sexta-feira , 22 novembro , 2024

Mulher-Hulk | Penúltimo episódio é o melhor da série até o momento

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[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu aos oito episódios de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, evite esta matéria, pois ela contém spoilers



O penúltimo episódio de Mulher-Hulk chegou para agradar até quem não estava curtindo tanto a série. Não só pela presença tão aguardada do Demolidor, mas porque ele realmente parece um quadrinho vivo. Na verdade, ele funciona como uma síntese da série até aqui, trazendo os melhores elementos dos episódios anteriores e juntando todos eles em um capítulo só. Desde o começo, Jennifer Walters (Tatiana Maslany) faz questão de frisar que o show é dela, dando uma leve indireta para os malas que passaram as últimas semanas chorando na internet que o Demolidor não aparecia. Parece bobo precisarem frisar que uma série chamada Mulher-Hulk é sobre a Mulher-Hulk, mas nos dias que vivemos… É sempre bom reforçar.

Mas, ainda assim, não é errado dizer que é o Homem-Sapo o grande “motorzinho” desse episódio. Criado nos anos 60, o Homem-Sapo vem como um vilão do Demolidor, mas que eventualmente acaba integrando o time dos heróis junto a ele. Na série, ele é filho de um dos principais clientes do escritório de advocacia em que Jen trabalha, e sonha em ser um super-herói. E nada mais perigoso do que um ricaço sem noção e conceito de realidade. Então, ele corre atrás do estilista esnobe da Jen para fazer uma roupa funcional de herói para ele baseado num sapo. O problema é que ele não lê as instruções, usa o traje de forma errada e acaba se machucando durante uma abordagem. Assim, ele apela à Jen para defendê-lo nos tribunais em um processo contra o fabricante.

Isso cria um conflito de interesses, já que Jen conhecia e dependia dos serviços do acusado. Nos tribunais, o caso é resolvido em minutos, já que o Homem-Sapo é um sem noção e se entrega. Posteriormente, ele decide sequestrar o estilista, levando-o para a Vitória Régia, sua “Bat-Caverna”. E lá é um pântano de referências. A começar pelo QR Code do episódio, que está localizado no poste em frente ao “esconderijo”. Lá dentro, vemos várias referências ao “universo dos sapos”, como o videogame Frogger, seus “girinos” e até mesmo o “Sapo-Sinal”, que projeta a cara dele nas nuvens. Ele ainda pede ao estilista um traje que esteja conectado a um mordomo britânico. Ok, tudo bem que o Jarvis (Paul Bettany) era um mordomo virtual com sotaque britânico, mas com tantas referências ao Batman, podemos assumir que a série só decidiu tirar sarro do principal nome da DC mesmo. Em sua última aparição no capítulo, o Homem-Sapo pula uma janela e cai no chão todo troncho, quebrando as pernas. O curioso é que, apesar de tão tosco, isso acontece nos quadrinhos, onde ele contrata os serviços da Nelson & Murdock para defendê-lo num processo contra… O fabricante do seu traje. Ou seja, todo o arco dele nesse episódio é bastante fiel.

O que o Homem-Sapo não esperava é que o principal cliente do estilista com o qual ele decidiu comprar briga era ninguém menos que o Demônio de Hell’s Kitchen. Fazendo sua ‘super-estreia’ oficial, já que ele havia aparecido como Matt Murdock em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2021), o Demolidor acaba com o rival nos tribunais, mas, assim que vence o caso, ele põe o traje novo e vai atrás do sem-noção pelos telhados de Los Angeles.

É muito bom ver Charlie Cox voltar a esse papel, porque ele segue muito bem, e agora ele consegue explorar fases do Demolidor além de Frank Miller. Alguns supostos fãs choraram na internet que deixaram o Demolidor menos sombrio. Mas basta ler uma HQ do personagem que não tenha sido escrito por Frank Miller para saber que a série fez uma adaptação fantástica da personalidade mulherenga, ambígua e até amável de Matthew Murdock. E ainda trouxe uma movimentação mais “cartunesca” para ele, fazendo valer o título de “Maior Acrobata do Mundo”. E tem mais: o cara chega, vence o caso, conquista o coração da protagonista, mostra que o que os olhos não veem, talvez o coração sinta, tem uma noite em que tudo dá certo… E tem gente que quer que ele vá embora triste? Sem condições.

