segunda-feira , 4 novembro , 2024

Lembra dele? | Polêmico ‘Canguru Jack’ completa 20 anos em 2023

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Inaugurando essa sessão que vai trazer muitas surpresas para quem viu os filmes citados no cinema, vamos falar sobre Canguru Jack, uma comédia que foi planejada para um público e, por conta das reações na sessões de teste, passou por uma série de mudanças para tentar se enquadrar numa categoria mais infantil. O resultado não foi lá essas coisas, mas também não foi um fracasso a ponto de dar prejuízo para o estúdio. Na verdade, não ter flopado completamente foi uma surpresa tão grande que acabou dando um sinal verde para uma sequência animada, agora exclusivamente voltada para o público infantil, que aí sim enterrou de vez a franquia.

No início dos anos 2000, o produtor Jerry Bruckheimer estava vivendo uma fase maravilhosa da carreira, em que, dado o sucesso de suas produções na década anterior, qualquer projeto que ele se interessasse ou participasse ganhava atenção instantânea da imprensa, da crítica especializada e do público. Então, seu “filme australiano” já era uma das grandes promessas do ano só por seu envolvimento. No entanto, houve uma mudança de planos no meio do caminho e a história se desconfigurou.

A ideia inicial do filme era construir uma comédia politicamente incorreta de dois amigos sem noção infiltrados e ameaçados pela máfia, que acabariam se envolvendo em uma série de desventuras enquanto fugiam na Austrália, tanto que o título original era “Down and Under”, brincando com a geografia australiana e com a situação calamitosa dos protagonistas, ao melhor estilo Fuga à Meia-Noite (1988).

O problema é que o filme já estava em pós-produção quando começaram as sessões testes. Aí, as reações do público e dos próprios produtores jogaram um balde de água fria na cabeça de todos os envolvidos. A comédia estava fora do tom, tinha cenas claramente problemáticas e a ameaça da máfia não convencia. E o pior de tudo é que o longa já estava quase todo pronto e foi gravado em sua grande parte na Austrália. Nessa altura do campeonato, seria muito caro voltar para a Oceania com todo o elenco para refazer as cenas e tentar salvar o filme.

Relatos iniciais apontam que o corte original de ‘Down and Under’ tinha cenas excessivas de violência, vocabulário chulo, piadinhas de cunho sexual vergonhosas, uma sequência envolvendo maldições e até mesmo uma cena de sexo. Além disso, mesmo se passando na Austrália, havia apenas uma cena com um canguru animatrônico. E não é preciso pensar muito para concluir qual foi o único momento positivamente unânime nas sessões de teste, né? Pois é, a cena do canguru foi a única elogiada por todos e que conseguiu efetivamente tirar risadas do público e construir algum tipo de carisma em tela.

Com as reações indicando o nascimento de um futuro astro animal, a produção começou a olhar para o mercado e percebeu que outro filme envolvendo a fórmula de misturar um comediante do público adulto com animais havia feito sucesso recentemente dentre o público infantil: Neve Pra Cachorro (2002). Assim, foi decidido que o longa precisaria de mais cenas envolvendo o tal Canguru para esquecer essa história de filme de máfia e apostar num humor mais voltado para a família.

A solução mais barata foi editar o longa, cortando as cenas mais pesadas, e usar cenas descartadas para inserir um canguru de CGI cantando, brigando e sacaneando os protagonistas com algumas falas simples. Essa decisão, dizem os boatos da época, foi tão surpreendente que grande parte do elenco sequer foi avisada da mudança de tom do filme. Um ponto que corrobora para a veracidade desses boatos é que o ator Adam Garcia, que dá voz ao Canguru Jack, o suposto protagonista do filme, sequer foi creditado pelo papel.

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Com orçamento de 60 milhões de dólares, o filme chegou aos cinemas sob uma campanha de marketing voltada exclusivamente para o canguru que dava nome ao projeto. O trailer descreve o filme como a aventura de dois melhores amigos que vão até o fim do mundo sofrer com a trapalhadas de um canguru com jeito de malandro, que usa jaqueta, óculos escuros e canta hip-hop. Por mais bizarro que pareça, as aventuras infantis dos anos 2000 eram isso aí mesmo. Nada mais “filme família” dessa época que isso.

Mas essa promoção massiva acabou sendo um tiro no pé, porque vendeu um longa completamente diferente do que foi visto. Afinal, ele não foi gravado para ser um filme família, mas sim uma comédia adulta de máfia. E mesmo com as edições para enquadrar o longa no famoso PG, a história seguiu com piadas envolvendo assédio sexual e alcoolismo, xingamentos, momentos sensuais demais para crianças e uma violência mais suavizada das ações da máfia. E o pior: as cenas do canguru em questão foram praticamente todas mostradas no trailer. Obviamente, o que foi vendido como um filme inocente se mostrou sacana demais para as crianças, revoltando não só a pais e responsáveis, mas também aos críticos especializados, que se sentiram enganados.

O resultado dessa brincadeira foi um verdadeiro fracasso nas críticas, mas lembra lá em cima quando dissemos que Jerry Bruckheimer não estava ali para brincadeira? Mesmo com todas essas polêmicas, o produtor ainda viu o filme dar um retorno positivo de quase 30 milhões de dólares nas bilheterias do mundo. Isso acendeu um sinal na Warner, que aprovou uma sequência feita em animação 2D, agora sim focada exclusivamente no público infantil.

