Em 2024, Sidney Magal esteve em alta nos cinemas e no streaming. Protagonista do musical Meu Sangue Ferve Por Você, que mistura ficção com sua história real de amor com Magali West, o artista brilhou nas telonas, quando o filme estreou nacional e internacionalmente, e agora está em cartaz no Disney+ com a mesma produção, mas no formato de série. Porém, diferentemente de outras adaptações, Meu Sangue Ferve Por Você não foi apenas ‘cortado’ para caber em episódios.
A nova montagem mescla a ficção com momentos documentais incríveis, nos quais os personagens da vida real se encontram com os atores trajados como suas versões mais jovens e conversam sobre os eventos retratados em cena. É fantástico!
A convite da Disney, o CinePOP conversou com o elenco para entender um pouco mais sobre como foi esse processo de criação de personagens que não apenas são reais, mas também estão vivos e interagindo com eles. Para o ator Filipe Bragança, que interpreta o jovem Magal, poder contar com a presença do cantor foi fundamental para captar da melhor forma a sua essência.
“Tive muito a ajuda do Magal porque ele esteva sempre muito aberto para essa troca, que é uma troca, inclusive, rara. Nem sempre, quando uma cinebiografia é feita, o biografado ainda está entre nós, e o Magal tá aí cheio de vida, fazendo show e tudo. Ele tem mais de 70 anos e canta e dança no palco de forma impressionante. Então, ter essa disponibilidade dele foi muito importante, mas foi importante também compreender que, para linguagem do filme, eu precisava criar um outro Magal, porque o próprio filme não tem todo esse compromisso com o realismo. Trata-se de um musical fabulesco, então acho que existe uma liberdade poética aí para a gente poder criar e entender que o Magal nessa história é um personagem”, disse.
Ele também comentou sobre os desafios de cantar e dançar como o Magal.
“Fiz muitos anos de dança desde que eu era moleque, então consegui, apesar dos desafios, encontrar esse corpo que servia a esse personagem. Eu também canto – sou eu cantando no filme -, porque a direção queria que fosse assim. Então, foi importante também encontrar essa voz, essa persona artística do Magal, e também encontrar esse Magal apaixonado no fundo, porque, por fora, ele é esse amante latino. Entender essa jornada dele dentro do filme foi fundamental”, completou.
Sobre a adaptação para o formato de série, um dos momentos mais surpreendentes é quando a Magali da vida real vai de encontro à atriz Giovana Cordeiro, que interpreta sua versão mais jovem, e traz uma imagem de sua juventude. A semelhança é assustadora!
“Essa foto apareceu para mim durante a pesquisa. Na verdade, foi em um documentário que fizeram a respeito da vida do Magal. Ele fez um vídeo dela muito apaixonado, em uma casa de praia que eles tinham na Bahia. O Magal chama, e ela olha pra trás, deitada numa rede. Nesse momento, eu pausei o vídeo. Depois voltava e pausava e falava ‘gente, vem ver isso aqui!’. Então, tirei um print desse frame, mandava pra algumas pessoas e várias que me conheciam achavam que era eu. E aí foi muito louco, porque essa foto é absurdamente parecida, mas durante a entrevista que fiz com ela no making off, a gente fez uma foto, eu e ela, um do lado da outra, e a gente também está muito parecida nessa foto. Inclusive, a minha escalação tem influência da Magali, porque ela já tinha percebido a nossa semelhança ao me ver em novelas, e indicou que eu fizesse o teste. Eu, então, cheguei nesse processo assim. Tinha um feito um teste tempo atrás, depois voltei e fiz outros testes, depois fiz mais um com o Filipe pra gente entender a química entre os dois. E foi interessante redescobrir a Magali com a chegada do Filipe. Acho que trouxe um outro tom para a relação deles, de mais doçura e leveza, mais proximidade”, explicou Giovana
Ela também comentou sobre um aspecto muito interessante, que é o lugar de protagonismo dado a Magali na trama.
