ser readquirida de vez.
As animações da Pixar não são apenas impecáveis no aspecto técnico, mas igualmente primorosas em suas histórias universais, onde a criatividade (quase) sempre impera. Em homenagem ao novo produto da casa, Divertida Mente, que chega em Home Vídeo nesta semana, aqui vai um guia com todos os filmes que levam o selo Pixar/Disney (sim, a ordem é essa).
1995 – Toy Story
Em meados da década de 1990, o estúdio Pixar mudava para sempre a forma como o cinema veria a animação. Então bidimensional e criada à mão através de desenhos, o estúdio aprimorou a técnica com o uso de computadores, dando uma dimensionalidade a mais na textura, e nos incluindo em aventuras outrora chapadas. É uma pena, no entanto, que a velha animação tradicional tenha sido basicamente extinta. Um estúdio brasileiro na mesma época clamava pelo marco de ter criado a primeira produção animada inteiramente por computação gráfica, com o filme Cassiopéia.
Sinopse: Brinquedos ganham vida na imaginação do diretor John Lasseter, que com o filme captura também a imaginação de todas as crianças da época. Afinal, quem nunca quis que seus brinquedos ganhassem vida. Uma emocionante história de amizade, que mostra um menino deixando de lado seu antigo companheiro, o cowboy Woody, em nome de um novo boneco, o astronauta Buzz.
Com as vozes de: Tom Hanks, Tim Allen, Don Rickles, Jim Varney, R. Lee Ermey e Laurie Metcalf.
Não deixe de assistir:
Direção: John Lasseter.
Avaliação dos Fãs: 8.3
1998 – Vida de Inseto
Passados três anos e a Pixar agora tinha concorrência. O estúdio recém-formado pelos pesos pesados Steven Spielberg, David Geffen (da gravadora Geffen Records) e Jeffrey Katzenberg (ex-presidente da Walt Disney Studios), Dreamworks. Katzenberg chegava com tudo para enfrentar seus ex-empregadores, apostando firme no departamento de animação também. E assim, o ano de 1998 era marcado com duas grandes animações focadas em insetos: Formiguinhaz (da Dreamworks – que contava com vozes de famosos como Woody Allen, Sylvester Stalllone, Sharon Stone e Jennifer Lopez, entre outros) e Vida de Inseto (da Pixar/Disney). Enquanto o filme da Dreamworks usava uma pegada mais existencialista, tendo inclusive Allen reprisando a persona de filmes seus e indagando sobre seu papel no formigueiro; o da Pixar tinha uma abordagem mais infantil e apresentava criaturas mais bonitinhas, e não apenas formigas, mas diversos insetos.
Sinopse: Uma formiga deslocada, viaja para procurar fortes insetos para lhe ajudar na luta contra os gafanhotos que irão destruir sua colônia. Mas termina por conhecer uma trupe de circo.
Com as vozes de: Dave Foley, Kevin Spacey, Julia Louis-Dreyfus, Hayden Panettiere, David Hyde Pierce, Richard Kind, Denis Leary.
Direção: John Lasseter, Andrew Stanton.
Avaliação dos Fãs: 7.2
1999 – Toy Story 2
A Pixar resolve voltar para terreno seguro ao ver que agora tinha forte concorrência, e que seu último produto não foi, por assim dizer, tão unânime. Mais uma vez apresentando os bonecos que todos aprenderam a adorar, assim como introduzindo novos personagens, os criadores aumentam o universo das aventuras dos brinquedos indo além dos limites do quarto do menino Andy.
Sinopse: Um colecionador de brinquedos raros sequestra Woody, e assim Buzz e os outros partem para resgatá-los. Entra para a turma, a boneca vendida como namorada de Woody, a cowgirl Jessie.
Com as vozes de: Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Don Rickles, Kelsey Grammer, Jim Varney, Wayne Knight, Laurie Metcalf, R. Lee Ermey.
Direção: John Lasseter, Ash Brannon e Lee Unkrich.
Avaliação dos Fãs: 7.9
2001 – Monstros S.A.
