domingo , 24 novembro , 2024

‘Intervenção’: Visitamos os bastidores do filme policial brasileiro, do mesmo criador de ‘Tropa de Elite’

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“Não quero falar mal de ‘Tropa de Elite’, mas fomos muito ingênuos ao colocar a culpa da criminalidade nos estudantes universitários que compram maconha nas favelas”, declarou Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope e consultor de segurança no Rio de Janeiro. Pimentel também foi o autor dos livros que deram origem aos filmes ‘Tropa de Elite’ e está intimamente ligado à produção de ‘Intervenção’, novo longa-metragem nacional que aborda tais temáticas.

Na última terça-feira, dia 17 de julho, o CinePOP foi convidado para uma visita ao set de filmagens da obra, e esteve presente nos bastidores acompanhando duas cenas importantes. Depois, ao lado de outros jornalistas de conhecidos veículos nacionais, seguimos para a coletiva de imprensa realizada numa casa que serve de QG da produção na comunidade de Tavares Bastos, Catete, zona sul do Rio de Janeiro, onde o longa é rodado.



Da coletiva, participaram os protagonistas Marcos Palmeira e Bianca Comparato, os roteiristas Rodrigo Pimentel e Gustavo de Almeida (igualmente ligado à PM), os produtores italianos Cosmo Valerio e Angelo Salvetti, o diretor Caio Cobra e os coadjuvantes Babu Santana, Rainer Cadete, Dandara Mariana e Vitor Thiré – que interpreta o vilão da trama, um traficante subvertido esteticamente. “Quando chegamos para alugar uma casa aqui, uma das opções era um local onde morava uma criança loira de olhos azuis. Vi com meus próprios olhos que este tipo de família também habita as favelas. Então quis criar este traficante branco, de olhos claros, para ser o antagonista ao invés do estereótipo do bandido negro”, disse o diretor Cobra.

A visita começou para os jornalistas com a gravação de uma cena na qual o veterano Marcos Palmeira – na pele do Major Douglas, seu personagem, chefe da UPP do fictício morro da Laje – faz um discurso e dá sermão em jornalistas sobre o questionamento unilateral de moradores mortos ou feridos durante as operações policiais. “E quanto aos policiais mortos e feridos, vocês não querem saber?”, diz o experiente e linha dura oficial. Durante a coletiva houve, inclusive, uma brincadeira. “Vocês chegaram com ótimo timing”, ironizou um dos membros da equipe, sobre a chegada dos jornalistas bem na cena em que o policial “esculachava” os repórteres da ficção.

Em outra cena que presenciamos, a pequena em estatura, mas gigante em talento, Bianca Comparato era instruída por um dos verdadeiros policiais que dão consultoria ao projeto sobre como dominar e conduzir o preso até a viatura. No momento, membros de ONGs dos direitos humanos, incluindo a irmã da personagem de Comparato, vivida pela bela Dandara Mariana, chegam para protestar contra a violência policial na comunidade. Cena que termina de forma quente num embate entre as irmãs. “Por coincidência, enquanto escrevia o roteiro, assisti à série da Netflix Perdidos no Espaço, na qual existem irmãs de raças diferentes, uma branca e uma negra, e a coisa mais legal é que o autor sequer se dá ao trabalho de explicar como isso é possível. Aqui ocorre o mesmo”, revelou Pimentel sobre a questão de Comparato e Mariana viverem irmãs no longa.

Completando sobre sua personagem, a carismática Dandara Mariana revelou: “Ela é uma versão de Marielle e veremos muito de sua personalidade na minha personagem. Marielle vive mais do que nunca”.

Seguimos para a coletiva, mas, antes, um pit stop para conferir a UPP fictícia implantada na comunidade. Um cenário estampando o nome da favela da Laje retratada no filme, com direito a uma direção de arte minuciosamente detalhada (que você pode conferir na foto abaixo).

Já na coletiva, foi a vez do ator Vitor Thiré, que vive o principal traficante no longa, exibir sua satisfação em fazer parte do projeto. “Eu mandei um vídeo com o teste feito no celular. Não imaginava que seria escolhido e estaria aqui dando esta entrevista para vocês. Estou muito feliz. E o fato da data de estreia em 15 de novembro estar perto, o que aumenta a pressão das filmagens, também me deixa feliz porque poderei logo mostrar meu trabalho”, disse o jovem ator.

Os realizadores também falaram sobre a óbvia questão que faz as vezes do elefante na sala e que não está nem perto de cessar com a polêmica – pelo contrário. “O filme não é sobre a polarização política da esquerda e direita no país. Seja qual for sua orientação, o objetivo do filme é falar sobre uma questão urgente que atinge a todos nós como cidadãos. Falar sobre a violência urbana e debater soluções. Os protagonistas são policiais vivendo essa realidade e quando você tem uma situação de guerra, na mira de uma arma onde é você ou o criminoso, não existe direita ou esquerda”, diz Bianca Comparato, logo seguida em coro pelos complementos do resto da equipe.

A data já está marcada e a produção segue a toda. Mas existe um item que ainda não está cem por cento confirmado: o título. Quando uma colega jornalista perguntou o motivo do título Intervenção, já que o filme não fala sobre a intervenção militar no Rio de Janeiro, mas, sim, funciona como forma de crítica às UPPs (Unidades da Polícia Pacificadora) – às quais os roteiristas se opõem veementemente – a protagonista Comparato não hesitou em disparar: “Obrigado. Faço campanha constantemente para a troca do título. Não gosto desse. Peço por um título mais humano”. O diretor Cobra disse que, a fim de realizarem a coletiva, era necessário dar um título ao filme, mas que o considera ainda provisório e está mexendo os pauzinhos com a distribuidora para uma possível mudança. Ou seja, em breve poderemos não mais assistir a Intervenção nos cinemas, apesar do filme ser o mesmo.

