São poucas as pessoas que nunca ouviram falar da icônica franquia gore ‘Jogos Mortais’.
O projeto foi criado por James Wan e Leigh Whannell e, a princípio, funcionou com um curta-metragem que foi apresentado à Lionsgate como um longa-metragem em potencial. Com a compra dos direitos autorais e comerciais, surgiu o primeiro capítulo da saga – que, agora, já completa quase vinte anos desde sua estreia oficial e nos presentou com uma décima iteração que surpreendeu tanto a crítica quanto o público, configurando-se como um dos melhores títulos da franquia.
A trama gira em torno do serial killer John Kramer, cujo nome artístico é “Jigsaw”, que tem como principal ideário o renascimento de pessoas que cometeram atos revoltosos e condenáveis ao longo de suas vidas através de armadilhas sangrentas e que exigem um sacrifício de carne das vítimas. Tendo como alvos viciados em drogas, assassinos, corruptos, abusadores e tantos outros, ele sequestra as pessoas e utiliza um boneco de ventríloquo para explicar exatamente o que elas devem fazer se quiserem sobreviver e ter a chance de escapar de um confinamento perturbador.
Com o recente lançamento de ‘Jogos Mortais X’, resolvemos preparar o ranking oficial da saga, do pior ao melhor filme.
Veja abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual o seu favorito:
10. JOGOS MORTAIS – O FINAL (2010)
Pontos positivos: o “Touro de Bronze”
Pontos negativos: o restante do filme
‘Jogos Mortais – O Final’ prometia ser a conclusão da saga, principalmente após a chocante reviravolta do sexto filme. Exibido em 3D, o resultado dessa mixórdia de tramas foi uma grande decepção: além da narrativa ilógica e fundamentada em uma paródia metalinguística, a produção trouxe atuações risíveis e um finale extremamente ocasional que marcou o retorno de um dos personagens clássicos da franquia – o Dr. Gordon (Cary Elwes), a primeira vítima a sobreviver à armadilha de John Kramer (Tobin Bell) e que serrou um dos pés para poder escapar de uma prisão eterna.
Como se não bastasse, temos o embate entre o Detetive Hoffman (Costas Mandylor), um dos aprendizes de Jigsaw que acabou se voltando contra o próprio mestre, e Jill Tuck (Betsy Russell); e, por fim, a história principal, que acompanha um homem que alega falsamente ter sido um dos sobreviventes dos Jogos Mortais apenas para se tornar uma celebridade – até ser sequestrado e, de fato, participar de um complexo para tentar salvar a esposa. E é aí que temos o único ponto alto do filme: a armadilha do Touro de Bronze, que funciona como um grande forno e que choca o público pela brutalidade com a qual é construída.
9. ESPIRAL: O LEGADO DE JOGOS MORTAIS (2021)
Pontos positivos: a ideia
Pontos negativos: o restante do filme
Quatro anos depois de uma inesperada pré-sequência da franquia – que deveria ter acabado oficialmente em 2010 -, fomos levados a um ambicioso reboot que apresentaria uma nova perspectiva para a franquia. Com ‘Espiral: O Legado de Jogos Mortais’, fomos arrastados para uma interessante narrativa neo-noir regada a inúmeras referências detetivescas. Entretanto, o resultado foi extremamente frustrante e apenas revelou que certas histórias devem permanecer enterradas.
Estrelada por Chris Rock e Samuel L. Jackson, a trama acompanha o detetive Zeke Banks, que investiga um serial killer cujas atitudes seguem à risca os passos de Jigsaw. Entretanto, à medida que ele se envolve nessa perigosa tarefa, ele descobre que está no centro de um jogo mortal que pode lhe custar tudo o que tem. E, enquanto as intenções da produção foram as melhores, a conturbada narrativa e a total falta de nexo transformaram o projeto em apenas mais uma entrada esquecível e cansativa.
8. JOGOS MORTAIS: JIGSAW (2017)
Pontos positivos: o retorno de Tobin Bell
Pontos negativos: a narrativa, os personagens e a falta de sentido
Sete anos depois do que deveria ter sido o último filme de ‘Jogos Mortais’, a Lionsgate resolveu lançar o oitavo capítulo da franquia com ‘Jogos Mortais: Jigsaw’ – uma espécie de sequência-pré-sequência-reboot que falhou em praticamente todos os aspectos. Talvez o único ponto positivo tenha sido o retorno de Bell como John Kramer em um twist inexplicavelmente incabível e que introduziu mais um discípulo de Jigsaw de quem nem ao menos nos lembramos.
