quarta-feira, agosto 20, 2025
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    ‘Meu Avô É um Nihonjin’: Célia Catunda detalha animação sobre a imigração japonesa no Brasil

    A produtora Célia Catunda, criadora da animação ‘Meu Avô É um Nihonjin’ (My Grandfather is a Nihonjin), que narra a experiência dos imigrantes japoneses no Brasil, revelou detalhes do processo criativo para a obra.

    O filme, que busca uma fusão única entre estilos japonês e brasileiro, fez sua estreia no Festival de Annecy e seguirá para outros festivais.

    Segundo o Deadline, Célia afirmou que evitou apoiar-se excessivamente no estilo anime.

    “Desde o início, muitas pessoas perguntavam se faríamos um longa no estilo anime, e eu senti que não queria seguir por esse caminho”, disse Catunda. “A animação japonesa é muito forte. Eu queria criar um estilo diferente, com um toque brasileiro, que não fosse totalmente japonês”.

    O filme foi produzido com animação 2D desenhada à mão, incorporando influências culturais japonesas.

    Para o desenvolvimento da trama, Catunda contratou consultores criativos para evitar cair em estereótipos, especialmente em relação à trilha sonora, ressaltando que ela não tem ascendência japonesa.

    “Às vezes, a gente não percebe os estereótipos nos quais está caindo, então foi muito importante ter uma consultora japonesa que supervisionou os roteiros e ajudou no desenvolvimento dos personagens”, acrescentou. “Quando o avô abria os braços amplamente, ela dizia que isso não funcionaria, pois uma pessoa japonesa não se expressaria assim — seria mais contida. E a música, por vezes, soava ‘genérica japonesa’, então precisávamos ser mais específicos”.

    O filme adota um estilo musical que combina sonoridades japonesas com a música brasileira do interior.

    Sobre a trama, Catunda explicou que ela gira entorno do conflito entre Noboru e seu avô.

    “Durante quase toda a vida, [o avô] quis continuar sendo japonês, mas o neto é o oposto,  quer afirmar sua identidade brasileira. Isso foi uma boa fonte de conflito para o filme inteiro. Queríamos que o arco dos dois personagens girasse em torno da descoberta da complexidade de suas identidades. Essa é a beleza do processo migratório e o que torna a cultura brasileira tão rica”, revelou.

    Sobre a estreia no Festival de Annecy e as expectativas, Catunda afirmou:

    “Flow foi algo muito bom para todos que trabalham com animação, porque precisamos buscar o diferente, às vezes, os orçamentos são tão grandes que nos assustam. Eu acredito muito mais nas histórias do que nos orçamentos. Acho que sempre podemos sonhar alto, e estar em Annecy nos dará a visibilidade de que precisamos”, concluiu.

    O filme é baseado no aclamado romance de Oscar Nakasato e acompanha Noboru, um garoto de São Paulo que descobre suas raízes japonesas. Quando recebe um trabalho escolar sobre sua família, Noboru recorre ao avô Hideo para aprender mais sobre sua herança. Apesar de sempre ter evitado seu passado, Hideo concorda em contar sua história.

    O lançamento do filme acontece 30 anos após a assinatura de um tratado de amizade entre Brasil e Japão, em Paris. Atualmente, o Brasil abriga a maior comunidade japonesa fora do Japão, com uma estimativa de cerca de 2 milhões de descendentes vivendo no país.

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