E dentre as referências que o Demolidor traz com ele, como a trilha sonora da série da Netflix quando ele se revela para Jen e a sequência de luta no corredor do capanga, a mais importante delas acontece ainda no tribunal, onde ele cita, na defesa de seu cliente, que o Tratado de Sokovia foi revogado. Para quem não lembra, esse tratado foi o motivo principal da discórdia em Capitão América: Guerra Civil (2016). Diante das consequências das ações dos heróis, o governo instaurou uma lei que obrigava os heróis a trabalharem para os governos do mundo, revelando identidade secreta e funcionando como “super-policiais”.

Isso divide os principais vingadores e manda alguns deles para a prisão. Claro que todos escaparam e foram importantes na batalha contra Thanos (Josh Brolin). Porém, o interessante dessa revogação é mostrar que o Capitão América (Chris Evans) estava certo, e dá pra imaginar as consequências que essa revogação pode trazer para esse universo. Óbvio que a Marvel não vai explorar isso, mas dava pra trazer um arco de um dos presos, como o Homem-Formiga (Paul Rudd), por exemplo, que foi preso injustamente, sendo tratado como mártir e tudo mais. Enfim, o importante é que o tratado acabou e agora as “Identidades Secretas” estão legitimadas novamente no MCU.

Ainda focando nos easter eggs, depois de passar uma noite “mais que satisfatória” com o Demolidor, Jen percebe que está no penúltimo episódio de sua própria série e se questiona o motivo do episódio ainda não ter terminado. Então, ela levanta a suspeita de que a premiação de melhor advogada do ano possa ser uma grande armadilha dos inimigos. Então, ela diz torcer para que não seja uma emboscada com um Hulk Vermelho esperando para bater nela e que espera não terminar a noite morta em uma geladeira. O Hulk Vermelho realmente existe nos quadrinhos e é o General Ross, que institui o Tratado de Sokovia no MCU. O único problema é que ele era interpretado por William Hurt, que faleceu neste ano. Então, caso ele venha a aparecer novamente, é bem provável que seja como Hulk mesmo ou que reescalem o ator. Já a frase da geladeira é ainda mais interessante. “Mulher na Geladeira” é um conceito usado nos quadrinhos para apontar o machismo das histórias. Ele acontece para designar aquela personagem mulher, geralmente o interesse amoroso do herói, cuja função na trama é exclusivamente morrer para motivar o protagonista. Ao dizer que espera não terminar a noite morta em uma geladeira, Jen joga uma enorme indireta para o mercado de HQs.

Ah, claro, Nikki, sua melhor amiga, aparece e faz mais uma menção aos X-Men. Ela pega os pincéis de maquiagem e coloca entre os dedos, imitando o clássico gesto do Wolverine, que fará sua estreia no MCU, novamente vivido por Hugh Jackman, em Deadpool 3.

Por fim, vou encerrar esse texto falando da grande atração do episódio: Jennifer Walters. Apesar de toda a pompa e participações icônicas, o episódio mexe diretamente com quem sua protagonista é. Após passar pelo trauma do “ghosting” do rapaz com quem ela havia se aberto, Jen leva a sério os conceitos que aprendeu na “abominável terapia” e começa a se valorizar mais.

Ela sente uma atração por Matthew Murdock, não só física, mas intelectual. E consegue criar coragem para se abrir com ele sobre questões pessoais, ainda mais depois de descobrir que ele também é um super-herói. Eles lutam, flertam e dormem juntos, mostrando que ela estava disposta a superar o trauma dos últimos episódios. Porém, ao final do capítulo, quando ela está na premiação, a tal Inteligência decide humilhá-la, tentando fazê-la passar por “vadia” apenas por se relacionar com homens. Nesse ponto, o próprio episódio traz um contraste na forma como os personagens são tratados por fazerem sexo. Após a noite com Jen, Matt sai andando assobiando pela rua, e ninguém o olha torto por isso. Já a Jen, após dormir com um homem, é exposta e xingada em público num momento que deveria ser de muita felicidade para ela. É o machismo da sociedade escancarado na série e de forma nada sutil, ainda bem.

Outra manifestação do machismo nessa sequência final é que Jen se vê exposta, vítima de pelo menos dois crimes por alguém que ela acreditava ser bom para ela e perde o controle. Mas afinal, quem não surtaria ao ter uma sextape exposta na frente dos principais profissionais de seu ramo de trabalho e de sua própria família? Só que, por se tratar de uma mulher, ter esse – mais do que justificado – surto tem um peso maior. Entra o estereótipo da “mulher histérica descontrolada”, mesmo que a Jen tenha mais controle sobre sua condição de “Hulk” do que seu primo, Bruce. Seguramente, esse surto e as consequências devastadoras que ele tem na carreira de uma mulher vão pautar o último episódio dessa temporada.