Ainda que a premissa seja instigante e a cronologia da narrativa beba do que já vimos em ‘Jogos Mortais II’, por exemplo, o resultado é muito aquém do esperado, contando com uma história sem pé nem cabeça, personagens pouco desenvolvidos e uma predileção pelo non-sense que apenas reitera nossa contínua decepção com a franquia – e nem mesmo as bizarras armadilhas são capazes de nos afastar do gostinho agridoce que fica em nossa boca quando os créditos de encerramento aparecem.
7. JOGOS MORTAIS V (2008)
Pontos positivos: a reviravolta
Pontos negativos: a condução da narrativa, as atuações e a direção
Em ‘Jogos Mortais V’, John Kramer já está morto há algum tempo – mas isso não significa que o massacre acabou. Agora, o Detetive Hoffman emerge como o sucessor de Jigsaw com mais uma leva de jogos que promete punir aqueles que merecem e, com sorte, lhes dar uma segunda chance – escolhendo cinco vítimas que, de alguma forma, estão conectadas com uma grande tragédia que poderia ter sido impedida caso tivessem alguma empatia.
Dirigido por David Hackl, o filme falha em quase todas as incursões que promove, principalmente na condução do enredo, na fragmentada direção e nas falhas atuações que não nos permite criar quaisquer laços com os personagens. Todavia, a reviravolta principal é um dos pontos positivos e que merece nossa atenção: a verdade é que, desde o princípio, Jigsaw anunciou que os participantes dos novos jogos não deveriam seguir seus instintos – ou seja, selecionar uma vítima por sala. Ao chegar à última armadilha, Brit (Julie Benz) percebe que ninguém precisava ter morrido e que, caso tivessem unido forças, todos estariam vivos (uma investida bastante chocante e que estava bem à nossa frente desde o início do filme).
6. JOGOS MORTAIS IV (2007)
Pontos positivos: a cronologia e a reviravolta
Pontos negativos: as atuações, a direção, a repetição narrativa e as vítimas
Em 2007, ‘Jogos Mortais IV’ estreava nos cinemas de todo o mundo – e seu sucesso financeiro foi apenas reflexo de um público que estava muito interessado em descobrir como a narrativa seguiria em frente após a morte de John Kramer e de Amanda Young (Shawnee Smith). Apesar das boas intenções, o resultado novamente foi aquém do esperado, ainda que algumas coisas tenham nos chamado a atenção.
Apesar de atuações falhas e personagens nada emocionantes – que, a partir desse filme, se transformaram em meros descartes narrativos em uma construção muito familiar e previsível -, um dos aspectos positivos veio com a cronologia, dentro da qual o filme faz parte da mesma linha do tempo do terceiro título; e com a reviravolta, que, por fim, confirmou o Detetive Hoffman como o mais novo aprendiz de Jigsaw.
5. JOGOS MORTAIS VI (2009)
Pontos positivos: o retorno às origens e a cena final
Pontos negativos: a quantidade de personagens, algumas das atuações, a constante repetição narrativa e a direção
Ainda que não seja um filme sólido, ‘Jogos Mortais VI’ apresentou um certo frescor a uma franquia desgastada ao se afastar das reviravoltas sem sentido dos filmes anteriores e ao renegar uma espécie de plot conspiracionista sem qualquer nexo palpável. Aqui, o Detetive Hoffman se apoia nas origens de John Kramer para construir um dos melhores jogos e escolher vítimas que fazem parte de uma companhia de seguros que está preocupada apenas com o lucro, e não com salvar as pessoas – um retorno às raízes muito bem-vindo e necessário.
Todavia, o diretor Kevin Greutert parece se perder aqui e ali na construção do enredo e mergulha numa montagem fragmentada que, por vezes, quebra a atmosfera arquitetada – além de um elenco cuja parte dos integrantes deixa a desejar. Mas não podemos tirar mérito de uma das melhores sequências da franquia ao chegarmos ao final do terceiro ato e vermos que os personagens sobreviventes são obrigados a enfrentar os seus atos do passado e tomar decisões sórdidas e, muitas vezes, movidas pelo ímpeto e pelo ódio.