O filme estreia no dia 15 de novembro de 2018 nos cinemas de todo o país.

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Na última terça-feira, dia 17 de julho, o CinePOP foi convidado para uma visita ao set de filmagens da obra, e esteve presente nos bastidores acompanhando duas cenas importantes. Depois, ao lado de outros jornalistas de conhecidos veículos nacionais, seguimos para a coletiva de imprensa realizada numa casa que serve de QG da produção na comunidade de Tavares Bastos, Catete, zona sul do Rio de Janeiro, onde o longa é rodado.

Da coletiva, participaram os protagonistas Marcos Palmeira e Bianca Comparato, os roteiristas Rodrigo Pimentel e Gustavo de Almeida (igualmente ligado à PM), os produtores italianos Cosmo Valerio e Angelo Salvetti, o diretor Caio Cobra e os coadjuvantes Babu Santana, Rainer Cadete, Dandara Mariana e Vitor Thiré – que interpreta o vilão da trama, um traficante subvertido esteticamente. “Quando chegamos para alugar uma casa aqui, uma das opções era um local onde morava uma criança loira de olhos azuis. Vi com meus próprios olhos que este tipo de família também habita as favelas. Então quis criar este traficante branco, de olhos claros, para ser o antagonista ao invés do estereótipo do bandido negro”, disse o diretor Cobra.

A visita começou para os jornalistas com a gravação de uma cena na qual o veterano Marcos Palmeira – na pele do Major Douglas, seu personagem, chefe da UPP do fictício morro da Laje – faz um discurso e dá sermão em jornalistas sobre o questionamento unilateral de moradores mortos ou feridos durante as operações policiais. “E quanto aos policiais mortos e feridos, vocês não querem saber?”, diz o experiente e linha dura oficial. Durante a coletiva houve, inclusive, uma brincadeira. “Vocês chegaram com ótimo timing”, ironizou um dos membros da equipe, sobre a chegada dos jornalistas bem na cena em que o policial “esculachava” os repórteres da ficção.

Em outra cena que presenciamos, a pequena em estatura, mas gigante em talento, Bianca Comparato era instruída por um dos verdadeiros policiais que dão consultoria ao projeto sobre como dominar e conduzir o preso até a viatura. No momento, membros de ONGs dos direitos humanos, incluindo a irmã da personagem de Comparato, vivida pela bela Dandara Mariana, chegam para protestar contra a violência policial na comunidade. Cena que termina de forma quente num embate entre as irmãs. “Por coincidência, enquanto escrevia o roteiro, assisti à série da Netflix Perdidos no Espaço, na qual existem irmãs de raças diferentes, uma branca e uma negra, e a coisa mais legal é que o autor sequer se dá ao trabalho de explicar como isso é possível. Aqui ocorre o mesmo”, revelou Pimentel sobre a questão de Comparato e Mariana viverem irmãs no longa.

Completando sobre sua personagem, a carismática Dandara Mariana revelou: “Ela é uma versão de Marielle e veremos muito de sua personalidade na minha personagem. Marielle vive mais do que nunca”.

Seguimos para a coletiva, mas, antes, um pit stop para conferir a UPP fictícia implantada na comunidade. Um cenário estampando o nome da favela da Laje retratada no filme, com direito a uma direção de arte minuciosamente detalhada (que você pode conferir na foto abaixo).

Já na coletiva, foi a vez do ator Vitor Thiré, que vive o principal traficante no longa, exibir sua satisfação em fazer parte do projeto. “Eu mandei um vídeo com o teste feito no celular. Não imaginava que seria escolhido e estaria aqui dando esta entrevista para vocês. Estou muito feliz. E o fato da data de estreia em 15 de novembro estar perto, o que aumenta a pressão das filmagens, também me deixa feliz porque poderei logo mostrar meu trabalho”, disse o jovem ator.

Os realizadores também falaram sobre a óbvia questão que faz as vezes do elefante na sala e que não está nem perto de cessar com a polêmica – pelo contrário. “O filme não é sobre a polarização política da esquerda e direita no país. Seja qual for sua orientação, o objetivo do filme é falar sobre uma questão urgente que atinge a todos nós como cidadãos. Falar sobre a violência urbana e debater soluções. Os protagonistas são policiais vivendo essa realidade e quando você tem uma situação de guerra, na mira de uma arma onde é você ou o criminoso, não existe direita ou esquerda”, diz Bianca Comparato, logo seguida em coro pelos complementos do resto da equipe.

A data já está marcada e a produção segue a toda. Mas existe um item que ainda não está cem por cento confirmado: o título. Quando uma colega jornalista perguntou o motivo do título Intervenção, já que o filme não fala sobre a intervenção militar no Rio de Janeiro, mas, sim, funciona como forma de crítica às UPPs (Unidades da Polícia Pacificadora) – às quais os roteiristas se opõem veementemente – a protagonista Comparato não hesitou em disparar: “Obrigado. Faço campanha constantemente para a troca do título. Não gosto desse. Peço por um título mais humano”. O diretor Cobra disse que, a fim de realizarem a coletiva, era necessário dar um título ao filme, mas que o considera ainda provisório e está mexendo os pauzinhos com a distribuidora para uma possível mudança. Ou seja, em breve poderemos não mais assistir a Intervenção nos cinemas, apesar do filme ser o mesmo.

O filme estreia no dia 15 de novembro de 2018 nos cinemas de todo o país.

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