quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Lembra dele? ‘Speed Racer’, filme injustiçado sobre corridas, completa 15 anos

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Há 15 anos, em 2008, o mundo tinha contato com uma adaptação que provavelmente mudou os rumos do entretenimento. Não estou falando de Homem de Ferro, mas de Speed Racer. Pois é, lançados no mesmo ano, esses dois filmes tinham alto orçamento e eram as grandes apostas de seus estúdios para dar início a enormes franquias. Porém, enquanto um recebeu uma série de elogias da crítica e teve ótima bilheteria, pavimentando o caminho para o bilionário Universo Cinematográfico Marvel, o outro acumulou críticas negativas desmedidas de saudosistas e pessoas de mente fechada que não conseguiram enxergar a magia por trás da proposta da direção, praticamente fechando as portas para todas as outras adaptações de animes que estavam aprovadas por grandes estúdios.



Para quem nunca teve contato com esse universo, o filme é inspirado em uma série muito popular de mangá e anime feito nos anos 60 sobre um piloto de corridas chamado Speed, que dirigia o icônico Mach 5, que foi criado por seu pai. Assim, ele se envolvia em uma série de aventuras e confusões dentro e fora das pistas, junto a seu irmão, Gorducho, e o macaco Zequinha. Além deles, havia o misterioso Corredor X, que era o irmão supostamente falecido de Speed, Rex Racer.

A animação era bastante simples, com traços rudimentares, mas com história muito boa e cativante. Dessa forma, a série animada virou um fenômeno em diversos países do mundo, incluindo o Brasil. E por anos falou-se em uma adaptação cinematográfica, só que o projeto nunca ia para frente, até ganhar sinal verde da Warner em 1992. Só que os bastidores foram marcados por problemas, que culminaram na saída de vários nomes, até que as Irmãs Wachowski embarcaram no projeto e definiram que fariam um filme voltado para a história da família Racer, não apenas um longa centrado em Speed.

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Para isso, convocaram um elenco com dois nomes de peso para fazer os pais de Speed, John Goodman e Susan Sarandon, e dois jovens atores que pareciam muito promissores na época, Emile Hirsch (Speed) e Christina Ricci (Trixie), para viver o casal principal. Emile vinha de uma série de filmes jovens que pareciam ser um sinal de que ele se firmaria como um dos expoentes da cena, enquanto Ricci já vinha de uma sólida carreira como atriz infantil. E claro, houve a escalação de Matthew Fox, que estava no auge com a série Lost, para viver o Corredor X.

Na época, a publicidade foi voltada para a relação entre Speed e Corredor X, aproveitando os rostos dos atores que estavam mais em alta. Houve alguns spots voltados para as trapalhadas de Gorducho e o Zequinha, que era um chimpanzé de verdade. E, vendo pela ótica de hoje, fica a sensação de que eles teriam vendido muito melhor o filme se o trailer fosse resumido ao Speed dando um drift e o Zequinha jogando cocô nos outros. Porque foi o que melhor repercutiu e marcou o público.

A principal reclamação da crítica, na época, foi o distanciamento do material original e de uma visão considerada infantil demais para a saga. No entanto, vale a reflexão que é fundamental na hora de assistir qualquer adaptação: se é pra ver algo igual ao desenho animado, por que não assistir novamente o próprio desenho animado? Dentre as mudanças, a que causou mais furor nos saudosistas foi a chegada do Mach 6. O novo carro é o principal aliado de Speed nos circuitos bolados para o live action, substituindo o icônico Mach 5. Mas até mesmo essa reclamação é sem sentido, porque a direção encontrou uma forma de inserir uma prova de rally que colocou Speed Racer com seu visual clássico ao lado do Mach 5, transformando essa sequência numa adaptação visualmente perfeita das provas insanas do desenho e do mangá.

E sobre ganhar uma abordagem infantil, é tudo uma questão de perspectiva. Afinal, o filme trata de um tema muito complexo, que é a corrupção no meio esportivo, de forma lúdica, desenvolvendo uma trama simples, mas eficaz, de um típico filme motivacional de esportes. E no final das contas, Speed Racer é sobre isso: é uma aventura nas pistas que valoriza o poder de sonhar, acreditar no jogo limpo e amar sua família. Pode ser clichê, só que fica impossível não se pegar torcendo pelo piloto idealista que põe em jogo sua carreira para provar que o amor ao esporte é capaz de vencer os grandes empresários.

Houve também uma séria reclamação sobre o visual do filme, que foi praticamente todo feito por meio de CGI, levando grande parte do orçamento de 120 milhões de dólares para isso. E aqui há dois pontos que valem a pena ser debatidos. O primeiro é um elogio a coragem das diretoras para adotar essa estética futurista e carregada de neons, o que ajudou a criar uma aura única para o filme. Já o segundo é uma crítica pertinente, porque faltou uma camada final de CGI para algumas pistas e carros secundários.