Até então a Pixar entregava filmes esporadicamente, dando grandes espaços entre uma produção e outra. Monstros S.A. foi apenas seu quarto longa-metragem. E assim como Toy Story, acertou em cheio seu público-alvo, deixando para trás a recepção morna de Vida de Inseto. Mesmo com a grande concorrência de um certo ogro verde da Dreamworks, que chegava no mesmo ano, e satirizava contos de fadas que a Disney havia consolidado no imaginário coletivo.
Sinopse: O mundo dos monstros é alimentado pelos sustos e o medo de crianças. A missão das criaturas é manter os pequenos em estado de terror, mas quando uma delas passa pelo portal de seu mundo até o deles, tudo pode desmoronar.
Com as vozes de: Billy Crystal, John Goodman, Steve Buscemi, James Coburn, Jennifer Tilly, Frank Oz, Bonnie Hunt.
Direção: Pete Docter, Lee Unkrich e David Silverman.
Avaliação dos Fãs: 8.0
2003 – Procurando Nemo
Aqui, pode-se dizer que é onde as aventuras da Pixar começaram a ter um nível maior de sentimentalismo, e grande analogia com situações reais de nossas vidas. Uma verdadeira obra-prima que fala sobre o incondicional amor de um pai buscando seu filho no outro lado do mundo, poderia muito bem ser aplicado num filme adulto, com atores reais de carne e osso. Uma aventura submarina, com um design maravilhoso e gráficos espantosos. Foi aqui que comecei a prestar atenção de verdade nos filmes da Pixar. Essa foi a primeira obra do estúdio que assisti (impressionado) no cinema.
Sinopse: Um precavido peixe palhaço parte numa jornada para recuperar seu filho, capturado e levado para a Austrália. O filme nos apresentou uma das personagens mais carismáticas da Pixar, a peixinha azul amnésica Dory.
Com as vozes de: Albert Brooks, Ellen DeGeneres, Willem Dafoe, Alexander Gould, Allison Janney, Elizabeth Perkins, Stephen Root, Geoffrey Rush.
Direção: Andrew Stanton, Lee Unkrich.
Avaliação dos Fãs: 8.1
2004 – Os Incríveis
Chegava a hora da Pixar homenagear o então crescente cinema de super-heróis da época, apresentando uma família bem diferente. Esse é o mais próximo que uma obra do estúdio chegou de um filme de ação. Os Incríveis funciona tanto como atração mirada aos pequeninos, quanto como um genuíno filme de super-heróis, nos quais os jovens estão viciados. Na época, mais uma polêmica para o estúdio, em torno das acusações de plágio dos heróis da Marvel, O Quarteto Fantástico (que também aborda as aventuras de uma família super poderosa e estava sendo gravado para o lançamento no ano seguinte). Ao ser perguntado sobre o fato, o diretor Brad Bird foi categórico: “Vamos ver quem sairá melhor nas bilheterias”. É o caso do imitador superar o imitado.
Sinopse: Após a atuação de seres superpoderosos ser abolida por lei, uma família de heróis tenta viver normalmente. A chance de voltar à ativa chega com a ameaça de um novo super vilão.
Com as vozes de: Craig T. Nelson, Holly Hunter, Samuel L. Jackson, Jason Lee.
Direção: Brad Bird.
Avaliação dos Fãs: 8.0
2006 – Carros
Aqui, a concorrência já estava mais do que estabelecida. E em meados da década passada, praticamente todos os grandes estúdios, assim como muitos pequenos, pareciam querer uma parcela mirada ao público infantil com animações computadorizadas. Não existia mais surpresa, e a coisa já dominava o mercado. Até a própria Disney resolveu arriscar sem a parceira da Pixar, cuja relação já se encontrava estremecida na época. O Galinho Chiken Little (2005), segunda animação por computador da Disney sem a Pixar (depois de Dinossauro, 2000) naufragou, e talvez o reflexo tenha sido Carros, considerado o produto mais fraco da empresa.
Sinopse: Um carro de corrida maioral, chamado Lightning McQueen, vai para numa pequena cidade, onde aprende o significado de família e amizade.
Com as vozes de: Owen Wilson, Paul Newman, Bonnie Hunt, Larry the Cable Guy, Cheech Marin, Tony Shalhoub, Michael Keaton.
