‘Barbie’ se tornou o maior filme de 2023, ultrapassando a bilheteria mundial de ‘Super Mario bros – o filme’ (longa animado que mantinha o recorde desde abril). Até o momento, apenas estes dois filmes conseguiram romper a barreira de US$1 bilhão nas bilheterias mundiais neste ano, e talvez nenhum outro chegue perto. ‘Barbie’ continua seguindo firme e fazendo dinheiro. Fora isso, possui o prestígio de elogios da crítica e, é claro, dos fãs. Tamanho fenômeno cultural, ‘Barbie’ pode vir a ser indicado ao Oscar em algumas categorias.
Quem deve estar rindo à toa com esse sucesso é a protagonista Margot Robbie, uma das maiores estrelas da atualidade em Hollywood. A atriz australiana de 33 anos era uma ilustre desconhecida há exatos 10 anos, quando conseguiu o papel que mudaria totalmente sua carreira e sua vida. ‘O Lobo de Wall Street’, de Martin Scorsese foi o que colocou o nome de Margot Robbie no mapa. Três anos depois, uma personagem viria como segundo divisor de águas em sua trajetória: Arlequina em ‘Esquadrão Suicida’. Hoje, Robbie tem duas indicações ao Oscar (‘Eu, Tonya’ e ‘O Escândalo’) e temos certeza que o prêmio não irá demorar a sair para ela.
Por ‘Barbie’, Margot Robbie fez um dos maiores acordos para um filme de todos os tempos. Acreditando no potencial do longa, a atriz reduziu seu salário em prol de uma porcentagem das bilheterias – acordo semelhante ao de Jack Nicholson em ‘Batman’ (1989). É um risco, pois se o filme fracassasse, o percentual seria reduzido. Com o sucesso, o somatório do salário mais o percentual ficou em torno dos US$50 milhões, algo como R$250 milhões.
Em homenagem ao sucesso de ‘Barbie’ e da protagonista Margot Robbie, iremos dar uma olhada nos cinco filmes mais queridos de sua carreira na opinião dos fãs e do grande público. Confira abaixo.
05) O Esquadrão Suicida (2021)
Nota: 7.2
A terceira vez é o charme. Essa foi a terceira vez que Margot Robbie interpretou a personagem Arlequina nas telonas, e resultou no filme mais querido do trio. O que acontece é um fato curioso em torno das participações da atriz neste papel. O primeiro ‘Esquadrão Suicida’ (2016) não foi, por assim dizer, um filme muito querido dos críticos e do público. Muito pelo contrário, é difícil encontrar alguma alma caridosa que defenda o longa dos anti-heróis da DC. Porém, mesmo dentro de um filme “marromeno” (para ser bonzinho), uma coisa que todos parecem concordar é que a atuação de Robbie como Arlequina se salva com louvor. De fato, foi muito mais do que isso, porque a personagem se tornou uma verdadeira febre mundial – difícil ver isso em um filme que quase ninguém gosta.
Quatro anos depois saía o filme “solo” da Arlequina, ‘Aves de Rapina’, que, embora mais bem recebido que sua primeira aparição, igualmente falhou em se tornar um grande sucesso. No entanto, mais uma vez Robbie como Arlequina era o grande destaque. Logo no ano seguinte, Robbie voltava ao papel para a versão de James Gunn, que modificou o título apenas com a introdução do artigo “o”. Bastou para que todos soubessem qual era o filme bom e o ruim. Infelizmente, elogios não são o suficiente para mudar a bilheteria de um filme, e embora muito mais querido por todos, o segundo ‘O Esquadrão Suicida’ não atingiu o esperado financeiramente.
04) Barbie (2023)
Nota: 7.3
‘Barbie’ não é apenas o maior sucesso de 2023, é também disparado o maior sucesso da carreira da atriz Margot Robbie, um filme que a fez subir mais alguns degraus em seu estrelato – pegando Hollywood de assalto de forma definitiva. Nem mesmo seu papel como Arlequina em três filmes, sua estreia bombástica em ‘O Lobo de Wall Street’ ou os elogios de suas duas indicações ao Oscar preparariam Margot Robbie para o sucesso que teria em ‘Barbie’ – um verdadeiro fenômeno midiático de nossos tempos.
E pensar que antes do filme que temos hoje, ‘Barbie’ seria uma produção bem diferente, que teria Amy Schumer como a protagonista tirando sarro dos padrões estereotipados da boneca. ‘Barbie’, porém, se tornou um híbrido entre o que o filme de Schumer seria e um produto descompromissado e divertido. A diretora Greta Gerwig encontrou o equilíbrio perfeito entre um blockbuster de entretenimento e um filme “cabeça” com uma mensagem empoderadora para mulheres – que questiona o “padrão”, mas assina que a mulher pode ser o que ela quiser. Será interessante acompanhar o próximo passo da atriz após esse novo divisor.