4. JOGOS MORTAIS III (2006)
Pontos positivos: as armadilhas, o adeus de John Kramer e de Amanda Young, a reviravolta
Pontos negativos: a direção, parte das atuações
O terceiro capítulo de ‘Jogos Mortais’ poderia muito bem ter funcionado como um sólido encerramento de uma saga que conquistou o público – ainda que tenha tido uma fraca recepção da crítica. Aqui, um dos principais pontos é a exploração da história de John Kramer, sua relação com Amanda Young e como dois dos personagens mais icônicos da franquia nos diriam adeus em uma reviravolta impressionante e bastante sangrenta.
É claro que o filme tem os seus problemas, como a exageradamente despreocupada direção de Darren Lynn Bousman e algumas atuações exageradas. Mas, no final das contas, isso não importa; as incríveis e angustiantes armadilhas e a história que acompanha o traumatizado Jeff (Angus Macfadyen) são fortes o suficiente para nos guiar por essa mortal aventura cinematográfica.
3. JOGOS MORTAIS X (2023)
Pontos positivos: o retorno de John Kramer e Amanda Young, a história, as armadilhas, a reviravolta
Pontos negativos: a paleta de cores, as atuações do elenco coadjuvante
Ninguém poderia imaginar que ‘Jogos Mortais’ ganharia mais um capítulo – mas é claro que a Lionsgate tinha planos de mais uma tentativa de revitalizar a franquia com ‘Jogos Mortais X’. Ambientado entre o primeiro e o segundo filmes, a história foi sagazmente colocada como uma resposta de John Kramer à negligência médica e ao capitalismo predatório, discorrendo sobre a falsa cura de seu câncer cerebral e sua vingança contra aqueles que mentiram para ele.
Com muita surpresa, o filme conquistou 83% de aprovação dos críticos e contou com o retorno de Bell e de Smith em atuações esplendorosas e que ajudaram a ofuscar as performances imemoráveis do elenco coadjuvante. Aqui, Greutert volta à cadeira de direção e garante que John seja humanizado e exale uma empatia para com o público, além de participar ativamente dos jogos (que acontecem etapa a etapa) e ser arrastado para uma das maiores e mais incríveis reviravoltas da franquia – mesmo com certas escolhas artísticas sendo clichês demais.
2. JOGOS MORTAIS II (2005)
Pontos positivos: as atuações, as armadilhas, a reviravolta
Pontos negativos: a direção exagerada, a montagem
‘Jogos Mortais II’ continua como uma das melhores entradas da franquia e envelheceu muito bem desde seu lançamento em 2005. Apesar da exagerada direção de Bousman, o resultado é bem satisfatório, trazendo o retorno de Amanda em um tour-de-force incrível, uma das melhores performances de Bell como John Kramer e uma reviravolta aplaudível que seria remodelada das formas mais idióticas nos filmes seguintes. E, pela primeira vez, a saga nos apresentou a uma série de vítimas e de armadilhas (uma mais dolorosa que a outra) que premeditaria o grand finale do filme.
Na trama, o detetive Eric Matthews (Donnie Wahlberg) consegue prender Jigsaw, que está morrendo. O que ele não imaginava é que tudo isso fazia parte de um plano ainda maior do sádico assassino – que agora mantém o filho do policial como refém e pretende torná-lo uma de suas vítimas.
1. JOGOS MORTAIS (2004)
Pontos positivos: a ideia, a narrativa, as atuações, a reviravolta, a direção
Pontos negativos: o uso dos flashbacks, a montagem
Em 2004, o icônico realizador James Wan e o roteirista Leigh Whannell uniriam forças para transformar um curta-metragem no início de uma franquia multimilionária e que atrairia inúmeros fãs ao redor do mundo: ‘Jogos Mortais’. E é claro que o capítulo que deu início a tudo não poderia estar em outro lugar no nosso ranking além do topo.
A inesperada história acompanha dois homens que acordam em um banheiro decadente, acorrentados e sem saber o que está acontecendo. Após perceberem que estão em um dos insanos jogos de Jigsaw, um dos notórios serial killers que vem assolando o trabalho dos detetives locais, eles percebem que terão de enfrentar seus demônios interiores e fazerem um sacrifício de sangue para se salvarem. Apesar do uso exagerado dos flashbacks e de uma montagem quase cubista, o resultado é muito positivo e conta com uma das reviravoltas mais incríveis do século dentro do gênero terror – além de ter influenciado inúmeros títulos semelhantes que seriam lançados nos anos seguintes.