Direção: John Lasseter e Joe Ranft.
Avaliação dos Fãs: 7.3
2007 – Ratatouille
Para uma coisa a animação Carros foi boa, serviu como divisor de águas para a Pixar, no sentido de que foi a partir dele que a empresa marcou ponto todo ano lançando uma produção. Outro favorito pessoal, a aventura do ratinho chef Remy é uma obra sofisticada que apela tanto ao público infantil, quanto aos adultos que sonham com os cafés e restaurantes parisienses.
Sinopse: um rato com grandes sonhos de se tornar chef, se une a um desengonçado aprendiz humano, e formam o cozinheiro perfeito.
Com as vozes de: Patton Oswalt, Ian Holm, Peter O´Toole, Brian Dennehy, Will Arnett, Janeane Garofalo.
Direção: Brad Bird e Jan Pinkava.
Avaliação dos Fãs: 8.0
2008 – Wall-E
Aqui, a Pixar deu seu passo mais ambicioso. Embora esta produção não tenha se tornado um enorme sucesso financeiro, como algumas anteriores, este talvez seja o filme mais adulto e inteligente da história do estúdio. Uma aventura justamente mirada mais aos adultos do que para crianças, que faz referência ao cinema mudo e aos musicais, dono de um visual assombroso, e uma forte mensagem social e ecológica. Poucos foram os especialistas que não apontaram o robozinho Wall-E em suas listas dos melhores de 2008.
Sinopse: Num futuro distante, um pequeno robô que coleta lixo, inadvertidamente embarca numa jornada espacial que irá definitivamente decidir o destino da humanidade.
Com as vozes de: Jeff Garlin, Fred Willard, Sigourney Weaver, Kathy Najimy.
Direção: Andrew Stanton.
Avaliação dos Fãs: 8.5
2009 – Up, Altas Aventuras
Um dos motivos da Academia de Artes Cinematográficas ter aumentado a vaga dos candidatos a melhor filme do ano no Oscar foi Wall-E não ter sido escolhido entre os cinco concorrentes. O filme do robozinho figurou em quase todas as listas dos melhores de 2008. Up, ao contrário, se deu bem, e estava lá quando as vagas foram modificadas para dez filmes.
Sinopse: Ao amarrar milhares de balões de ar em sua casa, Carl, um senhor de 78 anos, sai para cumprir seu sonho de uma vida inteira: conhecer a natureza selvagem da América do Sul. Russell, um explorador da natureza, 70 anos mais novo, inadvertidamente segue junto na aventura.
Com as vozes de: Edward Asner, Christopher Plummer, Jordan Nagai, Delroy Lindo.
Direção: Pete Docter, Bob Peterson.
Avaliação dos Fãs: 8.3
2010 – Toy Story 3
Mais uma produção da Pixar emplaca entre os candidatos a melhor filme do ano no Oscar, e não apenas na categoria de melhor animação. Essa é a mais longínqua saga da Pixar (que tem apostado muito em continuações recentemente – seria falta de ideias novas?), e igualmente sua cara e representante. Algo como o Mickey é para a Disney e o Homem-Aranha para a Marvel. Esse é um dos mais emocionantes filmes do estúdio, é impossível não engolir seco na despedida de amigos de quase duas décadas.
Sinopse: Os brinquedos são entregues por engano para uma creche, ao invés de colocados no sótão, antes de Andy sair para a faculdade. Lá, conhecem novos brinquedos, e um certo urso rosa, que se transforma automaticamente num dos melhores personagens de toda a série.
Com as vozes de: Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Ned Beatty, Don Rickles, Michael Keaton,.
Direção: Lee Unkrich.
Avaliação dos Fãs: 8.5
2011 – Carros 2
Como se fizesse pirraça, a Pixar empurra goela abaixo do público a continuação de um de seus filmes menos adorados. Uma coisa é gerar continuações para filmes unânimes como Toy Story ou Procurando Nemo (que vem sendo pedida há anos e só atendido agora). Outra é querer lucrar em cima de um produto que não exibe criatividade, sendo apenas uma grande e desavergonhada desculpa para vender mais brinquedos e produtos licenciados. A franquia Carros soa mais como uma grande campanha de marketing, do que como filmes em si.