03) Eu, Tonya (2017)
Nota: 7.5
Em quatro anos, de 2013 a 2017, Margot Robbie já havia se tornado um nome quente em Hollywood graças a trabalhos em ‘Golpe Duplo’, ‘A Lenda de Tarzan’, uma participação divertida em ‘A Grande Aposta’ e, principalmente, claro, seu papel como Arlequina em ‘Esquadrão Suicida’. Para os que acham que nesta época ela era apenas uma imagem vendável e não uma atriz de verdade, basta procurar o filme ‘Os Últimos da Terra’ (2015) para ter este argumento derrubado.
Mas é seguro afirmar também que nenhum de seus trabalhos anteriores mostraria toda a potência de sua atuação da forma como ‘Eu, Tonya’ fez. A primeira vez que ouvi falar do filme foi durante o festival de Toronto em 2017 quando dois críticos na minha frente, subindo as escadas rolantes, comentavam sobre a atuação de Robbie na obra. Eu havia esquecido que o longa estava no line, mas corri para conferir no mesmo evento, e ali senti que a atriz tinha grandes chances de uma indicação ao Oscar. Não deu outra. Robbie se solta como nunca antes, no papel da patinadora real Tonya Harding, expulsa do esporte graças a uma enorme polêmica envolvendo a eliminação cruel de uma concorrente.
02) Era uma Vez em Hollywood (2019)
Nota: 7.6
Trabalhar com Quentin Tarantino dá nisso: é garantia de sucesso em mãos. Mas o difícil é conseguir trabalhar com o diretor. Só os melhores conseguem. E Margot Robbie descolou o principal papel feminino neste que é até o momento o último trabalho da carreira do cineasta adorado. Um dos movimentos mais inteligentes para qualquer ator é conseguir escalação no filme de grandes nomes, em especial grandes diretores. Assim, ao longo de sua carreira, Margot Robbie garantiu papeis de destaque em produções de gente como Martin Scorsese, Damien Chazalle, Wes Anderson, David O. Russell e James Gunn.
Nessa leva de diretores exemplares é claro que não podemos deixar de citar Quentin Tarantino. A parceria de Robbie com o diretor se deu neste retrato de uma Hollywood de 1969, onde acompanhamos a relação de um ator que começa a cair no ostracismo e seu fiel amigo e dublê. Numa “realidade paralela” acompanhamos a ascensão do “fungo” da geração “paz e amor’, o psicopata Charles Manson, e sua trilha de sangue na cidade dos ricos e famosos. Margot Robbie vive Sharon Tate, a vítima mais famosa do psicopata e seus asseclas; uma jovem atriz que via sua carreira começar a decolar. O curioso é que a segunda indicação de Robbie sairia nesse mesmo ano, mas não por esse filme, e sim por ‘O Escândalo’.
01) O Lobo de Wall Street (2013)
Nota: 8.3
A atuação de Margot Robbie pode até ser melhor em outros filmes, e a atriz pode ter amadurecido em seu desempenho e em suas performances ao ganhar mais experiência; porém, para o grande público e os fãs, o melhor filme no qual a atriz trabalhou segue sendo ‘O Lobo de Wall Street’. Essa é uma das tantas obras-primas dirigidas pelo mestre Martin Scorsese, e de todos os seus últimos filmes (nos últimos dez anos), ainda é o mais querido e mais abraçado por toda espécie de espectador, quebrando a barreira do nicho do público “cinéfilo-cult”.
Bem, talvez eu deva explicar também que aqui foram levados em conta apenas os filmes em que Margot Robbie possui um papel significativo dentro da trama, e não apenas uma ponta rápida. Dessa forma, o igualmente elogiado ‘A Grande Aposta’ (2015) ficou de fora, porque neste longa Robbie faz o papel dela mesma e aparece em duas pontinhas rápidas, como uma espécie de piada interna. Já em ‘O Lobo de Wall Street’ seu papel é importante e dita algumas guinadas do roteiro – como o início da queda do personagem protagonista. Fora isso, como todos sabemos, ‘O Lobo de Wall Street’ serviu para introduzir Margot Robbie no coração e mente de todos os amantes de cinema pelo mundo.
Bônus: Questão de Tempo (2013)
Nota: 7.8
Acho que também é válido mencionar ‘Questão de Tempo’, romance com toques de fantasia lançado no mesmo ano de ‘O Lobo de Wall Street’. A participação de Margot Robbie é pequena, mas ela tem importância significativa no desenvolvimento do protagonista, já que interpreta o interesse amoroso que não dava a menor chance ao sujeito. Ela volta no fim do filme para testar o rapaz, e ver se ele faria a escolha certa. Por ser uma participação pequena, antes da fama atingida pelo outro filme citado lançado no mesmo ano, deixamos ‘Questão de Tempo’ como bônus, já que muitos sequer lembram de Margot Robbie no longa.