A maior prova dessa falha visual é no circuito de Fiji. A sensação que fica é que entregaram a sequência não finalizada, talvez por falta de orçamento, e torceram para que o público não percebesse. Infelizmente, é muito difícil não notar aqueles carrinhos genéricos ao fundo na pista, enquanto o Speed é esculachado. Por mais que a proposta seja trazer as corridas de forma lúdica, por um olhar mais infantil e esperançoso, há mesmo momentos em que o CGI deixa muito a desejar.

Por fim, mas não menos importante, a corrida final do filme é um dos maiores atos de amor às corridas já feitas em longas esportivos. A condução feita pelas Wachowski é fenomenal! A mistura dos dramas pessoais de Speed alternando com as ultrapassagens, enquanto o mundo presencia atônito o nascimento de uma lenda das pistas, mostrando que um carro feito com mecânica arrojada e trabalho familiar pode enfrentar de igual para igual os modelos mais avançados e tecnológicos da indústria, contanto que o talento e a pureza do esporte falem mais alto no espírito do piloto… Nossa, é uma momento quase sobrenatural.

É a hora da consagração e Speed vive altos e baixos em meio ao confronto. E para qualquer um que acompanhe qualquer tipo de modalidade esportiva, não necessariamente envolvendo o automobilismo, sabe que a sacada da direção de colocar o protagonista para desmascarar um esquema de corrupção enquanto busca a glória é uma sensação única. É o sonho de praticamente todo fã provar que seu rival só consegue vencer com ajuda externa, enquanto seu favorito leva as situações no talento. É um momento de pura catarse, transformando a poltrona do cinema ou o sofá da casa em uma arquibancada.

Por isso, 15 anos depois de seu lançamento, Speed Racer ganhou status de Cult. Na verdade, fica a sensação de que se as Wachowski tiverem um “Surto de George Lucas” e resolverem lançar uma versão remasterizada com efeitos visuais mais modernos, é capaz de se tornar um sucesso de bilheteria. Mas a verdade é que o filme, como qualquer outro, tem seus acertos e erros. Ele não é perfeito e também passa longe de ser a bomba pintada pela crítica na época de seu lançamento. Infelizmente, o longa acabou sendo um fracasso, arrecadando apenas 93 milhões de dólares, não conseguindo pagar nem mesmo os US$ 120 milhões gastos para produzir o projeto, sem contar o valor gasto na divulgação. Isso acabou enterrando de vez as chances de uma franquia nascer e acabou deixando os executivos de Hollywood receosos de investir em outras adaptações de animes. É, Speed Racer foi muito injustiçado.

Speed Racer está disponível no catálogo do HBO Max.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Há 15 anos, em 2008, o mundo tinha contato com uma adaptação que provavelmente mudou os rumos do entretenimento. Não estou falando de Homem de Ferro, mas de Speed Racer. Pois é, lançados no mesmo ano, esses dois filmes tinham alto orçamento e eram as grandes apostas de seus estúdios para dar início a enormes franquias. Porém, enquanto um recebeu uma série de elogias da crítica e teve ótima bilheteria, pavimentando o caminho para o bilionário Universo Cinematográfico Marvel, o outro acumulou críticas negativas desmedidas de saudosistas e pessoas de mente fechada que não conseguiram enxergar a magia por trás da proposta da direção, praticamente fechando as portas para todas as outras adaptações de animes que estavam aprovadas por grandes estúdios.

Para quem nunca teve contato com esse universo, o filme é inspirado em uma série muito popular de mangá e anime feito nos anos 60 sobre um piloto de corridas chamado Speed, que dirigia o icônico Mach 5, que foi criado por seu pai. Assim, ele se envolvia em uma série de aventuras e confusões dentro e fora das pistas, junto a seu irmão, Gorducho, e o macaco Zequinha. Além deles, havia o misterioso Corredor X, que era o irmão supostamente falecido de Speed, Rex Racer.

A animação era bastante simples, com traços rudimentares, mas com história muito boa e cativante. Dessa forma, a série animada virou um fenômeno em diversos países do mundo, incluindo o Brasil. E por anos falou-se em uma adaptação cinematográfica, só que o projeto nunca ia para frente, até ganhar sinal verde da Warner em 1992. Só que os bastidores foram marcados por problemas, que culminaram na saída de vários nomes, até que as Irmãs Wachowski embarcaram no projeto e definiram que fariam um filme voltado para a história da família Racer, não apenas um longa centrado em Speed.

Para isso, convocaram um elenco com dois nomes de peso para fazer os pais de Speed, John Goodman e Susan Sarandon, e dois jovens atores que pareciam muito promissores na época, Emile Hirsch (Speed) e Christina Ricci (Trixie), para viver o casal principal. Emile vinha de uma série de filmes jovens que pareciam ser um sinal de que ele se firmaria como um dos expoentes da cena, enquanto Ricci já vinha de uma sólida carreira como atriz infantil. E claro, houve a escalação de Matthew Fox, que estava no auge com a série Lost, para viver o Corredor X.