Sinopse: Lightning McQueen e Mate viajam para outro continente a fim de participar de uma grande corrida. Chegando lá, acabam se envolvendo numa trama de espionagem, numa espécie de 007 dos Carros animados.
Com as vozes de: Owen Wilson, Larry the Cable Guy, Michael Caine, Emily Mortimer, Eddie Izzard, John Turturro, Franco Nero.
Direção: John Lasseter, Brad Lewis.
Avaliação dos Fãs: 6.3
2012 – Valente
Valente é importante por algumas razões. Primeiro, por marcar a primeira protagonista feminina de um filme da Pixar, uma princesa diferente de todas as outras da Disney. Segundo, por ser a aventura mais realística, em certo sentido, do estúdio. A obra poderia ter sido grande se justamente apostasse apenas no seu lado de aventura épica medieval. O design de personagens e paisagens é impressionante e mereciam o Oscar. No entanto, se fossem totalmente ao fundo de uma aventura medieval, iriam automaticamente excluir seu público-alvo, os pequeninos. Ou será que iriam mesmo? Uma subtrama de fantasia, envolvendo bruxas e ursos, precisou ser adicionada. O problema? Lembra muito um dos últimos filmes tradicionais da Disney, Irmão Urso (2003).
Sinopse: Determinada a trilhar seu próprio caminho, a Princesa Merida desafia um costume e traz o caos ao Reino. Presenteada com um desejo, Merida precisa confiar em sua bravura e talento com o arco para desfazer uma maldição bestial.
Com as vozes de: Kelly Macdonald, Billy Connolly, Emma Thompson, Julie Walters, Robbie Coltrane, Craig Ferguson.
Direção: Mark Andrews, Brenda Chapman, Steve Purcell.
Avaliação dos Fãs: 7.2
2013 – Universidade Monstros
Aqui, a Pixar resolveu apostar mais uma vez no seguro. Seus dois últimos filmes não foram, por assim dizer, sucessos unânimes. Carros 2 é o filme mais mal avaliado do estúdio, e Valente também não emplacou como deveria (embora mereça mais). Assim, o estúdio resolveu trazer de volta personagens que o público se identificou e não via há muitos anos, na sua primeira pré-sequência (prequel – continuação passada antes do filme original) da casa. No entanto, Universidade Monstros não obteve um resultado tão bom com os críticos, que reclamaram da sua falta de originalidade.
Sinopse: Mike e Sully retornam aos tempos de universidade, antes de se tornarem funcionários da fábrica de monstros, ainda na fase jovem. O filme se desenrola como uma destas comédias adolescentes, as quais estamos muito acostumados a assistir. Tanto que Universidade Monstros foi muito comparado a uma versão animada de A Vingança dos Nerds (1984).
Com as Vozes de: Billy Crystal, John Goodman, Steve Buscemi, Helen Mirren, Sean Hayes, Charlie Day, Alfred Molina, Aubrey Plaza.
Direção: Dan Scanlon.
Avaliação dos Fãs: 7.4
2015 – Divertida Mente
A quase separação da Disney poderia ter feito da Pixar parte de estúdios como a Sony ou a Warner, já imaginou? Apesar de terem se acertado para longo prazo, a Disney começou a investir pesado em seu braço de animação, longe da Pixar. Acertos como Detona Ralph (2012), Operação Big Hero (2014) e principalmente o fenômeno assombroso Frozen: Uma Aventura Congelante (2013) mostraram que a Disney pode caminhar sozinha no gênero. A Pixar precisava elevar o seu jogo, caso não quisesse ficar em desvantagem em relação à parceira. Desejo conquistado. Divertida Mente é o sucesso deste ano, enaltecido por diversos especialistas como o melhor filme de 2015 e garantido de figurar na próxima edição do Oscar. Deem logo a sua estatueta.
Sinopse: Emoções e sentimentos são os protagonistas aqui. Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho convivem dentro da mente da menina Riley, comandando suas ações.
Direção: Pete Docter, Ronaldo Del Carmen.
Avaliação dos Fãs: 8.7