É dito que o cinema só possui verdadeiramente dois gêneros: o drama e a comédia. Todo o resto são variações destes dois gêneros principais. O fato não deixa de ser verdade, afinal se um filme possui um teor mais sério e sóbrio, ele é automaticamente categorizado como drama. Mas ao longa da história da sétima arte fomos recebendo variações destas duas categorias, abrindo o leque para diversos outros estilos de cinema, como a ação, o suspense e o terror.
É claro que certos tipos de filme são de mais fácil acesso para o público de forma geral, ao contrário de alguns que são especificamente mirados a certos nichos. Nessa segunda categoria se encaixa a ficção científica, que geralmente retrata histórias do futuro, imaginando como será a humanidade daqui a alguns anos, décadas ou séculos. Ao longo da história muitos filmes conseguiram prever e antecipar a ciência, lidando com temas como a clonagem, a robótica, a internet e até mesmo a inteligência artificial. Ou seja, a tecnologia de forma geral.
Em 2024, algumas das ficções científicas mais adoradas dos últimos anos completam uma década de seu lançamento. E são justamente elas que iremos abordar nessa nova matéria. Você já assistiu ou conhece todas? Confira abaixo.
Interestelar
Não apenas a ficção científica mais popular, como também o filme mais adorado de 10 anos atrás no cinema. O motivo para isso é que temos na direção o que é o diretor mais cultuado em Hollywood na atualidade: Christopher Nolan – um cineasta verdadeiramente idolatrado por seus fãs, que transformam tudo o que toca em ouro. Há 10 anos ele se unia a três atores que estavam na crista da onda: Matthew McConaughey, Anne Hathaway e Jessica Chastain para uma história bonita sobre fé e altruísmo. Para salvar o futuro da Terra, devastada por questões ecológicas, um grupo de astronautas parte em missão e termina perdido no espaço, em um buraco negro.
No Limite do Amanhã
Curiosamente, quando estreou nos cinemas há 10 anos, essa ficção científica de ação estrelada por Tom Cruise e Emily Blunt não foi um sucesso arrebatador. Pelo contrário. No entanto, conformo foi se tornando conhecida por mais e mais pessoas, o filme começou a desenvolver um status de cult, até se tornar extremamente querido pelo grande público. Casos assim acontecem cada vez com mais frequência, pois os streamings possuem grande força atualmente. Ou seja, muitas produções podem ganhar uma segunda chance. Foi o que fez esse longa despertar cada vez mais falatório sobre uma eventual sequência. Na trama, a humanidade está em guerra com uma raça alienígena, e está perdendo. A única salvação é o militar medroso vivido por Cruise, que está preso em um looping temporal, buscando uma forma de derrotar os invasores.
Ex-Machina: Instinto Artificial
Por falar em produções cult, ‘Ex-Machina’ sequer foi lançado nos cinemas brasileiros. Esse é um filme pequeno, independente, ainda mais se comparado aos itens anteriores, duas das maiores superproduções de 10 anos atrás. ‘Ex-Machina’ é muito mais sobre ideias, mas mesmo com o orçamento limitado, venceu o Oscar de efeitos especiais em cima de obras de grandes estúdios. Na trama, Oscar Isaac interpreta um gênio da robótica, que chama um colega (Domhnall Gleeson) para avaliar sua mais nova criação: uma mulher artificial gerada através de inteligência artificial (papel de Alicia Vikander). Esse é o conto de ‘Frankenstein’ em versão moderna.
Lucy
Por falar em mulheres protagonizando ficções científicas de sucesso, na época de seu lançamento ninguém parava de falar sobre ‘Lucy’, então o novo sucesso das carreiras do cineasta Luc Besson e da musa Scarlett Johansson. Curiosamente, a atriz havia feito a voz no romântico ‘Ela’, que também aborda muito das questões tecnológicas. Em ‘Lucy’ a atriz cedia também o seu corpo, que acaba se tornando vítima de uma nova droga revolucionária. Ao ter uma overdose de uma nova droga específica, a protagonista não morre, mas sim consegue ativar toda a capacidade de seu cérebro. Aos poucos ela começa a transcender inclusive ao fato de ser uma humana.
Maze Runner: Correr ou Morrer
Há 10 anos no cinema tivemos uma verdadeira enxurrada de adaptações de livros juvenis de ficção científica. Um dos mais interessantes foi ‘Maze Runner’, que é quase um ‘Lost’ moderno. Um grupo de jovens acorda em um local remoto sem saber como foram parar ali. Eles logo se organizam e formam uma espécie de comunidade. Tudo o que eles sabem é que precisa sair dali. Porém o local é cercado por grandes muralhas, e a única forma de tentar escapar é encarando um labirinto mortal. O sucesso do longa gerou uma trilogia, assim como nos livros.
Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1
Nenhuma outra franquia de ficção científica juvenil foi tão bem-sucedida na década passada quanto ‘Jogos Vorazes’. Com toques do japonês ‘Batalha Real’, a trama apresentou um futuro distópico onde como forma de entretenimento às massas e a fim de levar benefícios para sua comunidade, crianças representavam seus distritos e batalhavam até a morte – em uma previsão macabra para onde a sociedade irá caminhar. Com o passar dos filmes, a trama fica ainda mais políticas, com rebeldes em uma luta para derrubar o regime totalitário – e ganhávamos adições do tamanho de Philip Seymour Hoffman e Julianne Moore no elenco. Há 10 anos estreava o terceiro.
Divergente
E se ‘Jogos Vorazes’ transformou a protagonista Jennifer Lawrence em uma estrela de renome internacional, ‘Divergente’ fez o mesmo para Shailene Woodley em menor escala. É claro que os grandes estúdios de Hollywood adoram seguir tendências – afinal se algo deu certo para uma franquia por que não dará para outra? Todos querem uma fatia do lucro. O primeiro a lançar moda foi ‘Harry Potter’, que transformou sete livros em oito filmes, dividindo o último em dois. Dobro do lucro, certo? E quem não quer. Seguindo o exemplo, ‘Crepúsculo’ e ‘Jogos Vorazes’ pularam na oportunidade. Porém, o mesmo não funcionou muito bem para ‘Divergente’, sobre um futuro que divide os cidadãos de acordo com suas virtudes. A franquia terminou ficando sem um final, quando dividiu o último livro em dois filmes. O segundo nunca foi filmado.
O Predestinado
Outro filme cult “menor”, assim como ‘Ex-Machina’, ‘O Predestinado’ sequer chegou a ter um lançamento nos cinemas brasileiros, ficando restrito ao mercado de vídeo. E foi justamente nos DVDs das locadoras e no mercado de Video on Demand, que estava crescendo por aqui na época, que o longa foi descoberto pelos fãs e pelo público de forma geral. Na verdade, todo dia novas pessoas ainda o conhecem, já que esse não é um filme muito badalado ou famoso, ainda nos dias de hoje, 10 anos depois. Seja como for, os que conhecem adoram, e o filme chamou atenção em rodinhas cinéfilas. Quem estrela é Ethan Hawke, como um agente caçando um terrorista. Porém, a trama é muito mais complexa do que isso, e envolve viagem no tempo e realidades paralelas. Ao lado de Hawke, Sarah Snook dá um verdadeiro show de atuação e um nó na cabeça do espectador.
Robocop
‘Robocop’ (1987) é a mistura perfeita entre ação e ficção científica, com direito ainda para muito espaço para suas críticas sociais e sátiras. Como competir com um filme tão perfeito? Realmente não tinha como, e o diretor brasileiro José Padilha nem tenta. O que ele faz, no entanto, é seu próprio filme e sua própria versão daquela história. A sátira ácida, deu lugar a comentários políticos vigentes já naquela época, há 10 anos, que parecia prever a polarização política na qual o mundo cairia poucos anos depois. Direita e esquerda nunca se odiaram tanto quanto hoje. E Robocop surge no meio disso, como um policial que perdeu sua vida e é trazido de volta como um experimento de combate ao terrorismo.
Transcendence: A Revolução
Outro aspecto da ficção científica é a mutação, a transformação da condição humana em máquina. Um dos temas mais abordados em ficções é a relação do homem e da máquina. Como a máquina se torna mais humana, enquanto o homem se torna mais artificial. Três filmes desta lista abordaram o tema, sob visões diferentes: ‘Robocop’, ‘Lucy’ e agora ‘Transcendence’. Neste último, Johnny Depp estrela (em uma época antes de ser cancelado) no papel de um gênio da tecnologia, que iria revolucionar o mundo através da inteligência artificial. Antes que pudesse revelar ao mundo sua invenção, um grupo terrorista tenta mata-lo. Entre a vida e a morte, só resta ao cientista transferir sua consciência para dentro de um computador, existindo como inteligência artificial. O resultado terá consequências devastadoras.
O Doador de Memórias
Por fim temos mais uma ficção juvenil baseada em um livro de sucesso, considerado intransponível para o audiovisual. Esse, no entanto, não se tornou uma franquia como os demais, apesar de conter mais três livros em sua série literária. No entanto, ‘O Doador de Memórias’ é um dos mais interessantes do lote lançado há 10 anos. O ator Jeff Bridges foi quem lutou pela adaptação, sendo fã do livro. Aqui, conhecemos um futuro no qual as emoções são reprimidas, para a melhoria da humanidade. No entanto, um rapaz consegue descobrir toda a verdade, recebendo a memória de como éramos no passado. Assim sua vida muda, e ele resolve dividir essas memórias novas, de como o mundo pode ser, apesar de ir contra os governantes totalitários desta utopia. O filme conta ainda com Meryl Streep no elenco.