Na época, a publicidade foi voltada para a relação entre Speed e Corredor X, aproveitando os rostos dos atores que estavam mais em alta. Houve alguns spots voltados para as trapalhadas de Gorducho e o Zequinha, que era um chimpanzé de verdade. E, vendo pela ótica de hoje, fica a sensação de que eles teriam vendido muito melhor o filme se o trailer fosse resumido ao Speed dando um drift e o Zequinha jogando cocô nos outros. Porque foi o que melhor repercutiu e marcou o público.

A principal reclamação da crítica, na época, foi o distanciamento do material original e de uma visão considerada infantil demais para a saga. No entanto, vale a reflexão que é fundamental na hora de assistir qualquer adaptação: se é pra ver algo igual ao desenho animado, por que não assistir novamente o próprio desenho animado? Dentre as mudanças, a que causou mais furor nos saudosistas foi a chegada do Mach 6. O novo carro é o principal aliado de Speed nos circuitos bolados para o live action, substituindo o icônico Mach 5. Mas até mesmo essa reclamação é sem sentido, porque a direção encontrou uma forma de inserir uma prova de rally que colocou Speed Racer com seu visual clássico ao lado do Mach 5, transformando essa sequência numa adaptação visualmente perfeita das provas insanas do desenho e do mangá.

E sobre ganhar uma abordagem infantil, é tudo uma questão de perspectiva. Afinal, o filme trata de um tema muito complexo, que é a corrupção no meio esportivo, de forma lúdica, desenvolvendo uma trama simples, mas eficaz, de um típico filme motivacional de esportes. E no final das contas, Speed Racer é sobre isso: é uma aventura nas pistas que valoriza o poder de sonhar, acreditar no jogo limpo e amar sua família. Pode ser clichê, só que fica impossível não se pegar torcendo pelo piloto idealista que põe em jogo sua carreira para provar que o amor ao esporte é capaz de vencer os grandes empresários.

Houve também uma séria reclamação sobre o visual do filme, que foi praticamente todo feito por meio de CGI, levando grande parte do orçamento de 120 milhões de dólares para isso. E aqui há dois pontos que valem a pena ser debatidos. O primeiro é um elogio a coragem das diretoras para adotar essa estética futurista e carregada de neons, o que ajudou a criar uma aura única para o filme. Já o segundo é uma crítica pertinente, porque faltou uma camada final de CGI para algumas pistas e carros secundários.

A maior prova dessa falha visual é no circuito de Fiji. A sensação que fica é que entregaram a sequência não finalizada, talvez por falta de orçamento, e torceram para que o público não percebesse. Infelizmente, é muito difícil não notar aqueles carrinhos genéricos ao fundo na pista, enquanto o Speed é esculachado. Por mais que a proposta seja trazer as corridas de forma lúdica, por um olhar mais infantil e esperançoso, há mesmo momentos em que o CGI deixa muito a desejar.

Por fim, mas não menos importante, a corrida final do filme é um dos maiores atos de amor às corridas já feitas em longas esportivos. A condução feita pelas Wachowski é fenomenal! A mistura dos dramas pessoais de Speed alternando com as ultrapassagens, enquanto o mundo presencia atônito o nascimento de uma lenda das pistas, mostrando que um carro feito com mecânica arrojada e trabalho familiar pode enfrentar de igual para igual os modelos mais avançados e tecnológicos da indústria, contanto que o talento e a pureza do esporte falem mais alto no espírito do piloto… Nossa, é uma momento quase sobrenatural.

É a hora da consagração e Speed vive altos e baixos em meio ao confronto. E para qualquer um que acompanhe qualquer tipo de modalidade esportiva, não necessariamente envolvendo o automobilismo, sabe que a sacada da direção de colocar o protagonista para desmascarar um esquema de corrupção enquanto busca a glória é uma sensação única. É o sonho de praticamente todo fã provar que seu rival só consegue vencer com ajuda externa, enquanto seu favorito leva as situações no talento. É um momento de pura catarse, transformando a poltrona do cinema ou o sofá da casa em uma arquibancada.

Por isso, 15 anos depois de seu lançamento, Speed Racer ganhou status de Cult. Na verdade, fica a sensação de que se as Wachowski tiverem um “Surto de George Lucas” e resolverem lançar uma versão remasterizada com efeitos visuais mais modernos, é capaz de se tornar um sucesso de bilheteria. Mas a verdade é que o filme, como qualquer outro, tem seus acertos e erros. Ele não é perfeito e também passa longe de ser a bomba pintada pela crítica na época de seu lançamento. Infelizmente, o longa acabou sendo um fracasso, arrecadando apenas 93 milhões de dólares, não conseguindo pagar nem mesmo os US$ 120 milhões gastos para produzir o projeto, sem contar o valor gasto na divulgação. Isso acabou enterrando de vez as chances de uma franquia nascer e acabou deixando os executivos de Hollywood receosos de investir em outras adaptações de animes. É, Speed Racer foi muito injustiçado.

Speed Racer está disponível no catálogo do HBO Max.

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