A versão moderna do maior herói da mitologia grega
No início do ano, tivemos o lançamento de Hércules, de Renny Harlin (Duro de Matar 2), e ficamos boquiabertos com a péssima qualidade técnica e artística apresentada no longa. Não é exagero dizer que nada ali pode ser salvo, é o típico caso que incomoda e faz com que espectadores abandonem a sessão antes do término.
Com a notícia da chegada de um novo título do semideus, dessa vez com maior orçamento, sendo ainda estrelado por Dwayne “The Rock” Johnson e dirigido pelo regular Brett Ratner (A Hora do Rush), provavelmente, alguns entusiastas acalentaram a ideia que este poderia ser exatamente o oposto do anterior. Sim, podemos dizer que é absolutamente superior, mas está longe de ser uma obra à altura do cânone do personagem.
E logo chama atenção por ser baseado na HQ Hercules: The Thracian Wars, de Steve Moore, um conto que deixa de lado a mitologia e aborda, de forma mais autêntica, como está a vida do herói após a passagem de seus fabulosos 12 trabalhos – um ponto que se mostra bem interessante, pois carrega um sujeito abalado por perder a família. Além de trazer um grupo de mercenários que acompanham a lenda, desde o início de sua história, e são responsáveis por terem ajudado nos feitos. Algo que imediatamente nos faz lembrar a equipe que vemos em Thor, até por uma presença feminina e durona em meio a tantos marmanjos.
Tendo em mãos um roteiro óbvio e esquemático, assinado pela dupla Ryan Condal e Evan Spiliotopoulos, Ratner conduz bem a fita e cria uma narrativa de bom ritmo, sendo eficiente nesse aspecto, já que pouco sentimos a duração. As inúmeras cenas de batalhas também são bem realizadas, ainda que não impressionem e estejam num lugar comum, vemos algumas tomadas inspiradas, apoiadas com um toque de humor, que deveras empolgam e funcionam. Os efeitos não são primorosos, mas o 3D, dito conciso, ajuda a conferir certa profundidade.
O problema está em outros momentos: tentando às vezes soar sério, a sensação é quase de vergonha alheia pela abordagem piegas e mal construída. A maioria dos personagens também são pessimamente desenvolvidos, fazendo com que pouco nos importemos por suas vidas. Dwayne Johnson, como é de costume, constrói um personagem alegre e canastrão, e quando é exigido em cenas mais dramáticas, apesar de se esforçar, não convence. Os demais atores não tem grande destaque por aqui. Talvez o vilão caricatural, Lord Cotys, vivido por John Hurt, apareça um pouco mais. Ou até Rufus Sewell, com seu Autolycus, seja mais crível.
Mesmo não sendo um bom filme, Hércules, pelo menos, mostra-se correto e parece cumprir bem o seu papel: ser um blockbuster assumido, de história simples, mas recheado de muita ação e aventura. Contando também com a estrela do momento, The Rock, que traz peso a produção e vai levar muita gente aos cinemas. Enfim, está longe de ser o épico que se espera do personagem, mas também não se compara a bombas como, por exemplo, Fúria de Titãs, Imortais e 300 – A Ascensão do Império. Sim, vale conferir os créditos finais, pois, com belos gráficos, mostram a equipe auxiliando o filho de Zeus, em várias batalhas.