O último episódio de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis estreia na próxima quinta (13), somente no Disney+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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O penúltimo episódio de Mulher-Hulk chegou para agradar até quem não estava curtindo tanto a série. Não só pela presença tão aguardada do Demolidor, mas porque ele realmente parece um quadrinho vivo. Na verdade, ele funciona como uma síntese da série até aqui, trazendo os melhores elementos dos episódios anteriores e juntando todos eles em um capítulo só. Desde o começo, Jennifer Walters (Tatiana Maslany) faz questão de frisar que o show é dela, dando uma leve indireta para os malas que passaram as últimas semanas chorando na internet que o Demolidor não aparecia. Parece bobo precisarem frisar que uma série chamada Mulher-Hulk é sobre a Mulher-Hulk, mas nos dias que vivemos… É sempre bom reforçar.

Mas, ainda assim, não é errado dizer que é o Homem-Sapo o grande “motorzinho” desse episódio. Criado nos anos 60, o Homem-Sapo vem como um vilão do Demolidor, mas que eventualmente acaba integrando o time dos heróis junto a ele. Na série, ele é filho de um dos principais clientes do escritório de advocacia em que Jen trabalha, e sonha em ser um super-herói. E nada mais perigoso do que um ricaço sem noção e conceito de realidade. Então, ele corre atrás do estilista esnobe da Jen para fazer uma roupa funcional de herói para ele baseado num sapo. O problema é que ele não lê as instruções, usa o traje de forma errada e acaba se machucando durante uma abordagem. Assim, ele apela à Jen para defendê-lo nos tribunais em um processo contra o fabricante.

Isso cria um conflito de interesses, já que Jen conhecia e dependia dos serviços do acusado. Nos tribunais, o caso é resolvido em minutos, já que o Homem-Sapo é um sem noção e se entrega. Posteriormente, ele decide sequestrar o estilista, levando-o para a Vitória Régia, sua “Bat-Caverna”. E lá é um pântano de referências. A começar pelo QR Code do episódio, que está localizado no poste em frente ao “esconderijo”. Lá dentro, vemos várias referências ao “universo dos sapos”, como o videogame Frogger, seus “girinos” e até mesmo o “Sapo-Sinal”, que projeta a cara dele nas nuvens. Ele ainda pede ao estilista um traje que esteja conectado a um mordomo britânico. Ok, tudo bem que o Jarvis (Paul Bettany) era um mordomo virtual com sotaque britânico, mas com tantas referências ao Batman, podemos assumir que a série só decidiu tirar sarro do principal nome da DC mesmo. Em sua última aparição no capítulo, o Homem-Sapo pula uma janela e cai no chão todo troncho, quebrando as pernas. O curioso é que, apesar de tão tosco, isso acontece nos quadrinhos, onde ele contrata os serviços da Nelson & Murdock para defendê-lo num processo contra… O fabricante do seu traje. Ou seja, todo o arco dele nesse episódio é bastante fiel.

O que o Homem-Sapo não esperava é que o principal cliente do estilista com o qual ele decidiu comprar briga era ninguém menos que o Demônio de Hell’s Kitchen. Fazendo sua ‘super-estreia’ oficial, já que ele havia aparecido como Matt Murdock em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2021), o Demolidor acaba com o rival nos tribunais, mas, assim que vence o caso, ele põe o traje novo e vai atrás do sem-noção pelos telhados de Los Angeles.

É muito bom ver Charlie Cox voltar a esse papel, porque ele segue muito bem, e agora ele consegue explorar fases do Demolidor além de Frank Miller. Alguns supostos fãs choraram na internet que deixaram o Demolidor menos sombrio. Mas basta ler uma HQ do personagem que não tenha sido escrito por Frank Miller para saber que a série fez uma adaptação fantástica da personalidade mulherenga, ambígua e até amável de Matthew Murdock. E ainda trouxe uma movimentação mais “cartunesca” para ele, fazendo valer o título de “Maior Acrobata do Mundo”. E tem mais: o cara chega, vence o caso, conquista o coração da protagonista, mostra que o que os olhos não veem, talvez o coração sinta, tem uma noite em que tudo dá certo… E tem gente que quer que ele vá embora triste? Sem condições.

