Ming-Na Wen conquistou o mundo em 1998 ao dublar a icônica personagem Mulan na animação homônima da Disney, ascendendo a uma carreira de enorme sucesso. Em 2020, a atriz fez uma breve aparição no remake em live-action da Casa Mouse, como uma serva que primeiro introduz a guerreira ao imperador da China (vivido por Jet Li) – o que levou os fãs a se perguntarem o porquê de Wen não ter recebido mais destaque.
A verdade é que, segundo o The Hollywood Reporter, o produtor Jason Reed tinha em mente o papel da futura sogra de Mulan na nova versão, o que a requisitaria por um mês na Nova Zelândia (algo que não funcionaria em virtude de seu papel na série ‘Agents of S.H.I.E.L.D.’).
“Os produtores [da série] simplesmente falaram: ‘não podemos perdê-la por um mês!’. Eu entendi totalmente e sempre fui bem calma sobre essas coisas. Então eu falei: ‘olhe, se fosse para ser, seria. Todos nós tentamos e é triste que não deu certo'”.
Antes do lançamento do live-action, diversos fãs fizeram campanha pelo boicote depois que a protagonista Liu Yifei elogiou a polícia de Hong Kong durante ações agressivas contra manifestantes a favor da democracia.
Após a estreia na Disney+, a adaptação voltou a sofrer ameaças de boicotes por parte de alguns fãs e críticos porque os créditos finais mostram agradecimentos ao Partido Comunista Chinês.
Para quem não sabe, muitas das cenas de ‘Mulan‘ foram gravadas em Xinjiang, o epicentro da violação dos direitos humanos pelo regime chinês.
A região abriga diversos grupos de minorias étnicas, como os uigures-turcos, que sofrem ataques de Xenofobia e são levados à força para campos de detenção em condições severas.
Para piorar, as autoridades de Xinjiang são alvo de diversas denúncias internacionais por tratar seus habitantes de forma desumana, incluindo o trabalho escravo e fortes restrições religiosas e ideológicas.
Mesmo assim, a Disney insistiu em favorecer a economia local com as gravações do filme. Por conta disso, os agradecimentos ao governo chinês e às empresas de Xinjiang estão gerando revoltas na comunidade internacional.
Em uma extensa crítica feita ao estúdio, o jornalista Isaac Stone Fish, do Washington Post, disse que:
“Há um lado negro nessas paisagens [de Xinjiang]. A Disney aproveitou o cenário montanhoso e faz um agradecimento especial às instituições chinesas que ajudaram com o filme. Isso inclui quatro departamentos de propaganda do Partido Comunista Chinês e o Departamento de Segurança Pública da cidade de Turpan… Organizações que estão contribuindo com os crimes contra a humanidade.”
Ele continuou:
“A Disney precisava trabalhar em Xinjiang? Não, não era necessário. Existem muitas outras regiões da China e países ao redor do mundo que oferecem as belas paisagens apresentadas no filme. Mas, ao fazer isso, a Disney ajuda a normalizar um crime contra a humanidade.”
Joshua Wong, líder pró-democracia de Hong Kong, concedeu uma entrevista à Reuters e também criticou o estúdio, além de apoiar o boicote ao longa, dizendo:
“Por que a Disney simpatiza com Pequim e porque Liu Yifei apoia aberta e orgulhosamente a brutalidade policial em Hong Kong? Convido todos os que acreditam nos direitos humanos a boicotar ‘Mulan‘.”
Lembrando que ‘Mulan‘ chegou à Disney+ nos Estados Unidos e em outros países que já contam com a plataforma, além da exibição nos cinemas de nove mercados internacionais, garantindo um total de apenas US$5,9 milhões de bilheteria.
No entanto, a Disney não divulgou números de vendas do filme no streaming.
Na China, o longa será lançado em 11 de setembro.
No Brasil, ainda não há previsão de estreia.
Com 80% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme foi eleito um dos melhores live-action baseado em uma animação do estúdio.
Devido ao sucesso, a Disney já está discutindo ideias para desenvolver uma sequência de ‘Mulan‘. As informações são do Full Circle Cinema.
O projeto ainda está nos estágios preliminares, mas o estúdio está confiante no sucesso da produção.
Até o momento, a única informação é que os produtores Chris Bender, Jason Reed e Jake Weiner retornarão para a possível sequência.
Mas novidades não foram reveladas.
Confira as reações dos críticos ao Live-Action:
Rotten Tomatoes
Elogiado pela direção e pelos incríveis cenários, a adaptação “poderia ter contado a clássica história com maior profundidade”, mas eventualmente é um “espetáculo visual que serve como uma atualização envolvente de seu predecessor”.
James Berardinelli | ReelViews:
“Uma aventura envolvente e envolvente que representa não apenas uma recontagem eficaz do filme de 1998, mas indiscutivelmente a melhor das reconstruções de animação live-action do estúdio.”
Johnny Oleksinski | New York Post
“Sim, o filme perdeu a música cativante da animação de 1998 e os animais falantes – Eddie Murphy como um dragão brincalhão chamado Mushu pode ser difícil de agradar em 2020 – mas fiquei encantado pelos cenários chineses de tirar o fôlego e pelas batalhas de alto risco.”
Kate Erbland | indieWire
“Em ‘Mulan’, de Niki Caro, a história avança com elegância e energia, uma mensagem atemporal feita para agora.”
Travis Hopson | Punch Drunk Critics
“Um conto de fadas transformador com toda a esgrima de um épico chinês.”
Joanna Langfield | Movie Minute
“Agora, este é meu tipo de filme de super-herói. O remake live-action da Disney é mais do que um filme da Marvel, é arrebatador, inspirador e lindamente feito, que qualquer família pode e deve desfrutar.”
Diferente do que se esperava, ‘Mulan’ não será lançado no Brasil através do Disney+ em novembro. A expectativa é que o estúdio lance o filme nos cinemas por aqui, e só o adicione ao catálogo em 2021.
A versão live-action é dirigida por Niki Caro e é estrelada pela chinesa Liu Yifei,também conhecida como Crystal Liu, uma das atrizes mais populares desta geração no país.
Donnie Yen, Jet Li, Gong Li, Jason Scott Lee, Yoson An, Susana Tang e outros completam o elenco.