O ano de 2024 trouxe uma série de aniversários importantes para o cinema, como você pôde acompanhar nos especiais do CinePOP ao longo do ano. Porém, um filme cuja importância transcende o próprio cinema completou 10 anos e você talvez nem tenha percebido. Sim, estamos falando de Rio 2.
A trama mostra a nova família de Blu, a simpática e meio ‘nerd’ ararinha-azul que se junta a Jade para tentar salvar a espécie. Neste longa, vemos o casal ter bebês, que embarcam em uma aventura rumo à Amazônia, onde surgem rumores da existência de novos indivíduos da espécie. Por lá, eles encontram uma colônia secreta de ararinhas, que estão vivendo distante dos perigos da humanidade. Porém, tudo muda quando madeireiros ilegais tentam desmatar o paraíso delas.
Se o primeiro filme foi um sucesso, com direito a indicações ao Oscar, o segundo conseguiu atrais mais público aos cinemas, rendendo uma bilheteria respeitável de mais de 500 milhões de dólares ao redor do mundo. Mais do que isso, o longa aproveitou para abordar não apenas a temática do tráfico de animais, mas também a questão do desmatamento na Amazônia.
Com o novo cenário, o filme ganhou personagens ainda mais variados e passou uma mensagem forte aos países de ‘primeiro mundo’ sobre os impactos que suas ações causam por aqui. A sequência mostra os turistas sem noção e os madeireiros desmatando a floresta para importar as madeiras das árvores e explorar as riquezas naturais brasileiras ilegalmente.
Durante a Rio2C 2024, tive a chance de entrevistar o diretor do longa, Carlos Saldanha. Ele foi convidado para dar um painel sobre as oportunidades para brasileiros no mercado das animações e conversou com a gente pouco antes de subir ao palco da Cidade das Artes.
Na ocasião, ele ressaltou que teve muito orgulho de trabalhar no filme, mas que ele era uma prova de que os animadores não podem nunca se contentar com ‘apenas’ um sucesso.
“Eu vejo Rio 2 como a prova de que você nunca pode parar. Você deve continuar trabalhando para transformar os sonhos em realidade. Mesmo com sucessos e sucessos, você deve olhar sempre para frente, pensando no próximo capítulo. Esse filme mostra que sempre há histórias para contar quando se trabalha com personagens tão queridos”, disse.
Ele também comentou sobre a trilha sonora. Interpretada pelo grupo Barbatuques, a música tema do longa virou trend no TikTok uma década depois de brilhar nas telonas, relembrando ou até mesmo apresentando o filme para uma nova geração. E Carlos se disse feliz com esse processo que ele definiu como “renovação”.
“A gente vive em um mundo de ciclos. Hoje em dia, as pessoas têm acesso a tudo na internet. Antigamente era diferente, porque se você via um filme no cinema, só podia ver de novo quando ele estreasse em DVD, mas agora nossas obras estão em tudo quanto é lugar. Eu acho muito gostoso ver um novo público descobrindo o filme por meio da trilha sonora ou de um recorte que viralizou no TikTok. É uma renovação muito legal. Acho um barato”, explicou.
No último mês, encontrei o diretor novamente, mas agora na inauguração do recinto de ararinhas-azuis no Zoológico de São Paulo, o único no Brasil a exibir essa espécie tão ameaçada. Questionei se ele sentia que o filme ajudou de alguma maneira a trazer essa questão da espécie estar ameaçada para o público.
“A gente fica sempre muito feliz de poder ajudar de alguma forma. E, na verdade, talvez uma das formas mais amplas de você promover alguma coisa, às vezes, é através de um filme. A franquia Rio trouxe animações que circularam o mundo, né? Levamos essa causa da preservação das Ararinhas a pessoas, até mesmo no Brasil, que não conheciam a espécie e nem sabiam que estavam tão ameaçadas. Então, assim, é mais que uma responsabilidade, é quase que um dever nosso, como brasileiros, de poder fazer alguma coisa assim, para poder ajudar o máximo possível as causas que, às vezes, as pessoas esquecem ou não sabem que existem, e a gente tem os nossos tesouros bem aqui no Brasil, que precisam ser mostrados ao mundo e preservado para as nossas próximas gerações”, afirmou.