Um cauteloso silêncio de oito meses é o que separa as séries Mulher-Hulk e Invasão Secreta. Diante de uma tumultuada e controversa temporada – marcada por uma significativa rejeição de parte do público – o hiato de pouco mais de 300 dias parece ter sido o refrigério ideal que a Disney precisava para lapidar o futuro do MCU a longo prazo. E cá estamos, junho de 2023, adentrando naquilo que já se anuncia como uma nova era do universo da Marvel.
Invasão Secreta se volta para as raízes da Marvel Studios, olhando para o retrovisor como uma forma de inspiração para o presente. Trazendo referências estilísticas da amada sequência Capitão América 2: O Soldado Invernal, a nova minissérie original do Disney+ assume para si o subgênero de thriller político com espionagem.
E trazendo uma atmosfera mais sombria, onde o negrume das ruas ajuda a ditar o ritmo da história, Kevin Feige, o criador Jonathan Schwartz e o diretor Ali Selim tentam fazer da nova produção, mais do que uma redenção, mas sim uma oportunidade de amadurecer a narrativa dos Vingadores e de seus pares.
E durante uma coletiva de imprensa fechada, da qual o CinePOP foi convidado, Feige, Schwartz, Selim e o elenco principal refletiram sobre o novo projeto, aguçando a mente e criatividade do público a respeito de como Invasão Secreta promete conduzir e impactar o MCU em larga escala.
Na ocasião, o presidente da Marvel Studios e produtor do projeto, Kevin Feige, comentou sobre como a série se entrelaça com o espectro mais amplo do MCU, bem como sobre o tom narrativo:
“Bem, há pontos de conexão na história que as pessoas verão ao longo da série, obviamente. Mas Jonathan veio ao meu escritório há alguns anos atrás, quando estávamos pensando em que tipo de programa fazer para o Disney+. E ele veio com a ideia de traduzir o enredo da grande Invasão Secreta dos quadrinhos em uma série de espionagem mais sombria e misteriosa, o que não havíamos feito até então. E adoramos trabalhar com gêneros diferentes para tudo e esta foi uma tentativa de realmente mergulhar de volta nas coisas que abordamos em Capitão América 2: O Soldado Invernal e que não tínhamos trabalhado já há algum tempo, além de realmente mergulhar no tom de uma série de espionagem. Queríamos também explorar uma dinâmica bem diferente entre Fury e Talos, algo que não havíamos mostrado no nosso filme buddy cop dos anos 90, o Capitã Marvel”.
E nessa nova aventura, em que Nick Fury assume o genuíno protagonismo, os fãs terão a oportunidade de – pela primeira vez em 15 anos de MCU – conhecer a história do amado agente. Se aprofundando em seu passado, Invasão Secreta promete responder a um antigo anseio do público, mostrando um lado até então desconhecido do personagem.
Indo mais além, a nova minissérie ainda se concentra em explorar a vulnerabilidade de Fury, que agora surge mais fatigado em virtude das circunstâncias que viveu, como o famigerado estalar de Thanos.
Segundo Samuel L. Jackson:
“Esta é a minha segunda aparição pós-snap e Fury estava meio sumido há um tempo. Ele está um pouco cansado, um pouco vulnerável, mas decide voltar para a Terra porque foi convocado. E veremos o que acontece. Tenho um joelho ruim agora e já não estou tão feliz”, comentou com bom humor.
Esse retorno à Terra será acompanhado por alguns conflitos relacionais, que vão explorar ainda mais a trajetória de Fury dentro do universo compartilhado. Em Invasão Secreta, a longeva amizade entre o veterano e o skrull Talos será colocada à prova, conforme salientou o ator Ben Mendelsohn:
“Encontramos Talos em um momento difícil. Sem revelar spoilers, posso dizer que é um momento ruim, sabe? É uma hora ruim. E ele bem que poderia contar com a ajuda de Fury, que já está lá no espaço por tempo demais!”
