O ator Joel Edgerton rebateu publicamente a declaração do cineasta James Cameron de que filmes de streaming não deveriam ser elegíveis ao Oscar. Edgerton defendeu que as plataformas são vitais para dar oportunidades e que seu trabalho não deve ser inferiorizado.
Em entrevista à Variety, Edgerton criticou a divisão na indústria e a importância dos streamers para a diversidade de vozes:
“Não deveríamos ficar discutindo entre nós sobre o que tem ou não o direito de ser visto, premiado ou fazer parte da conversa, porque existem pessoas que só têm oportunidade graças aos streamers. Eu não acho necessariamente que algo deva ser visto como inferior”, afirmou.
Edgerton reconheceu o argumento de Cameron sobre a necessidade de proteger a experiência cinematográfica, mas salientou o custo humano de limitar a elegibilidade:
“Acho que o ponto do James é que deveria haver uma luta mais robusta pela sobrevivência do cinema, mas isso não pode acontecer às custas de pessoas cuja única chance de fazer um filme é através de um streamer, e que não teriam chance de serem vistas e ouvidas”, explicou.
“Eu realmente respeito isso. James é um dos grandes. Ele faz filmes em grande escala. Sempre foi um pioneiro”, acrescentou.
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O debate sobre a elegibilidade no Oscar continua dividindo a comunidade de Hollywood:
O ator Stellan Skarsgård endossou a posição de Cameron: “É a única forma de fazer os cinemas sobreviverem. É a única forma de fazer o cinema sobreviver. E sem cinema, você não tem Netflix”.
Já o diretor Park Chan-wook discordou da exclusão: “Eu entendo o sentimento por trás do que [Cameron] disse, mas com o número crescente de grandes filmes feitos para streaming, simplesmente não acho que isso combine com a realidade em que vivemos hoje”.
Edgerton concluiu sua defesa do streaming com uma reflexão pessoal sobre como o cinema se consome e o que realmente define um grande filme:
“Um amigo uma vez me perguntou: ‘Quantos dos seus filmes favoritos você realmente viu no cinema?’ A maioria dos meus filmes favoritos foi feita nos anos 70… Eu não tive chance de vê-los no cinema; só assisti em fita VHS numa TV horrível. E ainda são meus filmes favoritos”, destacou.
Edgerton finalizou: “Eu ainda morreria pela causa do cinema, pelo menos parcialmente. Mas também sou pragmático”.