“Essa era a minha responsabilidade. Engraçado, na vida particular de quem acompanha o Magal e a Magali, as pessoas sabem que ela é muito protagonista dessa vida, porque ela trabalha ao lado dele, conduz a carreira junto dele, conduz também a família, organiza os bastidores dos shows… Então, para mim, foi muito bonito falar dessa mulher que eu admiro muito. Admiro a postura, o humor, a simplicidade e o carinho que ela tem com as pessoas ao redor e com os fãs. Foi o carinho que ela teve comigo que me fez sentir muito acolhida e muito à vontade para contar a história dela. Então, eu tive a responsabilidade de apresentar a Magali para o grande público, porque as fãs também conhecem muito bem a Magali. Depois que conheci as fãs do Magal indo aos shows dele, descobri que as fãs conhecem, amam e super respeitam a Magali. Então, para mim, foi interessante contar a história dessa mulher, até então uma menina, porque a gente faz um recorte da vida dela ainda menina, muito corajosa e confiante, e ao mesmo tempo tímida e reservada. Então também tem essa dualidade interessante nessa figura”, afirmou.
Quem concordou com a declaração foi o ator Caco Ciocler, que interpreta o empresário de Sidney Magal.
“Eu acho que o grande acerto dessa história toda é que, quando você opta por fazer uma cinebiografia, a opção é pegar o arco do ‘cinebiografado’. Mas aqui a aposta foi na relação dos dois, foi na história de amor. É um recorte, então não tinha como a Magali não ser a coprotagonsita disso, porque a história é a história de amor dos dois, não é a história do Sidney Magal”, disse.
“Foi interessante perceber como isso [protagonismo da Magali] foi construído ao longo do processo. Não lembro se se primeiro tratamento tive essa percepção da história dela, mas, com o tempo e com a pesquisa a respeito da vida do Magal, a gente foi entendendo que ela era uma figura que também merecia estar nesse destaque. Sempre a foi a história de amor entre eles dois, mas com o tempo foi ficando mais familiar essa história”, revelou Giovana.
“Só pra encerrar, para mim, a Magali, pelo menos no tratamento do roteiro que foi filmado, eu não sei como era antes, acho que a Magali é a protagonista dessa história. Para mim ,ela é a protagonista. Inclusive, a maior parte dos personagens, além do Magal, são do núcleo familiar da Magali, então a gente acompanha muito mais intimamente a história dela do que a dele”, completou Filipe.
Por fim, o elenco destacou a parceria do Disney+ para contar histórias que dificilmente receberiam aprovação em outras produtoras, dando muita liberdade criativa para os realizadores.
“Eu tenho também outra produção no Disney+, ‘Últimas Férias’, que é uma série muito legal. Eu sinto que o Disney+ aqui no Brasil tem dado muita liberdade criativa para os artistas envolvidos, sobretudo os diretores e roteiristas. Então, acho que acabam sendo produções muito autênticas, que se destacam por essa autenticidade no meio de outras produções, já que a gente tem tantas acontecendo hoje em dia, o que é maravilhoso. E acho que a nossa série não é diferente, porque não me lembro de um filme, uma cinebiografia, ter uma outra série que é composta por tantos elementos como os bastidores e os depoimentos. Claro, você tem filmes que foram divididos e viraram série de ficção. Mas acho que a nossa série tem sua personalidade própria, eu acho isso muito legal e faz muito sentido que esteja no Disney+”, comentou Filipe Bragança.
Ciocler concordou e destacou que o fato que mais chama sua atenção é a variedade de temas das produções nacionais chanceladas pela Disney.
“Pra mim também. Também tenho o filme ‘Passa Grana’ que tá no Disney+, a série ‘Americana’, que é inédita, o ‘Overman’… Eu sinto isso, que são projetos tão diferentes, e estou com personagens tão diferentes nesses projetos, que é uma honra. É tudo que a gente quer! Que as pessoas não olhem a gente sempre do mesmo jeito, sabe? Eu passei 40 anos de vida nessa luta ingrata, porque as pessoas estão sempre tentando… Você faz um papel bem e então só passa a ser chamado para papéis nesse mesmo padrão. A Disney é um exemplo, é isso que a gente quer: diversidade. Diversidade de personagens, de ideias, de formatos. Então, concordo com o Filipe. Estou felicíssimo com essa parceria, e queria parabenizar aqui, porque há de se ter coragem para isso também. Se você não corre risco, você não acerta. Pode errar? Pode. Mas você só acerta se corre risco. E acho que a Disney está nesse caminho super bonito”, concluiu Caco Ciocler.