E é também nesse contexto que a vencedora do Oscar Olivia Colman entra em cena, como a espiã Sonya Falsworth. A atriz estreia no MCU como uma perspicaz e ácida agente do MI6, com uma peculiar e intrigante relação com Fury, como ela mesmo comenta:
“Eles têm uma amizade adorável. Embora ela goste de intimidá-lo com seu jeitão. Não me parece uma grande amizade, mas eles de fato possuem uma história e confiam um no outro”.
Isso tudo afeta diretamente a maneira como o público será apresentado a Fury. Ao contrário de suas 14 aparições anteriores, essa é aquela em que o veremos em seu estado mais cru e honesto. E para Sam Jackson, explorar o personagem de forma tão profunda fará com que os fãs se apaixonem por ele por uma ótica diferente:
“Bem, quanto mais você descobrir sobre ele, mais você vai gostar dele. Isso aconteceu comigo. É como tirar as diversas camadas de uma cebola, de forma divertida. Você conhecerá pessoas que meu personagem conhece e com quem ele até então nunca havia compartilhado uma cena profunda – como é o caso do personagem de Don. Então isso foi incrível. Estamos esperando para fazer isso há anos, sabe? Então foi maravilhoso fazer e ter aquele toque mais abrasivo. É ótimo saber que Fury e Rhodey possuem esse tipo de relacionamento, que antes eu só presumia existir. Isso é informação nova! Além disso, conheceremos sua casa pela primeira vez!”, comemorou Jackson.
E em se tratando de Rhodey, a audiência o verá em uma função muito mais diplomática e política. Ao contrário do seu extenso envolvimento com Os Vingadores, aqui ele surge como um mediador entre o governo norte-americano e o serviço de inteligência do país.
“Acho que estamos apenas descobrindo o que está acontecendo com Rhodey à medida que esta série avança. Ele está em um papel diferente. Nós o vemos mais como um animal político do que no passado. Ele antes era mais um militar, mas agora ele é uma espécie de braço direito do presidente. E eu estou muito ansioso para saber mais sobre seu arco, entender quem ele é e ver como esse relacionamento, não apenas com Nick Fury, mas com os outros membros do elenco, evoluirá”, afirmou Don Cheadle.
E é claro, como toda boa adaptação de quadrinhos, Invasão Secreta também possui o seu vilão, encarnado aqui pelo astro Kingsley Ben-Adir. Ao longo dos seis episódios da minissérie, ele interpretará Gravik, um homem ferido pelas circunstâncias da vida.
Ao longo da coletiva de imprensa, o intérprete do personagem refletiu sobre como construiu a persona de Gravik:
“Sabe o que é engraçado? Eu estava pensando, quando conversamos sobre o projeto, apenas Sam e Ben estavam confirmados e Brian decidiu me enviar algumas cenas para testar, que foram como uma espécie de confronto entre mim e Sam. Na época, o personagem era chamado Manuel e eu sabia muito pouco sobre a trama. Mas aos poucos fui percebendo que haviam esses estranhos paralelos com a realidade e vi que a série buscava ser mais fundamentada e sombria. E, sim, acho que me inspirei muito nisso e em como torná-lo o menos sentimental possível em seu próprio ódio”.
E a humanidade de seus personagens será um dos grandes aspectos a ser tratado ao longo do thriller político. Para o diretor Ali Selim, era fundamental apresentar a trajetória de Nick Fury por uma perspectiva mais complexa e madura, o que levará o protagonista em sua própria jornada heroica:
“Bem, eu acho que essa é uma série muito mais humana. É a história de Nick Fury. Ele é um humano. Ele tem sua própria versão de super poderes, mas eles não são como os dos super-heróis. E é uma história sobre ele voltar a colocar os pés no chão depois de algum tempo. E gosto disso, porque gosto de histórias humanas que vêm do coração e que alcançam um apelo universal, e não o contrário disso. E eu gostei da espionagem, do elemento de suspense político. E espero que tenhamos trazido o suficiente disso para criar o tom certo. E em um determinado momento, Fury perceberá que essa é também sua própria batalha, o que vai meio que torná-lo um clássico herói de faroeste americano. E o tom meio que mudará nos episódios posteriores, passando de Nick Fury para John Wayne”, concluiu o diretor.