domingo , 22 dezembro , 2024

Jose Padilha, diretor de ‘Tropa de Elite’, acredita que o streaming está MATANDO o cinema

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Durante uma entrevista para o Splash UOL, o diretor José Padilha (‘Tropa de Elite’) comentou sobre seus planos de carreira e também foi questionado sobre sua visão na batalha do cinema versus as plataformas de streaming.

Ao longo da conversa, o cineasta também abordou os problemas do uso da inteligência artificial como forma de arte.



Em relação ao streaming, Padilha acredita que o modelo está matando o cinema, já que as plataformas utilizam algoritmos para entender o gosto do público e apostam cada vez mais em um fórmula em vez de dar espaço para a criatividade.

“É onde o cinema morre, porque você está pegando uma database gigante, um algoritmo que extrapola, que correlaciona público com features do filme e dá uma nota para o diretor que escreveu uma história com só a lógica interna [do streaming]. Já aconteceu isso. Sem o ChatGPT já estava acontecendo.”

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Com experiência também em produções estrangeiras, como ‘Robocop (2014) e a série ‘Narcos‘, Padilha apontou que que o streaming tem a vantagem financeira em relação ao cinema porque:

“Uma coisa é você pegar, como fiz no ‘Tropa de Elite 2‘, 800 cópias em 35 milímetros e, fisicamente, levar a um monte de cinema e passar o filme. Outra coisa é você distribuir por um cabo. Tem esse corte de custo.”

Outra liberdade das plataformas de streaming é a autonomia em criar suas produções.

“Em um streaming, você paga uma mensalidade e você não sabe qual o filme que deu lucro ou prejuízo para a plataforma. […] Quando você começa a fazer filme por atacado, porque você sabe que tem uma receita de assinantes que não vai cair muito rápido, ela tem uma resiliência. Se eu assistir um filme horrível em um streaming, não quer dizer que vou cancelar a minha conta, vou ficar ali no streaming e ver outro. Não existe a pressão de fazer cada filme ser um incrível sucesso.”

Ele também argumentou que o senso de risco é menor para as plataformas de streaming.

“O streaming pode arriscar. Pode tentar fazer um filme mais radical, diferente, para ver o que acontece, porque aquele filme é um de vários. Isso aconteceu no começo dos streamings […] Tinha um monte de séries e filmes que eram ótimos e feitos por streaming, porém, o mercado lotou.”

Por fim, Padilha disse que há um enorme problema sobre pautas representativas quando são criadas por meio de inteligência artificial.

“Nenhum estúdio em Hollywood autoriza um roteiro sobre o Martin Luther King Jr. se for escrito por um homem branco. Ele é negro, o roteirista tem que ser negro. Se você pegar a história de, vamos dizer, de uma pessoa transgênero heroica aqui [nos Estados Unidos], e você der para um homem negro que não é transgênero, esse homem negro não pode escrever esse roteiro. Só um apache, por exemplo, pode escrever roteiro sobre a história dos apaches. Então, o que as pessoas não entenderam ainda é o seguinte: se eu não posso escrever um roteiro sobre um apache, por que um computador pode?”

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Em relação ao streaming, Padilha acredita que o modelo está matando o cinema, já que as plataformas utilizam algoritmos para entender o gosto do público e apostam cada vez mais em um fórmula em vez de dar espaço para a criatividade.

“É onde o cinema morre, porque você está pegando uma database gigante, um algoritmo que extrapola, que correlaciona público com features do filme e dá uma nota para o diretor que escreveu uma história com só a lógica interna [do streaming]. Já aconteceu isso. Sem o ChatGPT já estava acontecendo.”

Com experiência também em produções estrangeiras, como ‘Robocop (2014) e a série ‘Narcos‘, Padilha apontou que que o streaming tem a vantagem financeira em relação ao cinema porque:

“Uma coisa é você pegar, como fiz no ‘Tropa de Elite 2‘, 800 cópias em 35 milímetros e, fisicamente, levar a um monte de cinema e passar o filme. Outra coisa é você distribuir por um cabo. Tem esse corte de custo.”

Outra liberdade das plataformas de streaming é a autonomia em criar suas produções.

“Em um streaming, você paga uma mensalidade e você não sabe qual o filme que deu lucro ou prejuízo para a plataforma. […] Quando você começa a fazer filme por atacado, porque você sabe que tem uma receita de assinantes que não vai cair muito rápido, ela tem uma resiliência. Se eu assistir um filme horrível em um streaming, não quer dizer que vou cancelar a minha conta, vou ficar ali no streaming e ver outro. Não existe a pressão de fazer cada filme ser um incrível sucesso.”

Ele também argumentou que o senso de risco é menor para as plataformas de streaming.

“O streaming pode arriscar. Pode tentar fazer um filme mais radical, diferente, para ver o que acontece, porque aquele filme é um de vários. Isso aconteceu no começo dos streamings […] Tinha um monte de séries e filmes que eram ótimos e feitos por streaming, porém, o mercado lotou.”

Por fim, Padilha disse que há um enorme problema sobre pautas representativas quando são criadas por meio de inteligência artificial.

“Nenhum estúdio em Hollywood autoriza um roteiro sobre o Martin Luther King Jr. se for escrito por um homem branco. Ele é negro, o roteirista tem que ser negro. Se você pegar a história de, vamos dizer, de uma pessoa transgênero heroica aqui [nos Estados Unidos], e você der para um homem negro que não é transgênero, esse homem negro não pode escrever esse roteiro. Só um apache, por exemplo, pode escrever roteiro sobre a história dos apaches. Então, o que as pessoas não entenderam ainda é o seguinte: se eu não posso escrever um roteiro sobre um apache, por que um computador pode?”

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