Um dos mais prestigiados realizadores da atualidade, Guillermo del Toro é sinônimo de representatividade cultural e uma mudança bem-vinda nos paradigmas da indústria de Hollywood. Isso porque o diretor é um profissional mexicano que escalou até o mais alto patamar de um mercado extremamente competitivo e elitista como o dos EUA. Guillermo del Toro chegou e demonstrou que sonhos são possíveis de serem realizados. Além de vira e mexe estar à frente de alguns blockbusters muito badalados e sucessos de crítica, del Toro caiu inclusive nas graças da Academia, tendo vencido dois prêmios Oscar.
Seu mais recente trabalho é a animação Pinóquio, em parceria com a Netflix, que estreou recentemente na plataforma. Como de praxe, o filme produzido com a técnica do stop-motion vem arrancando elogios a torto e a direito de todos que possuem olhos. O filme é o mais novo sucesso da plataforma e muito provavelmente deve adentrar a temporada de premiações com algumas indicações – incluindo a mais visada: O Oscar, onde deve levar ao menos a nomeação na categoria de melhor animação do ano.
Pensando nisso, como forma de homenagear esse talentosíssimo diretor e também o seu mais recente trabalho no comando de uma obra em Pinóquio, resolvemos ranquear todos os filmes que Guillermo del Toro colocou sua assinatura na cadeira de direção. São doze filmes no total que del Toro dirigiu e aqui iremos colocar todos em ordem – como sempre do pior ao melhor. É preciso levar em conta também, como de costume, que essa não é uma lista pessoal, ou sequer da redação do CinePOP. Aqui, construímos essas matérias através de uma análise das avaliações dos críticos e do grande público, tirando uma média para definir as posições. Acreditamos que o método é o mais consensual e democrático possível. Portanto, se não estiver de acordo, saiba que a ordem foi feita por um número imenso de pessoas e que talvez seu gosto é que esteja desalinhado com o da maioria. Confira abaixo.
12 | Mutação (1997)
Começamos a lista com o filme mais obscuro da carreira de Guillermo del Toro e por consequência o menos apreciado – apesar de ter ressurgido como item cult subestimado 25 anos depois de lançamento. A verdade é que del Toro teve tanto problema no set durante a produção, em especial no relacionamento com os protagonistas Mira Sorvino e Jeremy Northam, que pensou em abandonar Hollywood de vez, só retornando para um filme americano cinco anos depois. Mutação, que fala sobre cientistas procurando a cura de uma doença e desenvolvendo super baratas modificadas geneticamente, que se voltam contra eles, possui nota 6 do grande público e aprovação de 64% dos críticos.
11 | Blade II (2002)
Depois que se afastou de Hollywood com os problemas nos bastidores de Mutação, foi para a continuação de Blade – O Caçador de Vampiros (1998) que Guillermo del Toro disse sim e resolveu tentar mais uma vez emplacar em Hollywood. E dessa vez daria certo. A sequência, novamente protagonizada por Wesley Snipes, é considerada por todos (especialmente os fãs) como superior ao original. Blade II tem nota 6.7 do grande público, e aprovação de 57% da imprensa especializada (nota muito baixa em minha opinião).
10 | A Colina Escarlate (2015)
Quando tirou do papel essa produção, Guillermo del Toro já era um cineasta badalado e com a indicação ao Oscar de melhor roteiro original em 2007 – ao contrário dos itens acima em que o mexicano tentava fazer seu nome na cena de Hollywood. Assim, podemos considerar A Colina Escarlate seu esforço, digamos, menos apreciado pelos fãs e críticos depois da fama absoluta. Ainda assim, vale a pena mesmo que só pela atmosfera, a produção de arte e o elenco, encabeçado por Jessica Chastain, Tom Hiddleston e Mia Wasikowska. O filme tem nota 6.5 do público e aprovação de 73% da crítica.
09 | Círculo de Fogo (2013)
Alegria dos nerds de plantão – que cresceram com programas japoneses de super equipes, monstros e robôs gigantes (vide Changeman, Jaspion e Power Rangers nos anos 90), Círculo de Fogo mostrou que Guillermo del Toro também é um aficionado por este tipo de aventura de ficção científica, criando uma superprodução nestes moldes japoneses, que se tornou reverenciada por todos os fãs do gênero. O grande público deu nota 6.9 ao filme, enquanto os críticos deram 72% de aprovação.
08 | Hellboy (2004)
Em oitava posição temos um caso curioso. Após o sucesso de Blade II, del Toro resolveu seguir no terreno das adaptações de quadrinhos obscuros. Blade, embora seja da Marvel, não é nem de longe parte do time A do acervo da casa. E Hellboy é, ou era, ainda mais desconhecido, já que se trata de um personagem da editora Dark Horse. O cineasta adora o herói demoníaco (que tem tudo a ver com o estilo do diretor) e pensava em sua própria franquia – mas o primeiro filme rendeu bem abaixo do que a Columbia (Sony) esperava, assim o estúdio desistiu da sequência. Hoje, no entanto, o primeiro Hellboy ressurgiu como cult. Os fãs conferiram nota 6.8 ao filme, enquanto a imprensa especializada tem um número mais significativo, com 81% de aprovação.
