sábado , 21 dezembro , 2024

Monstro do Pântano | Relembre a subestimada série da DC Universe

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O Monstro do Pântano é um dos personagens mais memoráveis da DC e até hoje é considerado um dos grandes marcos da companhia de HQs por revitalizar as histórias de super-heróis e trazer às narrativas quadrinhescas um tom mais dark, optando por diversas investidas do terror e do suspense. E, depois de ter realizado incríveis adaptações televisivas – incluindo Patrulha do Destino’ e Titãs’, que ganharam aclame generalizado pela crítica e pelo público -, a DC Universe resolveu, em 2019, trazer às telinhas uma outra releitura em live-action de sua clássica criação: partindo desse princípio, e em colaboração com a Warner Bros. Television, Gary Dauberman e Mark Verheiden deram origem à série homônima que fez um sucesso considerável de crítica, mas que, infelizmente, foi cancelada depois de apenas uma ótima temporada. 

A trama acompanhou a Dra. Abby Arcane (Crystal Reed, migrando da conterrânea Gotham), uma especialista em epidemiologia que volta à sua cidade-natal para investigar um mortal vírus pantanoso que dá indícios de criar uma pandemia entre os habitantes de Marais, Louisiana. Marcada por traumas e segredos obscuros que já dão as caras logo no início do capítulo, ela descobre ao lado de um inesperado aliado, Alec Holland (Andy Bean), que as coisas são muito mais perigosas do que parecem – e que a ciência, dessa vez, pode não ser o suficiente para salvar as vítimas do agente patológico em questão. 



Aqui, os showrunners e seu extenso time criativo optam por recuar um pouco nas construções sobrenaturais, resolvendo explorar o surgimento desse icônico e amedrontador personagem. Afinal, a atmosfera tem como base uma história de origem, afastando-se das outras séries do mesmo do panteão e estruturando-se de forma nostálgica o bastante para emular o incrível sucesso que Monstro’ fez nas décadas de 1970 e 1980. Aliás, a direção de Len Wiseman faz clara referência aos quadrinhos originais, principalmente na gestação da ambiência dark; Wiseman inclusive abandona, várias vezes, as habilidades fílmicas para obras de ação e foca muito mais nos diálogos dramáticos, incrementando-os com um toque de terror que sempre é bem-vindo. 

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De fato, a calmaria excessiva por vezes fala mais alto. Abby e Alec, investigando as possíveis causas da contaminação generalizada, protagonizam sequências interessantes, mas relativamente fragmentadas dentro do cosmos em questão. Em outras palavras, não é o jogo ação-reação que perde força, ainda mais porque a calculista mente dos cientistas é colocada em xeque no momento em que enfrentam uma força incomensurável que não pensará duas vezes antes de eliminar todos os obstáculos que encontrarem no caminho. Porém, não há nenhuma explicação aparente para a existência das raízes mutantes – apenas para o surgimento da criatura conhecida como Monstro do Pântano. 

Eventualmente, Alec reavém uma substância desconhecida do pântano, que tem a capacidade de acelerar o desenvolvimento de qualquer ser vivo – e é aí que as coisas começam a ficar cada vez mais complicadas: o biólogo é caçado por uma figura misteriosa que pode ou não ter relações com o Senhor E., principal antagonista dos quadrinhos. Entretanto, considerando os eventos dos atos anteriores do capítulo, é possível que o empresário Avery Sunderland (Will Patton), o qual não nutre de muita afinidade com Alec, pode ter sido responsável por sua perseguição e consequente morte. Logo depois, o cientista é de alguma forma abraçado pelas raízes mutantes do pântano, transformando-se na persona que empresta seu nome ao título da produção. 

O terreno cultivado por Dauberman e Verheiden preconiza certos deslizes – como o respaldo nostálgico supracitado que facilmente levaria a série a cair nas desgraças de uma datação televisiva. Porém, ambos conseguem com maestria modernizar esse subversivo conto de fadas, principalmente adicionando alguns elementos trágicos de extrema importância para a complexidade dos protagonistas. Temos, por exemplo, Virginia Madsen encarnando Maria Sunderland, esposa de Avery que culpa Abby pela morte de sua filha. Nesse momento, descobrimos que a Dra. Arcane, na verdade, foge dos preceitos maniqueístas da heroína benévola e declara, em alto e bom som, que é a principal responsável pela infelicidade da família. 

As apresentações em questão carregam consigo uma necessidade intrínseca e até desviam de certas fórmulas. Porém, o ritmo e o tom dos eventos permanecem o mesmo durante praticamente a iteração inteira, ganhando dinamismo apenas nos momentos cruciais. É compreensível, todavia, que o roteiro e a direção optassem por algo mais contido, ao menos nesses primeiros esforços – afinal, nem mesmo a fotografia clássica de obras audiovisuais do terror e do sobrenatural nos cativa do modo que poderia. Tais fatores também não tiram o brilho do episódio piloto, cuja principal característica é mergulhar no lado mais da trama antes de abrir espaço para o restante. 