E dentre as referências que o Demolidor traz com ele, como a trilha sonora da série da Netflix quando ele se revela para Jen e a sequência de luta no corredor do capanga, a mais importante delas acontece ainda no tribunal, onde ele cita, na defesa de seu cliente, que o Tratado de Sokovia foi revogado. Para quem não lembra, esse tratado foi o motivo principal da discórdia em Capitão América: Guerra Civil (2016). Diante das consequências das ações dos heróis, o governo instaurou uma lei que obrigava os heróis a trabalharem para os governos do mundo, revelando identidade secreta e funcionando como “super-policiais”.

Isso divide os principais vingadores e manda alguns deles para a prisão. Claro que todos escaparam e foram importantes na batalha contra Thanos (Josh Brolin). Porém, o interessante dessa revogação é mostrar que o Capitão América (Chris Evans) estava certo, e dá pra imaginar as consequências que essa revogação pode trazer para esse universo. Óbvio que a Marvel não vai explorar isso, mas dava pra trazer um arco de um dos presos, como o Homem-Formiga (Paul Rudd), por exemplo, que foi preso injustamente, sendo tratado como mártir e tudo mais. Enfim, o importante é que o tratado acabou e agora as “Identidades Secretas” estão legitimadas novamente no MCU.

Ainda focando nos easter eggs, depois de passar uma noite “mais que satisfatória” com o Demolidor, Jen percebe que está no penúltimo episódio de sua própria série e se questiona o motivo do episódio ainda não ter terminado. Então, ela levanta a suspeita de que a premiação de melhor advogada do ano possa ser uma grande armadilha dos inimigos. Então, ela diz torcer para que não seja uma emboscada com um Hulk Vermelho esperando para bater nela e que espera não terminar a noite morta em uma geladeira. O Hulk Vermelho realmente existe nos quadrinhos e é o General Ross, que institui o Tratado de Sokovia no MCU. O único problema é que ele era interpretado por William Hurt, que faleceu neste ano. Então, caso ele venha a aparecer novamente, é bem provável que seja como Hulk mesmo ou que reescalem o ator. Já a frase da geladeira é ainda mais interessante. “Mulher na Geladeira” é um conceito usado nos quadrinhos para apontar o machismo das histórias. Ele acontece para designar aquela personagem mulher, geralmente o interesse amoroso do herói, cuja função na trama é exclusivamente morrer para motivar o protagonista. Ao dizer que espera não terminar a noite morta em uma geladeira, Jen joga uma enorme indireta para o mercado de HQs.

Ah, claro, Nikki, sua melhor amiga, aparece e faz mais uma menção aos X-Men. Ela pega os pincéis de maquiagem e coloca entre os dedos, imitando o clássico gesto do Wolverine, que fará sua estreia no MCU, novamente vivido por Hugh Jackman, em Deadpool 3.

Por fim, vou encerrar esse texto falando da grande atração do episódio: Jennifer Walters. Apesar de toda a pompa e participações icônicas, o episódio mexe diretamente com quem sua protagonista é. Após passar pelo trauma do “ghosting” do rapaz com quem ela havia se aberto, Jen leva a sério os conceitos que aprendeu na “abominável terapia” e começa a se valorizar mais.

Ela sente uma atração por Matthew Murdock, não só física, mas intelectual. E consegue criar coragem para se abrir com ele sobre questões pessoais, ainda mais depois de descobrir que ele também é um super-herói. Eles lutam, flertam e dormem juntos, mostrando que ela estava disposta a superar o trauma dos últimos episódios. Porém, ao final do capítulo, quando ela está na premiação, a tal Inteligência decide humilhá-la, tentando fazê-la passar por “vadia” apenas por se relacionar com homens. Nesse ponto, o próprio episódio traz um contraste na forma como os personagens são tratados por fazerem sexo. Após a noite com Jen, Matt sai andando assobiando pela rua, e ninguém o olha torto por isso. Já a Jen, após dormir com um homem, é exposta e xingada em público num momento que deveria ser de muita felicidade para ela. É o machismo da sociedade escancarado na série e de forma nada sutil, ainda bem.

Outra manifestação do machismo nessa sequência final é que Jen se vê exposta, vítima de pelo menos dois crimes por alguém que ela acreditava ser bom para ela e perde o controle. Mas afinal, quem não surtaria ao ter uma sextape exposta na frente dos principais profissionais de seu ramo de trabalho e de sua própria família? Só que, por se tratar de uma mulher, ter esse – mais do que justificado – surto tem um peso maior. Entra o estereótipo da “mulher histérica descontrolada”, mesmo que a Jen tenha mais controle sobre sua condição de “Hulk” do que seu primo, Bruce. Seguramente, esse surto e as consequências devastadoras que ele tem na carreira de uma mulher vão pautar o último episódio dessa temporada.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
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