07 | O Beco do Pesadelo (2021)
Um dos trabalhos mais recentes do diretor, aqui temos o que é talvez o filme mais sóbrio da carreira de Guillermo del Toro. O longa pode ser considerado a obra mais séria e madura do cineasta, isso porque não conta com nenhum elemento sobrenatural ou de fantasia – comum a todas as outras narrativas do diretor. Aqui o mostro é bem real e se chama homem. Bradley Cooper vive um golpista sagaz, mas ganancioso, que sobe e depois cai em desgraça, atropelado por sua própria ambição. O Beco do Pesadelo é a nova versão de um livro clássico, que já tinha virado filme na década de 1940; e rendeu para del Toro a indicação como produtor do melhor filme do ano. O longa tem nota 7 dos fãs e 81% de aprovação dos críticos.
06 | Hellboy II – O Exército Dourado (2008)
Como dito, Guillermo del Toro é fã do personagem saído do inferno que luta contra as forças do mal, e tinha grandes planos para esta franquia na Sony. No entanto, o filme não atingiu o esperado em 2004, e o estúdio puxou o plugue, naufragando os sonhos do cineasta mexicano. Foram necessários quatros anos para que del Toro conseguisse levar sua proposta para a Universal Pictures e por lá fizesse sua tão sonhada continuação. Mas assim como o original, Hellboy II não rendeu o esperado para o novo estúdio e um terceiro filme do diretor jamais aconteceria. Assim como o original, a continuação ressurgiu como cult e possui nota 7 do grande público e 86% de aprovação da crítica.
05 | Cronos (1993)
Se hoje Guillermo del Toro é um dos grandes diretores da sétima arte, de renome mundial, os fãs precisam agradecer a uma pequena produção saída do México e intitulada Cronos. Esse foi o primeiro longa-metragem da carreira do cineasta, realizado ainda em sua Terra natal. E del Toro começaria de uma forma na qual seguiria por toda a sua carreira, ou seja, dentro do gênero do terror e fantasia. Aqui, ele apostava num filme de vampiros diferente, onde um objeto (com a aparência de um grande “carrapato” de ouro) é o responsável pela maldição e a trilha de sangue. Os fãs conferiram nota 6.7 ao primeiro trabalho do cineasta, e os críticos são bem mais generosos com o longa, com uma aprovação de 89%.
04 | A Forma da Água (2017)
Se você perguntar, muitos cinéfilos dirão que A Forma da Água é o melhor filme da carreira de Guillermo del Toro. Mas não é para a maioria do público ou dos críticos. Isso porque no consenso geral entre as partes, ainda existem três produções mais queridas do diretor – que você conhecerá em breve, abaixo. No que diz respeito ao filme A Forma da Água, o que podemos dizer com certeza é ser o longa mais prestigiado do diretor – ao menos foi o primeiro em sua carreira indicado ao Oscar (num total de dois) e o único a vencer o prêmio máximo; além da indicação de roteiro original e o prêmio de direção para del Toro. A trama é uma homenagem ao clássico de horror O Monstro da Lagoa Negra (1954), aos musicais, clássicos do cinema e a era muda da sétima arte. O grande público o tem com nota 7.3 e os críticos com 92% de aprovação.
03 | A Espinha do Diabo (2001)
Lembra da desilusão de Guillermo del Toro com Hollywood após o problemático Mutação? Pois bem, o diretor voltaria para o México, onde realizou seu primeiro longa (Cronos) e entregaria uma nova obra-prima. Ele deve ter pensado: “ao menos no meu país consigo fazer os filmes que quero”. Na trama, o diretor usa elementos que se tornariam marcas registradas, como a mistura da fantasia – de um orfanato sinistro e assombrado pelo espírito de um menino; com o terror muito real – o fantasma da Guerra Civil Espanhola, que causou muita tragédia e mortes. O filme é um favorito dos fãs e do público com nota 7.4, e igualmente da imprensa especializada, com 93% de aprovação.
02 | Pinóquio (2022)
Mal foi lançado e a versão de Guillermo del Toro e da Netflix para o conto infantil clássico italiano de Carlo Collodi, imortalizado pela animação da Disney (igualmente clássica dos anos 1940), já se tornou o segundo preferido na filmografia do diretor. A proposta do cineasta, por outro lado, visa se distanciar ao máximo da colorida e graciosa história muito conhecida, e é descrito como uma versão mais sombria do conto. Aqui temos elementos reais interferindo na fantasia, como citado, como o fato de Geppetto ter perdido seu filho durante a Primeira Guerra Mundial. Com a recente indicação ao Globo de Ouro na categoria de melhor animação do ano, é quase certo do filme de del Toro descolar uma nomeação na mesma categoria do Oscar. A animação marca atualmente nota 7.9 do grande público e 97% de aprovação da crítica – sendo o segundo filme favorito da carreira de Guillermo del Toro.
01 | O Labirinto do Fauno (2006)
Em primeiríssimo lugar dentre os melhores filmes dirigidos por Guillermo del Toro está essa fábula repleta de elementos fantásticos, mas também assustadoramente realista sobre os terrores da Guerra. A história mostra uma pequena menina indo parar na casa de um sádico e cruel oficial do exército espanhol, quando sua mãe se casa com o sujeito. Guillermo del Toro tem fortes laços com a cultura espanhola e aqui resolve fazer um retrato da época sombria que foi a era do movimento fascista no país conhecido como Falange Espanhola. Nesse cenário de guerra e caos, a pequena Ofelia encontra um mundo sobrenatural de fantasia, com criaturas mitológicas que a fascinam e a colocam em perigo, mas o mundo real também guarda seus perigos talvez ainda mais terríveis. Foi aqui que Guillermo del Toro chamava verdadeiramente atenção como um diretor de grande abrangência. O filme foi indicado para 6 Oscar (roteiro, produção estrangeira e trilha sonora) e venceu os de fotografia, direção de arte e maquiagem. O longa marca nota 8.2 com o público e 95% de aprovação da crítica.