Monstro do Pântano, mesmo permanecendo confinado em uma zona de conforto, foi uma produção aprazível que merecia mais reconhecimento, ainda que não tenha atingido seu pleno potencial. Em suma, a crucialidade restringe-se às reviravoltas e à materialização da criatura homônima, que promete aterrorizar até o mais cético dos espectadores em uma ressignificação de sua própria representação. 

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A trama acompanhou a Dra. Abby Arcane (Crystal Reed, migrando da conterrânea Gotham), uma especialista em epidemiologia que volta à sua cidade-natal para investigar um mortal vírus pantanoso que dá indícios de criar uma pandemia entre os habitantes de Marais, Louisiana. Marcada por traumas e segredos obscuros que já dão as caras logo no início do capítulo, ela descobre ao lado de um inesperado aliado, Alec Holland (Andy Bean), que as coisas são muito mais perigosas do que parecem – e que a ciência, dessa vez, pode não ser o suficiente para salvar as vítimas do agente patológico em questão. 

Aqui, os showrunners e seu extenso time criativo optam por recuar um pouco nas construções sobrenaturais, resolvendo explorar o surgimento desse icônico e amedrontador personagem. Afinal, a atmosfera tem como base uma história de origem, afastando-se das outras séries do mesmo do panteão e estruturando-se de forma nostálgica o bastante para emular o incrível sucesso que Monstro’ fez nas décadas de 1970 e 1980. Aliás, a direção de Len Wiseman faz clara referência aos quadrinhos originais, principalmente na gestação da ambiência dark; Wiseman inclusive abandona, várias vezes, as habilidades fílmicas para obras de ação e foca muito mais nos diálogos dramáticos, incrementando-os com um toque de terror que sempre é bem-vindo. 

De fato, a calmaria excessiva por vezes fala mais alto. Abby e Alec, investigando as possíveis causas da contaminação generalizada, protagonizam sequências interessantes, mas relativamente fragmentadas dentro do cosmos em questão. Em outras palavras, não é o jogo ação-reação que perde força, ainda mais porque a calculista mente dos cientistas é colocada em xeque no momento em que enfrentam uma força incomensurável que não pensará duas vezes antes de eliminar todos os obstáculos que encontrarem no caminho. Porém, não há nenhuma explicação aparente para a existência das raízes mutantes – apenas para o surgimento da criatura conhecida como Monstro do Pântano. 

Eventualmente, Alec reavém uma substância desconhecida do pântano, que tem a capacidade de acelerar o desenvolvimento de qualquer ser vivo – e é aí que as coisas começam a ficar cada vez mais complicadas: o biólogo é caçado por uma figura misteriosa que pode ou não ter relações com o Senhor E., principal antagonista dos quadrinhos. Entretanto, considerando os eventos dos atos anteriores do capítulo, é possível que o empresário Avery Sunderland (Will Patton), o qual não nutre de muita afinidade com Alec, pode ter sido responsável por sua perseguição e consequente morte. Logo depois, o cientista é de alguma forma abraçado pelas raízes mutantes do pântano, transformando-se na persona que empresta seu nome ao título da produção. 

O terreno cultivado por Dauberman e Verheiden preconiza certos deslizes – como o respaldo nostálgico supracitado que facilmente levaria a série a cair nas desgraças de uma datação televisiva. Porém, ambos conseguem com maestria modernizar esse subversivo conto de fadas, principalmente adicionando alguns elementos trágicos de extrema importância para a complexidade dos protagonistas. Temos, por exemplo, Virginia Madsen encarnando Maria Sunderland, esposa de Avery que culpa Abby pela morte de sua filha. Nesse momento, descobrimos que a Dra. Arcane, na verdade, foge dos preceitos maniqueístas da heroína benévola e declara, em alto e bom som, que é a principal responsável pela infelicidade da família. 

As apresentações em questão carregam consigo uma necessidade intrínseca e até desviam de certas fórmulas. Porém, o ritmo e o tom dos eventos permanecem o mesmo durante praticamente a iteração inteira, ganhando dinamismo apenas nos momentos cruciais. É compreensível, todavia, que o roteiro e a direção optassem por algo mais contido, ao menos nesses primeiros esforços – afinal, nem mesmo a fotografia clássica de obras audiovisuais do terror e do sobrenatural nos cativa do modo que poderia. Tais fatores também não tiram o brilho do episódio piloto, cuja principal característica é mergulhar no lado mais da trama antes de abrir espaço para o restante. 

Monstro do Pântano, mesmo permanecendo confinado em uma zona de conforto, foi uma produção aprazível que merecia mais reconhecimento, ainda que não tenha atingido seu pleno potencial. Em suma, a crucialidade restringe-se às reviravoltas e à materialização da criatura homônima, que promete aterrorizar até o mais cético dos espectadores em uma ressignificação de sua própria representação. 

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