William Friedkin, o diretor de ‘O Exorcista‘ e ‘Operação França‘, morreu hoje (07) aos 87 anos. A informação é do The Hollywood Reporter. Friedkin morreu em Los Angeles, de acordo com sua esposa, a ex-produtora e chefe de estúdio Sherry Lansing. A causa da morte, no entanto, não foi divulgada.
Nascido em 29 de agosto de 1935, em Chicago, Illinois, Friedkin iniciou sua carreira no mundo do entretenimento trabalhando como repórter de televisão e documentarista. Em 1973, Friedkin dirigiu ‘O Exorcista’, uma adaptação do romance de William Peter Blatty. O filme tornou-se um fenômeno cultural e é considerado até hoje como um dos filmes de terror mais influentes de todos os tempos.
‘O Exorcista – O Devoto’ é o mais novo filme da franquia que ainda mete medo na maioria dos fãs de terror. A nova produção da Blumhouse, tem como diretor David Gordon Green, e é prometida (se não for adiada devido à greve dos atores em Hollywood) para o dia 13 de outubro deste ano (uma data bem propícia para este tipo de filme). ‘O Devoto’ é a nova colaboração entre Green e a Blumhouse, depois da bem-sucedida (em partes) trilogia ‘Halloween’. Assim como nos citados três novos filmes do maníaco Michael Myers, os realizadores optam por considerar apenas o filme original como bússola, eliminando todas as demais sequências e continuando de onde a história havia parado no clássico.
O novo filme já divulgou o seu trailer barra-pesada, onde pudemos notar que desta vez são duas meninas possuídas pelo demônio – o fato ocorre após se perderem na floresta. O longa também homenageia vários momentos do original, mas a maior conexão entre os filmes é a presença da veterana Ellen Burstyn que, aos 90 anos de idade, retorna ao papel de Chris MacNeil, a mãe da menina possuída no primeiro filme. Ela deverá ajudar as famílias das novas meninas “encapetadas” a se livrar do mal.
Os mais jovens e os desavisados talvez não saibam que a franquia ‘O Exorcista’ já lançou nada menos do que cinco filmes no cinema, além de possuir sua própria série de TV recente. A intenção dos novos realizadores sem dúvida é esticar essa nova história para continuar a franquia. Aqui, iremos dar uma olhada em todos as produções anteriores com a marca ‘O Exorcista’, além de algumas surpresas. Confira.
O Exorcista (1973)
Tudo começou aqui, neste filme tido por 9 entre 10 fãs de terror como o filme mais assustador da história do cinema. E este amigo que vos fala não poderia discordar. ‘O Exorcista’, dirigido por William Friedkin, baseado no livro de Willam Peter Blatty é mais do que um grande filme de terror: é um grande filme! A prova disso, e que talvez nem todos saibam, é que o longa foi indicado para nada menos do que 10 prêmios no Oscar, incluindo melhor filme, atriz (Ellen Burstyn), ator coadjuvante (Jason Miller), atriz coadjuvante (Linda Blair) e diretor, saindo vencedor de melhor roteiro e melhor som.
Na trama, após brincar com uma tábua ouija e falar com os espíritos, a adolescente Regan (Blair) termina invocando o demônio Pazuzu, que a possui, dando início a uma luta do bem contra o mal por sua alma. Sua mãe boêmia (Burstyn) fica desesperada e tenta tudo o que a medicina pode oferecer, mas chega à chocante conclusão que somente exorcistas podem ajudar sua filha. Assim, entram em cena o padre veterano Merrin (o excelente Max von Sydow) e o jovem padre Karras (Miller). E tome-lhe suco de abacate voando.
O Exorcista II – O Herege (1977)
‘O Exorcista’ é um filme perfeito. Redondinho, ele possui início, meio e fim, se encerrando de forma primorosa, sem que existisse qualquer necessidade de uma continuação. Mas, mostrando que as sequências caça-níqueis não são coisa de agora em Hollywood, os executivos da Warner viram seus olhos se transformarem em cifrões após o sucesso estrondoso do original, e quatro anos depois tiravam do papel a desnecessária e redundante continuação. O mote para o novo filme foi trazer de volta a jovem Linda Blair, que havia feito muito sucesso depois do original.
Essa é a única continuação da franquia que Linda Blair aceitou participar, bem mais ou menos, e por enquanto. Aqui, com 18 aninhos, Regan volta a ser atormentada pelo demônio que a possuiu no original. Desta vez, seu tratamento envolve a medicina moderna, confiando tanto na tecnologia avançada da psiquiatria e estudos do subconsciente quanto na fé espiritual – como no primeiro. Assim, ‘O Herege’ é uma mescla entre religião e ciência. Do lado da medicina temos a Dra. Gene Tuskin, papel da vencedora do Oscar Louise Fletcher (de ‘Um Estranho no Ninho’). Já o veterano Richard Burton (‘Cleópatra’) fica com o papel do Padre Philip Lamont. Ainda temos espaço para uma tribo africana (comandada por James Earl Jones) e gafanhotos! O segundo filme se segura bastante no uso de efeitos especiais da época.
O Exorcista III (1990)
Dessa vez o criador de tudo, o autor William Peter Blatty, pegava as rédeas da franquia para si, assumindo a cadeira de direção, além de igualmente escrever o roteiro. A trama deixava de lado os personagens do original e sua continuação para contar uma história inteiramente nova. Ou pelo menos em partes. A trama principal apresenta um detetive de polícia, interpretado pelo grande George C. Scott, que ainda está obcecado com um caso envolvendo um serial killer que ficou conhecido como Gemini e aterrorizou a mesma cidade onde se passa ‘O Exorcista’ original. O psicopata foi executado, mas talvez exista mais camadas neste história do que todos possam saber, e a ligação pode estar com um preso de uma ala psiquiátrica.
