Beyoncé Knowles-Carter é uma das grandes vozes a já agraciarem o planeta e uma das artistas mais revolucionárias da história da música. Desde sua estreia com o grupo Destiny’s Child até suas incursões solo, nossa Queen B já entregou diversos trabalhos memoráveis e canções que ficaram marcadas no cenário fonográfico – mas não seria até 2016 que ela alcançaria um novo patamar de sua arte ao lançar o aclamado ‘Lemonade’.
Considerado um dos maiores álbuns não apenas dos anos 2010, mas de todos os tempos, o disco se tornou um sucesso crítico e comercial, estreando em primeiro lugar na Billboard 200 e dando origem a canções como “Formation” e “Hold Up”. Dentre os inúmeros prêmios, ‘Lemonade’ garantiu à Beyoncé mais duas estatuetas do Grammy – e uma das esnobações mais criminosas da história da premiação, quando perdeu o cobiçado gramofone dourado de Álbum do Ano. E tudo isso sem mencionar o profundo impacto cultural que a obra causou e continua a causar (algo que será explorado em uma matéria à parte).
No dia de hoje, 23 de abril, o álbum completa sete anos e, para celebrá-lo, montamos um breve ranking elencando suas sete melhores canções.
Confira abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual a sua favorita:
7. SANDCASTLES
Quando Beyoncé resolve se voltar para construções melódicas de baladas, ela normalmente acerta; dito e feito, ‘Lemonade’ possui “Sandcastles” como uma de suas canções mais potentes, infundidas em uma triste experiência pessoa que reflete o título da música. Aqui, ela compara os votos de casamentos que compartilhou ao lado do marido, Jay-Z, à efemeridade dos castelos de areia, que são varridos pelas ondas do mar e deixam de existir. E isso aliado a vocais impecáveis que tornam toda a narratividade ainda mais dramática e teatral.
6. 6 INCH, feat. The Weeknd
“6 Inch” é uma das músicas mais únicas da discografia da nossa Queen B e uma das mais representativas do que ela sempre defendeu – o empoderamento feminino. Colaborando com The Weeknd (que, à época, estava recém-saído do grande sucesso de ‘Beauty Behind the Madness’), Bey mergulha na obscuridade do electro e do R&B alternativos à medida que constrói uma narrativa de libertação e de demanda de respeito, dizendo com toda a imponência que trabalhou duro para ter tudo na vida e que se recusa a abaixar a cabeça para aqueles que querem ver sua ruína.
5. SORRY
Entrando como segundo single oficial de ‘Lemonade’, “Sorry” é uma das canções mais sarcásticas e ácidas da carreira de Beyoncé e, principalmente por esse motivo, não poderia estar de fora da nossa lista. O título da música nos guia em um caminho totalmente diferente, logo retificado por divertidos versos infundidos com electro-R&B que dizem “agora você quer pedir desculpas; agora você quer me ligar chorando”, conforme a cantora supera uma traição e resolve espraiar a mente ao sair para dançar e levantar o dedo do meio para o mundo.
4. FREEDOM, feat. Kendrick Lamar
“Freedom” insurge com uma atmosfera quase gospel, marcada por um coro enérgico que vai ao encontro da instrumentalização própria do hip-hop, incluindo as batidas demarcadas de uma jovem banda colegial, ramificando suas mensagens de louvor para as gerações atuais. Aqui, Bey se alia a Kendrick Lamar, que instantaneamente é reconhecido conforme entra na transição entre o segundo e o terceiro atos logo antes do último refrão, acrescenta ainda mais dinamismo à track.
3. HOLD UP
“Hold Up” traz Beyoncé como Oxum, divindade iorubá do amor, da sensualidade e da fertilidade – ora, não é nenhuma surpresa que a artista declare no refrão “eles não te amam como eu te amo”, partindo de um escopo bastante pessoal para uma universalidade incrível que já se provou próprio de sua identidade musical. A canção, por sua vez, traz batidas próprias de um delicioso reggae, além de fazer claras referências de bandas que a influenciaram para construir o CD em si – como Soulja Boys. Talvez aqui, Knowles-Carter abra espaço para explorar timbres vocais sem qualquer peso artificial, fluidamente escorrendo em uma sutileza categórica e emocionante.
2. DADDY LESSONS
“Daddy Lessons” é um dos vários ápices de ‘Lemonade’ e uma das canções que merecia mais reconhecimento que tem.. Com a música em questão, a lead singer eleva as expectativas de sua própria sonoridade, iniciando com os primórdios do jazz apenas para cultivar um terreno propício à insurgência de um country texano que louva, como premedita o título, as lições que seu pai lhe ensinou: “ele me disse para não chorar; meu pai disse ‘atire’”, repetindo o refrão inúmeras vezes como forma de encontrar as forças necessárias para seguir em frente; tudo isso incluso em um escopo paradoxalmente nostálgico e modernizado.
1. FORMATION
“Formation”, buscando elementos de um vanguardista R&B, borbulha com referências imagéticas e sonoras que ganham vida e nos levam através de uma história apagada pelo egocentrismo branco. É aqui que a cantora abraça de vez sua herança provinda de “meu pai, [do] Alabama; minha mãe, [de] Louisiana”, além de cutucar com sarcasmos deliciosos as múltiplas teorias da conspiração que insurgiram nos últimos anos para renegar a importância que trouxe para a valorização da cultura afro-americana. Em outras palavras, a track em questão alcança níveis de perfeição que sarcasticamente grita “eu tenho orgulho de ser quem eu sou”.