Canguru Jack: Olá, EUA! foi lançado em 2004 com um custo mínimo, já que não precisariam filmar nada na Austrália, e sem a volta de nenhum dos atores do elenco original para dar voz aos seus personagens. E mesmo tendo o Canguru Jack como protagonista de verdade, a animação foi um fracasso tão grande que muita gente sequer sabe que ela existe, provando que nada é tão ruim que não possa piorar.

E aí? Lembrava desse filme?

Canguru Jack está disponível no HBO Max.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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No início dos anos 2000, o produtor Jerry Bruckheimer estava vivendo uma fase maravilhosa da carreira, em que, dado o sucesso de suas produções na década anterior, qualquer projeto que ele se interessasse ou participasse ganhava atenção instantânea da imprensa, da crítica especializada e do público. Então, seu “filme australiano” já era uma das grandes promessas do ano só por seu envolvimento. No entanto, houve uma mudança de planos no meio do caminho e a história se desconfigurou.

A ideia inicial do filme era construir uma comédia politicamente incorreta de dois amigos sem noção infiltrados e ameaçados pela máfia, que acabariam se envolvendo em uma série de desventuras enquanto fugiam na Austrália, tanto que o título original era “Down and Under”, brincando com a geografia australiana e com a situação calamitosa dos protagonistas, ao melhor estilo Fuga à Meia-Noite (1988).

O problema é que o filme já estava em pós-produção quando começaram as sessões testes. Aí, as reações do público e dos próprios produtores jogaram um balde de água fria na cabeça de todos os envolvidos. A comédia estava fora do tom, tinha cenas claramente problemáticas e a ameaça da máfia não convencia. E o pior de tudo é que o longa já estava quase todo pronto e foi gravado em sua grande parte na Austrália. Nessa altura do campeonato, seria muito caro voltar para a Oceania com todo o elenco para refazer as cenas e tentar salvar o filme.

Relatos iniciais apontam que o corte original de ‘Down and Under’ tinha cenas excessivas de violência, vocabulário chulo, piadinhas de cunho sexual vergonhosas, uma sequência envolvendo maldições e até mesmo uma cena de sexo. Além disso, mesmo se passando na Austrália, havia apenas uma cena com um canguru animatrônico. E não é preciso pensar muito para concluir qual foi o único momento positivamente unânime nas sessões de teste, né? Pois é, a cena do canguru foi a única elogiada por todos e que conseguiu efetivamente tirar risadas do público e construir algum tipo de carisma em tela.

Com as reações indicando o nascimento de um futuro astro animal, a produção começou a olhar para o mercado e percebeu que outro filme envolvendo a fórmula de misturar um comediante do público adulto com animais havia feito sucesso recentemente dentre o público infantil: Neve Pra Cachorro (2002). Assim, foi decidido que o longa precisaria de mais cenas envolvendo o tal Canguru para esquecer essa história de filme de máfia e apostar num humor mais voltado para a família.

A solução mais barata foi editar o longa, cortando as cenas mais pesadas, e usar cenas descartadas para inserir um canguru de CGI cantando, brigando e sacaneando os protagonistas com algumas falas simples. Essa decisão, dizem os boatos da época, foi tão surpreendente que grande parte do elenco sequer foi avisada da mudança de tom do filme. Um ponto que corrobora para a veracidade desses boatos é que o ator Adam Garcia, que dá voz ao Canguru Jack, o suposto protagonista do filme, sequer foi creditado pelo papel.

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Com orçamento de 60 milhões de dólares, o filme chegou aos cinemas sob uma campanha de marketing voltada exclusivamente para o canguru que dava nome ao projeto. O trailer descreve o filme como a aventura de dois melhores amigos que vão até o fim do mundo sofrer com a trapalhadas de um canguru com jeito de malandro, que usa jaqueta, óculos escuros e canta hip-hop. Por mais bizarro que pareça, as aventuras infantis dos anos 2000 eram isso aí mesmo. Nada mais “filme família” dessa época que isso.

Mas essa promoção massiva acabou sendo um tiro no pé, porque vendeu um longa completamente diferente do que foi visto. Afinal, ele não foi gravado para ser um filme família, mas sim uma comédia adulta de máfia. E mesmo com as edições para enquadrar o longa no famoso PG, a história seguiu com piadas envolvendo assédio sexual e alcoolismo, xingamentos, momentos sensuais demais para crianças e uma violência mais suavizada das ações da máfia. E o pior: as cenas do canguru em questão foram praticamente todas mostradas no trailer. Obviamente, o que foi vendido como um filme inocente se mostrou sacana demais para as crianças, revoltando não só a pais e responsáveis, mas também aos críticos especializados, que se sentiram enganados.

O resultado dessa brincadeira foi um verdadeiro fracasso nas críticas, mas lembra lá em cima quando dissemos que Jerry Bruckheimer não estava ali para brincadeira? Mesmo com todas essas polêmicas, o produtor ainda viu o filme dar um retorno positivo de quase 30 milhões de dólares nas bilheterias do mundo. Isso acendeu um sinal na Warner, que aprovou uma sequência feita em animação 2D, agora sim focada exclusivamente no público infantil.

Canguru Jack: Olá, EUA! foi lançado em 2004 com um custo mínimo, já que não precisariam filmar nada na Austrália, e sem a volta de nenhum dos atores do elenco original para dar voz aos seus personagens. E mesmo tendo o Canguru Jack como protagonista de verdade, a animação foi um fracasso tão grande que muita gente sequer sabe que ela existe, provando que nada é tão ruim que não possa piorar.

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