O interessante em ‘O Exorcista III’ é que por mais que não tenha feito o sucesso esperado em sua época de lançamento, agora distribuído pela Fox ao invés da Warner, o terror ganhou status de cult tão grande ao longo destes anos desde seu lançamento, que hoje existe um movimento de fãs que diz que ele é melhor até mesmo que o original (podem procurar online). O que podemos dizer é que o terceiro talvez seja um terror subestimado, sem que muitos lhe deem o crédito que merece, mas definitivamente não causou o impacto cultural do primeiro.
O Exorcista – O Início (2004)
Voltando para as mãos da Warner, o estúdio resolvia investir novamente na franquia, desta vez optando por uma trama prequel, ou seja uma história que se passa antes do original e mostra a juventude do Padre Merrin, interpretado por Max von Sydow – aqui vivido por Stellan Skarsgard. Aqui vemos seu lado arqueólogo, investigando catacumbas antigas e se deparando pela primeira vez com o demônio Pazuzu, como mencionado no original. No entanto, o que talvez muitos não saibam é que nos bastidores o quarto filme ‘O Exorcista’ se tornou um verdadeiro pesadelo para a Warner e um dos filmes mais problemáticos do estúdio nestes últimos 19 anos.
O que aconteceu foi que a Warner basicamente precisou refazer o filme todo do zero. A princípio, Paul Schrader, roteirista de ‘Taxi Driver’, era o diretor dessa prequel de ‘O Exorcista’. Mas após ver o corte bruto do cineasta, os executivos do estúdio não gostaram nada do que viram e resolveram despedir o diretor e contratar Renny Harlin, um especialista em ação, para criar mais dinamismo no longa. Harlin, porém, optou por regravar basicamente o filme todo, inclusive modificando todo o elenco, reescalando certos papeis, e só mantendo o protagonista de Skarsgard.
O Exorcista – Domínio (2005)
Em um dos casos mais bizarros já vistos em um grande estúdio de Hollywood, a Warner ficou com dois filmes prequel de ‘O Exorcista’ empacados nas mãos. Como dito, a pré-sequência sobre a juventude do Padre Merrin tinha como diretor Paul Schrader, que foi demitindo porque o filme que estava fazendo não agradou os executivos da Warner. Assim, Renny Harlin entrou em seu lugar e refez basicamente do zero o filme. Quando lançou nos cinemas, ‘O Exorcista – O Início’ se tornou fracasso de crítica e público. Assim, os engravatados da Warner decidiram trazer Schrader de volta para ver se conseguiam salvar o projeto.
Numa verdadeira dança das cadeiras, mais assustadora do que o filme em si, Paul Schrader foi recontratado pela Warner para terminar o filme que havia começado e foi impedido de concluir. Mas isso significava para o estúdio desembolsar mais algumas dezenas de milhões de dólares para que o diretor original pudesse terminar o seu projeto. O cineasta concluiu o longa, que é mais voltado ao terror psicológico, do que o seu “rival”. Mas aí uma nova surpresa, ‘Domínio’ também não agradou, nem os críticos ou sequer o público.
O Exorcista – A Série (2016)
Indo ao ar pelo canal da Fox no dia 23 de setembro de 2016, estreava a adaptação para a TV na forma de um seriado, do clássico ‘O Exorcista’. Na trama da série, os Padres Ortega (Alfonso Herrera), Keane (Ben Daniels) e Bennett (Kurt Egyiawan) precisam lidar com estranhos acontecimentos associados a possessões demoníacas. Tudo está ligado com a figura de Angela, papel da veterana Geena Davis, e sua família. É revelado nos episódios finais que Angela na verdade era Regan, a menina vivida por Linda Blair no filme original, o que liga a trama do programa diretamente ao icônico longa.
A série ‘O Exorcista’ durou duas temporadas, até 2018, num total de 20 episódios até ser cancelada. Inicialmente, por possuir este forte elo com o filme original, o projeto era desenvolvido para ser um longa para os cinemas – que realmente continuaria o primeiro. Depois, a ideia foi remodelada para se tornar um seriado. O que nos faz pensar que a ideia talvez tenha sido reaproveitada para esta nova produção da Universal e da Blumhouse – que também é uma sequência do filme original.
Bônus: A Repossuída (1990)
Linda Blair, que vive Regan, participou do filme original, foi indicada ao Oscar por ele, e retornou para a continuação direta quatro anos depois. Depois disso a atriz nunca mais retornou ao universo de ‘O Exorcista’. Rumores apontam que a atriz fará participação em ‘O Devoto’, mas que vem sendo escondida da imprensa e dos curiosos para causar surpresa. Bem, mas ao voltamos trinta e três anos no passado perceberemos que Blair havia ao menos brincado com sua personagem e com tal universo no filme paródia ‘A Repossuída’.
Imagine a mistura entre ‘O Exorcista’ e ‘Corra que a Polícia Vem Aí!’. É exatamente isto que ganhamos neste filme nonsense, que traz o saudoso Leslie Nielsen como protagonista, depois de viver o detetive Frank Drebin no cinema duas vezes – a terceira seria só em 1994. Quase um clone de Drebin, o Padre Jebedaiah Mayii é um atrapalhado homem de Deus, se deparando com sua missão mais importante. Linda Blair vive Nancy, uma mulher, mãe de família, que é repossuída pelo demônio – brincando com sua personagem de ‘O Exorcista’ e aquela mitologia (com uma caracterização bem parecida). O filme ainda arruma tempo para satirizar os famosos televangelistas da vida real Tammy Faye Messner seu marido, Jim Bakker, com os personagens Fanny Ray Weller e Ernest Weller.